Terça-feira, 28 de Julho de 2009

A escolha de Miguel Vale de Almeida e Inês de Medeiros para as listas do PS surpreende, é certo. Se era esse o objectivo, foi cumprido, chamou de facto a atenção. Em ambos os casos, a escolha de José Sócrates, secretário-geral do PS, foi cirúrgica e estrategicamente transparente. É o piscar de olhos à esquerda, mas não à esquerda tradicional, mas à modernaça e hedonista, que tem demonstrado cada vez mais tendência para votar no Bloco.

Esta é uma esquerda com menos preocupações sociais que culturais. Uma esquerda que não está preocupada com as "vítimas da fome", mas com as vítimas da discriminação sexual ou mesmo cultural. É uma esquerda classe média, distante da base de apoio tradicional dos partidos socialistas que era o proletariado. E interessante para o eleitorado urbano do BE, que Sócrates sabe ter de conquistar se quiser ganhar as eleições.

Mas este é, ao mesmo tempo, um passo arriscado. Não está provado que o povo eleitor esteja, nesta altura de tantas preocupações, assim tão motivado para as caras mediáticas. Por causa da gravidade da crise, sim, mas também porque a desconfiança nas políticas e nos políticos cresceu à medida das dificuldades económicas. E não a diminui certamente "contratar" para a tão notável tarefa de ser político gente à qual não se conhece nenhuma ideia da mesma. Os exemplos anteriores - vide Maria Elisa, Ribeiro Cristóvão, etc... - não auguram nada de positivo. Ainda que Vale de Almeida seja conhecido pela sua defesa legal dos homossexuais, isso não pode ser todo um programa político.

Por outro lado, as escolhas das listas socialistas põem também a descoberto outra pecha política que não se cinge ao PS - antes assim acontecesse. As listas não trazem consigo um capital de esperança de que os eleitores neste momento estavam tão necessitados… [Diário de Notícias]



Publicado por JL às 00:08 | link do post | comentar

3 comentários:
De Izanagi a 28 de Julho de 2009 às 02:03
De novo o PS iludiu (como estou a ser generoso com o verbo utilizado) os seus militantes e procura vender sabonetes, como dizia meio a sério meio a brincar, Emídio Rangel, há uns tempos atrás.
Hoje fui assistir a um debate com o líder da Concelhia de Lisboa que pedia solidariedade aos militantes e total apoio nas campanhas que se avizinham.
O objectivo primeiro da exposição, foram as eleições autárquicas, concretamente o concelho de Lisboa e respectivas freguesias. Na mesa, onde se notava a ausência do Presidente da Mesa da Assembleia Geral, estava para além o orador, o coordenador da Secção e apenas o candidato pelo Lumiar, que é das três freguesias em disputa, aquela que ainda pode provocar algum sobressalto na conquista da vitória, já que nas restantes duas, pelo perfil das equipas e propostas dos candidatos, só um grave erro de comando poderia por em causa uma folgada vitória. Mas, aproveitando a presença do abnegado líder do Lumiar, quero aqui perguntar: Não será o percurso político do candidato pelo PS á Junta de Freguesia do Lumiar, mais profícuo para o PS e para o país do que o percurso da candidata Inês Medeiros? E poderia apontar de entre os militantes outros com trabalho pelo PS e pelo país, muito semelhante ao desenvolvido pelo candidato pelo Lumiar, sejam ou não Dr. Então porque é que o PS não candidata este (S) militantes ao Parlamento e substitui-os por “pseudos Independentes”? È o PS um partido que defende a publicidade fraudulenta em desfavor das qualidades do produto?
Com que autoridade vêm os diferentes órgãos hierárquicos do PS solicitar o apoio dos militantes que a todo o momento, vêem o seu empenho e trabalho em prol do PS, ser sistematicamente ignorado e quando não, depreciado?
Costuma dizer-se que pedir não custa, mas também se diz que quem não sente não é filho de boa gente.
Que solidariedade pode esperar o povo português de um partido que com excepção dos períodos de campanha, sistematicamente ignora os seus militantes, (não todos – alguns são mesmo muito acarinhados) tudo fazendo para promover o seu desinteresse participativo?


De Militante a 28 de Julho de 2009 às 09:42
O comentador é conservador e está equivocado, porque não compreende, ou não quer compreender, que o PS há muito deixou de ser dos operários, dos trabalhadores e os militantes. Por constantes maus tratos, como diz (aqui está correcto), abandonaram o partido.

É certo que os “donos do aparelho” há muito tempo só se preocupam com os militantes em tempos de campanhas eleitorais e só para “carregar bandeiras e encher salas de comícios”, como já várias vezes se pode ler num ou outro post publicado neste blog.

Contudo, não é menos certo que a maioria dos militantes também se acomodou, abandonou a militância, deixou de ir as secções, só aparece em tempos de eventuais convites a participar em listas ou nas mesas das assembleias de voto que sempre dá 70/80 euros e um dia sem ir ao trabalho.

Há quem diga e é verdade que são boas a organizações constituídas por gente boa, são más as instituições que têm gente ruim. Também os partidos são maus ou bons, fazem bom ou mau trabalho conforme os militantes e os dirigentes que tenham.

O mal é terem-se perdido as ideologias e terem sido substituídas “pelo salve-se quem puder”. Hoje os que mal dizem já não é por convicção é, sobretudo, por inveja. É a vida!, como diria o homem do pântano.


De Izanagi a 28 de Julho de 2009 às 18:08
o MILITANTE, que como se depreende nem é operário nem trabalhador, confunde "dizer mal" com "critica" e esta, mesmo quando desfavorável, não é gratuita e propõe-se ajudar a corrigir algo que está errado.
Já "dizer mal" por dizer, visa acelerar um processo destrutivo.
Não sei se queria incluir o Comentador naqueles que dizem mal não por convicção mas por inveja, mas o que é que se pode invejar? Não há ideologia, não há ética, e o único princípio visível é o do individualismo, tudo o oposto do que o Comentador defende.
Erradamente está associado ao adjectivo "conservador" uma atitude de "velho do Restelo", de pessoa avessa, opositor a mudanças, o que também está bastante distante do Comentador, que é uma pessoa de espírito aberto, mas reconheço, uma abertura enquadrada por valores, estes sim, conservadores. E dispensa a existência de um Regulador, agora tão em moda, mas tão só pede esta coisa elementar: BOM SENSO


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