Democracia, é lá fora?
A Fleximol é uma empresa do Cartaxo que empregava 171 trabalhadores quando entrou em Lay-Off, no passado mês de Janeiro. Recentemente, os trabalhadores decidiram criar uma Comissão de Trabalhadores para enfrentar a situação difícil em que se encontram.
A Administração da Empresa teve uma resposta rápida e eficaz: Despediu todos os trabalhadores da Comissão Sindical e da Comissão de Trabalhadores, efectivos e suplentes. Juntou-lhes mais alguns (todos subscritores da lista vencedora) e chamou-lhe um despedimento colectivo. As razões eram variadas. Umas tão concretas como "falta de versatilidade", outras tão credíveis como "não sabe ler um cartão de trabalho", aplicadas a trabalhadores com mais de dez anos de casa.
O problema é que as normas que protegem os representantes dos trabalhadores só se aplicam nos despedimentos individuais. E como o despedimento colectivo, na nossa legislação, só precisa de justa causa em teoria (na prática, a lista de justificações permite invocar basicamente qualquer pretexto), o único recurso dos trabalhadores é a entidade que fiscaliza a legalidade das relações laborais (ACT), que, contactada por escrito há duas semanas através do Eng.º Pedro Brás, do Centro Local Lezíria e Médio Tejo, ainda não considerou oportuno pronunciar-se.
O caso da Fleximol (nome singularmente adequado) não é único e é revelador. Os direitos do trabalho não dizem respeito apenas à esfera da vida na empresa. São uma condição de democracia. Cada situação como a da Fleximol, "ensina" aos trabalhadores que as liberdades de expressão e de associação não são para todos e que quem se equivocar a esse respeito, sabe onde é a porta da rua. O que fará a próxima Ministra do Trabalho, que diz que é sindicalista, a este respeito?
[Ladrões de Bicicletas, José Guilherme Gusmão]
De Ladrões de Cidadania a 27 de Outubro de 2009 às 12:24
Este patronato que assim actua deveria ser irradiado do exercício de qualquer actividade económica.
O país, sob pena de não ultrapassar os baixos níveis de desenvolvimento, precisa de empresários credíveis assim como de trabalhadores responsáveis.
Uns e outros, ainda que debatendo uma dialéctica de interesses e responsabilidades diferenciados, não se podem anular ou destruir na medida em que o desaparecimento de uma das partes acabará, a curto prazo, causar a morte da outra.
É urgente que a cultura de patrão ceda lugar à cultura de empresário como, simultaneamente, já se não pode continuar a entender como adversos os interesses da empresa aos dos trabalhadores.
São precisos uns e as outras numa partilha de objectivos e de resultados que se precunizam em quantidade e qualidade.
De Retiraram direitos aos trabalhadores a 27 de Outubro de 2009 às 15:10
Um Governo para o diálogo e a sedução
Acabaram as reformas estruturais dolorosas.
Passámos do confronto e do ambiente de tensão para o diálogo e a sedução.
Um Governo que revela as qualidades políticas de José Sócrates
- "a política é a arte do possível".
E sem maioria absoluta, o possível é dialogar, é não ameaçar nem retirar direitos das corporações.
E disciplinado e persistente como se tem revelado o primeiro-ministro, é elevadíssima a probabilidade de conseguir ser um novo primeiro-ministro, mais frio e menos "animal feroz" quando discordam dele ou o questionam.
O novo Governo de José Sócrates tem como núcleo duro as Finanças - Fernando Teixeira dos Santos - e a Economia (com o QREN, os fundos comunitários) - Vieira da Silva.
Fernando Teixeira dos Santos terminou a difícil legislatura que foi o governo de José Sócrates com a mais elevada nota de popularidade entre os seus pares. E foi assim praticamente durante toda a legislatura.
Notável. Face ao que fez.
Na primeira parte da legislatura - antes da crise internacional nos bater à porta
- reduziu direitos aos funcionários públicos,
cortou despesas e até aumentou impostos.
Na segunda fase conseguiu evitar ser a face da crise, como aconteceu aos seus pares noutros países. Tem até conseguido distanciar-se do complicado processo político, financeiro e judicial do BPN.
Conheciam-se as suas qualidades técnicas desde que foi secretário de Estado de Sousa Franco no primeiro governo de António Guterres. As suas qualidades políticas revelaram-se muito acima da média nos últimos quatro anos.
Vieira da Silva teve a habilidade de realizar profundas reformas com
acentuadas reduções de direitos sem qualquer contestação.
Foi o ministro que mais direitos retirou aos portugueses - basta pensar no Código do Trabalho e na Reforma da Segurança Social.
E como ministro do Trabalho agradou mais aos patrões que aos sindicatos.
Como diz João Cândido da Silva, Vieira da Silva abandona a defesa dos trabalhadores para passar a defender os patrões. Que, digo eu, segundo os sindicatos, sempre defendeu (os patrões, bem entendido).
Com os milhões do QREN nas mãos e a sua capacidade executiva, estão reunidas as condições de sucesso numa área fundamental para a recuperação da actividade económica. Esperemos é que não se concentre apenas nos grandes negócios - aqueles que não vivem sem o Estado mesmo em tempo de prosperidade.
As reformas que exigirem confronto, como é o caso da Saúde, terão de esperar por melhores dias.
Talvez - e é mais um desejo do que uma convicção - se consiga melhorar a Justiça. Ainda que o curriculum governamental passado de Alberto Martins não prometa nada.
Para a conjuntura económica e política que o país atravessa, as escolhas de Sócrates parecem muito acertadas. A violência das reformas realizadas na última legislatura - quer na forma como foram concretizadas como no seu conteúdo - também recomendava uma nova etapa de mais serenidade.
Publicada por Helena Garrido em 23.10.2009, Visto da Economia .http://vistodaeconomia.blogspot.com/.
De Ladrões a 2 de Novembro de 2009 às 10:21
Micael Sousa disse...
Espero que os trabalhadores não se deixam intimidar por situações como estas. Perder o sindicalismo e voltar a ditadura...
27 de Outubro de 2009 11:53
Anónimo Raul disse...
Mas qual é a novidade? Quem é que ainda não sabia que isso era assim?
Não gozem comigo...
A ACT? essa entidade defende os direitos dos trabalhadores, nunca reparei nisso, secalhar sou só eu...
27 de Outubro de 2009 13:07
Anónimo José Manuel Vieira disse...
Eu digo o que fará a ministra :
ENCHE O PEITO E ASSOBIA PRÒ AR !.....
27 de Outubro de 2009 22:16
Blogger D., H disse...
Flexi quê?
Flexibilidade total, segurança nenhuma.
À atenção deste governo e restante navegação: deixem a flexigurança quietinha lá no país onde nasceu, que Portugal não tem as mesmas condições. Com uma economia assente em salários baixos, aliada à ideia do trabalhador-descartável, não se sai deste ciclo vicioso. A juntar a isto ainda temos a discricionariedade (esperteza saloia!) que o postal ilustra.
A importar alguma coisa que seja…para trazer democracia.
28 de Outubro de 2009 9:59
Blogger Javier disse...
Los derechos de los trabajadores son continuamente pisoteados sin que las autoridades que se llaman competentes hagan nada por ponerle remedio, mientras ministros "socialistas" allanan el camino de los empresarios neoliberales. Como dice Sousa ojalá que los trabajadores no se dejen intimidar. Saludos
28 de Outubro de 2009 15:05
Blogger O Puma disse...
A nova ministra
tomou posse
com o antigo governo
28 de Outubro de 2009 19:13
Blogger António Costa disse...
No Pais onde o "respeitável" patrão dos patrões, diz sem pudor nenhum que não se deve aumentar o Ordenado Mínimo Nacional, devemos esperar de tudo.
28 de Outubro de 2009 20:25
Blogger Tiago R. disse...
Bom post, Zé.
Em cheio no alvo!
Abraço
29 de Outubro de 2009 13:56
Blogger Pedro Mendonça disse...
E receberá a Fleximol apoios do Estado?
29 de Outubro de 2009 22:38
Anónimo francisco disse...
Quem por cá anda na luta nada disto é novidade,por isso fico extremamente revoltado quando me dizem que vivemos em democracia!
1 de Novembro de 2009
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