Dilma Rousseff, a presidente brasileira, teceu hoje duras críticas às políticas de excessiva austeridade que estão a ser aplicadas na Europa e que estão a causar "sofrimento" às populações, considerando que a confiança não se constrói apenas com austeridade. [- Lusa, 17-11-2012]
“O erro é achar que a consolidação fiscal colectiva, simultânea e acelerada, seja benéfica e resulte numa solução eficaz”, disse Dilma Rousseff que falava na primeira sessão plenária da XXII Cimeira Ibero-americana, que decorre em Cádis (sul de Espanha). “Temos visto medidas que apesar de afastarem o risco da quebra financeira, não afastam a desconfiança dos mercados nem a desconfiança das populações. A confiança não se constrói apenas com sacrifícios”, afirmou.
Para Rousseff é necessário que a estratégia e as medidas adoptadas “mostrem resultados eficazes para as pessoas, horizontes de esperança e não apenas a perspectiva de mais anos de sofrimento”.
Na sua intervenção a chefe de Estado brasileira referiu-se amplamente à crise financeira que “golpeia de forma particular” a Península Ibérica.
“Portugal e Espanha estão diante de tarefas de complexa solução. Mas sabemos da força destes países, da energia criativa das suas sociedades, da capacidade de superação, tantas vezes comprovada ao longo dos séculos”.
“Temos assistido nos últimos anos aos enormes sacrifícios das populações dos países mergulhados na crise: redução de salário, desemprego, perda de benefícios”, insistiu, considerando que “políticas que só enfatizam a austeridade demonstram os seus limites. Devido ao baixo crescimento e apesar do austero corte de gastos, assistimos ao crescimento dos défices fiscais e não à sua redução”, afirmou.
Recordando que as previsões para o biénio 2012-2013 apontam a um aumento dos défices e à redução do PIB, Rousseff afirmou que o Brasil continua a defender “que a consolidação fiscal exagerada e simultânea em todos os países não é a melhor resposta para a crise mundial e a pode até agravar, levando a uma maior recessão”.
Rousseff considerou ainda que os países em excedente orçamental “devem também fazer a sua parte”, investindo, consumindo mais e importando mais.
“Sem crescimento será muito difícil o caminho da consolidação fiscal, que será cada vez mais oneroso socialmente e cada vez mais crítico politicamente”, afirmou.
Em contraste à austeridade, Rousseff apresentou as políticas adoptadas pelo Brasil, incluindo a ampliação do investimento público e privado em infraestruturas, a redução da carga tributária sob o salário e programas sociais que ajudaram a manter o consumo interno.
David Lipton, primeiro diretor-adjunto do Fundo Monetário Internacional, explicou em Londres o que orienta a organização na gestão da atual crise. Veja as diferenças com os defensores da austeridade na Europa.
A deputada do BE Ana Drago disse esta quinta-feira que os técnicos da `troika´ deram como exemplo de "má despesa pública" prestações sociais aos reformados e na Educação, sugerindo que pode haver cortes nestas áreas. "Houve exemplos, quando foi discutido e perguntado de onde surgiu a ideia da refundação do Estado e do corte de 4 mil milhões. A `troika´ não respondeu mas foram dados exemplos de despesa má: gastos da Segurança Social ao nível das prestações sociais nos reformados", disse a deputada.
Executivo garante que nenhum membro de gabinete ou funcionário público recebeu subsídios à margem da lei ...
O Movimento Sem Emprego (MSE) defende que o “Governo está a condenar pessoas à morte” e, por isso, pede aos cidadãos para considerarem a “desobediência civil como forma de resistência”.
O movimento considera que o Governo “está a violar a Constituição” ao implementar medidas que “tornam impossível a sobrevivência de muitos portugueses”. Por outro lado, o MSE defende que o “Governo está propositadamente a eliminar postos de trabalho” e que “grande parte dos cidadãos deixou de ter lugar na sociedade”.
Neste sentido, sublinham que o Executivo “está a pôr direitos na gaveta para manter privilégios de certas pessoas”. Uma situação “inaceitável”, segundo Alcides Santos, membro do MSE, que “tem que ser travada”.
Por isso, o Movimento Sem Emprego declarou esta terça-feira, em comunicado, “para si próprio e para todos os cidadãos em luta o direito à desobediência civil como forma de resistência”. Apesar do aumento de manifestações contra o Orçamento do Estado para 2013, Alcides Santos considera que as iniciativas “não são suficientes”, já que “o país continua no mesmo caminho”.
O MSE afirma que o Governo é “criminoso”, já que “obriga idosos a optar entre remédios e comida e jovens a escolher entre passar fome e pagar propinas”.
** Deixem-nos falir como a Islândia (-por Tiago Mota Saraiva)
No dia da greve geral foi anunciado que a taxa de desemprego aumentou para 15,8%. A este número acresce que, entre os jovens com idades entre os 15 e os 24 anos e que fazem parte da população activa, a taxa de desemprego já atingiu uns insustentáveis 39%. Precisamente no dia seguinte, Passos Coelho não conseguia disfarçar o orgulho declarando que, num ano, havia feito o que o FMI estimava que fosse realizado em seis.
O governo demonstra que se está a marimbar para os dados devastadores que a economia nacional vai revelando, para a expressão da greve geral ou para o significativo aumento do desespero e a radicalização de que a manifestação junto à Assembleia da República não é exemplo único.
A cedência a determinados sectores, como o anunciado aumento salarial às polícias ou a aparente negociação com os reitores, revelam a falta de uma ideia para o país que não passe pelo truque e pela cacicagem sectorial – como se se tratasse de um negócio entre distritais de um partido.
O governo ignora o tiquetaque da bomba-relógio em que transformou o país. Há dois anos e meio, Eduardo Catroga e Medina Carreira divertiam-se a choramingar pela presença do FMI e não hesitavam em dar a opinião para um artigo do DN escrito por Rui Pedro Antunes sob o título: “Se o país sair do euro corre o risco de falir como a Islândia”. Hoje, tanto um como o outro estão bem na vida, mas não será prudente começar a pensar fazer exactamente o contrário do que defendem?
----- Da Responsabilização pelo Empobrecimento...
Aumentou entre 45% e 50% o número de pessoas a precisar de AJUDA para SOBREVIVER (ler e ver AQUI).
A informação da Caritas tem a dimensão do anúncio do terror que sustenta o medo e a ameaça que paira sobre mais de metade da população...
em 2010, o Diário Económico prenunciava, assente em dados que, afinal, nem sequer estavam correctos, o risco de pobreza em 2 milhões (ler aqui)
e o tétrico é perceber a incapacidade e a incompetência com que, ao invés de se tentar prevenir para EVITAR o cenário CATASTRÓFICO implicado pela notícia, se deixou que se tornasse realidade...
hoje, o número total de pessoas muito pobres em Portugal ultrapassou, em muito!, os dois milhões
e regista-se a dificuldade da sua atualização porque o número aumenta todos os dias!...
e está aí, na rua, diante dos nossos olhos, num retrato terrível da cidade que, a partir do meio de cada mês, nos faz encontrar, nas avenidas, pessoas a pedir ajuda -
pessoas que aparentam um perfil de cidadania coincidente com a representação que temos da classe média!...
São desempregados, pensionistas, reformados, pessoas com empregos precários, cada vez mais novos, os que, homens e mulheres, recorrem, cada vez mais, ao espaço público... para "PEDIR" (caridade, emprego e dignidade)
provavelmente, longe do espaço da sua residência para reduzir os custos da VERGONHA que justamente sentem como atentado à dignidade da existência.
Se equacionarmos este cenário no quadro das dinâmicas do fenómeno da pobreza, sabendo que é uma realidade que se reproduz e perpetua geracionalmente e podemos, por isso, saber que, já no muito curto e no médio prazo, populações inteiras são sacrificadas à pobreza
e a viver abaixo dos limites condignos que reconhecemos como um direito.
É preciso responsabilizar a produção e a promoção do empobrecimento.
A pobreza é um crime contra a Humanidade!
(-por Ana Paula Fitas , ANossaCandeia, 19/11/2012)
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Do Placebo da Austeridade...
... a economia europeia continua em queda... agora, depois de terem culpado e sacrificado soberanias, economias e povos do sul,
a "crise" avança o seu ritmo de agravamento pelos que, sobranceiramente, se consideraram imune... quase oficial, a notícia faz hoje título de primeira página na imprensa:
Alemanha e França estão à beira da recessão (ler AQUI).
E agora?
...vão pedir perdão da "dívida", ajuda ao FMI, exigir mais sacrifícios aos "países periféricos"
(note-se o requinte ideológico da expressão que vale a pena interpelar no âmbito de uma concepção política teoricamente fundada na "igualdade de tratamento": periféricos de quem, já agora?)...
ou, finalmente, MUDAR as REGRAS de uma gestão económico-financeira ruinosa e DESTRUIDORA da VIDA, da DIGNIDADE e dos direitos fundamentais?
(-por Ana Paula Fitas , 16/11/2012)
O Governo está de parabéns
Já estamos na reta final para subida a plenário, para aprovação final, do Orçamento do Estado para 2013.
A sentença de morte da classe média está decretada.
O cumprimento da meta do empobrecimento apresentada há mais de um ano por este governo vai ser concretizado.
O objectivo de ir além da troica custe o que custar, está cumprido.
Em termos de avaliação nada há a dizer deste Governo. Quem cumpre os objectivos e as metas propostas merece boa classificação. Não se percebe do que se queixam os portugueses.
É verdade que o défice continua a aumentar,
que a despesa também,
que o desemprego também,
que a injustiça social e
a desigualdade também
mas isso são tudo alíneas para se atingir o sucesso da política de empobrecimento em curso (PEC).
...
LNT, ABarbearia, 19/11/2012
De . FP: + horas, + mobilidade, - remuner. a 20 de Novembro de 2012 às 13:37
Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) foi surpreendido pelo anúncio na segunda-feira, feito pelo ministro das Finanças, de que o Governo quer criar uma bolsa de excedentários na Função Pública (para lhes pagar menos e despedir a seguir), garantindo que desconhece as intenções do executivo.
Bettencourt Picanço
"O sindicato não conhece rigorosamente nada.
Ainda há pouco tempo tivemos uma reunião com o secretário de Estado da Administração Pública, na qual nos foi referido que a redução do número de trabalhadores estava a ocorrer acima do previsto pela 'troika',
e que era uma redução satisfatória que ia ao encontro dos desejos do Governo.
Assim sendo, as declarações do ministro das Finanças, ontem, [segunda-feira] foram, para nós, totalmente surpreendentes" disse à Lusa o presidente do STE, Bettencourt Picanço.
O sindicalista disse o STE está "no mesmo barco em que estão todos os portugueses", uma vez que desconhece quais as medidas que o Governo pretende implementar para reduzir a despesa pública em quatro mil milhões de euros.
"O que nós receamos é que o Governo se prepare para uma objetiva reforma da Constituição da República sem reformar a Constituição", declarou Bettencourt Picanço.
O presidente do STE criticou ainda o Governo, acusando-o de promover uma "pseudo-discussão pública" sobre medidas que "afetam a vida dos portugueses", quando, na verdade, "já tem no bolso as medidas que quer implementar".
"Estamos disponíveis para nos sentarmos à mesa para ouvir o que o Governo tem para apresentar. Não estamos disponíveis para que aquilo que hoje existe no nosso país, o ativo social, seja virado de 'pernas para o ar'. Aquilo que esperamos é que o Governo esclareça que alterações é que pretende promover", afirmou.
Sobre a possibilidade de o Governo implementar um aumento de uma hora diária no horário de trabalho dos funcionários públicos, avançada hoje pelo Diário Económico, Bettencourt Picanço disse que "não tem pés nem cabeça".
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciou na segunda-feira que a 'troika' aprovou o desembolso de uma nova tranche de 2,5 mil milhões de euros, a sétima inserida no programa de assistência financeira a Portugal.
"Foi concluído com sucesso o sexto exame regular do programa" de ajustamento português, disse o governante na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do sexto exame regular da 'troika' ao programa de ajustamento português.
De
Izanagi a 20 de Novembro de 2012 às 12:17
O que Dina Rusself devia era ter avisado quando o país andava a consumir muito mais do que podia pagar. Acabar com a austeridade? Mas foi exatamente a ausência de austeridade, ao invés, o excesso de consumismo estéril que levou o país a esta situação.
O que Dina Rusself não diz é qual a solução para o país pagar as dívidas. E será que o Brasil, com ela na presidência, nos vai fornecer a crédito? Duvido
De .Culpados. a 20 de Novembro de 2012 às 16:11
para quem estiver interessado em acordar!!!
BODE EXPIATÓRIO
"A fúria que muitos sentem relativamente à chanceler alemã Angela Merkel é compreensível.
Mas não foi Angela Merkel a responsável pelo estado a que chegámos, pela crise em que nos mergulharam, pelo enorme endividamento das famílias ou pelos esquemas de corrupção que exauriram as contas públicas.
Foi Cavaco Silva, e não Merkel, que enquanto primeiro-ministro permitiu o desbaratar de fundos europeus em obras faraónicas e inúteis, desde piscinas, pavilhões desportivos sem utentes, ao desnecessário Centro Cultural de Belém.
Foi o seu ministro Ferreira do Amaral que hipotecou o Estado no negócio da Ponte Vasco da Gama.
Foi António Guterres, e não Merkel, que decidiu esbanjar centenas de milhões de euros na construção de dez estádios de futebol.
Foi também no seu tempo que se construiu o Parque das Nações, o negócio imobiliário mais ruinoso para o Estado em toda a História de Portugal.
Foi mais tarde, já com Durão Barroso e o seu ministro da defesa Paulo Portas, que ocorreu o caso de corrupção na compra de submarinos a uma empresa alemã. E enquanto no país de Merkel os corruptores estão presos, por cá nada acontece.
Mas o descalabro maior ainda estava por chegar.
Os mandatos de José Sócrates ficarão para a história como aqueles em que os socialistas entregaram os principais negócios de estado ao grande capital.
Concederam-se privilégios sem fim à EDP e aos seus parceiros das energias renováveis; celebraram-se os mais ruinosos contratos de parceria público-privada, com todos os lucros garantidos aos concessionários, correndo o Estado todos os riscos. O seu ministro Teixeira dos Santos nacionalizou e assumiu todos os prejuízos do BPN.
Finalmente, chegou Passos Coelho, que prometeu não aumentar impostos nem tocar nos subsídios, mas quando assumiu o poder, fez exactamente o contrário.
Também não é Merkel a culpada dessa incoerência, nem tão pouco é responsável pelos disparates de Vítor Gaspar, que não pára de subir taxas de imposto. A colecta diminui, a dívida pública cresce, a economia soçobra.
A RAIVA FACE AOS DIRIGENTES POLÍTICOS DEVE SER DIRIGIDA A OUTROS QUE NÃO À CHANCELER ALEMÃ.
Aliás, os que fazem de Angela Merkel o bode expiatório dos nossos problemas estão implicitamente a amnistiar os verdadeiros culpados."
(in "FIO DE PRUMO", por Paulo Morais - CORREIO DA MANHÃ de 13 de Novembro de 2012)
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