A dois meses das eleições legislativas, a discussão política está, erradamente, a centrar-se no défice público, quando deveria estar focada na avaliação de propostas concretas sobre o que cada partido se propõe fazer e, obviamente, no caso do PS, sobre o que José Sócrates fez e não fez.
A solidez e a qualidade das contas públicas portuguesas não é uma questão menor, especialmente tendo em conta os níveis de desequilíbrio orçamental e financeiro do país e o seu nível de endividamento externo. E o saldo orçamental e o nível de dívida pública são, naturalmente, variáveis que condicionam as decisões presentes e futuras de qualquer Governo responsável. Mas isso só torna ainda mais urgente a necessidade de os portugueses conhecerem as propostas dos partidos que se candidatam às eleições de 27 de Setembro e discuti-las no âmbito de uma posição orçamental que tem de ser hoje anti-cíclica, sem hipotecar o nosso futuro enquanto país.
Há, desde já, um indicador que merece ser analisado: como é que os investidores internacionais avaliam a capacidade de Portugal honrar os seus compromissos financeiros? Melhor do que a capacidade de países como a Espanha, a Itália, a Grécia ou mesmo o Reino Unido. Dito de outra forma, os mercados internacionais confiam mais em Portugal do que os próprios portugueses, especialmente os que estão, neste momento, a colocar o défice público no centro da discussão, como se constata do trabalho publicado na edição de hoje do Diário Económico.
A situação orçamental portuguesa não é a melhor, mas dificilmente poderia sê-lo no tempo de crise que vivemos e, apesar disso, é menos má do que a de outros países como Espanha ou a Alemanha. Bem sei que o nível de endividamento desses países e das respectivas famílias e empresas é diferente, para melhor, do português e, por isso, a sua margem de manobra orçamental é também diferente, para melhor.
Ora, também por isso, a discussão política já deveria estar centrada em dois pontos essenciais: medidas de curto prazo para combater a crise e um plano de médio/longo prazo para melhorar a produtividade e competitividade do país. Juntos, os dois pontos têm de resultar num crescimento económico mais elevado e numa redução sustentada do défice público para valores idênticos os registados em 2007 e 2008.
Quando a discussão política é reduzida à discussão do défice, o país está a olhar para trás, para 2003 e 2005, a regressar ao passado. Porque uma discussão dominada pelo défice mata qualquer esperança de os portugueses acreditarem no futuro, porque há mais vida para além do défice. [Diário Económico, António Costa, Director]
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