Quinta-feira, 2 de Junho de 2011

Função pública
Passos Coelho defendeu ontem a indexação dos salários da função pública à produtividade.”-Público

    Lembro-me de, desde a segunda metade da década de 80, se ter iniciado - e sempre em crescendo - a introdução das ideias de “exploração” da actividade que é exercida pela Administração Pública (AP) como se de uma actividade privada se tratasse, como se fosse industrial ou, pior ainda, cada Direcção-Geral fosse uma empresa de comércio.

    [A estas ideias, juntaram-se as "parcerias público privadas", o "outsourcing" - 'adjudicando' a empresas, consultores e gabinetes privados ... o 'fornecimento' de bens e serviços que antes eram realizados dentro da AP - e, mais tarde, um novo sistema de 'avaliação' (o SIADAP) dos trabalhadores da AP, e as 'reformas' de vínculos, estatutos, carreiras, categorias e mobilidade 'especial'... tudo tendo como objectivo final a redução do Estado (para o 'mínimo') e o desmantelamento da sua capacidade de produção, intervenção e regulação económica ... Ao mesmo tempo multiplicavam-se institutos e empresas públicas e os custos exponenciais eram escondidos em desorçamentações e contabilidade criativa.]
   

    Começou, entre outras coisas (como a de que a AP tinha que seguir as regras de concorrência, por exemplo), com o seu símbolo máximo: o cidadão - ou outro utilizador dos serviços públicos - deveria ser tratado como “CLIENTE”.
    Ora, cliente é sinónimo de (dizem os dicionários) “pessoa que requer serviços mediante pagamento, que compra algo; comprador; freguês”.
    Ao ponto onde o avanço de tal ideia nos trouxe, parece-me, ninguém tem dúvidas. Mas há sempre alguns que querem mais e não hesitam em atirar tudo ao precipício, no afã de, dos cacos, apanharem uma jóia reluzente.
    Sabemos, não vale a pena metermos a cabeça na areia, que a AP sofreu uma desmesurada inflação nos recursos humanos, no período a seguir à revolução de Abril, como forma de secar potenciais conflitos sociais, tal o nível a que chegou a destruição do tecido económico e, com ele, a possível horda de desempregados, não fosse a abertura de todas as portas, mesmo as que não existitam, a quem quer que se apresentasse à função pública.
    Depois, temos assistido à desenfreada distribuição de lugares públicos, dos mais humildes aos mais elevados, como forma de comprar votos e garanti-los no futuro, quiçá até, dominar pontos chave do poder administrativo do Estado, ou “dividindo” o Estado em tantas partes quantas as que conseguem a imaginação e as necessidades partidárias, quer dentro da Adinistração Central, quer fora dela, criando e fazendo nascer, com mais facilidade que cogumelos, instituições e empresas públicas que prosseguem funções em cumulação com as funções públicas tradicionais para as quais existem Direcções-Gerais ou equivalentes, ou mesmo em contradição com elas, ou fingem que têm algo útil a prosseguir a par delas, e chegámos, sem dúvida, a um corpo da AP insustentável.
    Nunca se viu, ou só se viu de forma tíbia, um partido político “meter o dedo na ferida” e tomar as medidas [PRACE e Simplexes...] que, em minha opinião, são realmente necessárias.
    Tem sido este o caminho escolhido pelos principais partidos políticos que, nos últimos tempos, ou não têm quadros capazes de analisarem as reais causas do estado a que o Estado-Administração chegou ou/e de tomarem as consequentes e necessárias medidas que ele necessita.
   A manutenção do princípio de que o Estado-Administração tem de prosseguir a sua actividade pública como se privada fosse vai-nos atirar, definitivamente, lá para o fundo, onde nem cacos sobrarão.
    Não há outra forma de ver o exercício da função pública (entenda-se, as funções públicas) que não seja como o exercício de uma missão, onde o objectivo primordial é servir, com desprendimento (abnegação, generosidade e independência), os que são a sua razão de existir, quer como fim, quer como meio de financiamento da mesma. De forma racional, q.b., mas não mais que isso. Sem querer dizer que quem se dedica a essa missão tenha que ser “franciscano”.
   A este propósito, sem que esteja totalmente de acordo com o que a sua ironia pretende transmitir, vem bem a calhar lembrar este texto de José Saramago:
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E, finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.» - In Cadernos de Lanzarote - Diário III



Publicado por Xa2 às 13:07 | link do post | comentar | comentários (4)

Podia ser: by Catroga


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Publicado por [FV] às 10:36 | link do post | comentar

Inicialmente, o surto infeccioso foi associado a pepinos espanhóis exportados para o território alemão. No entanto, uma responsável pela Saúde Pública em Hamburgo informou na terça-feira que os pepinos espanhóis não são a fonte do surto, que já provocou 17 mortes e mais de 1.400 contaminados na Alemanha e, pelo menos, uma vítima mortal na Suécia.

França cria comité de crise
As autoridades francesas criaram um comité de crise, composto por diversas entidades públicas, para acompanhar a evolução da contaminação bacteriana que já matou 16 pessoas na Europa, anunciou um porta-voz governamental.

E em Portugal?
O Ministério da Agricultura mostra-se indignado coma a atitude russa, uma irresponsabilidade diz o Ministro. “Exagerada e não tem qualquer relação com a realidade, porque não é fundamentada em bases científicas. É uma medida cautela que prejudica todos os produtores – embora nós não exportemos, praticamente nada para a Rússia. Esta é uma mensagem de pânico”.

Fonte: Sapo


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Publicado por [FV] às 10:06 | link do post | comentar | comentários (6)

            

Faltavam cinco minutos para as 22 horas de ontem (25 minutos de atraso em relação à hora prevista no programa) quando o município lisboeta deu o tiro de partida para um mês de festejos. É caso para se dizer que:

 

Mesmo com a troika em casa

E em tempo de campanha eleitoral

O pessoal quer é sardinha na brasa

A gente quer é festa e muito arraial

 

Mesmo com a troika em casa

Ninguém arreda pé

Quer muita sardinha na brasa

E olé, olé


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Publicado por Zurc às 08:51 | link do post | comentar

O exemplo de Pedro Tadeu
    Num país onde quase todos os ex-líderes do PSD são comentadores de televisão ou escrevem em jornais nunca assumindo o seu estatuto partidário, chegando o professor Marcelo a quase se armar em independente o exemplo do jornalista Pedro Tadeu merece o elogio, num artigo reproduzido mais abaixo faz o que muitos poucos jornalistas deste país não fazem, assume as suas opções políticas e informa os seus leitores do seu vínculo partidário.
    Infelizmente não é a regra, é a excepção. (-O Jumento, 1.6.2011)

 

Factos que o leitor deste texto deve saber 
   «Os que me rodeiam avisam: "Não o faças. É um suicídio profissional." Mas não me sinto tranquilo: como pode um jornalista ser honesto com os seus leitores se escrever artigos de opinião política sem revelar as suas opções ideológicas?
    Pululam jornalistas, todos os dias, todas as semanas, a sentenciar o Governo e a oposição. O substantivo "jornalista" distingue-os do académico, do político, do jurista ou do economista que com eles partilham o exercício do comentário político: os jornalistas beneficiam da imagem de equidistância, de imparcialidade e de isenção que a sua posição de observadores privilegiados da sociedade, em princípio, possibilitaria e, até, obrigaria... É uma ilusão.
    O jornalista, como qualquer outro cidadão, não se limita a observar a sociedade, participa nos seus movimentos e, mais até do que a generalidade dos cidadãos, influencia a evolução dos acontecimentos.
     E se é verdade que a moderna técnica de narrativa jornalística pode limpar, nas notícias e nas reportagens, uma parte (só uma parte) das ideias pessoais dos jornalistas - políticas, culturais e morais -, quando se passa para a coluna de opinião, o caso muda de figura.
     É frequente, também, ler na imprensa, diária e semanal, jornalistas a dar lições de ética profissional por causa de notícias polémicas de natureza política. Esses candidatos a "deontólogos", no entanto, nunca revelam ao leitor se votaram, em quem votaram ou em quem pensam votar, se são ou não são militantes de algum partido, se alguma vez se envolveram em qualquer forma de participação política ou cívica, se convivem pessoalmente com algum político. Não são transparentes. A sua lição moral soa sempre, por isso, a falso.
     A cinco dias das eleições é meu dever, dado o que nos últimos meses aqui escrevi, informar os leitores: sou, há mais de duas dezenas de anos, militante do PCP e vou votar CDU. Sou jornalista há mais de 25 anos. Trabalhei no Avante!. Desde 1996 ocupo sucessivos lugares de topo, de chefia ou de direcção, na imprensa generalista de circulação nacional, apartidária. Nunca aí fui acusado de favorecer o meu partido. Também nunca fui acusado de não pensar pela minha cabeça.
     Nos artigos de opinião escrevo, apenas, o que penso, usufruindo em pleno da liberdade que me dão no local onde trabalho. Ora, o que penso e o que escrevo, nestes artigos, repito, de opinião, num jornal que dá muita atenção à política, não podem ser dissociados do que voto. O leitor tem direito, para fazer o seu juízo, para o bem ou para o mal, a saber destes factos...
     Agora, sim, estou tranquilo.» [Pedro Tadeu,  DN]



Publicado por Xa2 às 08:07 | link do post | comentar

Quarta-feira, 1 de Junho de 2011

 

Coligação PS/CDS e Marcelo Rebelo de Sousa próximo primeiro-ministro de Portugal?

A presente campanha eleitoral tem sido de uma inutilidade brutal. Chocante mesmo. Os partidos - sobretudo, os principais que deveriam ter mais responsabilidade e juizinho - entretêm-se com questões menores, com superficialidades, até com palhaçadas que não interessam rigorosamente a ninguém. Até parece que o país não está mergulhado numa crise económica, financeira e social sem precedentes. E qual a figura principal desta campanha? Passos Coelho? Não, nada disso. José Sócrates? Também não. Imaginem só: Marcelo Rebelo de Sousa. Dá a sensação de que o comentador da TVI é o verdadeiro candidato a primeiro-ministro de Portugal.

Com efeito, os comentários do Professor de Direito têm merecido uma atenção verdadeiramente inusitada dos candidatos às legislativas. O CDS colocou uma das suas principais figuras, Nuno Melo, a criticar duramente os comentários de Marcelo Rebelo de Sousa - e teima em não largar o assunto, inventando uma mentirosa e ridícula incompatibilidade com o seu cargo de Conselheiro de Estado. Percebe-se a estratégia do CDS: desacreditar ao máximo o PSD, batento em tudo e todos os sociais-democratas. É uma estratégia arriscada, que Paulo Portas considera eleitoralmente pagante - mas que confirma a paixão dos centristas por José Sócrates. Já o PS, coloca Vieira da Silva, uma figura de proa do atual governo, a dar uma conferência de imprensa - imagine-se só! - para comentar os comentários de Marcelo Rebelo de Sousa do dia anterior! Quer dizer: o ministro da Economia que andou desaparecido em combate durante meses, sem falar, sem piar, aparece agora, cheio de força....para bater num comentador político! Este país perdeu a noção do ridículo! Então, o PS evita falar dos temas que verdadeiramente interessam ao país, foge das questões atinentes à celebração do memorando com a troika como o diabo foge da cruz, ignora majestosamente o líder do PSD....e Vieira da Silva, o ministro da economia, surge aos portugueses finalmente para falar de....Marcelo Rebelo de Sousa!

O curioso é que parece que é Marcelo Rebelo de Sousa o líder do PSD. O PS e o CDS levam mais a sério as opiniões do professor do que as posições assumidas por Passos Coelho. E a verdade é que as opiniões de Marcelo Rebelo de Sousa têm mais força junto dos portugueses do que as constantes e incoerentes mudanças programáticas de Passos Coelho. O objetivo de PS e CDS - que ensaiam neste domínio uma possível coligação - é duplo:

a) descredibilizar os comentários de Marcelo Rebelo de Sousa, ao considera-lo como o verdadeiro estratega social-democrata, que faz semanalmente um frete ao seu partido - para o tentar silenciar futuramente,

b) Desconsiderar o atual líder do PSD, Passos Coelho, para transmitir a ideia de que não pertence ao mesmo campeonato de José Sócrates e Paulo Portas. Ao ignorarem Passos Coelho, apresentando-o como um fantoche político, o PS e o CDS adensam a sensação dos portugueses de que Passos não tem fibra para ser primeiro-ministro.

(O Politólogo João Lemos Esteves)

Será que seria mais vantajosa, há governação do país, uma coligação PS/CDS que PSD/CDS, pergunta-se aqui e agora?



Publicado por Zé Pessoa às 09:20 | link do post | comentar | comentários (2)

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