De Dinheiro compra Residência e Nacionalida a 2 de Dezembro de 2014 às 11:15
VISA GOLD - as diferenças entre países:
---Portugal
O investidor pode simplesmente comprar um imóvel por mais de 500 mil euros para fins comerciais ou pessoais.
Em contrapartida, consegue uma autorização de RESIDÊNCIA temporária.
Pode aceder à NACIONALIDADE portuguesa (ao fim de 6 ans) e o visto de residência permanente (ao fim de 7).
----EUA
Os investidores conseguem o visto EB-5, com permissão de residência temporária
se em troca investirem 500 mil dólares (401 mil euros) em sectores com elevada taxa de desemprego ou na agricultura.
O acesso ao visto de RESIDÊNCIA permanente pode acontecer pode acontecer 10 anos depois,
se foram criados e mantidos 10 postos de trabalho a tempo inteiro.
----Áustria
Com um investimento entre 6 a 10 milhões de euros num negócio,
o investidor estrangeiro consegue a nacionalidade austríaca.
O investimento tem de ser criador de postos de trabalho para cidadãos austríacos
e/ou alargar a capacidade de exportação do país e levar nova tecnologia para a Áustria.
----Espanha
A compra de um imóvel com o valor mínimo de 500 mil euros
dá ao investidor estrangeiro um visto de residência temporária durante 2 anos.
Os investidores ficam elegíveis para um visto de residência permanente em 5 anos.
----Reino Unido
Para conseguir uma autorização de residência temporária,
o investidor estrangeiro tem de investir um milhão de libras (1,3 milhões de euros) durante cinco anos:
750 mil libras (942 mil euros) na compra de obrigações do Tesouro e 250 mil libras (314 mil euros) em imobiliário.
A autorização para residência permanente pode chegar 5 anos depois.
M.M.O. Fonte: Migration Policy Institute e Elma Global
Mais vacuidades e banalidades
(-por josé simões, derTerrorist, 2/12/2014)
--"Os valores sociais e as expectativas" – novos contra velhos, privado contra público, não honrar os compromissos, não confiar no Estado que não é pessoa de bem, vale tudo para progredir na carreira, de quem a tem;
--"as qualificações" – depois da geração mais bem qualificada de sempre, a geração do abandono escolar, saber ler e saber contar e trabalhar com as mãos em ofícios diversos;
--"e a transição para a vida activa" – meses e anos em acções de formação e cursos vários sem aplicação e utilidade na vida activa e no dia-a-dia, empregos mal remunerados em call centers e cadeias de fast food e na restauração na época alta, um corrupio de volta das agências de trabalho temporário;
--"a mobilidade geográfica" – mobilidade geográfica depois da sedentarização do homem. Os de Braga vêm trabalhar para os empregos que não há em Setúbal e os de Setúbal para os que não há em Faro e assim sucessivamente, a ganhar o salário mínimo nacional, de regresso ao bairro da lata pelas rendas de casa incomportáveis;
--"a mobilidade social" – o filho do rico casa com a filha do rico e a filha do patrão casa com o filho do patrão e os outros juntam os trapinhos por artes e ofícios. Manda quem pode, obedece quem deve. Cada macaco no seu galho. Sim sô tôr;
--"a relação que têm as culturas" – o InteRail e o Erasmus a fazer mais pela integração europeia do que milhares de burocratas há dezenas de anos em Bruxelas. Acabe-se com isso, com o InterRail e com o Erasmus e com as ideias perniciosas que põem na cabeça dos jovens;
--"e a forma como os jovens intervêm na política e na sociedade como cidadãos" – abstenção e desilusão e descrença. Extremismos e falta de respeito pela autoridade do Estado.
Quatro anos de Governo de iniciativa presidencial e mais vacuidades e banalidades ou até coisas que não interessam nem ao Menino Jesus. A menos que os conferencistas não sejam as mesmas Katias Guerreiros e espremedores de Nutella de sempre, vai ter tanta importância para os jovens e tanto impacto na sociedade presente, e em linhas mestras para o futuro, como tem uma pedra a cair no Atlântico atirada do Cabo da Roca.
Só já faltam dois longos anos (ao PR) e não sei se será possível ajudar a terminar o mandato com um mínimo de dignidade alguém que em em oito anos não se deu ao mínimo trabalho de a ter.
VENDER A ALMA ( e o país ... para sacar gold)
Existem os vistos de ouro e existem os que foram vistos vivos pela última vez apinhados numa casca de noz a tentar atravessar o mediterrâneo. Mar que é hoje um imenso túmulo da esperança.
Como é possível que o Estado assuma, na nossa cara e sem pinga de vergonha, que prefere dar direitos a quem quer branquear capital do que a quem quer trabalhar?
É possível porque estes “passaportes” mostram o que a casta dona-disto-tudo pensa da democracia e da nação– não valem nada quando comparadas com a nota.
Sobretudo, os vistos dourados são a demonstração última que a corrupção não é um problema de um punhado de boys gananciosos mas que é sistémica.
Afinal, só se vende nacionalidade e cidadania,
só se mercadejam direitos
e preferem-se os do dinheiro aos humanos,
quando a corrupção é um aspecto essencial do sistema ...
--- http://cortex-frontal.blogspot.pt/ 18/11/2014
-Sabe que dia é hoje?
Até ao dia em que Álvaro, o Gordo, desembarcou na Portela vindo do Canadá, para assumir a pasta da economia,
o 1º de Dezembro era o Dia que assinalava a independência de Portugal, que naquela dia de 1640, se libertara do jugo espanhol.
Álvaro, apesar de vir de um país que tem mais feriados que o nosso, defendeu que era preciso reduzir os feriados para relançar a economia.
Era apenas uma ideia idiota de um trampolineiro, mas Pedro Passos Coelho, para quem a independência de Portugal é uma data folclórica que não tinha dignidade para ser feriado, "comprou" imediatamente a ideia.
Não teve dificuldade em convencer Portas, um falso patriota que anda sempre com o orgulho nacional na boca, enquanto acumula milhas, mas que depressa esquece esse orgulho, em defesa do seu posto ministerial.
Ainda se pensou que Cavaco Silva se opusesse, mas a Alcagoita de Belém assinou de cruz e o 1º de Dezembro passou, com o apoio de (quase) todos os deputados da maioria,
de Dia da Restauração da Independência a Dia da TRAIÇÃO.
Este governo é um legítimo herdeiro de Miguel de Vasconcelos
(governante tuga ao serviço da nomeada "governadora de Portugal" /duquesa de Mântua e do rei Filipe III de Portugal e IV de Espanha.).
Não só apoiou a perda de independência do país, ajoelhando aos pés da troika,
como de imediato tratou de vender (ao desbarato) todos os nossos activos, para que Portugal não mais possa libertar-se do jugo estrangeiro (e apátrida/ transnacional/ offshore).
Longe vão os tempos em que o povo se levantava contra os traidores.
Hoje em dia, o povo manifesta uma profunda indiferença face aos Miguéis de Vasconcelos e, muitos, até parecem dar-se bem com os traidores aplaudindo a iniciativa do governo.
A Alcagoita de Belém até aproveita a data para ir até aos países árabes vender gajas boas, cavalos, sol e aviões, numa manifestação de falta de pudor inqualificável. ( Como estas fotos bem documentam)
Celebremos pois o Dia da Traição, com a pompa e circunstância que lhe é devida.
Glorificando os traidores e vilipendiando aqueles que ainda defendem os valores do país.
(-por Carlos Barbosa de Oliveira , Crónicas do rochedo)
O discurso de António Costa e vir trabalhar para a solução
(-por F. Louçã, Público, 1/12/2014)
AC fez ontem um dos seus melhores discursos. Levantou o partido, deu-lhe alma e argumentos. Evitou a questão Sócrates, que sabe que o vai atormentar durante meses. Teve momentos emocionantes, como a homenagem às mulheres assassinadas. Corrigiu erros passados, como a recusa da adopção de crianças em nome de um modelo discriminatório de família. Apresentou oposição a políticas sociais das direitas. Foi um domingo em cheio. O problema é a 2ªf e depois tudo o resto.
Passada a festa, o dilema do PS resume-se bem no desafio que faz à sua esquerda: abandonem a comodidade do protesto e venham trabalhar para a solução. O problema é que o PS é hoje um partido de protesto porque não apresenta solução e, por isso, o convite convida-se a si próprio antes de mais nada.
A falta de solução da Agenda para a Década manifesta esse paradoxo: nem é para a década (porque não resolve os problemas da austeridade imposta pelo Tratado Orçamental, que vai durar toda a década) nem é para 2015 (porque não apresenta nenhuma resposta para a crise permanente das contas públicas). AC referiu-se com rara clareza a este constrangimento que são as regras europeias durante a década, ao apelar a uma Europa que “corrija as assimetrias do euro”, “transformando uma moeda única em moeda comum” e “diminuindo o risco sistémico de novas crises do euro”. Mas como? Costa respondeu que, em Portugal, não se pode esperar que os responsáveis da austeridade corrijam a austeridade e que, por isso, não se aliará à direita, mas acrescentou logo que espera que os responsáveis da austeridade na Europa façam o milagre de se corrigir a si próprios e espera aliar-se com eles. Pede-lhes para tanto um “plano de recuperação da economia e do emprego”, como se Juncker não tivesse já apresentado esse “plano” – que Costa sabe, como todos os leitores sabem, que é uma fraude. A Europa politicamente benevolente e financeiramente generosa de Costa não existe e por isso não vem trabalhar para a solução. Por algum motivo desconfia dela.
Aliás, Costa tem disso tanta consciência que propõe que a “agenda europeia” do PS seja “defender os interesses de Portugal na Europa”, ou seja, defender o particular de um país contra o interesse geral determinado em Bruxelas e Berlim. É o primeiro líder do PS a tomar esta posição, que contrasta com toda a sua história. O que fica então desse passado? Europeísmo? Europa unida? Costa avisa que cada um deve ir por si. Portugal pedirá dinheiro mas quer tratar da sua vidinha, evidente desistência de todo o discurso anterior sobre solidariedades europeias. Será porventura uma análise realista mas, mais uma vez, como é que isto se faz? E o que quer dizer Costa quando refere esse “novo equilíbrio na Europa” que permitiria defender os interesses nacionais? Merkel coligada com os socialistas alemães, Juncker, Cameron, Hollande, Renzi, Rajoy, Draghi, mas de que é que ele está mesmo a falar?
Seria possível disputar uma nova relação com a Europa se o PS escolhesse o caminho duro: se rejeitasse o Tratado Orçamental que, pelo contrário, apoia, com o perverso propósito de o melhorar, mesmo sabendo que esse objectivo é inviável. O facto é este e é implacável: a Europa não vem mesmo trabalhar para a solução. Não existirá nenhuma solução para Portugal sem perceber que a Europa não é solução, é um problema.
Ora, sendo o primeiro dirigente socialista que enuncia assim o problema europeu, mais estranha se torna a ambiguidade do discurso de Costa: ele propõe ficar à espera que a Europa acorde e que floresça o “novo equilíbrio”. Essa estratégia não tem dado bom resultado, porque só tem conduzido a uma longa abdicação que destrói a União, pois começou em Maastricht e foi por aí fora, com o euro, com o Tratado de Lisboa, com o Orçamental, e estamos agora aprisionados.
Por isso, o que é mesmo trabalhar para a solução? Se o governo estiver atado no Orçamento, se os juros continuarem a estrangular Portugal, só sobreviveremos e viveremos para trabalhar para as rendas financeiras. Até 2034 teremos inspectores dos fundos europeus a vigiarem o Orçamento e a dizerem ao parlamento o que lhe é permitido votar. Não haverá entretanto recuperação de salários nem de investimentos, ...
O discurso de António Costa e vir trabalhar para a solução
...
...
... Não haverá entretanto recuperação de salários nem de investimentos, nem dos contratos a longo prazo do Estado com os reformados, nem redução substancial do desemprego, nem defesa dos bens comuns, nem democracia que cuide dos seus. Haverá austeridade.
Ao chamar outros para virem trabalhar para a solução,
a Costa só faltou dizer se tem alguma proposta para essa solução, para deixar de ser um acomodado partido de protesto.
Porque ele tem que ter uma solução, tem que ter mesmo.
Só que o que o seu discurso insinuou é que não acredita suficientemente nela e por isso ela nem pode ser enunciada.
Pagar e não pagar não é resposta, pedir dinheiro não é destino, esperar pela Europa é triste sina.
E, por isso, essas soluções não vêm trabalhar para a solução.
Esse é o único ponto de partida para tudo o que se conversar em Portugal a partir de hoje, 2ªf.
E agora?
Agora há um vazio. Partidos políticos que estão no lugar que há muito ocupam embora tenham perdido a confiança de grande parte dos seus apoiantes.
Um governo que está a usar a proteção da União Europeia e das suas troikas para transformar a sociedade portuguesa em benefício de uma ínfima minoria.
Agora há uma maioria no poder que nas próximas eleições deverá ser afastada, mas nada de sólido e confiável para a substituir.
Agora queremos diferentes coisas. Coisas contraditórias.
Segurança, por um lado. Mudança, por outro.
Não queremos correr riscos. Queremos corrê-los para que tudo não fique na mesma.
Sabemos que a política não é pêra doce, nem nada que seja sempre bonito de se ver.
Não queremos meter-nos na política. Queremos meter-nos porque se não haverá outros (eventualmente os menos recomendáveis) que o farão por nós.
Sabemos que a política nesta União Europeia deixou de ser a arte do possível. Sabemos que se não houver quem queira arriscar o (quase) impossível, outros continuarão a fazer o que dizem ser a única possibilidade.
Agora há um vazio político que começa a preencher-se. Vemos nascer novos movimentos políticos, partidos, candidaturas, muitos deles exprimindo sincera vontade de mudança.
Vemos gente que se mobiliza e organiza. Alguns trazem consigo experiências anteriores. Outros chegam agora.
Concordam, discordam, discutem, unem-se, dividem-se, aprendem. Não são super-homens, nem super-mulheres com estômago para tudo. São frágeis como é normal.
Ainda bem que assim é. Talvez haja lugar para muito mais gente nessa política de gente frágil.
Dessa forma não ficamos dependentes de heróis com estômago de aço.
(-por José M. Castro Caldas, Ladrões de B., 30.11.14 )
De ONU: austeridade prejudica a maioria. a 5 de Dezembro de 2014 às 09:25
Comité dos Direitos Económicos Sociais e Culturais, das Nações Unidas (ONU) considera que a «ajuda externa» teve um "impacto adverso" em Portugal, em particular nos direitos dos trabalhadores, segurança social, habitação, saúde e educação ... defendendo a necessidade de ir abandonando as medidas de austeridade ...
----- O desafio de António Costa às esquerdas portuguesas
No discurso de encerramento do XX Congresso do PS, confirmou-se que António Costa quer apresentar-se aos eleitores como líder de um partido de esquerda.
Já não está apenas em causa a defesa do Estado Social, que sempre fez parte da agenda dos socialistas – independentemente de como esta foi sendo, na prática, interpretada pelos sucessivos governos em que marcaram presença. O discurso de Costa foi mais além do que as lideranças do PS nos habituaram, seja em questões de valores (como a adopção por casais do mesmo sexo) ou na postura em relação à Europa (como na referência crítica à união monetária).
O líder socialista não se limitou a desafiar o espaço de afirmação programática dos partidos à sua esquerda: António Costa desafiou-os a “sair do conforto do protesto” e a serem “parte da solução”.
PCP e Bloco de Esquerda reagiram mal ao desafio – e têm bons motivos para isso. Em primeiro lugar, porque a esquerda não pode menorizar o papel do protesto. Mesmo em contextos históricos em que a esquerda governa, ter um forte movimento social disponível para o protesto em defesa dos interesses gerais da população constitui uma defesa fundamental contra as múltiplas pressões a que qualquer governo está sujeito e que têm pouco a ver com a defesa do bem comum. Isto é ainda mais importante num contexto em que países como Portugal enfrentam uma chantagem sem precedentes das instituições europeias, as quais vêm como única saída para a situação actual a delapidação do Estado Social, a perda de direitos sociais e laborais, e a contínua degradação de salários e pensões. Dado este contexto externo, PCP e BE afirmam não ver qual “a solução” de que deveriam estar disponíveis para fazer parte em conjunto com o PS.
Dito isto, o desafio de António Costa não deixa de ser politicamente eficaz. Por muito que se reveja nos diagnósticos que a esquerda vem fazendo, a maioria das pessoas anseia por respostas. Quando PCP e BE afirmam que não há soluções com o PS, estão apenas a dizer a quem os ouve que não há soluções à vista. Face a isto, restam duas possibilidades a grande parte dos eleitores: ou desistem de votar, ou votam no mal menor.
No entanto, o desafio lançado por António Costa é também, necessariamente, um desafio às próprias fileiras socialistas. A partir do momento que o líder socialista sugere que as pressões europeias inviabilizam o desenvolvimento do país, as pessoas querem saber o que pretende o PS fazer em relação a isso. Por outras palavras, Costa expõe-se ainda mais à crítica da falta de clareza sobre as soluções que preconiza. E também desafia o PS a analisar criticamente as opções políticas que fez ao longo das últimas décadas.
O desafio maior, porém, é dirigido a todas as pessoas que se revêm nos princípios de uma sociedade decente e que não desistem de procurar as melhores soluções, sem se resignarem perante a força das pressões externas. A estratégia de António Costa tem a vantagem de tornar mais claro que Portugal e os portugueses vão enfrentar no futuro próximo escolhas muito difíceis. Cabe-nos a todos, enquanto cidadãos, ajudar as explicitar essas escolhas e as suas implicações – e tomar decisões sobre os riscos que estamos ou não dispostos a assumir.
Estes ainda podem vir a ser tempos interessantes.
(-por Ricardo Paes Mamede, Ladrões de B., 2.12.14 )
---- Rogerio G. V. Pereira :
Embora pareça que não, o seu texto cola-se, no essencial, ao discurso de Costa. Justifica e aceita que PCP e BE devam ser "partidos de protesto" mas, como Costa, entende que devam ser mais que isso.
Isto é,"Ignora", como Costa, que o PCP tem vindo há muito a propor a discussão do que considera opções fundamentais.
No seu texto (tal como Costa, no seu discurso) passa ao lado desse facto. Retenho que, em outras oportunidades, Costa tem considerado tais propostas radicais e irrealistas, rejeitando liminarmente a sua discussão.
Relembro as seis opções fundamentais propostas pelo PCP:
1- A renegociação da dívida nos seus montantes, juros, prazos e condições de pagamento, rejeitando a sua parte ilegítima;
2- a defesa e o aumento da produção nacional, a recuperação para o Estado do sector financeiro e de outras empresas e sectores estratégicos;
3- a valorização efectiva dos salários e pensões e o explícito compromisso de reposição dos salários, rendimentos e direitos roubados, incluindo nas prestações sociais;
4- a opção por uma política orçamental de combate ao despesismo e à despesa sumptuária, baseada numa componente fiscal de aumento da tributação dos dividendos e lucros do grande capital e de alívio dos trabalhadores, dos reformados, pensionistas e das micro, pequenas e médias empresas;
5- uma política de defesa e recuperação dos serviços públicos, em particular no que concerne às funções sociais do Estado;
6- a assunção de uma política soberana e a afirmação do primado dos interesses nacionais.
Estou em crer que se Costa desse abertura para negociar a concretização de algumas destas linhas orientadoras num programa comum,
teríamos os tais "tempos interessantes" que refere no final do seu texto...
Olhar diferente para o mesmo alvo
O artigo que José Vítor Malheiros (JVM) escreve hoje no Público,
“Pela convergência de uma esquerda plural”,
é, como sempre, articulado e intelectualmente honesto.
As minhas discordâncias são, principalmente, por a minha perspectiva geral ser diferente. Os eixos de visão são dois:
o do sistema partidário e da política no plano convencional, com rearranjos do sistema;
o de uma superação radical desse sistema, esgotado, que eu perfilho e que, como já escrevi aqui em muitas entradas, significa a diferença entre criar um “novo partido” e um “partido novo”.
Fica isto para uma entrada a seguir.
Isto está bem expresso no que se passa em Espanha com o Podemos.
Numa entrevista que merece atenção, diz Pablo Iglesias que o essencial para a esquerda é atingir as pessoas e que isto ultrapassa a simples constituição de frentes, que se limitam a reuniões convencionais de organizações de esquerda.
Eu próprio, que não sou burro e só uso como definição para isso a incapacidade de reflectir e avançar nas minhas ideias, defendi até há pouco tempo – e até me mexi para isso na net – uma táctica centrada na conjugação de forças partidárias e sociais, sem perda de coesão e consequência.
O pequeno manifesto dessa página recolheu, modestamente, 125 apoios. Não é isto que me faz desistir.
Como combinado com os apoiantes, vai ser enviado aos partidos de esquerda à esquerda do PS e a movimentos sociais.
No entanto, reflectindo muito, atormentadamente em fim de vida útil, ou vencido da vida, não me parece que essa seja a via para o êxito.
É preciso estar sempre a aquecer a caldeira das ideias novas.
Para quem viu um filme que aí passa, vai ser preciso um buraco de minhoca a abrir um caminho para nova dimensão espaço-tempo da políica.
JVM começa por discutir a fragmentação da esquerda (ou à esquerda), com o que estou inteiramente de acordo.
Nada tenho contra o aparecimento de novas formações, que podem enriquecer o debate, desde que, pelas regras do sistema, não enfraqueçam o poder eleitoral do conjunto.
Também vejo com simpatia a visão generosa do desejo de convergência de toda esta diversidade de movimentos e grupos de esquerda.
Sou é mais cínico e penso sempre no namoro mais ou menos encapotado ao PS, afinal a atração do poder, nem que seja de uma pequena sinecura à mesa do orçamento de Estado.
Escreve JVM que “A convergência, o compromisso, a criação de uma plataforma comum ou de uma frente comum são acções que não exigem identidade entre as organizações mas apenas a partilha de alguns princípios essenciais.
O entendimento é possível e necessário entre o que é diferente, com a manutenção de identidades diferentes entre organizações que cooperam, desde que possuam um entendimento estratégico e táctico compatível.” (itálico meu)
Este é o nó górdio de toda a discussão emaranhada que tem havido sobre a unidade de “esquerda”.
Vamos crer, generosamente, que toda a esquerda (à esquerda do PSD) se entende miraculosamente sobre a necessidade e propostas práticas para uma política de emprego, de reposição das perdas salariais e d reformas, de ressustentação do estado de bem-estar, de investimento, de aumento da procura interna, de substituição de importações.
A pergunta inevitável (que a direita faz, atrapalhando o PS) é “onde se vai buscar o dinheiro?”.
A resposta passa obrigatoriamente pelo serviço da dívida, logo pela reestruturação, pelo tratado orçamental, pelo controlo da banca, eventualmente
– pelo que isso não pode ser tabu – pela saída do euro.
Este movimento que apareceu agora, mas que se adivinhava, aponta claramente para um entendimento governativo com o PS (e em relação de forças muito desfavorável, quase de enfeite).
Subscreveste-o. Muito amigavelmente, e como diria o Mário de Carvalho, “Era Bom que Trocássemos Umas Ideias Sobre o Assunto”.
(-por João Vasconcelos-Costa, 18/12/2014, http://no-moleskine.blogspot.pt/2014/11/olhar-diferente-para-o-mesmo-alvo.html )
Tinha-me comprometido a escrever sobre o PODEMOS, um fenómeno político que me deixa perplexo, por vezes desagradado e ao mesmo tempo me suscita reflexões interessantes e instrutivas. Foi o que se passou, por exemplo, na última sexta feira, na sessão organizada pelo BE.
No entanto, antes de escrever sobre o Podemos, parece-me útil limpar algum mato que tem contaminado a discussão, misturando, a propósito e a despropósito, um termo muito ambíguo: o POPULISMO. Não gosto dele.
Ao longo de dezenas de anos, vi usá-lo com significados diferentes, que confundem. E, agora, até o vejo referido, bipolarmente, a uma situação particular, a da União Europeia. É difícil entendermo-nos.
Passando rapidamente, ao longo da história, pelos políticos que governaram, com respeito pelas regras dos seus sistemas, mas a favor do povo, contra a aristocracia,
como os romanos Públio, Druso, Rufo, Catilina, Mário, César, chegamos aos que, o fizeram com base em poder pessoal e ditatorial.
Na Europa, um exemplo é o reformismo napoleónico ou bismarkiano, mas mais frequentemente intitulado (leia-se Marx) de bonapartismo.
O poder legislativo perde poder para o executivo, mas este procura construir uma imagem carismática de um representante popular.
Próximo desta concepção – e era o exemplo que tínhamos em mente na minha juventude – foi o populismo latino-americano, fundamentalmente o Estado Novo de Getúlio e o peronismo.
O elemento central da sua definição é uma relação indissociável de autoritarismo demagógico e carismático (e francas simpatias com os fascismos europeus)
com um suporte de progressismo e de medidas sociais de cariz popular – mas também não foi o que fizeram os fascismo europeus?
Quem lê Graciliano Ramos horroriza-se com o “Tarrafal” getuliano onde estavam os presos comunistas do Getúlio (Br). Também nos lembramos da entrega aos nazis, para ser morta, da mulher do secretário geral comunista, Luís Carlos Prestes.
No entanto, restaurada a democracia depois da guerra, Getulio foi eleito esmagadoramente, promoveu reformas sociais importantes (férias pagas, salário mínimo) e nacionalizações
e, com isto, foi impiedosamente perseguido pelos interesses oligárquicos e pela imprensa, que o acossaram até ao suicídio.
(Tenho um estimado amigo brasileiro com quem partilho grandes afinidades da nossa juventude coetânea. Na universidade, andou, com responsabilidades, pelos meios comunistas. Andou na resistência ao golpe militar de 64. Depois muito próximo de Brizola, foi cofundador do PDT, mas de que já é crítico pela esquerda. Tem grande admiração pelo Getúlio do pós-guerra. Mas nunca me conseguiu explicar como situa o Estado Novo. Será com a provocação deste “post”?)
Nesta confusão, eram os próprios populistas que se apresentavam como desafiadoras da democracia clássica, com uma representividade fundamentadada diferentemente:
a democracia encarna-se num movimento político que demonstre representar os interesses das classes populares – e por elas seja reconhecido como tal na rua e na movimentação social –,
sem as limitações formais clássicas e poliárquicas da democracia liberal,
afinal sujeita, de uma forma ou outra, à imposição de uma minoria económica à “classe política”.
Os governos e movimentos progressistas actuais (a Venezuela, o Equador, a Bolívia, o Uruguai, menos o Brasil, no futuro talvez a Argentina e o Chile) são herdeiros directos desse populismo? Creio que só vestigialmente.
Em primeiro lugar, são governos legalistas que, apesar do que diz a imprensa, só reprimem uma oposição muito forte por medidas estritamente legais.
Em segundo lugar, porque têm de lutar com aspectos novos do imperialismo – globalização, predação, dívida.
Em terceiro lugar, porque ainda é frágil a teorização que dê coerência a essa acção política progressista e anti-imperialista.
O chamado “Socialismo de século XXI" está cheio de contradições e o seu ideólogo, o alemão Heinz Dieterich, marxista e estudioso crítico do fim da União Soviética, acabou por cortar as relações de colaboração com Hugo Chávez.
No entanto, sendo progressistas, não os podemos considerar ainda ...
Os equívocos do populismo
(-por JVC, noMoleskine, 24/11/2014)
...
...No entanto, sendo progressistas, não os podemos considerar ainda como socialistas.
As suas políicas sociais avançadas não têm posto em causa a estratificação social, a enorme disparidade da distribuição da riqueza, a não apropriação estatal da propriedade de sectores estratégicos.
O caso exemplar é o do Brasil, em que o inegável progresso do nível de vida das classes populares mais desfavorecidas não foi acompanhado por uma revolução do sistema económico.
Como se classificam estes países?
Ditaduras populistas, como são apodados por toda a máquina comunicacional ao serviço dos interesses dos poderosos?
Ou novas construções de poder popular?
Não sendo socialistas, prefiro chamar-lhe “países progressistas anti-imperialistas” ou regimes anti-oligárquicos.
Isto também marca outra diferença, também terminológica.
Na Europa, o termo populista está associado a governos que não estão no poder, que não mostraram ainda esse eventual carácter ”populista”, sem medidas a favor do povo já concretizadas.
Casos exemplares são o «5 estralas» italiano e, com mais ênfase na denúncia demagógica de podridão do Estado, mas sem alternativas,
como tudo o que venha a ser, em Portugal, a corte de Marinho (e) Pinto.
Não têm um programa coerente, não se lhes vê facilmente o posicionamento em relação às questões económicas e sociais, usam os aspectos mais epidérmicos do descontentamento (corrupção, escândalos, benefícios) para ganhar votos.
A isto, em vez de populismo, prefiro chamar DEMAGOGismo.
Aliás, não faz sentido falar em populismo, ou melhor demagogismo, de esquerda e de direita.
O demagogismo é um método politico de MANIPULAÇÃO, por natureza avesso ao debate que caracteriza as ideologias e assenta fundamentalmente no CARISMA e na capacidade ORATÓRIA e persuasiva dos líderes.
Nos tempos modernos, só dispensa as camisas castanhas ou pretas.
O populismo apresenta obras que lhe ganham apoio real.
O demagogismo faz discursos, que lhe ganham votos iliusórios.
Mais desrazoável é outra atribuição do termo populismo, em termos de oposição à União europeia e ao euro.
Não consigo descortinar a razão.
A consequência, a acrescentar a confusão, é ter de se distinguir
o “populismo” de esquerda do grupo parlamentar GUE/NGL, a que pertencem os eurodeputados do PCP, do BE, do Syriza, do Podemos;
e os “populistas” de direita, fascisantes e xenófobos, como a Frente Nacional francesa e o UKIP inglês.
Continuemos na Europa.
A crise que atravessa o sistema político tradicional de democracia parlamentar representativa já vem detrás.
No fim dos anos 80, apareceram os partidos alternativos, entre os quais, em Portugal, o renascido MDP, de que já bastante tenho falado.
No entanto, a crise ainda era larvar, escrevia que “a alternatividade partidária ainda se define principalmente pela negativa, em oposição aos partidos tradicionais.
Podemos tentar alinhar algumas possíveis caracterizações parcelares da “ALTERNATIVidade”:
a) ênfase na democracia participada, na vida comunitária, na discussão e tratamento dos problemas locais;
b) empenho nos movimentos sociais;
c) privilégio a um largo e difuso campo de acções de resposta a “novos problemas” (releve-se a imprecisão do termo), tais como a defesa de minorias, do ambiente, a luta anti-militarista, ou algumas formas de lutas feministas;
d) maior flexibilidade na abordagem dos problemas políticos, mais liberta de rigidez e preconceitos ideológicos;
e) características organizativas de flexibilidade, com recusa de demasiada hierarquização.”
Ainda hoje, com base nisto, costumo dizer que, mais do que ”um novo partido”, precisamos de “um PARTIDO NOVO”.
Hoje, já estamos perante uma crise da representação política, de uma crise do sistema democrático parlamentar.
As pessoas não se sentem representadas, têm vergonha de quem elegeram mas não puderam fazer outra coisa,
vêem as maioria dos políticos afogados num pântano de incompetência da formação nas jotas, de carreirismo,
de paralelismo e clientelismo no partido, de falta de ética, de promiscuidade com os negócios.
Vêem que os milhões de pessoas simples, honestas, trabalhadoras, estão dominadas por uma oligarquia que se autoprotege, ...
Os equívocos do populismo
(-por JVC, noMoleskine, 24/11/2014)
...
...
Vêem que os milhões de pessoas simples, honestas, trabalhadoras, estão dominadas por uma oligarquia
que se autoprotege, que dirige a vida pública e governa os bens nacionais,
que vão todos aos clubes internacionais mais ou menos secretos que governam o mundo,
que uma vez um outra vez outro vão "beijar" a mão de Merkel e outros que tal.
É a OLIGARQUIA, que o «Podemos» popularizou agora com o nome de “CASTA”.
É sintomática a preocupação de muitos políticos, a cada escândalo, em afirmar “que os políticos não são todos iguais”.
Também eu o disse muitas vezes, por considerar que essa afirmação contra a “classe política” era típica do demagogismo antidemocrático, com o qual não alinho.
Pensando melhor, não devo ter tantos escrúpulos.
Em vez dessa proclamação, os deputados honestos têm o dever é de corrigir o sistema,
a começar pelos vícios do seu próprio partido, a falta de elaboração ideológica, de reflexão.
A democracia representativa está em crise, mas devo admitir que não vislumbro bem o que poderão ser, no concreto, as suas alternativas
– democracia participativa, democracia com forte componente de democracia directa, democracia assente nos corpos intermédios?
Sei que todas têm vantagens e também inconvenientes, até grandes limitações práticas.
Essencial é que o poder seja devolvido ao povo e que a oligarquia deixe de sequestrar a democracia.
E dito tudo isto, e vindo tudo a propósito do Podemos, o que é o partido espanhol «PODEMOS» ?
Populista? Demagogista? Progressista? Neo-socialista? Alternativo?
Fica para a próxima.
Comentar post