Terça-feira, 29 de Setembro de 2009

A parte mais aborrecida para a direcção do PS, vai ser, exactamente, a do momento em que rejeitar a hipótese de alianças à esquerda. Voltará a ouvir-se, tal como Raimundo Narciso pré-anuncia no seu poste - Radicalismo, Arrogância e Cegueira, - que os partidos da esquerda radical (BE e PCP), se preparam para fazer exigências tais que qualquer entendimento será inviabilizado.

Além do mais, soletrando com dificuldade a palavra "negociação", quando se trata da esquerda, outro ouvido muito mais atento prestam a Francisco van Zeller (que veio hoje explicar o que o PS deve fazer em matéria de alianças), Mira Amaral, Leonor Beleza e Proença de Carvalho.

Qualquer aproximação, por ténue que fosse, do PS com os partidos à sua esquerda, levaria o patrão dos patrões e os políticos da "ponte Champalimaud", a uma severa reprimenda, temida e indesejada no Largo do Rato.

Às lágrimas de crocodilo e às penas com que lamentam a inviabilidade de um qualquer acordo à esquerda, sucedem-se os cantos celestiais com a "inevitabilidade" dos entendimentos ao "centro".

A inclinação do PS para um qualquer entendimento à esquerda é um filme que já se viu algumas vezes e que começou sempre, como está a recomeçar agora, por um falso casting.

Há, todavia, no poste (já referido) do meu amigo Raimundo Narciso, um outro elemento enternecedor que geralmente os socialistas evitam: o da crítica do capitalismo. Entre o "colapso" e a "revolução", os socialistas do PS costumavam (até à eclosão da última crise) adoptar as teses privatizadoras, cavalgando, a seu modo, a onda neo-liberal.

A lista das privatizações foi guardada à pressa, mas, felizmente, há registo do plano que chegaram a propor.

Agora, entalados pelas desgraças sociais para as quais deram uma contribuição inegável, não conseguem vislumbrar, entre o maximalismo nacionalisador e o minimalismo neoliberal, um sistema de regulamentação de inspiração socialista.

Transpirando erudição político-económica, interrogam: "E de que socialismo?"

Bom. Poderia ser mesmo daquele que, pela designação do próprio partido, continuam a arvorar na bandeira e nos boletins de voto.

Para começar, já não seria mau...

Ou estarão a pensar mudar de nome?

[Puxa Palavra, Manuel Correia]


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Publicado por Xa2 às 09:40 | link do post | comentar

3 comentários:
De marcadores a 29 de Setembro de 2009 às 16:20
Mas qual entendimento? Mas qual esquerda?
Á dita esquerda não interessa ter responsabilidades governativas, nem que sejam acordos parlementares.
O PC nunca teve coragem de ir a votos com a sua sigla para não se comprometer. Onde está o líder dos Verdes a dizer de sua justiça em relação à CDU? É só Jerónimo do PC.
Nem sequer nos Gato Fedorentos aparece o seu líder a "dizer gracinhas"...
Ao BE convém não ter compromissos governativos pois lá se ia toda a "graça" que alguém ainda possa pensar que têm.
Como diria o outro, entre sociais fascistas e os neo-sociais fascistas, vá o diabo e escolha...
Mais vale o CDS que pelo menos é como o AJAX, não engana.
Ou então que se F---* o país, e, lá vamos nós ser governados ao sabor dos "queijos limianos" ou outros queijos quaisquer.
Mas o Povo é soberano!
Desculpem, soberano não posso dizer, pois pode ser considerado monárquico e isso é pecado..., neste blog de republicanos, socialistas e laicos.
Ou então como dizia o meu pai: Entre cagalhão, bosta e poia, não vale a pena perder tempo a escolher, pois é tudo MERDA!


De a cada um ... a 29 de Setembro de 2009 às 19:11
entre as três designações pútridas qual escolhe para si?
e para o PS?
e para os abstencionistas, brancos e nulos?

boa lavagem


De Xa2 a 30 de Setembro de 2009 às 15:07
''Desculpem, soberano não posso dizer, pois pode ser considerado monárquico e isso é pecado..., neste blog de republicanos, socialistas e laicos.'' - é afirmação incorrecta.

Quem é ou o que pode ser «Soberano»?:
- um governante (imperador, rei, príncipe, ...);
- uma casta ou classe (sacerdotal, militar, financeira, fundiária, ...oligarcas)
- os governados (o Povo, cidadãos eleitores);
- algumas instituições (não as pessoas/membros, mas ''estas em função'': Pres.República ou rei; parlamento ou A.R.; tribunais / juízes; Governo; ...'conselho supremo')
- a LEI, com a primazia da Constituição --- a nossa preferida (apesar dos maus tratos, 'seguimentos', interpretações e aplicações).

No blog «Luminária» não é ''pecado'' ser monárquico, nem ser religioso, nem ter outra filosofia ou ideal político ou partidário.
Neste blog defende-se a Igualdade de Direitos (e deveres) e uma Cidadania activa, sempre de modo Democrático e tolerante.

Quanto a ser ''súbditos'' de (pretensos) monarcas ou ''nobres'' (titulados ou sem título, herdeiros para-legais ou ilegítimos) isso NÃO !!
''Nobreza'' só de coração, intelecto e actos, por mérito próprio, fraternalmente reconhecido e nunca hereditário.

Somos cidadãos nascidos e criados numa República, exigimos igualdade de tratamento e de acesso e defendemos o Bem Público (da ilegítima apropriação ou assalto, estrago e deterioração) !

As opções de cada 'postante' ou comentador são pessoais e só a ele/ela vinculam.
A fé, religião ou a sua falta (do laico até ao ateu...do animista ao budista, do sefardita ao 'supremo arquitecto do universo', ...) não é aqui assumida em termos colectivos, o que não impede de ser abordada e de ser uma livre opção individual.

Quanto ao ideal e prática política-partidária, neste blog reconhece-se um 'mainstream' ''socialista'', o qual não é impeditivo de várias ''correntes'', com apoiantes e críticos em diversos graus e fases... para além de algum humor, ironia, militância, sindicalismo, ecologismo, ... e até 'anarquismo'.

Sejam felizes.


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