Esclarecimento de Defensor Moura:
Depois do debate com Cavaco Silva, um jornal diário de Lisboa solicitou-me uma entrevista para esclarecimento de algumas das afirmações feitas, a que eu acedi imediatamente porque, o escasso tempo concedido aos candidatos na TV é insuficiente para a cabal explanação dos temas abordados.
Infelizmente, hoje, verifico que, certamente por falta de espaço, as minhas afirmações foram muito reduzidas por aquele jornal e, por isso, decidi publicitar o meu resumo da citada entrevista:
Disse que Cavaco Silva não é isento nem leal, favoreceu amigos e correligionários e tolerou e beneficiou com negócios considerados ilícitos pela justiça, além de lhe faltar cultura política para se identificar com eventos relevantes da história recente do país, tendo eu afirmado que esses atributos são importantes na avaliação dos candidatos ao cargo de Presidente da República.
Informei ainda o referido jornal que, no Dia de Portugal de 2008, recusei a comenda de Grande Oficial da Ordem de Mérito, que o Presidente da República me quis atribuir, não só por considerar que o trabalho em Viana do Castelo tinha sido realizado por uma vasta equipa e não apenas por mim mas, também, por não aceitar ser distinguido por quem tinha tido uma série de atitudes pouco edificantes durante a preparação do evento.
No debate televisivo, fiz referência a vários factos ocorridos durante a preparação do Dia de Portugal em Viana do Castelo em 2008 que, na minha opinião, demonstram claramente que Cavaco Silva não tem perfil para ser PR e que só naquele momento, “olhos nos olhos” com o agora recandidato, senti o dever cívico de os revelar para que os portugueses o conheçam melhor, ultrapassando o poderoso aparelho de propaganda que lhe construiu a imagem de isenção e seriedade que “só em duas vidas” os outros portugueses poderiam alcançar.
A falta de isenção de Cavaco Silva foi revelada quando recusou o convite (mostrado ao jornalista) que lhe fiz para realizar o Dia de Portugal em Viana do Castelo em 2009, para encerrar as comemorações dos 750 anos do Município, antecipando-o para 2008.
Na altura o PR alegou que, sendo 2009 ano de eleições autárquicas não queria beneficiar nenhum município e, por isso, as comemorações seriam realizadas em Lisboa, com carácter mais nacional.
Afinal, em 2009 as comemorações realizaram-se num município liderado pelo PSD.
O governo sombra do Coelho
Há algum tempo atrás numa qualquer universidade americana fez-se um estudo onde nas conclusões se diziam cobras e lagartos sobre a utilização de computadores por crianças, um daqueles estudos que dão sempre nas vistas porque vão contra a corrente. Ninguém perguntou quem eram os estudiosos, ninguém leu o estudo ou interessou-se por o ler, limitaram-se a usar a mensagem das agências de notícias e correram a sacrificar o Magalhães. Até o Carrilho, acabadinho de chegar de Paris e a dar os primeiros passos nas entrevistas ao Crespo não arranjou melhor do que usar o dito estudo e desfazer no Magalhães e, de caminho, nas Novas Oportunidades.
Mas quando a OCDE publicou o PISA onde se apresentavam conclusões brilhantes sobre a evolução do ensino em Portugal foram todos ler o estudo, analisar as suas premissas, avaliar a forma como foram elaboradas as amostras, questionar as conclusões. Isto é, em relação a um estudo feito sabe-se lá por quem bastou a conclusão divulgada por um tablóide, mas o estudo da OCDE já mereceu todo o tipo de suspeitas.
Poderia dar dezenas de exemplos da falta de honestidade intelectual com que muito boa gente deste país, gente que não faz a ponta de um corno e vive à custa do Pinto Balsemão e doutros barões da comunicação social ou do empresariado que tentam a todo o custos melhorar os resultados das suas empresas à custa do Orçamento de Estado.
Nestes dias o INE divulgou indicadores que apontam para uma redução significativa do abandono escolar que entre 2003 e 2009 caiu 10%. Alguém comentou? Ainda não, mas não me admiraria nada que alguém se lembrasse de inventar uma alteração de critérios estatísticos ou, pior ainda, que o ensino é tão mau que é indiferente se as crianças vão para a escola ou coser sapatos em casa.
O descaramento e a falta de honestidade dominam cada vez mais o debate político inquinando as conclusões e impossibilitando os portugueses de discutirem os seus problemas. Ainda, no debate com Manuel Alegre, o candidato Cavaco Silva deu um bom exemplo de falta da falta de honestidade intelectual que domina o país. Sempre que não tinha resposta para as perguntas de Manuel Alegre ou da entrevistadora o actual presidente mandava ler o que estava no site oficial da Presidência da Repúblicas. Quando questionado sobre o negócio estranho com as acções do BPN teve mesmo o descaramento de mandar ler a sua declaração de rendimentos, quando esse mesmo negócio foi anterior à tomada de posse e só se Cavaco fosse mesmo parvo é que se esqueceria de manter acções tão inconvenientes.
É evidente que o site da Presidência não explica nem os negócios de acções feitos debaixo da mesa com Oliveira e Costa e muito menos a forma como foi montada a operação de intoxicação da opinião pública com as falas escutas a Belém. No site não está a verdade dos factos, estão as explicações que convinha a Cavaco dar. Um exemplo, está no site da presidência a declaração de Cavaco às televisões afirmando a inocência de Dias Loureiro? Estão no site da presidência as actas das conversas de Fernando Lima com os jornalistas do Público ou mesmo com Cavaco Silva?
É grave que o país discuta os problemas com base em argumentos falsos e desonestos, é demasiado grave que o país escolha um presidente com base em mentiras.
Novo Ano do Coelho
O senhor 50 vezes justifica a existência dos "50 ladrões" do BPN e da SLN com a eventual má gestão dos "lixos" deixados por seus amigos e apoiantes.
Naturalmente que o actual governo e alguns comparsas não estão, de todo, isentos de culpas.
Porque deixaram fora da nacionalização partes importantes do grupo BPN como foi o caso da própria SLN e outras "barbearias" que escanhoaram os depósitos e outros valores colocados no famigerado banco?
Como é possível não se questionarem as sondagens que atribuem a vitória a este candidato que anda na politica há cerca de vinte anos sem assumir quaisquer responsabilidades do desastre em que vivemos. será que a salvaguarda do "direito à fome" lhe permite a lavagem de consciência?
Estranho mundo, este em que vivemos...
Antes de deixar o posto, o embaixador britânico em Lisboa, Alex Eilis, enumera 10 aspectos que espera que permaneçam sempre iguais no nosso país.
Portugueses: a vossa atitude sobre o vosso próprio país é magistralmente descrita por Eça de Queiroz no jantar do Cohen em "Os Maias". O volume e o tom de autoflagelação aumenta ao longo dos vários pratos servidos (petis pois a la belle Cohen) até que o Ega, já com os copos, grita: "Portugal o que precisa é de uma Invasão Espanhola". Para actualizar o sentimento só é preciso substituir Espanha por 'FMI'.
Então, em contracorrente ao pessimismo dominante, decidi em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, anotar dez coisas que espero bem que nunca mudem em Portugal.
1. A ligação intergeracional. Portugal é um país onde os jovens e os velhos conversam normalmente - dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.
2. O lugar central da comida na vida diária. O almoço conta - não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente etc., tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família.
3. A variedade da paisagem. Não conheço outro país onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior.
4. A tolerância. Nunca vivi num país que aceita tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX.
5. O café e os cafés. Os lugares são simples acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente.
6. A inocência. É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência.
7. Um profundo espírito de independência. Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente. Mas é e não é por acaso. No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista.
8. As mulheres. O Adido de Defesa na Embaixada há 15 anos deu-me um conselho precioso: "Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher". Concordei tanto que me casei com uma portuguesa.
9. A curiosidade sobre, e o conhecimento, do mundo. A influência de 'lá' é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes. Portugal é um país ligado, e que quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.
10. Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo. As coisas boas de Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho. Então, seguindo o exemplo dos convidados do Cohen, terminaremos a contemplação do país não com miséria, mas com brindes e abraços. Feliz Natal.
Três dias antes do Natal, assistia calmamente ao Telejornal da RTP1 quando vi a grande notícia da noite. Entre os atentados em Bagdade e as agências de rating, uma voz off anuncia o que as câmaras filmam: o presidente da maior empresa pública portuguesa a levar dois saquinhos de papel com roupa usada e um brinquedinho (usado) para uns caixotes de cartão, cheios de coisas usadas para oferecer no Natal. Fiquei comovida. Que imagem de boa pessoa, que gesto bonito: pegar num fatinho usado do seu guarda-vestidos que deve ter uns 200 e num pequeno brinquedo de peluche, e depositar tudo no caixote de cartão para posteriormente ser redistribuído? À administração da empresa? Não, a notícia explica que é para oferecer aos pobrezinhos, que estão a aumentar com a crise. A RTP, Telejornal à hora nobre, filma o comovente gesto. Em off, o locutor explica o sentido dizendo que alguém vai ter no sapatinho um fato de marca. Olhando para os sacos de papel, percebe-se que esse alguém também receberá umas meias usadas e talvez mesmo uma camisa de marca usada.
Primeiro, pensei que estava a dormir e um pesadelo me fizera voltar ao tempo de Salazar, à RTP a preto e branco ou à série da Rita Blanco «Conta-me como foi».
Mas não, eu estava acordada e a ver o presidente da EDP no Telejornal da RTP 1 (podem ver o filme na net) posar sorridente para as câmaras, a levar um saquinho a um caixote, que não era de lixo, mas de oferta. Por acaso, estava à porta da EDP a RTP a filmar o gesto. Iam a passar e filmaram, certamente, porque para os pobres os fatos em segunda mão de marca assentam como uma luva. Um velhinho num lar de Vila Real vestido Rosa & Teixeira sempre é outra coisa. Ou o homeless na sopa dos pobres com Boss faz outra figura, ou o desempregado com Armani numa entrevista do fundo de desemprego... Mentalidade herdada do Estado Novo, foi a minha primeira análise, teorizando imediatamente que os ricos em Portugal, os que recebem prémios de milhões em empresas públicas e ordenados escandalosos e que puseram o mundo e o país como se vê, são os mesmos com a mesma mentalidade salazarenta. Mas nem é verdade, pois, mesmo nesse tempo, as senhoras do regime organizavam enxovais novos nas aulas de lavores do meu liceu para dar no Natal aos pobres que iam nascer.
Tantos assessores de imprensa na EDP, tantos assessores na Fundação EDP, milhões de euros gastos em geniais campanhas de marketing, tantas cabeças inteligentes diariamente pagas para vender a imagem do presidente da EDP, tudo pago a preço de ouro, e não concebem nada melhor do que mandar (!?) filmar, no espaço do Telejornal mais importante do país, um gesto indigno, triste, lamentável, que envergonha quem vê. Não têm vergonha? Não coraram? E a RTP que critérios usa no Telejornal para incluir uma notícia?
Há uns meses escrevi ao presidente da EDP e telefonei-lhe mesmo, a pedir ajuda da empresa para reparar a velha instalação eléctrica, gasta pelo uso e pelo tempo, de uma instituição, onde vivem 40 adultas cegas e com deficiências e que têm um dos mais ricos patrimónios culturais do país. A instituição recebeu meses depois a resposta: a Fundação EDP esclarecia que esse pedido não se enquadrava nas suas atribuições. Agora percebi. Pedia-se fios eléctricos, quadros eléctricos novos e lâmpadas novas. Devia-se ter escrito ao senhor presidente da maior empresa (pública) portuguesa, com os maiores prémios de desempenho, cujo vencimento é superior ao do presidente dos Estados Unidos, para que oferecesse uma lâmpada em segunda mão, que ainda acendesse e desse alguma luz. Talvez assim mandasse um dos seus motoristas, com um dos geniais assessores de imprensa e um dos fantásticos directores de marketing, avisar a RTP (a quem pagamos uma taxa na factura da luz) para virem filmar a entrega da lâmpada num saquinho de papel.
2011 anuncia-se um ano duro para os portugueses e sê-lo-á tanto mais quanto os responsáveis pelo estado a que se chegou não saírem da nossa frente.
Zita Seabra [Jornal de Notícias]
Os invisíveis trabalhadores da limpeza!
Eles são pouco visíveis e considerados nesta sociedade! Muitos são imigrantes! Depois das festas entram em acção especial a limpar o que muitos outros sujaram... Representam um sector onde dominam as multinacionais e que está sob pressão nos últimos trinta anos.
Neste sector conjugam-se os riscos tradicionais de trabalho como as quedas, a sobrecarga física e a exposição a produtos tóxicos e biológicos com os novos riscos emergentes como o stress e as novas técnicas de gestão e organização do trabalho.
Estes trabalhadores estão frequentemente sujeitos a dores físicas nomeadamente ligadas às doenças músculo-esqueléticas.
A Fundacentro organismo brasileiro do Estado ligado aos acidentes de trabalho e doenças profissionais publicou recentemente uma pequena e simples brochura informativa sobre alguns dos riscos ligados a estas profissões.
O Instituto Sindical Europeu dedicou por sua vez o excelente número dois da Revista HESAMAG a estes trabalhadores e aos riscos do sector. A revista pode ser assinada gratuitamente! Consultar página da CES.
A.Brandão Guedes [Bem Estar no Trabalho]
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Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
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Um ecossistema político-empresarial
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