Sábado, 27.02.16

NATO ? Para quê ?   (Aventar, 26/02/2016 por João Mendes)
(OTAN: Organiz. do Tratado do Atlântico Norte, ...que chega até à Turquia e mais além...)

Empire Military Democracy

   Fez ontem 25 anos que os membros do Pacto de Varsóvia se reuniram na Hungria e chegaram a um acordo para a dissolução da organização, uma decisão precipitada pela fragmentação em curso da União Soviética. Dissipada a ameaça soviética, o outro império optou por manter a sua rede militar de poder e, 25 anos após ter deixado de fazer sentido no campo do equilíbrio de forças, a NATO está viva e continua a servir os interesses geopolíticos e militares da superpotência sobrevivente, usando a defesa dos seus aliados como mera fachada para as suas ambições imperialistas.

     Que sentido faz hoje a existência da NATO? Confesso que não vejo outra razão que não a legitimação da hegemonia norte-americana. Que ameaças reais existem hoje que possam atormentar a segurança dos países ocidentais? O palhaço norte-coreano? A China comuno-capitalista? A Federação Russa que a única coisa que quer é jogar o mesmo jogo que os EUA, com a ocasional violação da soberania de um seu vizinho? E desde quando é que a NATO se preocupa com isso? Existirão assim tantas diferenças existe entre as invasões russas da Ossétia e da Ucrânia e as invasões norte-americanas do Iraque ou do Afeganistão, para além do desfasamento geográfico e do facto das segundas terem deixado um rasto de destruição incomparavelmente maior?

     Com o fim da Guerra Fria, a NATO perdeu a sua razão de ser. A globalização criou uma interdependência planetária tal que o risco da Federação Russa invadir a Europa é praticamente nulo e as consequências seriam catastróficas para ambos os lados. Para além de que, se os EUA supostamente partilham dos mesmos valores e interesses que o restante Ocidente, porque não viriam eles em seu auxílio como vieram durante as grandes guerras? Já era tempo de colocar um ponto final neste teatro. O Europa não precisa da NATO para nada. Mas seria interessante que os parceiros europeus tivessem a sua própria política externa de defesa, capaz de proteger o seu espaço geográfico comum. Só para não sermos apanhados com as calças na mão. Daí até continuar a beijar o anel ao imperador vai um longo caminho.

-----  Semear a guerra para colher milhões:   à indústria bélica, a crise nunca chega 


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Domingo, 04.10.15

Imigrados: é sensato recear a «Invasão pacífica»? Como agir Amanhã?  (17/9/2015, Econ.P.)

...   A resposta é hoje evidente: a União Europeia (UE) começou a dissolver-se e cada Estado-membro responde como lhe agrada; a Hungria gazeia os imigrantes-invasores e a Croácia deixa-os ir para onde eles querem (invad)ir, isto é, para a Alemanha. A França, que tanto criticou o chauvinismo magiar, prepara-se para imitar a Alemanha, a qual, por sua vez, depois de ter criticado o chauvinismo magiar, já o imitou. Merkel, Orban, Hollande – o mesmo combate!
   Acrescentemos que a curto prazo não há o menor perigo. Uma sondagem com amostra não aleatória, daquelas que os periódicos papelóides propõem aos seus leitores, anunciava ontem que 75% dos nossos compatriotas aprovavam o fecho das fronteiras – aprovavam a solução húngara, ainda anteontem tão condenada pelas televisões internacionais e pela imprensa bem pensante. Condenavam por recearem serem invadidos, pacificamente embora. Este receio da invasão releva de uma conhecida mania das grandezas: a quem deveríamos fechar as fronteiras, se ninguém (pobre) quer para cá vir? Este ninguém refere os turistas de pé descalço, para usarmos uma nomenclatura paleodemocrática. Os turistas navy blue continuam a procurar-nos, Deus seja louvado. Como qualquer português mediamente sóbrio reparou, o nosso (Pt) problema é a emigração (saída) e não a imigração (entrada). A curto prazo, claro. Aliás, no imediato, a balbúrdia europeia – as reviravoltas  da Srª Merkel, as barreiras húngaras, as ameaças francesas, as recusas eslovacas  – estão já certamente a dissuadir muitos candidatos  mediterrânicos à emigração para a Europa, por esta ter deixado de ser tão fácil e remuneradora como a chanceler alemã prometera; o que é afirmado como hipótese, pois não dispomos de adequado sistema de monitorização.  Por isso, o problema da imigração coloca-se a médio e a longo prazo. ... (proposta do Econ.Pt.) para começar já: apoiar o reforço dos Estados a sul do Mediterrâneo, apoiá-los economicamente, propor-lhes uma intercâmbio demográfico (enviam-nos jovens trabalhadore/as reprodutores/as e enviamos-lhes em troca cidadãos da 3ª idade com as respetivas pensões de reforma); convocamos já uma conferência de Estados-soberanos para iniciarmos a sério (houve já umas brincalhotices) o estudo e a resolução destes problemas.
- Imigrantes de pé descalço ... como os tratar? Entram, são identificados e recebem um título nominativo de estada temporário, por um período fixo, renovável,  informando-os que deverão regressar pelos seus meios às respetivas terrinhas, logo que a ordem e a água potável nelas tenham sido restabelecidas. Tudo isto sem violências desnecessárias.  Se os outros Estados-membros recusarem aceitar estes títulos, não teremos o menor problema.  É que convém persuadir os imigrantes que a chancelarina Merkel ainda não anarquizou por completo a velha Europa e não terá na sua destruição o mesmo êxito fácil e rápido que teve na da RDA (de que ela começou por ser uma brilhante sustentácula).
---- Imigração: ... em Missão de Salvação europeia

Dito por outras palavras. Berlim está de cabeça perdida. Aliás, a proposta dos campos de concentração, chamados quotas obrigatórias de refugiados, é a insistência no modelo de política migratória que acabou de falhar. Com efeito, quando as quotas estiverem esgotadas, que medida tomaremos? Ora há uns 14 milhões de refugiados e a omnisciente Comissão de Bruxelas promete-nos resolver o problema com quotas de menos 200 mil imigrantes, isto é, quer quotas 70 vezes menores do que as necessidades potenciais. Isto não é sério.

Berlim age por uma mistura de demagogia, desespero e imprevidência. ... a questão migratória não se resolve enquanto não reconstruirmos os Estados do sul do Mediterrâneo e não os ajudarmos no caminho do desenvolvimento económico – em concatenação com a imigração organizada de que a velha Europa precisa para ultrapassar o Cabo das Tormentas de 2050. Chantagens, ameaças, campos de concentração mal amanhadossó agravarão os  problemas de Portugal e do resto da Europa.



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Sábado, 23.05.15

Desordem  mundial   (Expresso, 2015/05/16- Mediterraneo: Os-russos-estao-ai-e-os-chineses-vieram-com-eles )

As relações entre a Rússia e a China seguem de vento em popa. A 9 de maio, o presidente Xi Jinping assistiu ao lado do seu homólogo russo, Vladimir Putin, em plena Praça Vermelha, ao desfile militar das comemorações do 70º aniversário da vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazi e já devolveu o convite. A 3 de setembro comemoram-se os 70 anos da vitória chinesa sobre o Japão e o fim da Segunda Guerra Mundial e Jinping também quer Putin a seu lado em Pequim.

O vice-ministro da Defesa russo esclarece a aproximação entre os dois países: “A cooperação militar demonstra o entendimento comum sobre os desafios e ameaças, bem como a necessidade de reestruturar a atual ordem mundial”. Há uma semana, em Moscovo, Putin também terá afirmado que o “desenvolvimento global” estava a ser ameaçado “pelas tentativas de criar um mundo unipolar”. E a culpa será dos Estados Unidos e da União Europeia.

Desde a anexação da Crimeia e da crise na Ucrânia, onde é público e notório o apoio da Rússia aos separatistas no Leste, americanos e europeus avançaram com um batalhão de sanções económicas procurando isolar diplomaticamente a Rússia.

“A Rússia quer mostrar aos EUA que não está isolada e que consegue realizar exercícios nas proximidades da Europa de Leste. E, em resultado da visita do primeiro-ministro do Japão aos EUA [a 28 de abril] e do reforço da relação militar entre os dois países, o presidente chinês quer mostrar aos EUA que tem (poder e) boas relações com a Rússia”, ...

Durante a próxima semana, a 20 e 21 de maio, quando os navios russos e chineses estiverem na reta final do inédito exercício no Mar Mediterrâneo, o Comité Militar da NATO estará reunido em Bruxelas. Da agenda do encontro de chefes de Estado-Maior-General das Forças Armadas, enviada esta sexta-feira de tarde às redações, consta a implementação do plano de ação de prontidão (aprovado na Cimeira de Gales), o futuro da missão Resolute Support, no Afeganistão, a KFOR no Kosovo, e a eterna necessidade de aprofundar a cooperação entre os países membros da Aliança Atlântica. Mas será praticamente impossível que os generais da NATO esqueçam o que se passa no Mediterrâneo.  (Exercício militar inédito ... navios de guerra russos e chineses vão aprofundar as ligações entre as duas marinhas, junto à fronteira da NATO. E já chegaram.)

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--elpais:   ... (instigados pelos 'abutres' da banca e multinacionais) os USA/ UE/ NATO  provocam a Rússia (e seus 'ursos') constantemente! Foi a NATO que causou o conflito na Ucrânia e na Geórgia, como se não bastassem todas as outras guerras e desgraças que têm causado no mundo! (... como na Jugoslávia/.../Sérvia aproveitando-se da crise russa! ...).

--gmorgado: ...o (re-)equilíbrio de forças aos poucos ... vai-se (re-)estabelecendo (?). É que isto de entregar tudo ao xerife (e seus adjuntos) já estava a dar azia. "Tu" vais-me provocar para o Mar do Japão (e Ucrânia), "Eu" esfrego-te o nariz aqui no meio do Mediterrâneo e nas barbas dos neo impotentes europeus

--  Na ausência/fraqueza da ONU, ... a Rússia e a China (os BRICS,  e também em parte o Irão, os árabes, ...) não querem continuar a ser maltratados/ subalternizados pelo 'xerife', vão mostrando o seu descontentamento ... retaliando por via diplomática, militar, terrorista, cyber e/ou económico-financeira ... (a China vai conseguindo pôr mais garras nos recursos e mal-governados povos do 3ºmundo e portugas)... para destronar o 'velho imperador e seus aliados' ou, pelo menos ficar com maior fatia do poder e do 'bolo mundial', como super-potências e não apenas potências regionais.

-- bsn5785:    Os USA e a Europa não são os donos do mundo, mas se continuarem a transferir a indústria, tecnologia e poder de compra como têm feito nas ultimas décadas, muito em breve tanto os USA como a Europa (UE) terão de engolir em seco, meter o rabinho entre as pernas e ficarem caladinhos!     Desde o inicio do Século 19 que o que tem fortalecido e mantido à tona a Europa e os USA tem sido o seu poderio industrial e a consequente riqueza daí gerada, mas isso está a chegar ao fim, governos e patronato numa tentativa de ganharem ainda mais e obterem ainda mais lucro, têm (privatizado e) deslocado aquilo que sempre foi as nossas jóias da coroa (indústria e tecnologia), para a China e para outros países do género onde não há direitos nem protecção alguma daqueles que trabalham, agora EUA-UE começam a ter a sua decadência!

-- pedro:  ... muita gente ignora. Dizem os entendidos, que neste momento (tanto os árabes como) a China detem tanta dívida pública americana, que tem o poder de sozinha afundar a economia americana num crash nunca visto.

-- pancho:   os Americanos ... tanto dizem que Devem, como dizem que não devem (jogam com a imposição do dólar no comércio internacional e a soberana emissão de moeda), e nos momentos de crise, são extraordinariamente activos e unidos, veremos como irão reagir perante aquilo que a passos largos se desenha.

-- a.rodrigues:   Esperemos que esse equilibrio, da cedência de competências tecnológicas e industriais, não tenha ultrapassado o ponto de ruptura, e que ainda seja possível recuperar o "domínio" ocidental. ... No entanto, a tendência é muito assustadora, no nosso dia a dia é cada vez mais visível a dependência do consumo de produtos importados da China, como os vendidos em lojas de conveniência chinesas. Os porquês são evidentes, produtos mais baratos e variados. Os problemas são assustadores: super poluição na China e no globo, sobre-exploração de recursos naturais e dos trabalhadores, completa dependência do mesmo fornecedor, endividamento externo e ameaças de falência, privatização ao desbarato, fim da produção local/nacional de todo o tipo de produtos, fim da nossa soberania/autonomia e capacidade de decisão política, económica e social; ...

--   Com tanto investimento/ compra de recursos, empresas e sectores-chave, estratégicos  (se os nossos governantes soubessem e quisessem defender o país/nação/estado), as multinacionais e fundos/governos estrangeiros, se não já, proximamente vão 'dizer algo'/controlar, directamente ou por interpostos fantoches,  a política, a justiça, a legislação, a economia, ... do país (e da UE) onde é um potentado !! (e têm o estado capturado).    Ao colocar os seus capitais e sedes em 'offshores', os grande capitalistas e as empresas deixam de pagar impostos locais, (os oligarcas, accionistas e administradores) desligam-se mais do país/sociedade onde nasceram e/ou onde têm instalações (excepto para loby/pressionar e obter mais privilégios e distorcer a concorrência), ..., i.e.  não são "nacionais" (por mais que propagandeiem outra coisa)  mas 'apátridas' / transnacionais  defensores dos 'mercados', do neoliberalismo, do 'economês' e do sagrado privado.

--brincanareia:  ... A deslocalização (industrial) tem pouco a ver com o preço do factor trabalho, dado que na componente fabrico este não pesa nunca mais do que 20% do valor do produto. Se o mundo ocidental quisesse baixar o custo deste, fabricaria mais autómatos, investiria mais em capital-intensivo.  A (investigação, desenvolvimento e semi) automatização na produção pode baixar os tempos em mais de metade ... e também os custos, mas isso nunca é considerado (pelos 'mercados', administradores e governantes neoliberais) para baixar o horário laboral, aumentar salários e regalias sociais, i.e. à maior produtividade da economia não corresponde melhor qualidade de vida para os trabalhadores e população em geral.
    Muito da deslocalização deve-se à forma como são encapotados/ escondidos/ desviados os lucros e dividendos.  A maioria das empresas que deslocalizaram fazem uma triangulação através de tradings em paraísos-fiscais, sendo estas as compradoras à China e revendedoras ao próprio.  Outras servem-se de regimes de isenção para o sistema "drawback", em que o aperfeiçoamento activo se resume à etiqueta e laçarote.   Agora adivinhe onde ficam os grandes lucros !!   E porque é que no meio da crise e empobrecimento geral há uma elite, que continua a enriquecer cada vez mais.



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Sábado, 09.05.15

A  2ª Guerra Mundial  ( 1939 - 1945 )  terminou hoje, há 70 anos

(uma breve anotação  #  por Raimundo P. Narciso, PuxaPalavra)

.   A RENDIÇÃO DA ALEMANHA NAZI

No dia 8 de Maio de 1945, faz agora 70 anos, chegaram à antiga Escola de Engenharia Militar alemã, em Karlshorst, nos subúrbios de Berlim, os representantes das forças armadas aliados e das forças armadas alemãs para estas assinarem perante aquelas a capitulação da Alemanha na guerra mais monstruosa que a humanidade conhecera, a 2ª Guerra Mundial (1939-1945). (A Itália já se tinha rendido e a guerra com o Japão ainda duraria).

O marechal Zhukov representou o comando suprema soviético, o marechal da força aérea Tedder o da Inglaterra, o general Carl Spaatz, o dos Estados Unidos e Lattre de Tassygni o de França. Em representação das forças armadas da Alemanha entrou na sala depois de aberta a sessão por Zhukov, o marechal de campo Keitel, o almirante Friedeburg e o coronel general da Força Aérea Stumpf que vieram assinar a rendição completa e sem condições da Alemanha em representação de Doenitz que assumira as funções de chefe de Estado após o suicídio de Hitler, no dia 2 de Maio. Dia em que também se suicidaram Goebbels e a sua mulher depois de matarem os seus seis filhos, crianças entre os 4 e os 13 anos.

Parece ter ficado combinado fazer o anúncio do fim da Guerra a 9 mas a notícia foi posta a correr em 8 e os aliados ocidentais festejam a 8 de Maio e os Soviéticos e agora os russos a 9.

O certo é que, ao contrário das forças nazis que restavam em ordem de combate se foram rendendo nos dias seguintes, o mesmo não aconteceu com uma importante concentração de forças alemãs, na Checoslováquia que não se quis render e teve de ser vencida pelo Exército Vermelho, a 9, para a libertação de Praga. Também há quem radique neste facto a razão de 9 em vez de 8, como dia dos festejos em Moscovo.

Os nazis pretendiam render-se apenas aos Aliados ocidentais (EUA, Inglaterra e França) e não à URSS e por isso o coronel-general Jodl, um dos mais próximos colaboradores de Hitler, em representação pessoal de Doenitz foi ao quartel-general de Reims, em França, entabular negociações e fazer a rendição a Eisenhower o que não foi aceite.

.  O CONTEXTO DO INICÍO DA GUERRA

Em meados dos anos 30 do século XX a Alemanha suplantou no plano económico a França e a Inglaterra mercê da grande ajuda financeira prestada pela França, a Inglaterra e especialmente os EUA na sequência da derrota da Alemanha na Grande Guerra de 1914-18.

No plano mundial o maior confronto político e ideológico era entre a União Soviética comunista e o mundo capitalista na sequência da tentativa falhada da invasão da Rússia após 1918, por exércitos de 14 países para derrotar os comunistas que avançavam na bolchevização do país com a coletivização da agricultura e a nacionalização da economia.

Com Hitler e a militarização acelerada do país a URSS esperava que mais tarde ou mais cedo a Alemanha a atacaria. Perante as conquistas alemãs da Áustria e da Checoslováquia a França, a Grã-Bretanha e os EUA começavam a temer o poderio germânico mas a posição estratégica prevalecente era a de se manterem neutrais militarmente ainda que contra o expansionismo hitleriano no plano político para ver se Hitler se contentava por aí. Entretanto recusavam propostas de Moscovo de aliança contra os nazis antes que fosse tarde demais. Mas a Ocidente por um lado até agradeciam que Hitler invadisse a URSS e acabasse com o comunismo de Moscovo que eles não conseguiram em tempos liquidar mas por outro lado temiam o poder crescente da Alemanha.

Em Outubro de 1936 Hitler (chefe do governo nazi alemão) firmou com Mussolini  (chefe do governo fascista italiano) o Eixo Berlim-Roma e em Novembro estabeleceu com o imperial Japão, que se tornara uma grande potência militarista, o pacto anti-comintern (movimento comunista internacional). Em 1937 a Itália aderiu a este pacto que tinha uma cláusula secreta contra a União Soviética.

Em 1935 a Itália conquista a Etiópia e em 1936, com a Alemanha, intervê em Espanha ajudando Franco (fascista/franquista) a derrotar a República Espanhola (Guernica).

O Japão pelo seu lado ampliava a invasão da China para a sua conquista.

Em Março de 1938 Hitler invadiu a Áustria e incorporou-a na Alemanha e no fim desse ano a França e Inglaterra/UK, com a aquiescência norte-americana, firmam com Hitler o célebre acordo de Munique (a “capitulação” de Munique) aceitando que a Alemanha anexe parte da Checoslováquia, os Sudetas. Mas em 15 de Março de 1939 o exército alemão ataca Praga e submete todo o país.

O Eixo Berlim-Roma prosseguiu a sua ofensiva. A Alemanha nos países Bálticos, a Itália invade a Albânia (Abril de 1939).

.  O INICIO DA GUERRA -  FRENTE LESTE

Em 1 de Setembro de 1939 a Alemanha invade a Polónia e esta é a data do início da 2ª GM.

Para a conquista da Áustria os nazis montaram uma farsa. Um grupo fascista, articulado com a Alemanha tenta um golpe em Viena. Em Berlim é anunciada uma insurreição comunista e para salvar a Áustria do comunismo Hitler anexou o país. Sentindo necessidade de uma boa desculpa para a invasão da Polónia os nazis enviaram para o outro lada da fronteira uns alemães com fardas do exército polaco que dispararam uns tiros para o lado da Alemanha de modo que a invasão da Polónia por Hitler foi uma “legítima resposta defensiva”.

Aos tiros de umas espingardas “polacas” que não atingiram ninguém seguiu-se uma resposta “equilibrada”:  5 exércitos compostos por 65 divisões e brigadas, 2000 aviões, 2.800 tanques, 100 navios de guerra invadiram a Polónia.

Em 3 de Setembro de 1939 a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha mas só uns anos depois a declaração platónica se traduziu em combates militares.

A chamada guerra relâmpago nazi ("blitzkrieg") que se fazia agora à velocidade dos milhares de carros de combate em vez das penosas marchas a pé da infantaria da Grande Guerra (1914-18) desenvolveu-se em três eixos, Norte, Centro e Sul e chegou às portas de Moscovo em Setembro/Outubro de 1941, às cercanias de Leninegrado (actual S. Petersburgo) no início de Setembro de 1941 e entrou em Estalinegrado, hoje Volgogrado, um ano depois, em Setembro de 1942, na rota do petróleo do sul soviético, no Azerbaijão, no Cáucaso.

.  A BATALHA DE MOSCOVO

Para o assalto, sem sucesso, a Moscovo, de 30 de Setembro a 3 de Dezembro de 1941, as forças alemãs reuniram mais de um milhão de combatentes em 3 agrupamentos de exércitos, cerca de 14.000 canhões, 1700 carros de combate e 950 aviões. A contra-ofensiva do Exército Vermelho dá-se a partir de 5 de Dezembro de 1941.

.  CERCO DE LENINEGRADO

A tentativa de assalto dos exércitos nazis a Leninegrado fracassou mas a segunda ou primeira mais importante cidade da Rússia ficou bloqueada pelas forças alemãs a partir de 9 de Setembro de 1941 até Janeiro de 1943, quando começou, aqui, a ofensiva soviética.

A 2ª GM foi palco dos maiores combates jamais vistos e de massacres de muitos milhões de soldados e especialmente de civis. Depois do assassinato metódico, a frio de crianças e bébés, homens e mulheres dos campos de concentração. Depois do holocausto, de judeus comunistas, ciganos, homossexuais ou quem quer que fosse que apodassem de inimigo.

Babi Yar na Ucrânia representa o assassinato, em 29 e 30 de Setembro de 1941, da população judia. Foram mortos em dois dias 33.800 judeus, de Kiev. Quase só mulheres, crianças e velhos que os homens tinham fugido para as florestas para resistirem. Nesta ravina dos arredores de Kiev foram abatidos a tiro durante o período de domínio alemão da Ucrânia, cerca de 100 mil civis inocentes.

Nem só os nazis cometeram crimes de guerra. Do lado soviético há a chacina na floresta Katyn de oficiais , polícias e civis polacos, pela polícia secreta de Béria, sob a acusação de espionagem e subversão. Ou do lado dos aliados ocidentais o injustificado bombardeamento, em 13 e 15 de Fevereiro de 1945, da bela cidade de Dresden, a “Florença do Elba”, sem qualquer valor estratégico, por 1300 bombardeiros ingleses e norte-americanos com bombas incendiárias. Uma chacina de dezenas de milhar de civis.

.  A BATALHA DE ESTALINEGRADO

De Julho a Novembro de 1942, 125 dias, durou a ofensiva dos exércitos nazis contra Estalinegrado. Foi a batalha mais feroz da guerra com combates rua a rua, casa a casa, andar a andar, nas ruas da cidade. A partir de Novembro inicia-se a contraofensiva do Exército Vermelho. Segundo cálculos dos soviéticos terão morrido ou ficado feridos, nesta batalha, 700 mil militares alemães.

O Exército do carismático general alemão Von Paulos foi cercado pelas tropas soviéticas em Estalinegrado. Não se rendeu. Só depois de 48 dias de cerco e duras batalhas, em 31 de Janeiro de 1943 o general se entregou. Foram enterrados os cadáveres de 147 mil militares alemães e feitos prisioneiros 91 mil, dos quais 2500 oficiais e 24 generais.

Em Novembro de 1942 as forças militares no território da URSS equilibravam-se. Os alemães e seus aliados, italiano, romenos e outros, tinham em campanha na URSS cerca de 6 milhões 270 mil militares contra 6 milhões 124 mil militares soviéticos. No entanto no verão de 1943 as forças alemãs e dos seus aliados na frente alemã-soviética era de 5 milhões e 325 mil homens contra 6 milhões e 442 mil do lado soviético.

.  KURSK

Em Abril de 1943, depois da derrota de Estalinegrado as forças Alemanha em retirada para Ocidente tentaram com um grande reagrupamento de forças parar a retirada e desencadear uma nova ofensiva na Rússia que se veio a concretizar com a operação “Cidadela”, a batalha de Kursk. Foi a maior batalha de tanques da história. Reuniram no lado alemão, 900 mil combatentes, 10 mil canhões e morteiros, 2700 tanques, e mais de 2000 aviões. O Exército Vermelho mobilizou para a batalha 1.337.000 homens, 19,300 canhões e morteiro, 3.300 tanques e 2.650 aviões. A batalha durou 50 dias, de 5 de Julho e terminou a 23 de Agosto de 1943. Do lado do exército vermelho que dispunha então já de um bem montado sistema de informações e sabiam com bastante antecedência da data aproximada do ataque e das suas principais direcções adoptaram a táctica de aceitar a ofensiva alemã, tentar o desgaste das suas forças e passar depois à ofensiva com forças frescas.

Esta batalha marca o fim da ofensiva alemã, marca o início da sua derrota e a retirada até Berlim.

.  O "DIA D", O DESEMBARQUE DA NORMANDIA      (seguirá dentro de momentos ...) 



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Quinta-feira, 07.05.15

Netanyahu anuncia o  fim da «solução de dois Estados»  (-Thierry Meyssan,   )

      ...   Durante a sua campanha eleitoral, Benjamin Netanyahu (que voltou a ganhar embora por margem reduzida) afirmou que, enquanto ele vivesse, jamais os Palestinianos teriam o seu próprio Estado (da Palestina, e que recentemente foi criado e reconhecido por muitos países). Ao fazê-lo, pôs fim a um «processo de paz» que prolongadamente se arrasta, desde os acordos de Oslo (entre Yitzhak Rabin e Yasser Arafat ),há mais de 21 anos. Assim se acaba a miragem da (pacífica) «solução de dois Estados» (Israel e Palestina).   

     Netanyahu apresentou-se como um “rambo”, capaz de assegurar a segurança da colónia judia esmagando para isso a população autóctone.    Os eleitores escolheram a sua via, a da lei da força.  ... isso é pouco glorioso e não tem futuro.

     Netanyahu substituiu a força de paz das Nações Unidas pelo ramo local da Al-Qaida, a Frente Al-Nusra. Ele providenciou-lhe um apoio logístico transfronteiriço e fez-se fotografar com os chefes terroristas, num hospital militar israelita. No entanto, a guerra contra a Síria mostra-se uma armadilha trágica para todos, para as populações locais, mas também para o Ocidente e para os países árabes (sunitas e wahhabitas) do Golfo. Segundo a ONU, a República Árabe da Síria só consegue garantir o contrôlo de 60% do seu território, mas, este numero é enganoso já que o resto do país é um terreno totalmente desértico, por definição incontrolável. Ora, segundo as Nações Unidas, os «revolucionários» e as populações que os apoiam, quer sejam jiadistas ou «moderados» (...), não atingem mais que 212 mil entre os 24 milhões de sírios. Quer dizer, menos de 1% da população.

     O ataque contra o Hezbolla na fronteira do Golã, matando algumas personalidades incluindo um general dos Guardiões da Revolução e Jihad Moghniyé, mas ele foi imediatamente vingado. Enquanto Netanyahu afirmava que a resistência libanesa estava atolada na Síria e não conseguiria replicar, o Hezbolla, com uma fria precisão matemática, matou, alguns dias mais tarde, à mesma hora, o mesmo número de soldados israelitas na zona ocupada das granjas de Chebaa. Ao escolher as granjas de Chebaa, a zona mais guardada pelo Tsahal (significa Forças de Defesa de Israel), o Hezbolla lançava uma mensagem de poderio, claramente, dissuasora. O Estado hebreu compreendeu que não era, mais, o senhor absoluto do jogo, e encaixou esta chamada à ordem.

     Finalmente, o PM Netanyahu foi desafiar o presidente B. Obama denunciando, no Congresso dos EUA, os acordos que a sua administração negoceia com o Irão. Os Estados Unidos negoceiam com o Irão uma paz regional, que lhes permita retirar a maior parte das suas tropas. A ideia de Washington é a de apostar no Presidente Rohani, para fazer de um Estado revolucionário xiita uma "normal potência" regional. Os Estados Unidos reconheceriam/ aceitariam a influência/ poder iraniano no Iraque, na Síria e no Líbano, assim como também no Barein e no Iémene, em troca do qual Teerão deixaria de exportar a sua Revolução para África e para a América Latina. O abandono do projecto do Imã Khomeini seria garantido por uma renúncia ao seu desenvolvimento militar, especialmente, mas não apenas, em matéria nuclear (continuam a afirmar que não se trata da bomba atómica, mas de motores de propulsão nuclear). A exasperação do presidente Obama é tal, que o reconhecimento da influência do Irão poderia chegar até à Palestina.   ...

      As bravatas de Netanyahu visam mascarar o impasse no qual ele mergulhou os colonos judeus. Tendo ganho tempo, durante os últimos seis anos, em vez de aplicar os acordos de Oslo, ele só aumentou a frustração da população indígena. E, assim, vangloriando-se que conseguiu empatar a Autoridade palestina, para nada, ele provoca um cataclismo.

Desde logo, Ramallah anunciou que cessaria toda a cooperação securitária com Telavive se Netanyahu fosse, de novo, nomeado Primeiro-ministro, e aplicasse o seu novo programa. Se uma tal ruptura ocorrer, a população palestina da Cisjordânia, e a de Gaza certamente, deverão ter, de novo, de se enfrentar com o Tsahal (FDI). Isto daria a 3ª "Intifada".

     A população israelita não deseja guerra contínua nem nova intifada e os principais oficiais superiores, na reserva, do Tsahal (FDI) formaram uma associação, os Commanders for Israel’s Security (Comandantes pela Segurança de Israel), que não parou de alertar contra a política belicista e de afrontamento do Primeiro-ministro. Na realidade, é o exército, em conjunto, que se opõe à sua política. Os militares compreenderam, muito bem, que Israel poderia ainda estender a sua hegemonia, como no Sudão do Sul e no Curdistão iraquiano, mas que ele não poderia, mais, expandir o seu território. O sonho (sionista) de um Estado colonial do Nilo ao Eufrates é irrealizável, e pertence a um século passado.

    Ao recusar a «solução de dois Estados», Netanyahu acredita abrir a via para uma solução mas isso não é viável. O Primeiro-Ministro pode celebrar a sua vitória, mas ela será de curta duração.
    Na realidade, a sua cegueira abre a via a 2 opções: quer uma solução à argelina, quer dizer a expulsão de milhões de colonos judeus, dos quais muitos não têm nenhuma outra pátria para os acolher, ou uma solução à sul-africana, quer dizer a integração da maioria palestina no Estado de Israel segundo o princípio «um homem, um voto»; a única opção humanamente aceitável.

----- O general W. Clark revela que o Daesh é um projecto israelita    (26/2/2015)

     O general Wesley Clark, antigo comandante supremo da OTAN (NATO), disse à CNN que o  Emirado Islâmico (dito «Daesh» ou movimento terrorista "Estado islâmico"/ISIS /Califado Islâmico) tinha sido «criado pelos nossos amigos e aliados para derrotar o Hezbolla» (partido político-milícia libanesa xiita apoiada pelo Irão; e para desestabilizar/ derrubar o regime Sírio de Assad; ...).
     O general Clark punha, assim, claramente, em causa a responsabilidade de Israel.  Desde 2001, o general Clark é o porta-voz de um grupo de oficiais de alta patente que se opõem à influência israelita sobre a política externa dos Estados Unidos (e logo também da U.E., da NATO e  ONU),  aos seus desenvolvimentos imperialistas agressivos e à remodelagem do «Médio-Oriente Alargado». Ele opôs-se à implantação de tropas no Iraque e às guerras contra a Líbia e contra a Síria.
----- Notas:
. Israel é uma ocidentalizada democracia (a única, numa região de 'autocracias'/...) onde a origem étnica-social-religiosa/seitas de muitos cidadãos (imigrados dos 'países de leste/Rússia', do 'ocidente/EUA-Europa', 'África/outros', e os 'palestinos/árabes') é um factor importante nas opções político-eleitorais, sendo que a ortodoxia judaica/hebraica é mais militarista e direitista (e sionista). A rede/diáspora e o lobby judaico nos EUA e Europa tem grande poder e influência  financeira, mediática e político-governativa.
. Síria (e em parte o Líbano), embora com problemas de governação (interna e também fomentados do exterior), tem/tinha 'aceitável' convivência/tolerância  entre diferentes religiões/ seitas (xiitas, sunitas, drusos, cristãos ortodoxos, latinos/católicos, arménios, melquitas, ...), sob um regime republicano 'laico', e servindo de base a diversos movimentos/milícias (de belicosa actuação interna e/ou externa).
. Jordánia tem bastante homogeneidade étnica-social-religiosa  e um regime (monárquico ocidentalizado) moderado, mas sendo fortemente influenciada pela  guerra Israel-Palestina  e os movimentos de refugiados, tal como os outros vizinhos.
.. Estados  (e suas agências, militares, políticos, lobbies)  e  entidades privadas (especialmente multinacionais e oligarcas)  apoiam um e/ou outro lado (governo, partido, seita,  milícia, ...), favorecendo o continuar do  conflito e  instabilidade regional  (e  beneficiando com isso, tanto em influência  (política, militar, religiosa, exportação de ideias/crenças/fiéis), como  em lucrativos negócios  (de  armas,  petróleo, "reconstrução/ajuda", investimentos/ moeda$£€, ...), e desviando a atenção e críticas  dos seus próprios  problemas internos e má governação)... (Ver também o 'post' « Guerra e destruição é  oportuno  filão para a  plutocracia  e  máfias»).


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Quinta-feira, 19.02.15

Quarenta mil milhões de razões para alimentar a guerra  (R.Silva, M74, 19/2/2015)

   Os acontecimentos de Minsk e Debaltseve dominaram a abordagem mediática à situação da Ucrânia, num momento em que passa precisamente um ano sobre os dias finais do golpe da Praça Maidan, em Kiev. Pouco se fala, pouco se tem falado, da diminuição brutal da actividade económica no país, com uma queda do PIB bem superior àquela verificada em Portugal durante todo o período do "ajustamento" (só em 2014 a queda do PIB foi superior a 7%). Pouco se tem falado da entrada em grande do FMI neste processo de acelerado desmembramento do estado ucraniano saído do processo de auto-dissolução da URSS, no início dos anos 90 do século passado.
     Na passada quinta-feira foi anunciado um plano de "ajuda" à economia ucraniana no valor de 40 mil milhões de dólares, soma dividida por várias entidades que obedecem ao mesmo centro de comando. O FMI, a UE, os EUA, o Banco Mundial e "outras instituições financeiras" não especificadas. Boa parte desta quantia astronómica servirá para alimentar bancos falidos, oito em particular de acordo com o Financial Times. Um "filme" que já vimos noutras partes. A produzí-lo /pagá-lo estarão os cidadãos comuns, ucranianos do ocidente e do leste do país.
    Outra parte significativa do empréstimo ao estado ucraniano destina-se a financiar gastos militares já que é objectivo da Junta de Kiev e do presidente Poroshenko (que há anos atrás era designado em documentos norte-americanos entretanto divulgados pelo Wikileaks como "our Ukraine insider" [1]) aumentar significativamente o seu investimento em material bélico.    Outro "filme" que já vimos noutras partes, e que voltará a ser produzido pelo ucraniano comum, bem mais interessado em recuperar o acesso à saúde, à educação e à segurança social desde há muito perdidos (tal como a justiça, liberdade e dignidade humana e cidadã).  As grandes (financeiras, especuladores e) corporações da indústria militar esfregam as mãos de contentamento.
    Yatseniuk, outro evidente "insider" da equipa da senhora Nuland, faz uso do seu já habitual humor negro quando refere que o empréstimo se destina a restabelecer o crescimento económico no país, mas não explica como pretende fazê-lo quando se prepara para implementar um programa de austeridade que, em alguns aspectos, vai muito além dos indignos programas de austeridade implementados em Portugal e Grécia.
     O "ajustamento" ucraniano far-se-á com a receita do costume: redução de funções sociais do estado, diminuição do número de funcionários públicos, reduções salariais, corte nos apoios sociais, eliminação de direitos laborais e, claro está, privatizações. Muitas. A Ucrânia é rica em recursos naturais, dos agrícolas aos energéticos. É também um mercado de enorme potencial para a gula da plutocracia europeia e norte-americana (+ a rússa, chinesa, ... e as elites e máfias locais, que o dinheiro não tem pátria e prefere offshores), que apontando um dedo à Rússia deixa outras três na sua própria direcção.
     (Tal como o terrorismo e até as catástrofes naturais,) a guerra - que vive neste momento uma trégua frágil, cujo significado está ainda por compreender de forma plena - desempenha em todo este processo num papel chave. Ela é, em larga medida, um sorvedouro de dinheiro que alimenta a dependência ucraniana dos "aliados"/'vampiros' ocidentais (os apoiantes/ intervencionistas e alegados defensores da 'pátria', da 'liberdade' e da 'democracia' neoliberal).     Recordo, sobre esta matéria, uma cena célebre do filme "The International" (2009), de Tom Tykwer.
«O real valor de um conflito ... está na DÍVIDA que ele cria» (e na dependência presente e futura e na oportunidade de legalizar o contínuo saque de recursos naturais, financeiros, humanos).    Qualquer semelhança entre o conflito ucraniano e o diálogo desta cena não é pura semelhança.
     Notas:
[1] "During an April 28 meeting with Ambassador, Our Ukraine (OU) insider Petro Poroshenko emphatically denied he was using his influence with the Prosecutor General to put pressure on Tymoshenko lieutenant Oleksandr Turchynov (refs A and B)." - fonte.


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Sábado, 28.06.14

O Iraque à beira da divisão em três estados diferentes  (-por A.Abreu, 22/6/2014, Antreus)

Segundo o director do voltairenet.org, Thierry Meyssan,o brusco colapso do Estado iraquiano, é apresentado pela imprensa internacional como sendo a consequência do ataque do grupo terrorista EIIL. Mas, quem poderá crer que um Estado poderoso, armado e organizado por Washington, poderia sucumbir em menos de uma semana diante de um grupo jihadista (pela "guerra santa"), oficialmente independente de qualquer Estado? Dito de outro modo, quem poderá crer que aqueles que apoiam o EIIL na Síria condenam, com sinceridade, a sua acção no Iraque? Thierry Meyssan revela o que as cartas escondem.
Em 2006, o Estado Maior dos EUA projectaram para esta região um conjunto de medidas entre as quais a divisão do Iraque numa zona sunita, noutra xiita e uma outra curda. (e outras alterações geopolíticas, algumas com pouca aderência à realidade)
JPEG - 27.4 kb
Depois de algumas dificuldades de percurso, o plano está retomado e conduzido por operacionais jihadistas. A partição tem esse objectivo não ficando limitado às intenções do Emirado islâmico no Iraque e no Levante (EIIL ou Daesh em árabe).  Numa semana, o EIIL conquistou o que deveria tornar-se um emirado Sunita, enquanto os peshmergas (combatentes curdos) conquistaram o que deveria ser o Estado curdo independente.
O exército iraquiano, formado por Washington, deu Niníve aos primeiros e Kirkuk aos segundos. A sua própria estrutura de comando facilitou a desintegração: os oficiais superiores, tendo que recorrer ao gabinete do Primeiro-Ministro antes de mover as suas tropas, eram ao mesmo tempo privados de iniciativa de jogo e instalados como reizinhos nas suas zonas de acção. Por outro lado, era fácil ao Pentágono (e petrolíferas) corromper certos oficiais para que eles incitassem os seus soldados à deserção.
Os parlamentares, convocados pelo Primeiro-ministro Nouri-Al-Maliki, também desertaram e não votaram o estado de emergência por falta de quorum, deixando o governo sem possibilidades de resposta.  O Primeiro Ministro al-Maliki procurou enfrentar e derrotar os mujhaidines, apelando ao seu Povo, aos EUA, ao Irão. Os EUA acabaram por deixar de o apoiar "moralmente" porque apoio concreto não foi visto.
Vários grupos mujahidines estão em cena mas todos foram criados pela CIA com o objectivo de irem contra interesses russos como aconteceu no Afeganistão, na Bósnia Herzegovina, no Iraque, Síria e Chechénia.
O pânico que tomou conta da população iraquiana é o reflexo dos crimes cometidos pelo EIIL na Síria: degolas, em público, dos «muçulmanos renegados» e crucificação de cristãos. Segundo William Lacy Swing (antigo embaixador dos EU na África do Sul, depois nas Nações Unidas, e actual director do Gabinete das Migrações Internacionais), pelo menos 550 mil iraquianos teriam fugido diante dos jihadistas.
Estes números mostram a inépcia das estimativas ocidentais sobre o EIIL, segundo os quais ele não dispõe senão de 20 mil combatentes no total da Síria e do Iraque. A verdade é, provavelmente, três vezes superior, na ordem dos 60 mil combatentes; a diferença sendo feita exclusivamente por estrangeiros, recrutados no conjunto do mundo muçulmano e na maior parte das vezes não árabes. Esta organização tornou-se o maior exército privado do mundo, imitando no mundo moderno o papel dos condottieri da Renascença europeia.  Não sem contradições, este exército privado e mercenário é dirigido pela Turquia, a Arábia Saudita e os EUA.


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Quarta-feira, 26.02.14

A Ucrânia,  ponto nevrálgico da Europa  (-por JMC Pinto, 5/12/2013, Politeia)

 
 .
A defesa e a conquista de posições geoestratégicas  (militares, políticas e económicas: recursos e mercados)
     A Ucrânia, mesmo antes da URSS, já era um ponto nevrálgico da Europa. Se muitos não deixam de sublinhar que a velha Rússia nasceu na Ucrânia, em Kiev, também não é menos verdade que durante fases importantes da sua história, nomeadamente durante o domínio territorial dos latifundiários polacos e lituanos, se aproximou da Europa de leste, que se opunha aos russos e ao expansionismo do Império czarista para Ocidente, acabando, todavia, por ser os cossacos, que se rebelaram contra a servidão polaca, a restituir a Ucrânia ao seio da “mãe”Rússia, com excepção da Galícia que, na partição da Polónia do séc. XVII, ficou para o Império Austro-Húngaro até ao fim da Primeira Guerra Mundial.    A fracassada intervenção soviética na Polónia, logo depois da vitória da Revolução, acabou por ditar uma nova partilha do que é hoje o território ucraniano:   a parte Ocidental foi incorporada na Polónia, tendo o centro e o leste constituído a República Socialista Soviética Ucraniana, integrada, em 1922, na URSS.
     Foi na Ucrânia que os “brancos” travaram as principais batalhas contra os “vermelhos” na sequência da eclosão da Revolução de Outubro e foi também na Ucrânia que as potências da Europa ocidental mais tentaram combater a revolução bolchevista.
     Assegurada a vitória das forças revolucionárias, foi na Ucrânia que a batalha económica pelo domínio da terra foi mais brutal e mais trágica e voltou a ser na Ucrânia, um pouco mais de uma dezena de anos depois, que Hitler depositou as maiores esperanças na derrota da URSS. O colaboracionismo ucraniano, nomeadamente da Ucrânia ocidental, constituía para os alemães um exemplo que esperavam ver seguido em todo Cáucaso e mesmo nas zonas mais remotas da parte europeia da URSS, principalmente no sul do Volga.
     A brutalidade nazi e a incapacidade de os alemães se relacionarem com os povos do leste, a não ser como “untermenschen” ("sub-pessoas"/ escravos), impediram que aquela política fosse posta em prática com um mínimo de credibilidade. O colaboracionismo, apesar de extenso em determinadas zonas ocidentais, não era minimamente credível.
    Estaline, ciente do importante papel geoestratégico que a Ucrânia desempenhava para a URSS, não teve dúvidas em exigir nas negociações com os aliados, o deslocamento das suas fronteiras para ocidente, sendo a Polónia compensada, também a ocidente e à custa das fronteiras da Alemanha, com um território sensivelmente idêntico ao perdido a leste.
    Mais tarde o optimismo voluntarista de Krutschev na fidelidade da Ucrânia aos ideais do socialismo foi ao ponto de, num rearranjo de fronteiras entre os Estados que compunham a URSS, lhe ter atribuído a península da Crimeia!
    A verdade é que mal a URSS “desabou” e a Ucrânia – que sempre teve assento na ONU, juntamente com a Bielorrússiadeclarou a sua independência, logo as “operações de charme” do ocidente recomeçaram. A primeira e mais aparatosa, de que pouca gente já hoje se recorda, ocorreu, em 1992, em Washington, tendo como pretexto a segurança das centrais nucleares ucranianas.  Meio mundo – ou mais – foi convidado para participar nessa conferência cujo objectivo era demonstrar a grande boa vontade com que o Ocidente se propunha ajudar a Ucrânia num domínio particularmente sensível.
    Depois aconteceu o que se sabe:   acentuaram-se na Ucrânia as divisões entre o ocidente, mais próximo da Polónia e sempre sob o olhar atento da Alemanha, e o leste muito mais chegado à Rússia. Os americanos chegaram mesmo a ter um presidente da Ucrânia com nacionalidade americana – como, de resto, aconteceu noutros ex-Estados da URSS – e a Ucrânia esteve a um passo de integrar a NATO e chegou mesmo a “fazer o estágio” para tentar integrar a União Europeia.
    A firme oposição da Rússia de Putin, o termo do mandato de George W. Bush, a eleição de Obama e a vitória de Viktor Ianukovicht desencorajaram os ânimos “integradores” do Ocidente e amorteceram o “colaboracionismo” ucraniano. 
    A União Europeia, todavia, não desistiu. Numa jogada geoestratégica de grande envergadura negociou com a Ucrânia um Tratado de associação que lhe permitiria dominar economicamente o mais importante território da Europa de leste a troco das conhecidas “ajudas” de integração, que são, como se sabe, o preço que a UE está disposta a pagar para aniquilar o aparelho produtivo dos novos aderentes ou associados.
    Acontece que a Rússia, parcialmente restaurada na sua força e beneficiando do relativo abrandamento do expansionismo americano a leste, ergueu a voz, ameaçou economicamente a Ucrânia e exigiu a retractação do acordo já negociado com Bruxelas, pronto, ao que parece, para ser assinado na cimeira de Vilnius.
    Esta jogada da União Europeia tem a sua face mais visível nos esforços voluntaristas da Polónia, da Lituânia e da Suécia, mas só um cego não vê que este grande movimento em direcção ao leste tem a matriz política da Alemanha. Se saísse vitorioso, permitiria restaurar, em paz através da dominação económica, o que a bestialidade nazi tentou, sem êxito, à força.
     Em conclusão:     noutros tempos, não muito recuados, a defesa ou a conquista de posições geoestratégicas importantes na Europa poderia ser muito vantajosa para milhões e milhões de pessoas que apenas vivem do seu trabalho.
    Hoje, tudo isto não passa de um confronto entre oligarcas que enriqueceram à custa de um dos roubos mais descarados da História e o capital plutocrático que não pára de se expandir  à custa do esmagamento dos salários, da precariedade do trabalho e da limitação, primeiro, e, quando possível, extinção dos direitos sociais.
    Esta“guerra”, portanto, não é nossa, embora, em última instância, seja preferível tê-los separados e conflituantes do que unidos sob o domínio de um deles.       (--- já postado em 16/12/2013)
-----
     Contra o modelo neo-liberal que favorece os ricos, destrói pessoas e países  
 Cleptocracia  - governo de/por ladrões (+corruptos e nepotistas)  (-por F.Castro, 21/5/2011)
 
... Os motinsprotestos em curso ... reforçam as “teses” que expus nesse texto. Uma delas é que a UE, longe de ser um qualquer escudo contra a ameaça fascista, é na verdade a geradora dessa mesma ameaça e, inclusive, chega a ser aliada no terreno de movimentos neo-nazis, e medidas "legais"anti-democráticas ...
 (e de partidos de direita ultra/ neo-Liberais, incentivados e apoiados financeira e logisticamente por UE e USA e Rússia :  serviços secretos, partidos e fundações conservadoras/direita, bancos,  corporações multinacionais, mídia, ...  atentados e ameaças pessoais e de sanções e interferências militares) ...
  -----
     O "espaço vital" alemão é-nos fatal   (-por F.Fernandes, DN, 27/2/'14)

  Que importa que alguém tenha dito uma frase famosa sobre as repetições da história (primeiro, tragédia... depois, farsa... blá-blá-blá...)?   O que conta é que a história repete os erros. Dava jeito aprender isso, o facto, e não memorizar a frase. Dava jeito, por exemplo, para saber o que se passa na Ucrânia. Já vimos o filme e não foi há muito tempo. A Jugoslávia teve o azar de se atravessar num conflito de interesses entre a Alemanha e a Rússia. Esta estava, então, ferida e a outra aproveitou para debicar. A Jugoslávia perdeu logo a Eslovénia e a Croácia, sobre as quais a Alemanha se sentia com antigas pretensões.

     A Europa seguiu a patroa (então, ainda incipiente) alemã e, numa guerra sem inocentes, demonizou só um lado: a Sérvia, a aliada russa, foi apresentada como a culpada única. Não foram só bombas que lhe lançaram, mas o anátema. 

    Os intelectuais europeus que se insurgiram contra esta forma esguelha de olhar foram apontados como cúmplices: o francês Patrick Besson e o austríaco Peter Handke, escritores, e o cineasta bósnio Emir Kusturica passaram quase por criminosos de guerra.

    Agora, a mesma patroa alemã, já com poderes reforçados, vai pelo mesmo caminho na Ucrânia. Esta já se divide (a Crimeia parte) como há 20 anos a Jugoslávia e a explicação volta a ser sem nuances: os maus são os pró-russos. E aquela frase inicial é ingénua.  Isto não vai acabar em farsa, mas numa tragédia maior: a Europa está a perder a Rússia.

  ---- 

    A guerra dos drones   da alta finança, mídia e medo    (OJumento, 27/2/2014)

  ...     Uma boa parte da guerra fria era feita com o argumento da liberdade ao mesmo tempo que as rádios e televisões prometiam hamburgers e jeans aos cidadãos dos países do Leste. Agora acena-se com mais democracia para derrubar democracias e mandam-se membros de governos ocidentais participar em manifestações e incentivar à guerra civil.

    Para fazerem ao Iraque ou ao Afeganistão o mesmo que fizeram à Síria os países ocidentais perderam milhares de soldados e gastaram milhões, para destruir a Síria, desorganizar a Líbia, lançar a confusão no Egipto e atirar a Ucrânia para a guerra civil os EUA e a Europa não gastaram um tostão e não perderam um único soldado. Usaram um drone chamado manifestações e usaram a democracia ou o que restava de democracia para promoverem ditaduras, para destruírem países ou para lançarem povos na guerra civil.

    O cinismo do Ocidente nunca foi tão longe e aquilo que já se tinha visto na Jugoslávia estendeu-se a uma boa parte do mundo, a Europa já não envia tropas, não tem nem dinheiro nem coragem, agora manda jornalistas, televisões e discursos falsamente democráticos. A Alemanha já não constrói o seu terceiro Reich com invasões militares, agora acena com ajudas financeiras para promover guerras civis e derrubar os regimes que se opõem à sua expansão, já perdeu o medo da União Soviética e com a nova estratégia leva a guerra às fronteiras da Rússia.
    Esta estratégia cínica que consiste em usar a democracia como campo de batalha usando as promessas de dinheiro e a comunicação social como drones já destruiu países, está atirando a África para a confusão e agora promove guerras civis nas fronteiras da Rússia, estimulando o ódio aos russos, usando o medo em relação a estes como se fez no passado em relação aos judeus. A Europa está no mau caminho e isto só pode acabar muito mal.


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