Há muitas razões para não deixarmos a Manuela Ferreira Leite ser primeira-ministra, mas hoje vamo-nos ficar por esta:
A Manuela Ferreira Leite não é capaz de pensar pela sua própria cabeça.
Afinal, ela assinou a autorização da compra da rede fixa pela Portugal Telecom, em 2002, não porque estivesse de acordo, não porque precisasse daquele dinheiro para manter o déficit abaixo dos 3%, mas apenas porque o negócio já tinha sido resolvido pelo governo anterior, chefiado por Guterres.
Em Setembro, se MFL ganhar as eleições (livra!), é muito capaz de começar as obras do novo aeroporto, do TGV, da 3ª auto-estrada Lisboa-Porto e da nova ponte sobre o Tejo e dizer que não tem culpa nenhuma, porque foram decisões do governo de Sócrates.
[O Coiso]
O país atravessa um momento político, económico e social particularmente sensível, porque vive um período eleitoral, porque está ainda numa situação de recessão económica, porque o desemprego ainda não dá sinais de recuperar.
Ora, se este enquadramento explica um ambiente mais tenso entre os líderes partidários, também exige um comportamento político irrepreensível do Presidente da República. Mas Cavaco Silva não tem ajudado.
O Presidente fez um comunicado inédito... para responder a um comentador. Marcelo Rebelo de Sousa é um dos mais influentes opinion makers do país, eventualmente o mais influente, perspicaz e certeiro na análise, mas Cavaco Silva é o Presidente da República. Ora, não é possível nem aceitável que Cavaco Silva esteja a centrar a sua intervenção política neste registo, numa espécie de ‘vou abrir uma excepção para falar...", porque, às tantas, as excepções estão a tornar-se uma regra e a gerar ruído desnecessário. E obrigam a comunicados como este.
No comunicado, pouco comum, Cavaco garante que não abriu qualquer precedente e não ‘julgou' os antigos administradores do Millennium bcp num processo judicial que está em curso. O Presidente garante que se limitou "a falar da importância da estabilidade do sistema financeiro para o crescimento económico dos países e sobre as reuniões do Conselho Europeu e do G20, em Londres, sobre a estabilização do sistema financeiro internacional". E terá sido neste sentido que abordou a questão da transparência e dos valores éticos nos negócios.
O problema é que Cavaco Silva aceitou responder a uma pergunta directa sobre o caso BCP - aliás, na mesma intervenção pública também falou do negócio da PT e da TVI - e, sendo um político experiente e sagaz, deveria saber que as suas respostas só poderiam ter tido a análise que tiveram: o Presidente deixou uma crítica implícita a Jardim Gonçalves e ao resto da equipa do BCP, o que motivou o comentário de Marcelo.
A verdade é que, contrariamente ao que foi durante anos a sua cartilha em matéria de intervenções públicas, os últimos meses têm mostrado um Presidente demasiado interventivo, até quando está em visitas oficiais e de Estado ao estrangeiro.
Os portugueses têm demonstrado um apego grande à figura do Presidente da República, e isso ficou claro, por exemplo, quando Cavaco Silva discordou frontalmente de José Sócrates e do PS no Estatuto dos Açores. Mas esse respeito e reverência, até, estão sustentados na ideia de que o Presidente da República é um foco de estabilidade, um farol de responsabilidade, acima dos políticos e dos partidos. E Cavaco Silva arrisca perder este estatuto especial.
[António Costa, Diário Económico]
O que a Dª Manuela não é, é coxa. Mas, de resto, já carcomida pela idade, vai perdendo a memória. Já não sabe o que fez no passado não muito distante e hoje quase não se lembra do que disse ontem.
Bem, mas isso são os males naturais da idade, há que desculpar.
É que a Dª Manuela esqueceu-se mesmo que quando ministra das Finanças vendeu a rede fixa dos telefones à PT por uma autêntica pechincha. Aquilo tinha um valor contabilístico de 2,3 mil milhões, mas a PT nos tempos de Guterres só queria dar 500 milhões de euros. Nessa altura, o PSD opôs-se, “considerado a venda como impensável, como disse agora o então ministro das Finanças de Guterres, Oliveira Martins, e o assunto morreu por aí. Nada chegou a ser negociado em concreto, nem foi feita qualquer venda.
Foi precisamente a esquecida Dª Manuela que tomou a decisão de vender a rede fixa. Não pelos 500 milhões e, menos ainda pelo 2,3 mil milhões. Não, a Dª Manuela pode ser feia, mas não deixa de ser generosa e vendeu aquilo tudo pela ridícula quantia de 365 milhões de euros, precisamente em Dezembro de 2002 para glória das Finanças que assim eliminavam o défice excessivo do ano. Milhares de quilómetros de cabos e fio e dezenas de estações subestações. Tudo a saldo.
Alguém acredita que não houve depois uma lembrança para a Dª Manuela ou para o seu partido. Claro, não foi um “pendant” de ouro e pedras preciosas, não que isso vale pouco. Foi, sem dúvida, uma boa maquia para o PSD. Não acredito que tenha sido a Dª Manuela a meter tudo ao bolso. Talvez uma pequena comissão, mas nada de excepcional. O partido sim, deve ter recebido lá de fora de uma das empresas da PT um boa maquia que, naturalmente, só pode ter sido depositado num “offshore”, num “veículo” como dizem os honestos banqueiros da nossa praça. Sim, veículo, para veicular dinheiro para muitos bolsos.
A Dª Manuela também já se esqueceu desta frase pronunciada no dia 17 de Novembro de 2008: «Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia [pausa]. Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se [pausa]. E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia.»
A “avozinha” e seus netitos querem que os portugueses acreditem na sua, repetitiva, ideologia neoliberal serôdia que empurrou Portugal, a Europa e o mundo para a crise em que nos encontramos, ao mesmo tempo que promete rasgar todos os avanços e reestruturações administrativas que toda a gente de bom senso, incluindo o próprio PR, achava necessárias.
Então, esta avozinha, acha que os portugueses já se esqueceram da sua (des)governação, como ministra das finanças cavaquista, período em que preciosamente divulgou e praticou a cultura da subsídio-dependência, isto é da dependência da sociedade ao Estado (alguma sociedade, precisamente os seus apaniguados) como forma de “partilha” das benesses vindas de Bruxelas?
E da (des)governação do seu netito, Santana, em Lisboa? Ainda ninguém (sobretudo os credores) esqueceu as dívidas que ele deixou por pagar, dos credores a bater à porta dos paços do concelho, das obras paradas, da cidade paralisada, etc., etc.
Ò “avozinha”, os portugueses andam descontentes, são muito críticos e exigentes, mas não andam assim tão distraídos, nem tão esquecidos a pontos de cometerem o grave erro de colocar na governação quem acha que a democracia deve ser suspensa para serem tomadas medidas de destruição do Estado social em que vivemos.
O actual governo, no seu ímpeto reformista, fez coisas menos boas e exigiu em demasia às classes médias e pobres, comparativamente ao que impôs às grandes fortunas, mas, também, toda a gente sabe que o PSD nada faria de melhor. Por isso e, ainda que sem maioria absoluta, o governo socialista será escolhido, quanto mais não seja, por oposição a um governo ultra-liberal que quer fazer desaparecer a segurança social, entregar a saúde aos privados, que quer acabar com o Estado, e com tudo o que ele representa numa sociedade própria de uma Europa promotor da igualdade social e democrática.
Contudo, e para que os portugueses possam optar, por uma via de esquerda, o PS e os seus, respectivos, responsáveis têm, obrigatoriamente, que mudar as trajectórias dos seus comportamentos, sob pena de serem co-responsáveis pela, hipotética, deriva direitista. O Parido socialista tem de se habituar a colocar na agenda política as questões sindicais (CGTP, UGT e Independentes), as questões do trabalho/desemprego e, concomitantemente, a distribuição da riqueza, versos, prémios de gestão chorudamente distribuídos.
A propósito de “prémios” as notícias mais recentes vindas a publico, referem que entre 1999 e 2006 foram distribuídos 291 Milhões, um verdadeiro escândalo num país onde há pessoas a sobrevir com pouco mais de 200,00€ por mês. Não esquecer que a maioria destas benesses foram cair, direitinhas, nas mãos de alguns dos amigos do “Cavaco de Boliqueime” e há quem diga que até financiaram a campanha eleitoral do actual Presidente.
Um governo PS tem obrigação, pela sua própria natureza, de explicar concisa, clara e competentemente, todas as medidas que toma. Mais deve toma-las em dialogo permanente franco e aberto, com convicção e sem desvio de rumo face ao programa eleitoral sufragado pelos eleitores.
A ideologia e correspondentes valores de esquerda não podem confundir-se com as ideias neo-liberais da direita. Havendo clareza de ideias o povo não terá duvidas de escolha. E essa clareza e prática que é exigida ao PS e a quem o represente.
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