Com algum atraso e com a sua autorização, aqui vai mais um "Estranho quotidiano", traduzido por J.L.Pio Abreu em mais uma das suas crónicas ("O mercado"), publicadas no DESTAK.
O Mercado
"O leitor já alguma vez jogou na bolsa? Duvido que agora o faça, mas é possível que tenha cedido à tentação num momento em que todos ganhavam com isso (um "bull market"). Seguramente, andou um pouco ganancioso enquanto tudo corria bem, mas acabou por perder porque outros mais gananciosos o fintaram.
Dizem que o Mercado é o lugar onde os interesses dos cidadãos se equilibram harmoniosamente, mas não é. Apenas uma minúscula parte dos cidadãos opera directamente no Mercado. De todos, são os mais gananciosos e truculentos. São mestres do ofício de dar mais dinheiro a quem já o tem, a começar por eles próprios.
Os agentes do Mercado podem convencer-se que trabalham para fundos de pensões, dando ganhos aos reformados e aforradores que neles confiaram. No fundo, porém, estão a pensar na sua extravagante comissão. Arriscam tudo e arriscam, sobretudo, o dinheiro dos outros, sabendo que o mais que arriscam, da sua parte, é o despedimento com uma choruda indemnização. Nunca ficam pobres como aqueles que fazem empobrecer.
A população trabalhadora e pacífica sempre se sujeitou aos invasores e cúmplices locais que, sendo minoritários, eram suficientemente agressivos para imporem a sua lei gananciosa. Com a democracia, pensámos que nos livrávamos deles. Mas não. A minoria agressiva disfarça-se hoje de agentes do Mercado. Com grande sofisticação, destroem pessoas, empresas e nações. Poderão os políticos democratas lutar contra eles? Talvez não. O mais que podem, tal como dantes, é fazer acordos e enviar sinais para os acalmar". [J. L. Pio Abreu]
- Postado por RN em 31.3.2010, O Grande Zoo
Este grupo de vesgos e ignorantes oposicionistas assinaram um manifesto anti-eólicas:
Mira Amaral, Alexandre Relvas, António Borges, Augusto Barroso, Demétrio Alves, Fernando Santo, Francisco Van Zeller, Henrique Neto, João Duque, João Salgueiro, Luís Campos e Cunha, Valente de Oliveira, Avelino de Jesus, Miguel Cadilhe, Miguel Horta e Costa, Pedro Ferraz da Costa e Pedro Sampaio Nunes.
Estão contra a política de fomento da produção de energia eléctrica com base no vento.
Dizem as bestas que as eólicas são caras.
São capazes de ser, mas o seu êxito mundial torna este tipo de produção energética relativamente mais caro porque está a tornar mais baratos os dois grandes combustíveis poluentes utilizados na produção de energia eléctrica, o carvão e o resíduo pesado da refinação do petróleo que não serve para outra coisa a não ser para ser queimado em centrais térmicas e fábricas de cimento.
Todos os países europeus têm instalado torres eólicas e outros como a Austrália, China e muito outros já instalaram centenas de milhares de torres.
Estas tornam um país menos poluente e mais independente da importação de combustíveis fósseis. No caso português acresce-se a instalação de novas indústrias que fabricam e exportam muito do material utilizado no fabrico das torres. Saliento em particular a Efacec, a Martinfer, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo que produzem as pás e outras fábricas estrangeiras que produzem também pás, geradores, etc.
O principal problema português é o do excesso de IMPORTAÇÕES, pelo que tudo o que reduza as importações e permita a exportação é bem vindo, mesmo que não seja o mais barato do Mundo. A Martinfer está a construir no Reino Unido o maior parque eólico da Europa em que a maior parte das torres estão assentes no mar. Não considerar isto é mesmo ser-se anti-português.
Portugal nunca pode seguir a política de importar tudo, apenas porque num mundo com 700 vezes mais habitantes que Portugal há sempre alguém capaz de produzir melhor e mais barato.
Para além disso, os subscritores anti-patrióticos do manifesto anti-eólicas não sabem que a electricidade dos parques eólicos pode ser consumida perto do local de produção, caso das muitas eólicas instaladas perto de Lisboa, junto à A8.
Por essa razão, a Austrália instalou milhares de torres eólicas ao longo das suas costas pouco e muito habitadas para evitar o custo do transporte da electricidade.
Houve quem tivesse dito que as eólicas em Portugal não ajudam a descer o preço dos combustíveis fósseis. Claro, não podia ser de outra maneira num pequeno país de 10 milhões de habitantes, mas as eólicas estão a ser instaladas em todo, mas todo, o Mundo e estão a impedir a poluição em CO2, além de tornarem os combustíveis mais baratos.
Para além das eólicas, Portugal está a entrar bem na electricidade fotovoltaica e, em breve, entrará na energia solar concentrada para alimentar centrais térmicas a vapor. A Espanha está a fazê-lo com grandes custos, mas sabe que os espelhos podem tornar-se muito mais baratos na medida em que forem fabricados em grandes quantidades e aperfeiçoada a técnica em causa.
O automóvel eléctrico associado aos autocarros eléctricos, comboios eléctricos e metro poderão com as eólicas, as barragens, as centrais fotovoltaicas e solares tornar o Portugal e muitos países do Mundo quase independentes da importação dos combustíveis fósseis. Conforme se avance neste aspecto, o resultado será, a nível mundial, a redução do preço do carvão e do petróleo bruto, pelo que haverá sempre um estúpido a dizer que as energias nacionais são mais caras, apesar de não entrarem em conta com a amortização dos capitais investidos e na redução dos preços dos equipamentos conforme evolua a técnica.
Portugal necessita de produzir o mais possível de todo o tipo de bens. A energia é vital e as importações energéticas representam a quase totalidade do défice externo.
Não posso deixar pois de verberar como anti-patriotas e vesgos aqueles que assinaram o manifesto anti-energias renováveis.
É tempo de acabar com o oposicionismo anti-patriótico. A economia portuguesa só cresce com trabalho e a construção de barragens e torres eólicas representam trabalho português para eliminar importações e, como tal, reduzir o endividamento externo.
Portugal tem de aprender a fazer tudo e exportar e não apenas aquilo que algumas bestas acham que é bom e que até agora nem disseram o que seria.
A electricidade não é cara nem particularmente barata, mas os dispositivos economizadores de electricidade existem em cada vez maior quantidade, tanto para uso doméstico como industrial. Só economistas estúpidos é que desconhecem isso. Até num prédio relativamente modesto como aquele que habito instalámos um dispositivo automático para poupar electricidade em que a luz se acende apenas nos patamares que estão a ser utilizados e instalámos outro para chamar o elevador que estiver mais perto.
Nas fábricas há uma multidão de dispositivos para reduzir o consumo das mais diversas máquinas e nos hotéis, restaurantes, etc. há cada vez dispositivos que nem deixam uma pessoa acabar a mija e desligam a luz.
Em minha casa, uso apenas lâmpadas económicas e no prédio também. Não é verdade que a economia necessite de electricidade mais barata para crescer; antes pelo contrário, necessitamos de reduzir e racionalizar o consumo, o que está a ser feito um pouco por toda a parte no País e no estrangeiro.
Os nossos políticos dividem-se em dois grupos: Um formado por gente totalmente incapaz e outro por gente capaz de tudo.
"Eu é que não as pago" - terá declarado a deputada Inês de Medeiros a propósito das seis viagens que já efectuou a Paris para ir ver a família. Os cornos do ex-ministro Manuel Pinho não passam de uma brincadeira de mau gosto ao pé do desaforo desta frase. A deputada Inês de Medeiros pode viver em Poiares ou Pequim. Paranhos da Beira ou Praga. No Porto ou em Petersburgo. Mas, se se candidata a deputada por Lisboa, não é aceitável que exija que os seus concidadãos lhe paguem as viagens para os locais onde entende que reside a sua família. Se alguém lhe disse o contrário quando aceitou candidatar-se a deputada por Lisboa, embora tendo a família em Paris ou em qualquer outra cidade começada por P existente no planeta Terra ou no despromovido Plutão, esse é um problema que a deputada terá de resolver com o partido que a convidou, mas é um problema que não nos diz respeito. Na verdade, a deputada Inês de Medeiros recorreu a um estratagema muito comum quando se quer iludir o Estado: dá-se outra morada. Há quem o faça para que os filhos vão para uma determinada escola pública ou para serem integrados num centro de saúde onde exista médico de família. Dando outra morada, Inês de Medeiros conseguiu eleger-se por Lisboa. Mas agora a senhora deputada quer ainda ser compensada por essa sua esperteza e diz que não paga as viagens que já efectuou. Os contribuintes portugueses é que não devem pagar certamente. E não é por o país estar em crise, nem sequer porque centenas de portugueses fazem viagens equivalentes pagas do seu bolso, aos fins-de-semana, em carrinhas nem sempre seguras que os trazem de umas obras em Espanha até Portugal. Não é por nada disso. É por uma questão de decência. Para a próxima legislatura, a senhora deputada pode beneficiar de ajudas de custo para viajar para Paris se concorrer pelo círculo da emigração, coisa que pelo menos a obrigaria contactar mais com o povinho e, quiçá, de vez em quando sair da torre de marfim da classe executiva. Quem sabe isso ainda lhe dava um filme.
Público
Assim vai o reino de Portugal
A remuneração dos administradores da Portugal Telecom em 2009 foi de 5,3 milhões de euros em salários fixos e 6 milhões de euros em prémios. [DN 17 de Março de 2010].
A remuneração do presidente executivo (CEO) é a que consta do quadro seguinte de acordo com a fonte citada.
CEO da PT em 2009 |
Remun. fixa |
Prémios |
Remun. Total |
Anual |
711.000 |
1.794.000 |
2.505.000 |
Mensal (14 vezes p/ano) |
50.786 |
128.143 |
178.929 |
Valor em salários mínimos |
113 |
285 |
398 |
O salário mínimo em 2009 foi de 450 euros por mês e com este rendimento e ainda menos vivem (sobrevivem ou morrem aos poucos) centenas de milhar de portugueses.
Portugal é dos países da União Europeia onde a desigualdade, o abismo entre os mais ricos e os mais pobres, é maior.
Quantas pessoas é necessário condenar à degração material e moral para alimentar estes gestores de muito alimento? Estas remunerações não escandalizam ninguém ?
Não estou a sugerir que estes e outros bons portugueses (quantos milhares?) que a corrupção institucional da ordem vigente alimenta escandalosamente à custa do resto da comunidade deveriam ganhar o salário mínimo. Que diabo, alguns têm mérito, por isso deveriam ser bem pagos, digamos o dobro ou o triplo do que ganha o presidente da república ou dito de outro modo até uns 50 salários mínimos ou mesmo até um pouco mais nos casos comprovados de mérito excepcional.
Admito que alguns destes senhores até se sinta prejudicado e considere o seu um ordenado de miséria ao compará-lo com o de Jorge Jardim Gonçalves do BCP em 2005
Presid. CA do BCP |
Remun. fixa |
Prémio |
Remun. Total |
Por ano |
990.000 |
4.820.000 |
5.810.000 |
Por mês |
70.714 |
344.286 |
415.714 |
Valor em salários mínimos |
189 |
921 |
1.110 |
O salário mínimo em 2005 era de 373,64 euros. (Fonte supl."Economia" do DN, 2006-03-01)
Na injusta desigualdade social e do mundo do trabalho estamos em linha com a mais injusta e desigual Europa.
- posted by Raimundo Narciso, em Puxa Palavra, 28.03.2010
Leo en este periódico la insistencia de dos magistrados para anular las escuchas ordenadas por el juez Garzón en la cárcel de Soto del Real entre imputados del caso Gürtel y sus abogados. Las autoridades suizas han acreditado que los cabecillas de la red, Francisco Correa y Pablo Crespo, ocultan en ese país 21 millones de euros. Presuntamente tienen muchos más millones a buen recaudo en otros paraísos fiscales. No se puede entender que en el Tribunal Superior de Justicia de Madrid dos magistrados estén queriendo recusar pruebas clave que contribuirían a la imputación del delito de estos supuestos delincuentes. Somos muchos los que no comprendemos la utilidad de estos vaivenes jurídicos que retrasan tanto los procesos. Somos muchos los que pagamos cívicamente nuestros impuestos y nos sentimos timados viendo cómo se cometen estos grandes fraudes fiscales con la connivencia de magistrados, de abogados, de partidos políticos que miran hacia otro lado... No engañan a nadie.
Li neste jornal a insistência de dois juízes para anular as escutas ordenadas pelo juiz Garzon que levaram á prisão de Soto del Real entre os réus do caso Gurtel e seus advogados. As autoridades suíças acreditam que os líderes da rede, Francisco Correa e Morgan Lisa, esconderam nesse país 21 milhões de euros. Muitos outros milhões já estariam seguros em outros paraísos fiscais. Não se pode entender que no Supremo Tribunal de Justiça de Madrid dois juízes estão querendo recusar elementos-chave que contribuiriam para a imputação do crime dos alegados criminosos. Muitos de nós não compreendemos a utilidade dessas atitudes jurídicas que atrasam bastante os processos. Muitos de nós pagamos civicamente os nossos impostos e sentimo-nos roubados a ver como as grandes fraudes fiscais cometidas com a conivência de magistrados, advogados, partidos políticos que desviam o olhar... Não enganam já ninguém.
Emma Barral Peralta. Madrid.
El País
Não há maus juízes...
O Conselho Superior da Magistratura (CSM) fez entrega recente à Assembleia da República de um descritivo acerca das notas dos juízes. Coisa estranha, uma espécie de prestação de contas de um órgão de soberania a outro; logo de um que tanto preza e defende o princípio da sua independência, que, ao que se diz e escreve por aí, vem dormindo em fracos lençóis.
Não me convencem o realismo e o rigor daquelas notas: não acredito nelas, simplesmente (também tenho direito às minhas convicções...). E já nem me suporto em solidariedade ou corporativismo, como alguns aventam, ou na asserção de que "na justiça ninguém controla ninguém". O que me parece é uma inflação ensurdecedora a ferir tais notas, não podendo crer que na magistratura não operem maus juízes (nem medíocres...), ocasionando certos incómodos e uma clara injustiça à esmagadora maioria dos que serão, certamente, bons juízes. E tão-só se deterá a avaliação pela atitude profissional do público-alvo, não descendo (ou subindo) ao patamar da atitude pessoal... Depois, um manancial crescente de recursos para instâncias superiores que, vezes inúmeras, alteram substancialmente decisões anteriores, porque más decisões, equivale a algo de sintomático. Finalmente, as queixas de que são alvos os juízes para o CSM têm progredido de forma assinalável, ao menos quantitativa, e, naturalmente, por "bons" motivos. O que o CSM não nos revela, e acertado seria que o fizesse, é o teor de tais queixas, em que foro se encaixam, aquilo que as vai espoletando. E, mais pertinente ainda, qual o desfecho das mesmas, o que permitiria aquilatar do nível de operacionalidade do CSM em matéria disciplinar...
Público
O papel do Estado-Nação no contexto da "Globalização e Política", segundo a tese do Prof. Holgonsi Siqueira - Brasil.
Não tem, infelizmente, ocupado o centro dos debates nem, tão pouco, havido a suficiente polémização a respeito da globalização, da questão da diminuição ou enfraquecimento do papel do Estado-nação.
No caso português, as tarefas do Estado estão, claramente, plasmadas no artº 9º da Constituição da Republica, as quais podem, em certas circunstancias, mal ou bem, ser alteradas.
Segundo o Professor acima citado “Neste contexto predominado pela ideologia neoliberal, há uma mudança de paradigmas e toda uma nova conceituação a respeito das questões sociais, cidadania, soberania, hegemonia, autonomia entre tantas outras que passam por alterações frente ao novo Estado-nação, Estado fraco ou mínimo, como preferem alguns autores. (Principio da intervenção mínima, artº 2º da CRP)
As relações económicas são reguladas pelo mercado num mundo sem fronteiras, de reestruturação tecnológicas, que afecta tanto as formas de produção, organização e gestão empresarial quanto à própria natureza do Estado e a sua função enquanto instituição reguladora e promotora do bem-estar social e económico. (Principio da liberdade e livre iniciativa, artº 26º CRP)
Após alguns anos da implantação desta nova ordem global de liberação económica, privatizações e revoluções tecnológicas, podemos verificar que houve muitos avanços como na área da tecnologia, nos meios de comunicação e informação entre outros, mas por outro lado, trouxe muitos prejuízos, nas áreas sociais, económicas, trabalhistas e humanas para muitas pessoas que são atingidas (negativamente) pelos impactos tecnológicos e que em grande parte não tem meios alternativos para a situação em que se encontram. (Não tem sido salvaguardado Principio da dignidade humana, artº 1º CRP)
Daí toda a discussão a respeito da intervenção do Estado na promoção do interesse público, nas suas mais diversas áreas e nos vários níveis de intensidade, conciliando a responsabilidade ou dever de conduzir uma economia de mercado estabilizada perante o sistema financeiro internacional, com os problemas sociais urgentes de uma sociedade necessitada, que ainda precisam ser resolvidos, principalmente nos países periféricos. (Falhou a garantia do respeito pela dignidade e soberania dos povos, artº 3º CRP)
Portanto, torna-se necessário promover várias formas de debates, discussões, pesquisas que encaminhem soluções práticas e executáveis para estes problemas.”
O debate que por estes dias tem sido feito e irá continuar a fazer-se, quer em torno do PEC cujo real conteúdo é um Programa Económico de Retracção (em vez de “Estabilidade e Crescimento”) tal como as dívidas públicas, sobretudo a da Grécia, não tem ido e continuará a não ir ao âmago das questões, o que leva, mais uma vez, a demonstrar que a Europa não é capaz de se libertar das influências deterministas dos EUA, através das agências de ranking e do FMI.
Os EUA e suas políticas, arranjaram sempre, e assim parece manter-se, aliados no velho continente, para que a Europa não seja autónoma na resolução dos seus próprios problemas.
Novos paradigmas necessitam de novas soluções, haja coragem de assumir uns e outras.
Na sua infância e adolescência não pode ter deixado de ser profundamente marcado pelos dramáticos acontecimentos da sua época: as invasões francesas, o domínio inglês e o influxo das ideias liberais, vindas sobretudo da França, que conduziriam à Revolução de 1820. Até aos 15 anos frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe de Néry, então instalados no Convento das Necessidades em Lisboa, onde recebeu uma formação de índole essencialmente clássica, mas aberta às novas ideias científicas.
Impedido de prosseguir estudos universitários (o pai cegou em 1827, ficando impossibilitado de prover ao sustento da família) ficou disponível para adquirir uma sólida formação literária que passou pelo estudo de inglês, francês, italiano e alemão, línguas que foram decisivas para a sua obra literária. Estudou Latim, Lógica e Retórica no Palácio das Necessidades e, mais tarde, na Academia da Marinha Real, estudou matemática com a intenção de seguir uma carreira comercial.
Com apenas 21 anos, participará na revolta de 21 de Agosto de 1831 do Regimento n.° 4 de Infantaria de Lisboa contra o governo ditatorial de D. Miguel I, o que o obrigará, após o fracasso daquela revolta militar, a refugiar-se num navio francês fundeado no Tejo, nele passando à Inglaterra e, posteriormente, à França, indo depois juntar-se ao exército Liberal de D. Pedro IV, na Ilha Terceira (Açores). Alistado como soldado no Regimento dos Voluntários da Rainha, como Garrett, é um dos 7 500 "Bravos do Mindelo", assim designados por terem integrado a expedição militar comandada por D. Pedro IV que desembarcou, em 8 de Julho de 1832, próximo da praia do Mindelo (um pouco a Norte do Porto - hoje "praia da Memória"), a fim de cercar e tomar a cidade do Porto. Como soldado, participou em acções de elevado risco e mérito militar.
Passado à disponibilidade pelo próprio D. Pedro IV, foi por este nomeado segundo bibliotecário da Biblioteca do Porto. Aí permaneceu até ter sido convidado a dirigir a Revista Panorama, de Lisboa, revista de carácter artístico e científico de que era proprietária a Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, patrocinada pela própria rainha D. Maria II, de que foi redactor principal de 1837 a 1839.
Fez poesia, como A Voz do Profeta em 1836 e A Harpa do Crente em 1838, publicou obras como Eurico, o Presbítero de 1844 (obra maior do Romance Histórico em Portugal no século XIX) e a História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal. Mas a obra que vai transformar Alexandre Herculano no maior português do século XIX é a sua História de Portugal, cujo primeiro volume (de 4) é publicado em 1846. Obra que introduz a historiografia científica em Portugal, não podia deixar de levantar enorme polémica, sobretudo com os sectores mais conservadores, encabeçados pelo clero.
Atacado pelo clero por não ter admitido como verdade histórica o célebre Milagre de Ourique – segundo o qual Cristo aparecera ao rei Afonso Henriques naquela batalha -, Herculano acaba por vir a terreiro em defesa da verdade científica da sua obra, desferindo implacáveis golpes sobre o clero ultramontano, sobretudo nos opúsculos Eu e o Clero e Solemnia Verba.
O prestígio que a História de Portugal lhe granjeara leva a Academia das Ciências de Lisboa a nomeá-lo seu sócio efectivo (1852) e a encarregá-lo do projecto de recolha dos Portugaliae Monumenta Historica (recolha de documentos valiosos dispersos pelos cartórios conventuais do país), projecto que empreende em 1853 e 1854.
Herculano permanecerá fiel aos seus ideais políticos e à Carta Constitucional, que o impedira de aderir ao Setembrismo. Apesar de estreitamente ligado aos círculos do novo poder Liberal (foi deputado às Cortes e preceptor do futuro Rei D. Pedro V), recusou fazer parte do primeiro Governo da Regeneração, chefiado pelo Duque de Saldanha. Recusou honrarias e condecorações e, a par da sua obra literária e científica, de que nunca se afastou inteiramente, preferiu retirar-se progressivamente para um exílio que tinha tanto de vocação como de desilusão. Numa carta a Almeida Garrett confessara ser seu mais íntimo desejo ver-se entre quatro serras, dispondo de algumas leiras próprias, umas botas grosseiras e um chapéu de Braga. Ainda desempenhou o cargo de Presidente da Câmara de Belém (1854 de 1855), cargo que abandona rapidamente.
Em 1857, após o seu casamento com D. Mariana Meira, retira-se definitivamente para a sua quinta de Vale Lobos (Azóia, Santarém) para se dedicar (quase) inteiramente à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual - ancorado no porto tranquilo e feliz do silêncio e da tranquilidade, como escreverá na advertência prévia ao primeiro volume dos Opúsculos.
(Nas Cortes/Parlamento e no exílio em Vale de Lobos) Herculano exerce um autêntico magistério moral sobre o País (reconhecido pelos seus pares e concidadãos de qualquer quadrante partidário). Na verdade, este homem frágil e pequeno, mas dono de uma energia e de um carácter inquebrantáveis era um exemplo de fidelidade a ideais e a valores que contrastavam com o pântano da vida pública portuguesa. Isto dá vontade de morrer!, exclamara ele, decepcionado pelo espectáculo torpe da vida pública portuguesa, que todos os seus ideais vilipendiara.
Aquando da segunda viagem do Imperador do Brasil a Portugal, em 1867, Herculano entendeu retribuir, em Lisboa, a visita que o monarca lhe fizera em Vale de Lobos, mas devido à sua débil saúde contraiu uma pneumonia dupla de que viria a falecer, em Vale de Lobos, em 13 de Setembro de 1877.
A revista alemã “Der Spiegel” escreveu na sua edição "on-line" o seguinte texto como resumo do que sairá amanhã (29-03-10) na edição em papel:
Ferrostaal soll auch für andere Firmen Schmiergeld- Geschäfte organisiert haben
Der unter Korruptionsverdacht stehende Ferrostaal-Konzern hat offenbar nicht nur selber jahrelang Schmiergelder bezahlt, sondern vermutlich auch für andere Unternehmen die Zahlung von Bestechungsgeldern organisiert.
Im Zentrum des aktuellen Schmiergeldskandals steht jedoch die Lieferung zweier U-Boote an Portugal. Ferrostaal, das zusammen mit HDW und den Thyssen Nordseewerken geboten hatte, gewann im November 2003 den 880-Millionen-Euro-Auftrag. In den Akten der Ermittler heißt es, dass ein portugiesischer Honorarkonsul bei der Anbahnung des U-Boot Geschäfts behilflich war. Der Nebenjob-Diplomat habe im Sommer 2002 sogar ein direktes Gespräch zwischen einem Ferrostaal Vorstand und dem damaligen portugiesischen Premierminister José Manuel Barroso vermittelt. Insgesamt soll der Honorarkonsul für seine "zielführende Assistenz" letztlich gut 1,6 Millionen Euro kassiert haben. Die Münchner Staatsanwälte stießen bei dem Geschäft auf mehr als ein Dutzend verdächtige Vermittlungs- und Beraterverträge. Sie alle sollen, so steht es in den Ermittlungsakten, "zur Verschleierung von Zahlungswegen" gedient haben, um diese "an Entscheidungsträger der Regierung, der Ministerien oder der Marine Portugals als Bestechungsgelder" weiterzugeben. Ferrostaal will sich wegen der laufenden Ermittlungen zu den Vorwürfen nicht äußern.
Tradução:
A Ferrostaal terá também organizado negócios de corrupção para outras empresas.
O Grupo Ferrostaal, que está sob a suspeita de corrupção, não só pagou durante anos luvas como terá organizado o pagamento de dinheiros corruptos de outras empresas.
No centro do escândalo do pagamento de dinheiros corruptos está o fornecimento de dois submarinos a Portugal. A proposta da Ferrostaal em conjunto com a HDW e a Thyssen Nordseewerke ganhou em Novembro de 2003 o contrato no valor de 880 milhões de euros. Nas actas dos investigadores judiciais está dito que um cônsul honorário colaborou na execução do negócio. O diplomata em tempo parcial organizou um encontro entre um administrador da Ferrostaal e o então primeiro ministro José Manuel Barroso. No total, o cônsul honorário recebeu pela sua “assistência objectiva” 1,6 milhões de euros. A Procuradoria de Justiça de Munique encontrou mais de uma dúzia de contratos de mediação e consultadoria que se destinavam a disfarçar o pagamento de luvas a “decisores do Governo, dos Ministérios e da Marinha de Portugal”. Ferrostaal recusa-se a fazer qualquer declaração devido às investigações em curso.
A revista "Der Spiegel" em papel informa que o Sr. Klaus Leske, administrador da Ferrostaal" foi preso preventivamente em Munique devido a este caso de corrupção que parece não alarmar em nada o DCIAP ou o Procurador da Justiça. Como não se trata do Sócrates, a Justiça Portuguesa comandada pelo Sr. Palma não investiga.
O problema grego não é o défice
Nos últimos tempos multiplicaram-se os paralelismos com a situação política, social e económica na Grécia. Quanto às intenções estamos bem esclarecidos:
como sempre, elas visam instrumentalizar mediaticamente a contestação grega como chantagem para as mesmas prescrições de sempre, conteção salarial, redução despesa pública.
Por toda a comunicação social temos assistido a jornalistas e analistas totalmente alheados do contexto grego, ao ponto de se chegar a caír no ridiculo de tratar as amplas manifestações populares como de protestos contra o défice!...
A verdade é que a semelhança dos dois países, infelizmente, não se fica pela questão do défice. No plano político, o povo grego libertou-se de uma ditadura militar ("dos coroneis") em 1974 e a adesão à CEE em 1981 (5 anos antes da nossa). Nos 30 anos de liberdade apenas dois partidos têm governado entre si o país (PASOK, socialistas do centro esquerda e a Nova Democracia de direita) numa lógica do centrão muito familiar. O partido comunista grego é estalinista e o mais ortodoxo da europa. O Syriza congrega toda a extrema esquerda numa coligação eleitoral.
As revoltas de dezembro de 2008 que vimos na TV aconteceram, essencialmente, devido a 3 problemas da sociedade grega.
1- O assassinato de um jovem de 15 anos, Alexis, por parte da polícia grega. No bairro de Exarchia, em Atenas, onde vive uma comunidade com muitos estudantes e artistas, de anarquistas e de muita gente de esquerda, a brutalidade da polícia é quotidianamente implacável.
São efectuadas rusgas e detenções sem mandato ou razão. Apenas porque ali vive muita gente que pensa e que critica e coloca em causa a ordem (podre, diria) instalada. Assim, a policia exerce a sua função de controlo e vigilância da população.
Quando lá estivemos, em Janeiro de 2009, numa manifestação de estudantes universitários a polícia prendeu 40 pessoas que se encontravam num mercado umas horas após a manifestação ter terminado. Agrediram e prenderam elementos do corpo de advogados da manifestação e vários médicos que acorreram em auxilio das pessoas agredidas pela polícia (o mercado era em frente a um hospital).
A pretexto dos jogos olimpicos de Atenas, foi aprovado uma lei "anti-terrorista", prevista a nível europeu, que permite às forças de segurança deter qualquer pessoa por 48h sem a minima suspeita. (A Dinamarca também aprovou essa lei nos meses anteriores à cimeira do COP-15, já prevendo os protestos e usou-a para prender vários activstas). É dificil de perceber como as forças policiais têm permissão para estes abusos, no seculo XXI e em plena União Europeia.
2- A reforma que pretendia ser levada a cabo pelos socialistas gregos no ensino superior (e que foi impedida pelos protestos), que terminava uma alinea constitucional que proíbe a entrada da polícia e exército no espaço das universidades. É preciso perceber o que isto vale simbólicamente: o movimento estudantil grego está melhor organizado que o movimento operário e, históricamente, foi fundamental no combate à ditadura militar. Nesse tempo, as faculdades (Belas Artes é o maior exemplo) era o centro da contestação.
Retirar esta salvaguarda constitucional de independencia do meio universitário, simboliza a rejeição do mérito da luta estudantil na conquista da liberdade e significa a vontade do governo de impôr reformas pela força e não democraticamente. As manifestações que nos chegaram pela comunicação social tiveram origem na luta dos estudantes contra esta reforma constitucional, a que mais tarde se juntaram os protestos contra a violência da policia.
3- A juventude grega tem um futuro sombrio. Ficou-me uma ideia em conversa com um dirigente estudantil: "nós somos a primeira geração que terá uma vida pior que a dos seus pais". Como a nossa, a precariedade é também uma condição da juventude grega. Como em Portugal, também foram despejados biliões para a banca. Lá, como aqui, as medidas de "austeridade" preparam-se para congelar os salários dos mais pobres dos trabalhadores da europa. É deprimente e demagógica todos aqueles que têm tentado apropriar-se dos protestos gregos, descontextualizando-os, tentando dessa forma sustentar as mesmas politicas de congelamento de salários e de privatizações (previstas no nosso PEC) e contra as quais os gregos se estão a manifestar.
- Publicada por Zé Miranda em 2010.03.09, Profunda Ignorância
Acabei de ouvir dois asnos a falarem no programa “plano inclinado” da SIC, o Bagão Félix e o Medina Carreira.
O Bagão Félix diz que se a dívida pública deve ser calculada pela soma da dívida actual escriturada mais as obrigações futuras do Estado com os actuais pensionistas e com todos aqueles que estão a trabalhar e a descontar e que isso monta a mais de 200% do PIB.
O homem é completamente estúpido; não sabe que morrem todos os dias cerca de 264 a 270 portugueses, o que dá uns 100.000 por ano. Portugal é um país feliz em que morrem menos de 1% da população por ano, mas morrem ou morreremos todos.
Quer isto dizer que nos próximos quarenta anos vão morrer mais de quatro milhões de cidadãos e outros tantos serão reformados, devendo a incidência de mortes ser cada vez maior quanto mais avançada for a idade das pessoas, logo em percentagem muito maior na idade da reforma. Olhar para as reformas actuais e futuras como uma dívida do Estado sem considerar aqueles.
Os dois mamíferos placentários defendem os sistemas privados de capitalização e alegam o grande aumento das cotações bolsistas no passado, esquecendo que esse crescimento especulativo foi o detonador da actual crise e que levou a quebras gigantescas nas cotações dos títulos das maiores empresas do Mundo e à quase falência de algumas como a GM, Ford, Siemens, Hoechst, Bayer, etc., etc. Eles esquecem que a passagem do modelo estatal para o privado implica que durante muitas décadas o Estado continue a arcar com as pensões actuais e daqueles que descontaram já durante uma parte da sua vida de trabalho sem receber os ingressos resultantes dos descontos da população activa mais jovem que iriam engrossar a especulação por parte dos fundos diversos geridos pela banca.
Como uma das componentes da actual crise é a saturação dos mercados, é natural que os rendimentos bolsistas sejam muito modestos nas próximas décadas, pelo que não ganha o Estado nem os particulares,
Tanto o Bagão como o Medina falam na despesa estatal próxima dos 50% do PIB, esquecendo a devolução à sociedade sob a forma de mais de 3 milhões de pensões. Curiosamente comparam com os 5% do Pib que gastava o Estado na I. República e nos 15% que gastava o Estado novo, isto em épocas em que não havia reformas gerais para todos nem saúde ou ensino também para todos.
Dois velhos mamíferos defendem todas as semanas o regresso a um Estado de há um Século atrás, como se isso fosse possível.
Mais de 20% da despesa estatal é com reformas e mais de 70% é com tudo o que é social, portanto não podemos dizer que o Estado gasta demais, o que temos dizer é que o Estado não pode gastar mais do que está a gastar actualmente e é em parte esse o objectivo do PEC apesar de se dizer que em três anos o défice será inferior a 3%. Ora, isso não será conseguido com a redução de umas deduções em sede de IRS nem com a estagnação dos salários da função pública mais uns cortes nos investimentos e umas semi-privatizações como são as que os governos do PS sempre fizeram com dinheiro da CGD e deixando participações minoritárias do Estado, mas importantes na mesma. Mas, não interessa se for conseguido ou não, o que interessa é que o défice público não venha a disparar a valores que conduzam o Estado à falência total, o que também nunca sucederá porque os juros estão tão baixos que é possível emitir títulos do tesouro com juros mais elevados que os actuais 0,65% no primeiro ano.
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