Por que voto à direita? Por que voto à esquerda? Duas perguntas do i. Duas respostas no i. Paulo Tunhas responde pela direita. Eu respondo pela esquerda:
Um voto à esquerda, tal como a cantiga, é uma arma. Contra quem? Ou melhor, contra o quê?
Contra a insolência que o dinheiro ganha quando está concentrado em poucas mãos, contra a sua conversão em poder político, em desigual capacidade para influenciar e moldar decisões que dizem respeito a toda a comunidade.
Um voto à esquerda é um voto contra a tirania das desigualdades socioeconómicas. Este é o grande bloqueio à participação democrática dos cidadãos na definição dos destinos comuns e a uma saída mais rápida para a crise.
Um voto à esquerda exprime a vontade de pertença a uma comunidade política que tem num Estado Social robusto o seu pilar essencial. Os bens e serviços públicos, geridos democraticamente – do Serviço Nacional de Saúde à escola ou à biblioteca públicas, passando pelos correios ou pela Segurança Social –, são a base material de uma sociedade de bem-estar. Mandar uma carta para qualquer ponto do país deve custar o mesmo. São estas pequenas coisas que fazem uma sociedade decente. Proteger os serviços públicos contra as tentações da sua comercialização, ou seja, da sua perversão, é uma tarefa para a esquerda.
Um voto à esquerda é um voto realista. O desmantelamento do Estado Social que nos propõe a utopia de mercado não é o início do reino da liberdade, mas sim o início do Estado Penal, do Estado que encarcera os pobres e excluídos ou que promove a administração de paliativos caridosos que não passam de incentivos à subordinação e ao preconceito, maus substitutos dos direitos sociais, dos direitos de cidadania.
Um voto à esquerda é uma autorização para entrar nos grandes baluartes de poder e de subordinação – as empresas – e para distribuir direitos e obrigações de outra forma. Esta opção traduz uma vontade política de fixar regras exigentes que assegurem um maior equilíbrio nas relações laborais e que aumentem os incentivos para a modernização da estrutura produtiva, a partir do momento em que os sectores mais retrógrados do patronato sabem que não podem mais prosperar através da transferência sistemática de custos para os trabalhadores e para a sociedade sob a forma dos baixos salários, das relações laborais autoritárias, da precariedade ou da poluição.
Um voto à esquerda defende as famílias, ameaçadas por uma sociedade de mercado que, mesmo em crise, odeia tempos mortos, ou tem formas desumanas de os gerar. É um voto contra códigos do trabalho que dão poder aos patrões para baralhar ainda mais horários e rotinas.
A luta pela possibilidade do casamento por parte de pessoas do mesmo sexo é também uma luta em defesa da família, de todas as famílias.
Um voto é um modesto contributo para que a ética do cuidado possa florescer e para que possam ser removidas, pouco a pouco, as fontes evitáveis de infelicidade.
[Ladrões de Bicicletas, João Rodrigues]
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