Quinta-feira, 26 de Junho de 2014

 Crises,  responsáveis  e  fratricídio  no  PS ...        (-por Zé.T., 26/6/2014)
1- Esta notícia (Socialistas "Fomos nós, ... Em resposta à declaração dos notáveis, um grupo de militantes do partido escreveu um texto em que culpa os anos de governação de J. Sócrates por terem preparado “o terreno para os cortes salariais, para as privatizações feitas sem critério e para o descrédito das instituições”...)  suscita centenas de comentários ...
a maioria dos comentários/comentadores tem alguma razão/ verdade ... mas há falta de conhecimento do texto/ declaração completa e seus autores e motivações ... logo fazem-se conjecturas e acusações ... com e sem sentido.

 

2- também neste blog e noutros e em tertúlias, incluindo de militantes e ex-militantes do PS mas também de outros partidos ou "afastados", se fala e falou ser necessário RESPONSABILIZAR 

(depois de análises/debates críticos e livres, e responsabilizar mais do que pelas perdas eleitorais, responsabilizar pelas perdas do Estado Social, perdas dos Trabalhadores  pensionistas e desempregados, perdas do País -- devidas à incompetência, amiguismo, nepotismo, tachismo, corrupção, tráfico de influências, ... e à deriva para o 'blairismo' e à governação neoliberal, de facto),
os (ex-)dirigentes do PS e do Governo ... (o mesmo se aplicando ao PSD, ...).

3- o PS e o PSD (...), partidos do centrão de interesses e governo nas últimas 3 décadas, sendo os maiores e tendo mais acesso ao «pote/tachos» são aqueles que se assemelham à maioria da população e têm de tudo, digamos:
2 a 10% de muito bons elementos, 2 a 10 % de péssimos, 10 a 20% de bons, idem de maus, e 20 a 40% de suficientes, idem de medíocres.
Isto tanto em "alas" internas de "esquerda" de "direita" e do centro, como em militância, como em inactividade/ aproveitamento, em pensamento como acção, em capacidade técnica ou em valores/ética, ...    Os partidos são formados por pessoas e nas maiorias há de tudo, e há momentos/ondas/ vagas em que o movimento/acção é mais num sentido e outros momentos/épocas noutro sentido e outros ainda são momentos/épocas de calmaria ... até surgir a borrasca.
    Tudo isto para dizer que é necessário destrinçar, distinguir, conhecer e escolher melhor ... mas não esperar muito tempo... é preciso "estar lá", ser agente ACTIVO, actuar e atempadamente (mesmo que não se tenha o conhecimento/dados todos) ...

4- concretizando:
--- a afirmação («Fomos nós ...») é VERDADEIRA : NÓS militantes e não militantes socialistas (e de outros... ), nós cidadãos somos CULPADOS (embora uns mais que outros), por fazermos por não fazermos e por deixarmos outros fazerem ... o que fizeram ou deixaram acontecer.
--- o grupo "de H.Neto..." e outros (da ala esquerda do PS e muitos simples militantes que se foram afastando ...), já fizeram essa crítica antes - que não foi considerada ou levada para a frente pelos dirigentes/maioria ... - e também fizeram críticas às falhas de transparência, de democracia interna, de estatutos/regulamentos e de órgãos, estruturas, deputados, governantes, dirigentes e 'entourage' ...
--- existem apoiantes de C. e de S. que usam meios, timming e afirmações para se colocarem estrategicamente tendo em vista defesa dos seus 'tachos' ou de ganhos futuros ... mas também existem aqueles que fazem o que fazem sem «agenda de interesses próprio» mas apenas por acharem que é seu dever e é o melhor para o interesse colectivo (do partido e ou do país).
--- existem adversários (nos outros partidos, meios de comunicação, ...) e simples "revanchistas/vingadores" ou "broncos" ... que atiram "achas para a fogueira" da luta fraticida no PS para ver se este diminui, se perde mais militantes e eleitores, se o faz desaparecer, ... ou se dos seus estilhaços se inicia algo novo e melhor...

5- Apesar dos ERROS e RESPONSABILIDADES do PS não devemos esquecer as responsabilidades acrescidas do
--- DESGOVERNO :
dos incompetentes e dolosos fantoches do PSD+CDS com austeridade mais além da troika, com mais cortes, calúnias, mais corrupção, nepotismo, tachismo, ... mais privatizações, mais DESTRUIÇÃO do ESTADO SOCIAL, da economia erário e património público ...
--- do grande CAPITAL MAFIOSO / "finança de casino" neoliberal (local/ "nacional" e internacional/"apátrida"/ multinacional,... - com seus bancos, suas agências de 'rating', seus especuladores bolsistas, seus fundos e "investimentos"... seus 'offshores' e contas secretas), que:
- provocou a crise e, «capturando» governantes e Estados,
- transferiu os seus prejuízos dívidas e incobráveis para o Estado e, chamando-lhe «dívida soberana»,
- obrigou os contribuintes trabalhadores e pensionistas a «apertar o cinto», a suicidar-se, a emigrar, a cometer loucuras, ...
- fez cair governantes e colocar outros como seus fantoches e capatazes carniceiros...
- comprou e/ou intoxicou 'inteligentsia' local (escolas/docentes universitários, economistas, comentadores, jornalistas, estudantes, população em geral ... ), amedrontou vontades e cidadania, impôs/ fez opinião e dirigiu votos e abstenções.
--- da União Europeia, troika e governantes de Estados do centro vs desunião de Estados periféricos ...
---    ...

---------------------

(em Portugal )  A  culpa  morre  sempre  solteira

 

     «Portugal poderia ter sido um território fértil para Agatha Christie. O seu detective, Hercule Poirot, teria aqui encontrado culpados para todos os gostos.   Seja Paulo Bento, o Tribunal Constitucional, José Sócrates, a Constituição, Passos Coelho, Paulo Portas, Ricardo Salgado, a troika, o FMI e Bruxelas. Ou o árbitro.     Os culpados são sempre os outros.   Porque a culpa, em Portugal, morre sempre solteira. É um milagre exclusivamente nacional: ignora-se e esquece-se. Arquiva-se. A culpa deveria servir para se tirarem lições dos erros. Mas aqui encena-se a análise do que falhou e repetem-se as mesmas fórmulas na próxima oportunidade. (...)
     Não espanta que China e Alemanha se marquem ao centímetro para ver quem compra o quê em Portugal. Tudo isto é o resultado da pobreza intelectual da nossa elite política (e dos círculos de interesses que lhe definem a estratégia). (...)
     O historiador Tacitus, descrevendo os romanos, disse um dia: "Eles criaram uma terra desertificada e deram-lhe o nome de paz". É essa paz que está a desfazer este regime.»   (-por  Fernando Sobral, no Negócios., via Entre as Brumas da memória)


Publicado por Xa2 às 07:53 | link do post | comentar

14 comentários:
De Culpas e políticas de direita neoliberai a 1 de Julho de 2014 às 10:05
«Se o diagnóstico é esse, o programa de governo de Seguro
não pode ser muito diferente do que está a ser aplicado»

• Daniel Oliveira, Não é Sócrates [hoje no Expresso, 28/6/2014)]:

«(…) Se Seguro acha que esta crise resulta de Sócrates, isso tem três consequências lógicas:
que a crise é essencialmente nacional, e não europeia;
que ela nasceu do endividamento público, e não da desregulação do sistema financeiro e, por cá, da enorme dívida externa privada;
e que ela resultou de um excessivo peso do Estado.

Se Seguro acha isto tudo, não terá, em coerência, outro remédio senão apresentar as mesmas propostas da direita para sair desta crise:
uma recuperação centrada na redução da despesa pública, que nunca poderá poupar o Estado social,
e uma aceitação do statu quo europeu.

O problema da socratização do debate não é Sócrates. É a história que nos conta desta crise. O problema de Seguro não foi afastar-se de Sócrates.
Foi (…) ter-se ido instalar no lugar que a direita já tinha ocupado.
Sim, por mera conveniência tática, isso aconteceu apenas com o diagnóstico.
Mas se o diagnóstico é esse, o seu programa de governo não pode ser muito diferente do que está a ser aplicado.
E para isso já temos Pedro Passos Coelho. (…)»


De Dependências e aparelhos de tachistas a 2 de Julho de 2014 às 11:30
E é esta mesma gente que nos pede agora confiança?


«Depois da derrota de Sócrates, nunca mais no PS se falou do que o partido e o seu primeiro-ministro tinham feito com a sua maioria absoluta.
Não se falou da “obra”, nem do “programa” (admitindo que existia um), nem dos métodos do “animal selvagem”, que várias vezes roçaram o intolerável.

O governo de Sócrates desapareceu do universo mental dos socialistas.
Ninguém o criticou, quando ele era todo-poderoso, ninguém abriu a boca a seguir para lhe encontrar o menor defeito.
Parece que Sócrates mostrara uma grande vontade “reformadora” e que a crise financeira fora exclusivamente provocada pela crise internacional.
No homem, ele próprio, não se podia tocar, tanto mais que ele com a sua conhecida modéstia se recolhera a Paris para escrever uma tese sobre, calculem, filosofia política.
O pretexto para esta extraordinária abstenção estava como sempre na necessidade de garantir a unidade do partido e de lhe conservar um resto de prestígio.

Não se conhece um exame tranquilo e sério dos quatro anos de Sócrates. Tirando um ou outro comentário vaguíssimo na televisão, António Costa não disse nada, António José Seguro também não e as personagens menores ficaram caladas como lhes competia.
Ou seja, os socialistas (tal como os de outros partidos) não “arrumaram” o passado, como pretenderam, mas mais trivialmente “esconderam” um passado, que os comprometia, do eleitorado e do país.
Agora, com as querelas domésticas do PS prometem participar ao público
o que na realidade pensam, confessando de caminho que durante anos não hesitaram em enganar toda a gente por interesses de facção.
Isto merece um comentário.
Se os políticos – do PS, do CDS ou do PSD – não vêem qualquer objecção moral em governar à revelia dos portugueses, para que serve o regime democrático por aí tão gabado?
O cidadão comum soube da corrida para a bancarrota, que começou com Guterres (ou até com Cavaco)?
Soube do extravagante crescimento da dívida (interna e externa, soberana e particular)?
Soube da carga que inevitavelmente cairia sobre ele, quando chegasse a altura de “ajustar” as coisas?
E percebe a irresponsabilidade com que o conduziam para um poço sem fundo?
De maneira nenhuma:
sem informação, distraído pelas zaragatas da “classe dirigente”, viveu tranquilamente a sua vida, como se a “festa” fosse durar sempre.
E é esta mesma gente que, no PS e fora dele, nos pede agora confiança?» - Vasco Pulido Valente, Público

Adenda:
Depois da frioleira dos "fundadores", há-de chegar o momento dos "intelectuais" (sempre atentos, venerandos e obrigados quando farejam poder ou proximidade ao dito),
dos "sindicalistas", dos "empreendedores progressistas", dos "jovens", dos menos jovens e os da meia-idade. Porquê?
Porque contrariamente a Seguro - que passou despercebido no último governo de Guterres -, Costa anda pelo poder executivo, central e autárquico, vai para 20 anos. Foi membro proeminente dos governos de Guterres e Sócrates.
No da maioria absoluta de 2005, era o "número dois" com um estatuto majestático que exigiu para regressar de Bruxelas onde estava desde as europeias do ano anterior. Depois fartou-se e já vai no terceiro mandato como presidente da CML. Pelo meio dirigiu a campanha presidencial de Sampaio, em 1995-1996, e foi líder parlamentar do PS com Ferro Rodrigues.

Isto tudo somado gera um longo cortejo de dependências, de apascentados e de cumplicidades que emergem "naturalmente", dentro e fora do PS, ao lado de Costa.
Este "aparelho" construído a partir do poder é infinitamente mais perverso e eficaz do que qualquer "aparelho" partidário em si mesmo.

Seguro até pode "dominar" circunstancialmente o do partido mas não pode "competir" com os "donos" e com os "servos" do regime.
Costa não se distingue de Seguro pelas "ideias":
uns vagos dias antes das europeias que Seguro ganhou, falou abundantemente na convenção do PS na qual foi apresentado um "programa de governo".
Aliás, até agora não murmurou uma fora dos lugares-comuns que debita semanalmente ao lado de Pacheco e Xavier.
Só que isso não interessa nada como explica a crónica de Vasco Pulido Valente.
"E é esta mesma gente que, no PS e fora dele, nos pede agora confiança?"


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