O PSD promete um programa eleitoral pequeno, minimalista, enxuto e curto. Nada de “páginas e páginas com dezenas de propostas de duvidosa execução”.
É possível e desejável escrever um programa pequeno e enxuto, mas é impossível fazê-lo sem dezenas de propostas. O que caracteriza um programa são as propostas, directas, práticas, para que o leitor entenda as diferenças. Um programa minimalista, com poucas e vagas propostas, simplesmente não existe. Ou então é um logro.
O PSD está em dificuldades para fazer escolhas. Disfarça-as com o atraso no programa e com estes circunlóquios formais. No fundo, desejaria nada apresentar, continuando, como agora, a cascar nas acções e programas dos outros, como quem não consegue apresentar substância. Só que isso é politicamente impossível. Com tanta clareza de ideias à solta, ninguém lhe perdoaria a omissão. Pouco se sabe do que pensa o PSD sobre cada sector da governação e pela amostra das práticas passadas, teremos o pior: na economia, a libertação, empurrá-la para fora do coberto, em tempo em que ela se defende da chuva. Nas finanças, a sangria da despesa pública social, com malabarismos na receita, ficando para vindouros as sequelas do imaginativo modelo de titulação de créditos ou da antecipação de rendas; num caso e noutro, chão que já deu uvas. Na segurança social e na saúde, o relaxamento nas cobranças e a suborçamentação, que levaram ao caricato orçamento inicial de 2005. Sem coragem para defender o que lhe vai na alma: o segundo pilar obrigatório nas pensões e o co-pagamento no ponto de consumo dos cuidados de saúde. Na justiça e na educação, continuaria o ‘dolce fare niente', sem coragem para afrontar corporações, fugindo da rua como o diabo da cruz. Na administração pública, enterrada bem fundo a grotesca proposta de despedir 200.000, restar-lhe-á a apropriação do Simplex. Só na Agricultura terá já programa escrito: o dos "grandes agrários" e de um antigo protagonista. Enleados em conflitos de interesses, coincidentes no arcaísmo.
Os debates em curso no universo PSD cautelosamente não geram conclusões, servem apenas para ganhar tempo. Férias e um rápido regresso ao modelo adoptado nas europeias - ruído e fulanização - fariam desfocar o debate, apagando o confronto de ideias. Pura ilusão: nem o desinteresse pela Europa se repete, nem o julgamento se dispensa. Sim, o PS vai a julgamento. Mas também o PSD, pelo que terá que apresentar alegações e provas de factos. A insustentável leveza argumental não existe nas legislativas. Queira ou não, o PSD terá que apresentar políticas, objectivos e metas. Só os partidos do anti-governo podem escapar, na sua histórica irresponsabilidade. Aos que pretendem e querem governar, se não apresentarem programa ou ele for apenas translúcido, não faltará, no Povo, quem lhe carregue as tintas, quem sobre ele conclua o que os seus autores não queriam esclarecer. Venha, pois, o programa do PSD. [Diário Económico, António Correia de Campos]
Jantar em Ovar - Empresários elogiam trabalho do ex-ministro Manuel Pinho
O ex-ministro da Economia Manuel Pinho foi considerado como tendo sido "incansável" por cerca de 100 empresários de diversos sectores da indústria e várias regiões do país, reunidos num jantar de homenagem em Ovar.
Manuel Pinho foi também apontado como impulsionador da "diplomacia económica em Portugal" durante o jantar de homenagem organizado por iniciativa da empresa Bi-Silque em parceria com a Associação Portuguesa da Cortiça.
Virgílio Vasconcelos, administrador da Bi-Silque, líder na produção de quadros interactivos, considerou que Manuel Pinho "teve um bom trabalho enquanto ministro" e "foi um indivíduo incansável que se sacrificou profundamente pelas tecnologias ligadas à energia".
Manuel Pinho "ajudou diversos sectores nesta crise que ainda não acabou" acrescentou.
Para Virgílio Vasconcelos, "o que se passou na Assembleia da República foi um momento irracional, como os que pode ter qualquer ser humano".
Apesar de admitir que o gesto do ex-ministro - que há cerca de um mês levantou os dois dedos na testa simbolizando um par de cornos durante uma sessão do Parlamento - "não pode acontecer num sítio nobre como o Parlamento", o administrador da Bi-Silque considerou que "trabalhar tanto para depois ouvir aquelas coisas [de Bernardino Soares] fê-lo ter um gesto incontrolável".
"Quem não se sente não é filho de boa gente", disse, reconhecendo, no entanto, que Manuel Pinho "esteve bem em deixar o cargo".
Já António Rios Amorim, presidente da APCOR, não comentou a situação do Parlamento, mas afirmou que o jantar a decorrer "é uma homenagem justa a alguém que, nos últimos seis meses, dedicou grande parte do tempo ao sector tradicional da economia portuguesa".
"Ajudou a gizar um plano de apoio à indústria da cortiça e num espaço muito curto de tempo pô-lo de pé", recordou o presidente da APCOR.
Para José Manuel Fernandes, presidente do grupo Frezite, dedicado à engenharia de ferramentas de precisão, "o grande conhecimento que Manuel Pinho adquiriu no cargo" pode agora ter utilidade nas relações internacionais.
"Foi ele que lançou a diplomacia económica em Portugal", defendeu o empresário, acrescentando que "fez um trabalho duro de levantamento da realidade da economia nacional".
Entre as entidades presentes no jantar de homenagem, contam-se a APE (Associação Empresarial Portuguesa), a Apiccaps (indústria do calçado), o grupo faramcêutico Bial, o grupo de energia Martins, o IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento", entre outros. [Público]
A escolha de Miguel Vale de Almeida e Inês de Medeiros para as listas do PS surpreende, é certo. Se era esse o objectivo, foi cumprido, chamou de facto a atenção. Em ambos os casos, a escolha de José Sócrates, secretário-geral do PS, foi cirúrgica e estrategicamente transparente. É o piscar de olhos à esquerda, mas não à esquerda tradicional, mas à modernaça e hedonista, que tem demonstrado cada vez mais tendência para votar no Bloco.
Esta é uma esquerda com menos preocupações sociais que culturais. Uma esquerda que não está preocupada com as "vítimas da fome", mas com as vítimas da discriminação sexual ou mesmo cultural. É uma esquerda classe média, distante da base de apoio tradicional dos partidos socialistas que era o proletariado. E interessante para o eleitorado urbano do BE, que Sócrates sabe ter de conquistar se quiser ganhar as eleições.
Mas este é, ao mesmo tempo, um passo arriscado. Não está provado que o povo eleitor esteja, nesta altura de tantas preocupações, assim tão motivado para as caras mediáticas. Por causa da gravidade da crise, sim, mas também porque a desconfiança nas políticas e nos políticos cresceu à medida das dificuldades económicas. E não a diminui certamente "contratar" para a tão notável tarefa de ser político gente à qual não se conhece nenhuma ideia da mesma. Os exemplos anteriores - vide Maria Elisa, Ribeiro Cristóvão, etc... - não auguram nada de positivo. Ainda que Vale de Almeida seja conhecido pela sua defesa legal dos homossexuais, isso não pode ser todo um programa político.
Por outro lado, as escolhas das listas socialistas põem também a descoberto outra pecha política que não se cinge ao PS - antes assim acontecesse. As listas não trazem consigo um capital de esperança de que os eleitores neste momento estavam tão necessitados… [Diário de Notícias]
Até há quatro anos a conversa comum entre os cidadãos portugueses era feita, com inteira resignação, no sentido de que os senhores poderosos praticavam actos ilegais e não eram punidos, fugiam aos impostos e nada lhes acontecia, gozavam os privilégios e os benefícios que não estavam inscritos em lei nenhuma e que constituíam uma reserva para uso próprio.
Em certa medida, estes poderosos eram uma espécie de senhores feudais a quem era ainda reservada, na boa lógica de feudalismo, o direito de colocarem sob a sua protecção familiares ou amigos que aproveitavam das vantagens do senhor. Viveram-se muitos anos neste regime onde a ‘cunha’ era uma chave poderosa para ultrapassar dificuldades, para silenciar situações pouco claras, para atenuar os efeitos perniciosos desta ou daquela acção.
Os senhores poderosos constituíam uma espécie de casta única, quase intocável, que se passeava pelo país exibindo as suas riquezas e que muito raramente caía nas teias da lei. A maioria da população assistia passivamente sem protesto nem dor explícita a este tratamento desigual e tudo quanto aspiravam era ficar debaixo do manto protector do senhor. Nunca a revolta e a luta por garantir a igualdade dos cidadãos perante a lei.
Pois bem, por muito que distorçam a verdade, é um facto incontroverso que só no governo de Sócrates se dá uma reviravolta neste sistema iníquo, começando por um conjunto de medidas feitas lei, que passaram a atingir governantes, deputados e outros agentes de serviço público que se viram despojados desses privilégios. Por acção directa ou indirecta, o efeito de repor algum equilíbrio nesse sistema alastrou-se e foi atingindo outras áreas. Os senhores poderosos começaram então a ser incomodados pelo sistema de justiça sem nenhum gesto proteccionista do governo. Sócrates está hoje a pagar pela sua determinação em romper com o injusto e desequilibrado sistema feudal que então vigorava.
A justiça nunca levantou tantas investigações como nos últimos quatro anos. Ex-ministros, ex-secretários de estado, deputados, banqueiros, grandes empresários, conselheiros de estado, grandes produtores foram arguidos em muitos processos, alguns passaram por prisão preventiva. Outros foram condenados e presos. Por roubo, por corrupção, por tráfico de influências, por burla, por negócios ilícitos, etc. etc. Os senhores poderosos já não têm direitos especiais. ‘O Feudalismo do Século XX’ parece ter acabado. [Correio da Manhã, Emídio Rangel]
A única coisa boa dos períodos pré-eleitorais é que, no meio da lama que a ventoinha vai atirando, há coisas graves que ficam à vista de todos. E ficamos a ver como é tão bom ter negócios como Estado.
Percebo pouco ou nada de contentores e espero passar pela vida sem ter de dedicar atenção a um assunto em que não descortino grande interesse, para além de Elia Kazan. Mas no alegado 'escândalo' da Mota-Engil com a Administração do Porto de Lisboa há uma coisa que me espanta: a total e absoluta falta de risco das entidades privadas.
Não dou especial valor aos relatórios do Tribunal de Contas (TC). Há por ali um misto de desconhecimento da realidade e de moralismo exacerbado. Mas também há, e justamente, a ideia de que os senhores do TC falam como guardiões dos dinheiros públicos. E ainda bem.
Também não dou especial valor à anunciada atenção que o Ministério Público (MP) vai dar ao assunto. Duvido que exista grande ilegalidade e duvido ainda mais da capacidade do MP em produzir acusações relevantes em matérias económico-financeiras.
Dado o desconto à habitual ortodoxia do TC, ao voluntarismo do MP, aos aproveitamentos políticos (Jorge Coelho lidera a Mota-Engil), ninguém me consegue explicar porque é que o Estado assume o risco que devia ser de privados e garante arcar com os prejuízos de tudo o que possa correr mal? É que eu também gostava de fazer negócios assim. Eu e toda a gente.
Num dos muitos relatórios que se produziram sobre o assunto há uma frase que diz tudo. Está assinada pela ex-controladora financeira do Ministério das Obras Públicas: "Se o risco de tráfego é inaceitável para os bancos, dificilmente será aceitável pelo contribuinte".
O que Mariana Abrantes de Sousa queria dizer era muito simples: os bancos recusavam-se a financiar um negócio em que a 'variável tráfego' era tão incerta e, da mesma forma, o Estado também se devia recusar a fazê-lo. Mas o Estado aceitou e, mais bizarro, quer convencer-nos de que isso é óptimo. Pergunto eu, contribuinte: qual é o risco que os privados assumem nesta história?
A questão da falta de risco é, em Portugal, muito vasta. Está à vista de todos neste negócio. E à vista de quase todos em muitas parcerias público-privadas. Não tenho nada contra os negócios entre o Estado e o sector privado. Há imensos casos em que este modelo é o mais eficiente para as partes, para o contribuinte e, mais relevante, para os utilizadores.
Mas é inaceitável que, a pouco e pouco, a iniciativa privada em Portugal se vá transformando ou reduzindo a uma espécie de prestador de serviços que o Estado não assegura, mas em que o Estado concessiona tudo, garante os risco e ainda paga as contas se correr mal. [Expresso, Ricardo Costa]
Ira a banhos e voltar, saudável, é o que se deseja. Só nas praias da Costa da Caparica já foram salvas de naufrágio mais de uma dúzia de pessoas neste ano balnear.
Nos tempos que correm mais grave que a crise económica, para ir ao outro lado do Atlântico a bronzear-se, são as gripes e “péstinhas” o que mais dá que preocupar.
Gripe apanha-se em qualquer lugar, independentemente da estirpe ou virologia da dita. Agora até dentro de portas e sem ultrapassar as fronteiras existe risco de contágio. É uma realidade que devemos encarar com naturalidade. Parece que as fronteiras já só existem para rotular as pessoas de (e)imigrantes e nada mais.
O alarido, há quem diga, tanto pode provir de fundamentos de verdade como provocado por uma qualquer agitação, premeditada, promovida a partir de um qualquer laboratório da indústria farmacêutica. Vá-se lá saber!
Seja como for e como sempre e em tudo na vida, o que provoca prejuízos a uns traz, fabulosos, lucros a outros. No caso, são alguns laboratórios que beneficiam e vêm os seus cofres mais recheados.
É assim nas economias ditas de mercado aberto, com ou sem (sobretudo sem) reguladores competentes que assegurem algum equilíbrio, ainda que mínimo.
No contexto dos perdedores encontra-se a economia mexicana, em especial as áreas turísticas onde actualmente são praticados preços tão irrisórios nunca antes observados.
Num esforço de relançamento deste mercado turístico os operadores e agências vendem agora pacotes de ferias com destino às, paradisíacas, praias mexicanas, Riviera, Cancún e outras, a pouco mais de 460€uros, pouco acima de metade do custo observado no ano transacto.
Há agências a oferecer pacotes com tudo incluído, em hotel de quatro estrelas com estadia de sete noites por menos de 600€uros.
As férias estão aí, aproveite, caro/a leitor/a, e vá até ao México, aquilo é grande e por cá também já se começa a correr o risco de “agarrar” o vírus e não goza tanto.
A gripe A (H1N1), erradamente conhecida por gripe suína ou mexicana apresenta-se com os sintomas seguintes e mais ou menos em simultâneo ou progressivamente:
· Febre elevada de inicio súbito
· Arrepios
· Dores de cabeça
· Dores musculares
· Garganta inflamada
· Nariz entupido
· Tosse seca e intensa
· Dores articulares
· Mal-estar geral
Quem for “atacado” por estes sintomas, deve consultar, imediatamente, um médico, esteja onde estiver, no país ou estrangeiro.
Entretanto os cuidados a ter é evitar o contacto com pessoas que apresentem estes sintomas e ainda:
· Lavar frequentemente as mãos com água e sabão
· Tapar a boca e o nariz quando espirrar
Sem alarmismos nem exageros, cuide da saúde, da sua e de quem está por perto, precaveja-se, sempre e esteja onde estiver.
Enquanto a frota de Vasco da Gama aguardava a partida, “um velho, de aspecto venerando, (…) tais palavras tirou do experto peito: – A que novos desastres determinas de levar estes reinos e esta gente? (…) Que promessas de reinos, e de minas d'ouro, que lhe farás tão facilmente?”. Como nos conta Luís de Camões, a frota partiu para a Índia enquanto o velho vociferava no Restelo.
Hoje, os tempos são outros. Já não temos a ambição de descobrir a Índia e, menos ainda, de partir para uma aventura desconhecida. Apenas queríamos um comboio de alta velocidade que nos ligasse à Europa e um aeroporto que nos levasse a todos os continentes, em especial ao americano.
Os tempos também mudaram porque, com o aumento da esperança de vida e a redução da natalidade, existem hoje mais velhos que marinheiros. Alem disso, as mulheres, que vivem mais tempo, assumiram protagonismo e têm a sua voz, que é muito ouvida e ainda bem. Imaginemos então a cena nos dias de hoje. Em vez de um velho, existiria um coro deles, talvez com uma veneranda velha a dar o mote.
Então, a velha diria: "A que novos desastres determinas de levar estes reinos e esta gente?” Em pano de fundo, um coro de velhos responderia: "Ó glória de mandar! Ó vã cobiça desta vaidade, a quem chamamos Fama!”. Finalmente, a veneranda remataria: “Dura inquietação d'alma e da vida, fonte de desamparos e adultérios, sagaz consumidora conhecida de fazendas, de reinos e de impérios.”
Com tal cenário, a frota nem teria saído do estaleiro. (Destak, J. L. Pio Abreu via O Grande Zoo]
A dois meses das eleições legislativas, a discussão política está, erradamente, a centrar-se no défice público, quando deveria estar focada na avaliação de propostas concretas sobre o que cada partido se propõe fazer e, obviamente, no caso do PS, sobre o que José Sócrates fez e não fez.
A solidez e a qualidade das contas públicas portuguesas não é uma questão menor, especialmente tendo em conta os níveis de desequilíbrio orçamental e financeiro do país e o seu nível de endividamento externo. E o saldo orçamental e o nível de dívida pública são, naturalmente, variáveis que condicionam as decisões presentes e futuras de qualquer Governo responsável. Mas isso só torna ainda mais urgente a necessidade de os portugueses conhecerem as propostas dos partidos que se candidatam às eleições de 27 de Setembro e discuti-las no âmbito de uma posição orçamental que tem de ser hoje anti-cíclica, sem hipotecar o nosso futuro enquanto país.
Há, desde já, um indicador que merece ser analisado: como é que os investidores internacionais avaliam a capacidade de Portugal honrar os seus compromissos financeiros? Melhor do que a capacidade de países como a Espanha, a Itália, a Grécia ou mesmo o Reino Unido. Dito de outra forma, os mercados internacionais confiam mais em Portugal do que os próprios portugueses, especialmente os que estão, neste momento, a colocar o défice público no centro da discussão, como se constata do trabalho publicado na edição de hoje do Diário Económico.
A situação orçamental portuguesa não é a melhor, mas dificilmente poderia sê-lo no tempo de crise que vivemos e, apesar disso, é menos má do que a de outros países como Espanha ou a Alemanha. Bem sei que o nível de endividamento desses países e das respectivas famílias e empresas é diferente, para melhor, do português e, por isso, a sua margem de manobra orçamental é também diferente, para melhor.
Ora, também por isso, a discussão política já deveria estar centrada em dois pontos essenciais: medidas de curto prazo para combater a crise e um plano de médio/longo prazo para melhorar a produtividade e competitividade do país. Juntos, os dois pontos têm de resultar num crescimento económico mais elevado e numa redução sustentada do défice público para valores idênticos os registados em 2007 e 2008.
Quando a discussão política é reduzida à discussão do défice, o país está a olhar para trás, para 2003 e 2005, a regressar ao passado. Porque uma discussão dominada pelo défice mata qualquer esperança de os portugueses acreditarem no futuro, porque há mais vida para além do défice. [Diário Económico, António Costa, Director]
Na minha coluna deste Sábado no i discuto o caminho previsível da despesa pública (carinhosamente apelidada “o monstro” por Cavaco Silva) no seguimento do défice nas contas públicas.
Para escrever a coluna consultei um dado simples para medir o tamanho do monstro: o rácio dos gastos do Estado em consumo público em relação ao PIB. Reuni dados desde o início de 1986 e calculei a taxa anual de crescimento do monstro durante 4 períodos: os governos de Cavaco, Guterres, Durão-Santana, e Sócrates. O que descobri, sinceramente, surpreendeu-me.
O período de maior crescimento do monstro foram os anos em que o PSD estava no poder, com Durão Barroso e Santana Lopes: 0,350,61% por ano. Segue-se Cavaco (0,35%), e só depois Guterres (0,20%) e por fim Sócrates (0,11%). Quer dizer, o grande alimentador do monstro é o PSD, que supostamente é o partido mais à direita e fiscalmente mais responsável em Portugal. E o inventor do termo, numa crítica à governação de Guterres, afinal alimentou mais o monstro do que qualquer governo PS.
O que explica isto em Portugal? Não conheço bem a realidade política no país; pode-me alguém explicar afinal qual é o partido que defende e pratica o corte no tamanho do Estado? Ou estou a perceber mal as divisões políticas, e afinal a diferença entre as preferências dos partidos está na composição da despesa e não no seu tamanho?
Nos EUA nos últimos 25 anos, a despesa pública durante Clinton foi em média semelhante à durante Reagan e os dois Bush. Por isso, hoje em dia a maioria dos politólogos não distinguem os dois partidos em termos do tamanho do Estado, mas antes na composição da despesa, mais militar no caso dos republicanos e mais no Estado-Providência no caso dos democratas. Isto parece estar rapidamente mudar com o plano de Obama de aumentar o Estado no sector da saúde.)
Uma nota final: Não é minha intenção entrar no debate político de quem é melhor ou pior, mais sério, ou menos determinado. Coloco esta questão, neste espaço de debate, apenas para tentar perceber este facto importante da economia política em Portugal nos últimos 20 anos. [sedes, Ricardo Reis]
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