Crises, responsáveis e fratricídio no PS ... (-por Zé.T., 26/6/2014)
1- Esta notícia (Socialistas "Fomos nós, ... Em resposta à declaração dos notáveis, um grupo de militantes do partido escreveu um texto em que culpa os anos de governação de J. Sócrates por terem preparado “o terreno para os cortes salariais, para as privatizações feitas sem critério e para o descrédito das instituições”...) suscita centenas de comentários ...
a maioria dos comentários/comentadores tem alguma razão/ verdade ... mas há falta de conhecimento do texto/ declaração completa e seus autores e motivações ... logo fazem-se conjecturas e acusações ... com e sem sentido.
2- também neste blog e noutros e em tertúlias, incluindo de militantes e ex-militantes do PS mas também de outros partidos ou "afastados", se fala e falou ser necessário RESPONSABILIZAR
(depois de análises/debates críticos e livres, e responsabilizar mais do que pelas perdas eleitorais, responsabilizar pelas perdas do Estado Social, perdas dos Trabalhadores pensionistas e desempregados, perdas do País -- devidas à incompetência, amiguismo, nepotismo, tachismo, corrupção, tráfico de influências, ... e à deriva para o 'blairismo' e à governação neoliberal, de facto),
os (ex-)dirigentes do PS e do Governo ... (o mesmo se aplicando ao PSD, ...).
3- o PS e o PSD (...), partidos do centrão de interesses e governo nas últimas 3 décadas, sendo os maiores e tendo mais acesso ao «pote/tachos» são aqueles que se assemelham à maioria da população e têm de tudo, digamos:
2 a 10% de muito bons elementos, 2 a 10 % de péssimos, 10 a 20% de bons, idem de maus, e 20 a 40% de suficientes, idem de medíocres.
Isto tanto em "alas" internas de "esquerda" de "direita" e do centro, como em militância, como em inactividade/ aproveitamento, em pensamento como acção, em capacidade técnica ou em valores/ética, ... Os partidos são formados por pessoas e nas maiorias há de tudo, e há momentos/ondas/ vagas em que o movimento/acção é mais num sentido e outros momentos/épocas noutro sentido e outros ainda são momentos/épocas de calmaria ... até surgir a borrasca.
Tudo isto para dizer que é necessário destrinçar, distinguir, conhecer e escolher melhor ... mas não esperar muito tempo... é preciso "estar lá", ser agente ACTIVO, actuar e atempadamente (mesmo que não se tenha o conhecimento/dados todos) ...
4- concretizando:
--- a afirmação («Fomos nós ...») é VERDADEIRA : NÓS militantes e não militantes socialistas (e de outros... ), nós cidadãos somos CULPADOS (embora uns mais que outros), por fazermos por não fazermos e por deixarmos outros fazerem ... o que fizeram ou deixaram acontecer.
--- o grupo "de H.Neto..." e outros (da ala esquerda do PS e muitos simples militantes que se foram afastando ...), já fizeram essa crítica antes - que não foi considerada ou levada para a frente pelos dirigentes/maioria ... - e também fizeram críticas às falhas de transparência, de democracia interna, de estatutos/regulamentos e de órgãos, estruturas, deputados, governantes, dirigentes e 'entourage' ...
--- existem apoiantes de C. e de S. que usam meios, timming e afirmações para se colocarem estrategicamente tendo em vista defesa dos seus 'tachos' ou de ganhos futuros ... mas também existem aqueles que fazem o que fazem sem «agenda de interesses próprio» mas apenas por acharem que é seu dever e é o melhor para o interesse colectivo (do partido e ou do país).
--- existem adversários (nos outros partidos, meios de comunicação, ...) e simples "revanchistas/vingadores" ou "broncos" ... que atiram "achas para a fogueira" da luta fraticida no PS para ver se este diminui, se perde mais militantes e eleitores, se o faz desaparecer, ... ou se dos seus estilhaços se inicia algo novo e melhor...
5- Apesar dos ERROS e RESPONSABILIDADES do PS não devemos esquecer as responsabilidades acrescidas do
--- DESGOVERNO :
dos incompetentes e dolosos fantoches do PSD+CDS com austeridade mais além da troika, com mais cortes, calúnias, mais corrupção, nepotismo, tachismo, ... mais privatizações, mais DESTRUIÇÃO do ESTADO SOCIAL, da economia erário e património público ...
--- do grande CAPITAL MAFIOSO / "finança de casino" neoliberal (local/ "nacional" e internacional/"apátrida"/ multinacional,... - com seus bancos, suas agências de 'rating', seus especuladores bolsistas, seus fundos e "investimentos"... seus 'offshores' e contas secretas), que:
- provocou a crise e, «capturando» governantes e Estados,
- transferiu os seus prejuízos dívidas e incobráveis para o Estado e, chamando-lhe «dívida soberana»,
- obrigou os contribuintes trabalhadores e pensionistas a «apertar o cinto», a suicidar-se, a emigrar, a cometer loucuras, ...
- fez cair governantes e colocar outros como seus fantoches e capatazes carniceiros...
- comprou e/ou intoxicou 'inteligentsia' local (escolas/docentes universitários, economistas, comentadores, jornalistas, estudantes, população em geral ... ), amedrontou vontades e cidadania, impôs/ fez opinião e dirigiu votos e abstenções.
--- da União Europeia, troika e governantes de Estados do centro vs desunião de Estados periféricos ... --- ...
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(em Portugal ) A culpa morre sempre solteira
«Portugal poderia ter sido um território fértil para Agatha Christie. O seu detective, Hercule Poirot, teria aqui encontrado culpados para todos os gostos. Seja Paulo Bento, o Tribunal Constitucional, José Sócrates, a Constituição, Passos Coelho, Paulo Portas, Ricardo Salgado, a troika, o FMI e Bruxelas. Ou o árbitro. Os culpados são sempre os outros. Porque a culpa, em Portugal, morre sempre solteira. É um milagre exclusivamente nacional: ignora-se e esquece-se. Arquiva-se. A culpa deveria servir para se tirarem lições dos erros. Mas aqui encena-se a análise do que falhou e repetem-se as mesmas fórmulas na próxima oportunidade. (...)
Não espanta que China e Alemanha se marquem ao centímetro para ver quem compra o quê em Portugal. Tudo isto é o resultado da pobreza intelectual da nossa elite política (e dos círculos de interesses que lhe definem a estratégia). (...)
O historiador Tacitus, descrevendo os romanos, disse um dia: "Eles criaram uma terra desertificada e deram-lhe o nome de paz". É essa paz que está a desfazer este regime.» (-por Fernando Sobral, no Negócios., via Entre as Brumas da memória)
EU VOTO NO COSTA
Para todos, à esquerda, podermos seguir em frente com as nossas vidas.
Se me deixarem votar, claro, coisa improvável pois com o Coelhone e o Constança a fazer o Regulamento das primárias, provavelmente os tais simpatizantes, para puderem votar, vão ter de apresentar um atestado de direita passado pelo PSD ou pelo CDS.
Mas se pudesse votar, votava mesmo no Costa. Não por Costa ser mais à direita ou à esquerda que Seguro, nem por, como não tenho problemas em admitir, achar o Costa um tipo com mais pinta e savoir faire. As minhas razões para preferir o Costa são outras:
Com Costa ou com Seguro, em 2015 o PS estará no governo, muito provavelmente com o PSD, a aplicar o Pacto Orçamental em modo "saída limpa" da troika: cortes, privatizações a preço da uva mijona, desregulação, despedimentos, desemprego, desigualdade, caridade, miséria.
Por isso o destino do PS, como aliás o da social democracia (socialismo) europeia, está traçado e vai ser o destino do PASOK, que em menos duma década caiu de votações acima dos 40%, para os 12% nas europeias de Maio.
A diferença entre Costa e Seguro, é que com Seguro a queda do PS será menos abrupta e a agonia mais longa, pois aquela esquerda que há décadas vive da esperança de que o PS ainda há-de ser socialista, para essa esquerda light & sebastianista, com Seguro no governo ficará sempre a ilusão de que com Costa teria sido diferente.
Com Costa, deixará de haver desculpas, encerra-se de vez o capítulo da hegemonia PS do centro esquerda, e como se diz daquelas separações que põem um ponto final a longas relações há muito falhadas, poderemos todos, à esquerda, seguir em frente com as nossas vidas.
(-por J E. Brissos 28/6/2014, http://aessenciadapolvora.blogspot.pt/2014/06/eu-voto-no-costa-para-todos-esquerda.html#comment-form )
António Costa & Os Lugares Comuns
(por Ivo Rafael Silva em 21 Junho 2014 , http://manifesto74.blogspot.pt/2014/06/antonio-costa-os-lugares-comuns.html#more )
Talvez soe a nome de banda de garagem, de má qualidade por certo, mas – atenção! – ainda assim capaz de dar 'música' a muito boa gente. Não desvalorizemos nem subestimemos o fenómeno.
Esta nova ‘banda’, lavadinha, com ar fresco, seria muito bem capaz – à semelhança de outras - de atingir o ‘top de vendas’ repetindo ad nauseam o seu único ‘hit’.
Não tem substância artística, digamos assim, mas tem tão somente o condão de reproduzir 'temas' que entram facilmente no ouvido da larga maioria dos 'ouvintes'. Tirando essa ainda assim eficaz ilusão, ou essa superficialidade sonora, a qualidade continua a ser tão má como a da ‘música’ que temos ouvido nos últimos três anos.
Para concluir isso mesmo nem é preciso ter grande formação musical. Basta concentrar atenções no ‘último álbum’ do cançoneteiro lisboeta de nome António Costa, com o nada original – todavia pomposo – título de ‘Linhas Programáticas’.
Tem sido ‘tocado’ numa tour chamada ‘de faca e alguidar’, que segue itinerante, de norte a sul do país.
Um chorrilho de lugares comuns (pois claro), de brilhantes tiradas do género de que ‘o sucesso para nos mantermos vivos é tentar não morrer’, entremeadas por críticas ao governo que, pasme-se,
em nada se distinguem no essencial das ‘entoadas’ por essoutro fraco 'artista' de nome António José Seguro.
O problema do ‘vazio’ artístico de Costa, ou da repetição do seu único e redundante ‘hit’, porém, não significa propriamente que ele não saiba o que ‘tocar’ depois de alcançar o nº1 do ‘top’. Muito pelo contrário.
António Costa sabe muitíssimo bem o que vai e o que quer fazer, se algum dia lá chegar.
O problema é que tem de disfarçar o facto mais que certo de vir a interpretar – ainda que com outros instrumentos e instrumentistas – exactamente
a mesma ‘sonoridade’ que tem sido interpretada por aqueles que hoje se encontram na liderança.
Por enquanto, vamos ouvindo um certo ‘trauteio’ de uns supérfluos ‘nãos’ à política de austeridade. Contudo,
nem vestígio de uma só pauta que exprima um claro e inequívoco ‘SIM’ à DEVOLUÇÃO de tudo o que foi ROUBADO.
Há umas quantas notas soltas que soam a ‘crescimento’, a ‘desenvolvimento’, a ‘criação de riqueza’ – como também ‘cantava’ a banda ‘Passos Portas & Os Banqueiros’ –, e nem uma música completa que
fale de produção nacional, de renegociação da dívida,
de fim da degradação e privatização de serviços públicos,
de alívio da carga fiscal sobre trabalhadores e PME’s,
de rejeição do asfixiante novo código laboral,
de cumprimento inequívoco da Constituição e
de tantas outras ‘cantigas de Abril’ que tanta falta fazem a este país.
Bem que podem mudar os intérpretes. Bem que podem escolher uma melhor figura. B
em que podem trocar uma voz mais fina, por uma mais grossa ou possante.
Enquanto não se mudar de vez o tipo de música, o ‘concerto’ - sem conserto - será exactamente o mesmo.
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