Terça-feira, 18 de Setembro de 2012

          Mas onde cortavam, então?  (-por   João Vasco, Esquerda Republicana)

     «Onde cortavam, então?», é o desafio que tenho visto, nas redes sociais, por parte de quem dá a cara para defender o Governo de Pedro Passos Coelho. No geral, o desafio menciona de alguma forma que «criticar é fácil, mas apresentar propostas alternativas é difícil», e admitindo que o Governo comete erros, não deixa de afirmar que não existe melhor alternativa para governar o país. Nesse sentido, há um lamento da manifestação «sem soluções» de dia 15 de Setembro.
     Respondi a desafios neste sentido de três pessoas diferentes, mas a alguns não pude responder por falta de tempo e disponibilidade, pelo que fica já aqui esta resposta.
     Em primeiro lugar, devo dizer que me parece um desafio corajoso. Os ataques por parte de Manuela Ferreira Leite, Alberto João Jardim, Paulo Portas (!) ao actual Governo não surgem por acaso: o Governo está com dificuldade em encontrar quem o defenda perante a nova realidade política. Dar a cara por este Governo na actual conjuntura pode revelar alguma cegueira e falta de memória, mas também revela coragem.
     Mas se digo que o desafio revela cegueira, devo justificá-lo. E justifico-o com uma lista que tenho várias vezes mencionado. (compilação do despesismo e corrupção).  Com completa falta de pudor, este Governo tem desbaratado o erário público em negociatas que favorecem uma minoria. Onde cortar? E que tal começar por aí?
     Aliás, nem que mais não seja por esta simples questão, a manifestação de dia 15 de Setembro seria de louvar, mesmo que nenhuma proposta fosse apresentada. As negociatas que prejudicam o interesse público têm mais tendência a acontecer num contexto de cidadãos desatentos e desinteressados. Se os cidadãos mostram vontade e capacidade de mobilização, o poder político reage, e o nível de «pudor» aumenta quando «toda a gente está a olhar».
     Disse também que o desafio revela falta de memória. E afirmo-o porque Pedro Passos Coelho ganhou as eleições apresentando uma resposta a essa pergunta: as famosas «gorduras» do estado. Ele defendia que era possível cortar na despesa do estado sem afectar as prestações sociais. Fazia umas alusões a motoristas e carros caros, ou ordenados verdadeiramente pornográficos, e voila: problema resolvido. Passos Coelho disse que chumbava o PECIV, porque os sacrifícios exigidos neste pacote eram excessivos.
    Então, o que é que foi feito para atacar «as gorduras»?
    Podemos dizer que era mentira que isto permitisse resolver o problema sem exigir mais sacrifícios. Mas o engano principal não foi esse - era mentira que se iria fazer o que quer que fosse a este respeito. A realidade da sua governação comprova-o.
    Neste sentido, creio que se impõe uma pequena viagem ao passado, começando pelo vídeo que não me canso de repetir:

     Alguns 'tweets' de Pedro Passos Coelho:
O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento.
A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos.
Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português.
      E há muitos mais...
     Por fim, uma pequena nota. Tendo em conta que algumas vezes o desafio é feito em jeito de procurar alternativas à medida relativa à TSU, convém lembrar que grande parte do corte nos rendimentos que esta medida representa não vai ajudar o Estado na sua situação orçamental difícil.
     Aliás, as razões para defender uma medida tão absurda parecem-me bem escrutinadas aqui.



Publicado por Xa2 às 13:55 | link do post | comentar

4 comentários:
De .é preciso novo 25 Abril Popular. a 18 de Setembro de 2012 às 18:00
O General Pires Veloso,

O general PV, um dos protagonistas do 25 de Novembro de 1975 que naquela década ficou conhecido como "vice-rei do Norte", defende um novo 25 de Abril, de raiz popular, para acabar com "a mentira e o roubo institucionalizados".

"Vejo a situação atual com muita apreensão e muita tristeza. Porque sinto que temos uma mentira institucionalizada no país. Não há verdade. Fale-se verdade e o país será diferente. Isto é gravíssimo", disse hoje, em entrevista à Lusa.

Para o general, que enquanto governador militar do Norte foi um dos principais intervenientes no contra-golpe militar de 25 de Novembro que pôs fim ao "Verão Quente" de 1975, "dá a impressão de que seria preciso outro 25 de abril em todos os termos, para corrigir e repor a verdade no sistema e na sociedade".

PV, 85 anos, considera que não poderão ser as forças militares a promover um novo 25 de Abril: "Não me parece que se queiram meter nisto. Não estão com a força anímica que tinham antigamente, aquela alma que reagia quando a pátria está em perigo".

"Para mim, o povo é que tem a força toda. Agora é uma questão de congregação, de coordenação, e pode ser que alguém surja" a liderar o processo.

Inversão de valores

E agora que "o povo já não aguenta mais e não tem mais paciência, é capaz de entrar numa espiral de violência nas ruas, que é de acautelar", alertou, esperando que caso isso aconteça não seja com uma revolução, mas sim com "uma imposição moral que leve os políticos a terem juízo".

Como solução para evitar que as coisas se compliquem, PV defendeu uma cultura de valores e de ética. "Há uma inversão que não compreendo desses valores e dessa ética. Não aceito a atuação de dirigentes como, por exemplo, o Presidente da República, que já há pelo menos dois anos, como economista, tinha obrigação de saber em que estado estava o país, as finanças e a economia. Tinha obrigação moral e não só de dizer ao país em que estado estavam as coisas", defendeu.
PV lamentou a existência de "um GANGUE que tomou conta do país. Tire-se o gangue, tendo-se juízo, pensando no que pode acontecer.

E ponha-se os mais ricos a contribuir para acabar a crise. Porque neste momento não se vai aos mais poderosos".

O general deu como exemplo o salário do administrador executivo da EDP para sublinhar que "este Governo deve atender a privilégios que determinadas classes têm".

"Não compreendo como Mexia recebe 600 mil euros e há gente na miséria sem ter que dar de comer aos filhos. Bem pode vir Eduardo Catroga dizer que é legal e que os acionistas é que querem, mas isto não pode ser assim. Há um encobrimento de situação de favores aos mais poderosos que é intolerável. E se o povo percebe isso reage de certeza", disse.

Para PV, "se as leis permitem um caso como o Mexia, então é preciso outro 25 de abril para mudar as leis", considerando que isto contribui para "a tal mentira institucionalizada que não deixa que as coisas tenham a pureza que deviam ter".

Casos como este, que envolvem salários que "são um insulto a um povo inteiro, que tem os filhos com fome", fazem, na opinião do militar, com que em termos sociais a situação seja hoje pior, mesmo, do que antes do 25 de Abril: "Na altura havia um certo pudor nos gastos e agora não: gaste-se à vontade que o dinheiro há de vir".

Quanto ao povo, "assiste passivamente à mentira e ao roubo, por enquanto. Mas se as coisas atingirem um limite que não tolere, é o cabo dos trabalhos e não há quem o sustenha. Porque os cidadãos aguentam, têm paciência, mas quando é demais, cuidado com eles".

"Quando se deu o 25Abril74, disseram que havia de haver justiça social, mais igualdade e melhor repartição de bens. Estamos a ver uma inversão do que o 25 de Abril exigia", considerou PV, para quem "o PM tem de arrepiar caminho rapidamente".

PM "tem de fazer ver que tem de haver justiça, melhor repartição de riqueza e que os poderosos é que têm que entrar com sacrifícios nesta crise", defendeu, apontando a necessidade de rever rapidamente as PARCERIAS público-privadas.

"Julgo que Passos Coelho quer a verdade e é esforçado, mas está num sistema do qual está prisioneiro. O Governo mexe nos mais fracos, vai buscar dinheiro onde não há. E, no entanto, na parte rica e nos poderosos ainda não mexeu.


De .Roubo 'Legal' pelos poderosos. a 18 de Setembro de 2012 às 18:03
É assim que atua a maior Fortuna deste País.
E se a MULTICARE dá lucro!!!
A LADROAGEM continua à solta!!!


NÃO HÁ COINCIDÊNCIAS.

TUDO FOI CALCULADO AO PORMENOR.

Vejam esta sequência de acontecimentos:


1) A TROIKA sugere no "memorandum" a VENDA do negócio da SAÚDE da CGD-Caixa Geral de Depósitos;

2) O Governo nomeia ANTÓNIO BORGES como CONSULTOR para orientar a VENDA dos negócios PÚBLICOS (privatizações);

3) O Grupo SOARES DOS SANTOS (Jerónimo Martins) CONTRATA o mesmo ANTÓNIO BORGES como ADMINISTRADOR (mantendo este, as suas funções de VENDEDOR dos negócios PÚBLICOS;

4) O Grupo SOARES DOS SANTOS (Jerónimo Martins) anuncia a criação de um NOVO NEGÓCIO na área da SAÚDE (noticiado no início desta semana pela imprensa);

5) A TROIKA exige a VENDA URGENTE do negócio da SAÚDE, da CGD, já este MÊS (notícia de hoje na imprensa)

... e NINGUÉM repara?

... e NINGUÉM diz nada?

Claro que dirão que é o "mercado" a funcionar "se" o Grupo SOARES DOS SANTOS adquirir por uma bagatela a área de negócio da SAÚDE da CGD, por ajuste directo (sem concurso).

NINGUÉM exige explicações?

NINGUÉM fala em tráfico de influências?

NINGUÉM aponta indícios de corrupção?

E o cipaio Barreto, agora fica calado?


De 'New Deal' para resolver a crise. a 18 de Setembro de 2012 às 22:27
Santiago Carrillo sugeriu estratégia keynesiana para resolver crise

Santiago Carrillo, histórico do Partido Comunista espanhol falecido esta terça-feira, criticou as medidas e políticas adotadas atualmente a nível europeu e considerou que a Europa devia avançar com estratégias "keynesianas", para aumentar a procura e fortalecer o mercado laboral.
Segundo assinala a edição online do semanário Expresso, que cita uma entrevista que o político concedeu à Lusa no ano passado, Carrillo disse sentir pena da situação em que se encontram vários países europeus, confrontados com a falta de solidariedade dos mais poderosos da UE e com a ausência de políticas para resolver a crise.

"O que me dá mais pena não é que esses países (Itália ou Grécia) sejam governados neste momento por tecnocratas, mas o conjunto de problemas que se acumularam sobre esses países e que proveem, a meu entender, da falta de solidariedade das potências europeias. E da política que se está a fazer, que não é uma política que resolva a crise", afirmou.

"Estamos num momento em que a prioridade é a recapitalização da banca, quando a prioridade devia ser tomar medidas que aumentassem a procura, facilitando passos para solucionar a crise", disse.

Afirmou, na altura, que "faltam líderes na Europa", mas "sobretudo, falta uma ideia sobre como se luta contra uma crise". Citou, como exemplo, o "New Deal" de Roosevelt e defendeu, como então, medidas "keysenianas" para "tirar a Europa da crise".

"O que faz falta hoje é uma reforma do capitalismo que converta o sistema financeiro de crédito num serviço público gerido pelo Estado, com o setor produtivo do capitalismo a continuar com o mercado livre, com mais valias. Mas deixando o crédito nas mãos dos governos", disse.

"Enquanto isso não se fizer, não se conseguirá controlar ou regular a situação", disse.


De . 1 % roubam 99 % . USA & Portugal a 19 de Setembro de 2012 às 10:17

Candid camera
(-por Sérgio Lavos, 18/9/2012, Arrastão)


Entretanto, na América... Mitt Romney, o candidato preferido da nossa direita liberal randiana, foi apanhado a dizer o que realmente pensa.
Coisa rara, num político, e como é evidente o que ele pensa não é nada agradável, sobretudo para os americanos mais pobres, mas também para a sua nomeação, que terá ido pelo cano com esta revelação.

Perante apoiantes milionários, Romney afirma que os 47% de americanos que votam em Obama não interessam porque não pagam impostos.

Isto dito por um multimilionário que, aproveitando-se das reduções fiscais sobre os super-ricos implementadas por Bush, pagou muito menos impostos do que a classe média norte-americana.

Mais pornográfico do que aquela célebre filmagem do arquitecto. Lições da América para o mundo
- perto disto, os friedmanianos Coelho & Gaspar não passam de aprendizes de feiticeiro.
Mas eles estão a esforçar-se.


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