Sexta-feira, 29 de Julho de 2011
Segundo divulgou o “diário.IOL.pt” gestores dos CTT gastaram «balúrdios» em km extra nas viaturas da empresa e que lhes estão distribuídas.
Agora foi a decisão do PSD e CDS em nomear os novos órgãos sociais para a CGD e, paradoxalmente, quando seria suposto ter cautelas com os chamados conflitos de interesses e com a redução do número de membros dos ditos órgão, eis que designaram alguém ligado ao grupo Melo precisamente o que mais intervém em áreas da saúde e seguros, as ditas a privatizar do grupo CGD e os nomeados aumentaram
Os carros de quatro administradores dos CTT circularam para lá da conta durante dois anos. Três Audi e um Mercedes percorreram a quase totalidade dos quilómetros previstos para quatro anos e isso vai custar quase mais 13 mil euros à empresa.
Um documento do Conselho de Administração dos CTT admite que existem «significativos desvios no que diz respeito às quilometragens previstas», cita o jornal «i» na sua edição desta quarta-feira.
Dois dos Audi já percorreram 96% e 94% dos quilómetros estimados para quatro e não para dois anos. O outro veículo da mesma marca 72% e o Mercedes 70%.
A derrapagem na quilometragem daqueles automóveis está cifrada em 76.300 euros, mais 12.900 euros do que fora projectado. Este valor vai sair do bolso dos CTT e não dos administradores.
Ora o facto de serem os CTT a pagar os excessos dos quatro administradores vai contra as regras da empresa: quando um funcionário anda mais do que deve de carro, terá de ser ele a responsabilizar-se pelos quilómetros extra.
Mas os gestores, argumentam que a CP, não têm o estatuto de funcionários e, por isso, «as regras da empresa não lhes são aplicáveis».
Os encargos ao nivel do banco público, com os novos órgão sociais, estão por calcular mas, muito naturalmente (caso pouco natural, sobretudo, nas actuais circunstancias da dita crise) são alguns milhões em cada ano.
P.S.
Três perguntas e uma conclusão:
O que terá a CP a ver com os CTT para efeitos gestionários e benefícios dos gestores?
Será que os ditos são altos quadros da CP e que aí não tinham afazeres que os mantivesse ocupados e foram nomeados para gerir outra empresa onde lhes é garantida a remuneração que não aufeririam na empresa de que provêem pois lá não seriam administradores?
Qual será a constituição/consciência e formação ideológica destes senhores?
Está-se mesmo a ver que a solução a seguir vai ser a revisão dos contrato de leasing das viaturas de modo a aumentar o plafond de quilometragem para que suas Exas. possam circular à vontade.
É por estas e por muitas outras iguais que vamos levando com as Mood`s e restantes agências de rating a mandar-nos para o lixo da credibilidade internacional.
Quinta-feira, 28 de Julho de 2011
Este governo está a desbaratar o património do País
Com a desqualificação das 500 acções golden share do Estado na PT para acções normais cumpriu-se um acto de colonização da troika sobre Portugal.
O País que para certas decisões tinha poder determinante como sucedeu no caso da venda da Vivo, fica agora com umas míseras acções provavelmente sem direito a voto directo.
Mas não contente com isso este governo nem concebeu uma estratégia mínima para ser compensado dessa perda de poder. É de facto entregar o ouro ao bandido.
Porquê aceitar essa imposição da troika e executá-la com tanta pressa se até nenhum contributo no caso da PT adiciona para a redução do défice das contas públicas? Segundo, porque se trata de uma discriminação negativa para Portugal. Há países na União Europeia que mantém golden share's a começar pela Alemanha na WV.
Nada disto foi imposto que assim se fizesse. É mesmo este governo que decidiu não ter contrapartidas. (e desfazer-se de bens e direitos de todos os cidadãos a favor de uns poucos).
O capital agradece.
# posted by Joao Abel de Freitas, PuxaPalavra
O Governo de Passos não definiu regras para perda de direitos. Indicia um caso de polícia, pois equivale a dar de mão beijada o que é do País. - anónimo
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Quarta-feira, 27 de Julho de 2011
Há assuntos sobre os quais reflicto, falo, mas raramente escrevo. Não vos sei explicar porquê, talvez porque
a brutalidade, porque
a desumanidade e porque
a aberração ultrapassam toda a minha compreensão e me bloqueiam as letras.
Nada, nem mesmo a violência, nem a loucura, nem a guerra me deixam nesse estado.
Em memória dos inocentes da Noruega nem sequer evocarei o entendimento, porque a morte que lhes foi provocada não é bem, nem mal, só um acto de amoralidade, de
loucura, que
ultrapassa todos os meus limites de racionalidade e me fazem perigar a coerência da defesa intransigente do direito à vida.
O que se passou na Noruega abalou-me como se se tivesse passado na minha rua. Os
crimes contra a humanidade não têm limites, nem jurisdição, nem fronteira.
LNT [0.301/2011]
Terça-feira, 26 de Julho de 2011
É verdade que em boa hora o município lisboeta mandou repavimentar a rua do Lumiar.
Contudo, há sempre algo que fica incompleto ou corre mal e em muitas das circunstancias seria perfeitamente evitável se os serviços e os executantes fossem mais diligentes e preocupados em prestar um aceitável serviço aos munícipes e cidadão que pelos mais diversos motivos tenham de circular nesta capital.
Descontada a circunstancia da baixa qualidade das fotos, dado que tiradas de noite e com telemóvel não deixam, mesmo assim, de ilustrar a incongruência e falta de respeito pelos automobilistas. No seguimento da informação de obras na Rua do Lumiar deveria estar a informação de desvio no sentido da Calçada do Poço e Lumiar. Em vez disso está sobreposta à placa de informação de passagem de peões uma que indica, erradamente desvio pelo Sr. Roubado. Bem dizia um dos vizinhos que tal informação deveria servir para os funcionários da câmara e respectivo vereador limpar o tubo de escape dos seus respectivos corpos.
Assim quem venha dos lados da Torrinha e da Rua Cidade de Tomar terá que subir a Calçada do Poço, entrar na rua Direita da Ameixoeira e Estrada de São Lourenço em direcção ao Lumiar.
É verdade, infelizmente, deixou de ser usada com demasiada frequência e em grupo, depois ficam tresloucadas e dão em desastre.
As cabeças devem usar-se com muita frequência, em privado de vez em quando, frequentemente em grupo e em conjugação com a língua e quando necessário com gesto de braços e de pernas.
Pela falta de uso das cabeças são responsáveis, acima de tudo, as famílias, as escolas, os partidos políticos, as religiões e a sociedade em geral.
Como nos recomenda Periotti, vamos usar mais a cabeça que anda muito subaproveitada e tem tanto para dar!
1 - Os sacrifícios para todos. No passado dia 14 o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciou um imposto extraordinário sobre salários e pensões. Este corte ou, melhor, este roubo no subsídio de Natal atingirá os 1025 milhões de euros -185 cobrados em 2012 e 840 já no final do ano. Destes, três quartos sairão dos bolsos dos trabalhadores e o restante dos pensionistas.
Portanto o Governo PSD/CDS-PP pretende arrecadar, com a sobretaxa de IRS, 1025 milhões de euros. Mas, como já aqui sublinhámos, se aplicasse uma taxa de 20% nas transferências para os off-shores a receita seria muito superior, na ordem dos 2200 milhões. Uma taxa de 0,2% sobre as transacções bolsistas representaria mais 220 milhões. A cobrança de uma taxa efectiva de IRC de 25% à banca aumentaria a receita fiscal em 300 milhões de euros.
Taxar as mais-valias das SGPS em sede de IRS e as mais de 2600 empresas sediadas no offshore da Madeira que, saliente-se, não pagam um euro de impostos, traria também receitas significativas.
...
"Medidas inevitáveis", uma ova! É tudo uma questão de opção. Opção de classe.
2. O Salário Mínimo Nacional (SMN). Pela boca dos dirigentes das confederações patronais ficámos todos a saber que as empresas portuguesas abrirão falência se o SMN for aumentado de 15 euros por mês. É preciso não ter vergonha na cara. Que empresa não pode pagar a um trabalhador mais 50 cêntimos por dia (menos do preço de um café)? De facto CIP, CCP e CAP sabem perfeitamente que as remunerações têm um peso médio de 18 por cento na estrutura de custos das empresas. Percentagem muito inferior a um conjunto de outros custos, tais como energia, combustíveis, crédito, seguros. O impacto na massa salarial do aumento previsto será nulo. Ou, em casos particulares, no máximo de 0,6 por cento (não é gralha!).
Na Zona Euro, Portugal, em 2010, continuava a ser o país que registava o salário mínimo nacional mais baixo: Bélgica €1189,29, Irlanda €1253,02, Grécia €739,56, Espanha €633,30, França €1151,80, Luxemburgo €1442,37, Holanda €1206,51, Eslovénia €512,08, Portugal €475,00, Reino Unido €922,68. Mais: importa referir que, se o salário mínimo tivesse sido actualizado desde 1974, então, em 2009, o SMN já seria de 562 € e não de 475 €.
Tudo isto comprova claramente como é injusta a distribuição da riqueza existente no nosso País.
3.O Banco Português de Negócios (BPN). Não fosse estarmos perante um claro caso de polícia e dir-se-ia que todo este processo se assemelha a uma palhaçada sem nível. Nada nem ninguém sabia o que se passava. 0 Banco de Portugal (BP) afirmava ter dificuldades em conhecer quem eram os 390 accionistas do BPN e/ou da Sociedade Lusa de Negócios (SLN). Os órgãos sociais do BPN e da SLN, sublinhe-se, saíram durante anos a fio do bloco central do poder, com predominância para o PSD. Administradores executivos e não-executivos, membros dos órgãos sociais, que nada viam, nada ouviam, nada liam, logo nada sabiam. O Governo do PS nacionaliza o banco, mas não os bens do grupo SLN. Ou seja, nacionalizou os prejuízos e aumentou a dívida pública. O Presidente da República bateu todos os recordes, promulgando a legislação em apenas quatro (!!!) dias.
Foram injectados até hoje, recorde-se, 4,8 mil milhões de euros. Fala-se da necessidade de mais 2,9 mil milhões, atingindo-se assim a astronómica soma de 7,7 mil milhões de euros. Ou quase 5% do PIB de Portugal! Tudo isto num banco que, segundo se notícia, tem depósitos no valor de três mil milhões de euros. E se pretende privatizar por um estranho valor mínimo de 180 milhões!
E não há responsáveis? Não há culpados? Não vai ninguém preso? Na Islândia foram...
Público 22-7-2011
Segunda-feira, 25 de Julho de 2011
Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.
Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.
"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs
Primos-entre-si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.
Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas
e pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.
E casaram-se e tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
se torna monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como aliás, em qualquer
Sociedade.
Poema é do escritor brasileiro Millor Fernandes
Titulo nossa autoria, poema enviado por amigo
Sexta-feira, 22 de Julho de 2011
Em conformidade com a Resolução do Conselho de Ministros (RCM) nº 101-A/2010 de 15 de Dezembro que dispõe, como se transcreve “Reforço da articulação de transportes publicos nas áreas urbanas através da: i) introdução de uma gestão conjunta das empresas Metropolitano de Lisboa, E.P.E., e Companhia Carris de Ferro, S.A., e ainda do Metro do Porto, S.A., e STCP - Serviços de Transporte Colectivo do Porto S.A., com o objectivo de promover uma maior coordenação e complementaridade das ofertas de serviços e, simultaneamente, reduzindo custos;” o Governo deveria ter avançado com a criação de um grupo de trabalho, no âmbito da secretaria de Estado do Tesouro e dos Transportes, onde participassem, também, as, Autoridades, Metropolitanas, de Transportes de Lisboa e Porto. É sabido que o governo de então entrou em declínio e queda e o novo ainda não terá tido tempo para desenvolver tal desiderato.
A nosso ver e, partindo do concreto conhecimento, de algumas realidades internas das referidas empresas, transmitido por parte quem as vive, parece-nos uma louvável mas, eminentemente, curta iniciativa governamental.
O “promover uma maior coordenação e complementaridade das ofertas de serviços e, simultaneamente, reduzir custos” constituí passo importante que importa complementar com outras medidas igualmente, se não mesmo mais, importantes a tomar, das quais se referem as seguintes:
- Mandatos dos respectivos gestores mais alargados no tempo, (três anos é, manifestamente, curto para que uma qualquer administração, que implemente medidas de reestruturação orgânica interna, afira sobre os resultados respectivos e eventuais correcções ou ajustamentos a acrescentar), cinco anos com a concomitante exigência de práticas de “Bom Governo” sob pena de destituição sem qualquer direito indemnizatório e com limite de dois mandatos;
- Compromissos claros, inequívocos e transparentes, por parte das autarquias para com as empresas de transportes, essencialmente metropolitanos, fundamentalmente em três domínios:
a) Os autarcas não exigirem arranjos urbanísticos para além do razoável e dentro do que previamente a execução de obras existia;
b) De partilha de mais-valias patrimoniais (terrenos e construção) proporcionadas pelas respectivas expansões de rede. A legislação que já contempla o “direito à perequação” em termos de planos municipais e de ordenamento do território bem como às entidades públicas deve, na revisão em curso do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, ser determinante quanto “objectivos da perequação” na distribuição das mais-valias e atribuí-las, também, aos transportes, especialmente, tipo metropolitano;
c) Cooperar na busca de estratégias e de criação de condições de realização/construção de interfaces entre os diferentes meios de transporte e destes com o automovel, proporcionando parqueamentos seguros acessíveis e com custo integrado no preço dos passes/bilhetes;
- A médio prazo (eventualmente 10 anos) deveria caminhar-se para que em Lisboa Metro e Carris, no Porto Metro e STCP se fundissem em empreses únicas proporcionando uma rentabilização dos respectivos patrimónios, ganhos de produtividade, eficiência económica maior eficácia de manutenção de material circulante e infraestruturas. Nesses termos seriam criadas respectivamente a “Transportes de Lisboa, EPE” e a “Transportes do Porto, EPE”.
Será o governo (qualquer que ele seja) capaz de ir um pouco mais além de paliativos momentâneos?
Se não for também não chegará ao patamar de (arrojadas) e estruturantes medidas de que as empresas em análise há tanto tempo estão carecidas.
Os elevados felicites, das Empresas Publicas de transportes, só existem porque os governos sempre delas se serviram para outros fins que não o seu estrito objecto de actividade. É preciso assumir de uma vez a realidade dos factos e não continuar a varrer-se para debaixo dos tapetes.
Esta Associação Cívica concluiu que cerca de um terço dos deputados que exerceram mandato na última legislatura pertencia, simultaneamente, a empresas que mantinham negócios com o Estado. Dos 230 deputados que integravam o anterior Parlamento, cerca de sete dezenas eram também administradores, gestores ou consultores de empresas que tinham directamente negócios com o Estado.
O levantamento, divulgado esta quinta-feira, pelo «Jornal de Notícias» (JN), a que a TVI teve acesso, foi feito por Paulo Morais, antigo vice-presidente da Câmara do Porto e actual vice-presidente da Transparência e Integridade - Associação Cívica. De acordo com declarações de Paulo Morais ao JN, na Comissão de Obras Públicas, «quase metade dos deputados eram administradores de empresas privadas de obras públicas».
O responsável vai ainda mais longe e adianta que a Comissão de Ética tem servido para «branquear todo e qualquer conflito de interesses». «A Comissão de Ética tem sido uma das vergonhas do Parlamento», acusa.
Paulo Morais insiste que a acumulação de funções «gera um conflito de interesses permanente», que faz com que os deputados não saibam, a cada momento, que interesses estão a defender.
Esta segunda-feira, a Transparência e Integridade lançou um alerta numa carta dirigida aos representantes da Comissão Europeia, BCE e do FMI, dizendo que a «Assembleia da República parece um escritório de representações» e considera que as reformas acertadas com a troika podem abrir a porta à corrupção.
P.S.
Por aqui se vê o comprometimento em que os chamados “aparelhos partidários” estão envolvidos. Tanto quanto se sabe estas como outras matérias igualmente pertinentes são abafadas de todo e qualquer debate no interior dos partidos. Estas questões assim como quem nelas anda envolvido/a parecem uma espécie de “vacas sagradas” intocáveis. Os indivíduos/militantes que pretendam trazer à liça tais debates acabam por ser ostracizados e, mais ou menos, airosamente afastados como sucedeu com João Cravinho. De outros nem se ouve falar por ficarem acantonados para uso eleitoralista e nada mais.
Despedimento barato para baixar salários
O governo baixou as indemnizações por despedimento (e diz que vai continuar a baixar e a facilitar o despedimento). Dizer que, em tempo de crise, a medida serve para promover o emprego só pode ser uma brincadeira de mau gosto. Tornar mais barato o despedimento é retirar um entrave a essa decisão. Retirar um entrave a essa decisão reduz o poder negocial dos trabalhadores. Se o despedimento é mais fácil, ele estará sempre à espreita. E perante esse fantasma, é mais provável que o trabalhador aceite tudo o que lhe é imposto.
Importa juntar a esta decisão uma informação desta semana: os trabalhadores que recebem um salário mínimo - 485 euros -, com o qual é impossível sobreviver com alguma dignidade, passaram, entre 2006 e 2009, de 222 mil para 402 mil. Ou seja, mais 180 mil trabalhadores a viver abaixo do limiar de pobreza. E 15 mil destes - mais do dobro do que há cinco anos - têm curso superior.
Com esta medida, que aumenta a pressão para que os trabalhadores com vínculo (cada vez menos) aceitem tudo o que lhe seja imposto, estou seguro que haverá ainda mais gente a trabalhar em troca desta esmola.
Alguma vez conseguiremos competir com os nossos parceiros europeus se continuarmos a apostar em trabalho semi-escravo desqualificado e na mais desigual das distribuições de rendimentos em toda a Europa? Acho que a resposta é tão evidente que nem merece grandes desenvolvimentos. (-por Daniel Oliveira, Expresso online)
... a intervenção externa não foi um simples golpe dos agentes que operam nos mercados financeiros contra a economia política progressista de um país que insiste em manter uma "economia mista" com laivos keynesianos. A pressão externa convergiu com um bloco político-económico interno, liderado por grandes grupos económicos e financeiros rentistas. Um bloco que ganhou com a aventura do euro e com os correspondentes enviesamentos para os sectores dos bens não-transaccionáveis que a sobrevalorização da moeda, o acesso mais fácil aos circuitos financeiros internacionais e uma política industrial insuficiente permitiram. Um bloco que é responsável pelo facto de a economia política nacional só ter conhecido duas palavras nas últimas duas décadas – liberalização e privatização –, hoje incompatíveis com o acervo de direitos sociais e laborais que foi o lastro de um curto período de democracia de alta intensidade no nosso país.... (-por João Rodrigues, Ladrões de Bicicletas)
A austeridade falhou Assim não dá: até a The Economist reconhece que a “austeridade e o crescimento não combinam”, que nos raros casos em que a chamada “consolidação orçamental expansionista” funcionou existia uma política monetária de redução dos juros e/ou uma política cambial de desvalorização da moeda, ou seja, nada que seja relevante hoje em dia para Portugal, como temos insistido. A grande fezada de dirigentes europeus e nacionais, que insistem em não perceber que a perversa austeridade está hoje no centro dos problemas económicos e políticos europeus, não se vai concretizar e eles sabem disso. Aí vamos nós rumo a mais uma grande recessão, a um grande desperdício de recursos, a uma grande erosão da confiança. Para quê? Para facilitar a consolidação de uma economia de baixa pressão salarial, a erosão total de direitos arduamente conquistados e a captura privada de bens públicos, estilo doutrina do choque? A questão de Joseph Stiglitz, no Económico de ontem, é a mais pertinente: “Até que ponto devemos continuar a experimentar as ideias que falharam?”