Observatórios: Será por isso que ninguém vê o que deveria ver?
Observatório do medicamento e dos produtos da saúde
Observatório nacional de saúde
Observatório português dos sistemas de saúde
Observatório vida
Observatório médico
Observatório do ordenamento do território
Observatório do comércio
Observatório da imigração
Observatório para os assuntos da família
Observatório permanente da juventude
Observatório nacional da droga e toxicodependência
Observatório europeu da droga e toxicodependência
Observatório geopolítico das drogas
Observatório do ambiente
Observatório das ciências e tecnologias
Observatório do turismo
Observatório para a igualdade de oportunidades
Observatório da imprensa
Observatório das ciências e do ensino superior
Observatório dos estudantes do ensino superior
Observatório da qualidade em serviços de informação e conhecimento
Observatório da comunicação
Observatório das actividades culturais
Observatório local da Guarda
Observatório de inserção profissional
Observatório do emprego e formação profissional
Observatório nacional dos recursos humanos
Observatório regional de Leiria
Observatório permanente do ensino secundário
Observatório permanente da justiça
Observatório estatístico de Oeiras
Observatório da criação de empresas
Observatório Mcom
Observatório têxtil
Observatório da neologia do português
Observatório de segurança
Observatório do desenvolvimento do Alentejo
Observatório de cheias
Observatório da sociedade de informação
Observatório da inovação e conhecimento
Observatório da qualidade em serviços de informação e conhecimento
Observatório das regiões em reestruturação
Observatório das artes e tradições
Observatório de festas e património
Observatório dos apoios educativos
Observatório da globalização
Observatório do endividamento dos consumidores
Observatório do sul Europeu
Observatório europeu das relações profissionais
Observatório transfronteiriço Espanha-Portugal
Observatório europeu do racismo e xenofobia
Observatório dos territórios rurais
Observatório dos mercados agrícolas
Observatório virtual da astrofísica
Observatório nacional dos sistemas multimunicipais e municipais
Observatório da segurança rodoviária
Observatório das prisões portuguesas
Observatório nacional dos diabetes
Observatório de políticas de educação e de contextos educativos
Observatório ibérico do acompanhamento do problema da degradação dos povoamentos de sobreiro e azinheira
Observatório estatístico
Observatório dos tarifários e das telecomunicações
Observatório da natureza
Observatório qualidade
Observatório da literatura e da literacia
Observatório da inteligência económica
Observatório para a integração de pessoas com deficiência
Observatório da competitividade e qualidade de vida
Observatório nacional das profissões de desporto
Observatório das ciências do 1º ciclo
Observatório nacional da dança
Observatório da língua portuguesa
Observatório de entradas na vida activa
Observatório europeu do sul
Observatório de biologia e sociedade
Observatório sobre o racismo e intolerância
Observatório permanente das organizações escolares
Observatório solar e heliosférico
Observatório do sistema de aviação civil
Observatório da cidadania
Observatório da segurança nas profissões
Observatório da comunicação local
Observatório jornalismo electrónico e multimédia
Observatório urbano do eixo atlântico
Observatório robótico
Observatório permanente da segurança do Porto
Observatório do fogo
Observatório da comunicação (Obercom)
Observatório da qualidade do ar
Observatório do centro de pensamento de política internacional
Observatório ambiental de teledetecção atmosférica e comunicações aeroespaciais
Observatório europeu das PME
Observatório da restauração
Observatório de Timor Leste
Observatório de reumatologia
Observatório da censura
Observatório do design
Observatório da economia mundial
Observatório do mercado de arroz
Observatório da DGV
Observatório de neologismos do português europeu
Observatório para a educação sexual
Observatório para a reabilitação urbana
Observatório para a gestão de áreas protegidas
Observatório europeu da sismologia
Observatório nacional das doenças reumáticas
Observatório da caça
Observatório da habitação
Observatório do emprego em Portugal
Observatório Alzheimer
Observatório magnético de Coimbra
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.
Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de PESSOAS. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.
E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.
Pedro Afonso, médico psiquiatra
Os deputados, na Assembleia da república, e os governantes, no governo de Passo Coelhone, andam às turras por questões de semântica linguística e, nem uns como outros, se preocupam, minimamente, em resolver os reais e verdadeiros problemas que afligem os portugueses que, tão profundamente, afectam a economia do país. Em vez disso vão resolvendo, em lutas intestinas, os diferentes interesses dos vários agrupamentos de que fazem, uns e outros, parte, legislando, aqui e ali, a contento e em prol de tais benefícios.
Chamam-lhe, semanticamente, “CoCos” mas do que, realmente, se trata, na perspectiva dos interesses do povo, são de verdadeiros baldes de merda que se entornam sobre as nossas cabeças, dejectos piores que “cocos” de cão em passeio público, visto que estes ainda se podem limpar, não subindo além dos calcanhares.
Na verdade trata-se do dinheiro dos contribuintes, extorquido ao povo de forma descarada, despudorada e, arrogantemente, esbulhado, tanto por via de pesados impostos como através de aumento de preços em bens essenciais e de primeira necessidade ou retirada de direitos de acesso à saúde, educação e de compensação remuneratória condigna de uma sociedade dita desenvolvida.
Será que, sendo o dinheiro deles mesmos aceitariam entrega-lo, numa qualquer entidade bancaria, sem exigirem exercer controlo sobre a sua respectiva gestão?
Será que sendo o dinheiro deles mesmos e sendo accionistas de 51% do capital social só aceitariam exercer o controlo sobre 1% desse capital?
Pois é, é mesmo isso que, tudo indica, o tão cioso ministro Gaspar e respectivo governo, bastante lestos a cobrar impostos e a cortar nos salários e subsídios dos trabalhadores portugueses, vão acordar com os banqueiros entregando-lhes o dinheiro que eles quiserem para que tais senhores patinhas dele façam o que muito bem entenderem.
Poderão repetir-se “fenómenos” do tipo BPN`s, os portugueses ficam com o “CoCos” nas mãos e por mais que lhes cheira, semanticamente, a merda têm de arcar com os encargos de tão repetitivos roubos, para salvar o sistema financeiro especulador, como já diziam Sócrates, o Pinóquio, Teixeira o contabilista e Constâncio, o zarolho.
Não acham que isto tudo cheira mesmo muito mal, desculpem, chamando os bois pelos nomes, não cheira mesmo a merda?
Revista de blogues (28/5/2012)
«Tudo o que sabíamos dos serviços secretos do Estado português, Jorge Silva Carvalho e a Ongoing chegava e sobrava para uma ação exemplar, em que não ficasse pedra sobre pedra.
A informação de que Silva Carvalho e outros ex-agentes do SIED, a trabalhar para Ongoing, recolheram e fazeram divulgar informações sobre a vida privada de Francisco Pinto Balsemão, dono da Impresa, com quem a empresa empregadora do ex-espião mantém um contencioso (que, para que fique claro, não me diz respeito), já está para lá do que se poderia imaginar. Se tudo o que temos sabido for verdade, ninguém está a salvo.
Qualquer um que critique Silva Carvalho ou ponha em causa os interesses da Ongoing pode ver, de um dia para o outro, a sua vida privada devassada.
Como em qualquer ditadura, o poder desta gente sustentar-se-á no medo. Tudo isto começa a atingir proporções tão assustadoras que não podemos fechar os olhos.
Se a Ongoing e Silva Carvalho fizeram o que se escreve que fizeram, todos os responsáveis por isto têm de acabar atrás das grades. E todos os seus cúmplices políticos têm de ser responsabilizados.
Porque com a nossa liberdade não se brinca. Por enquanto, estamos perante uma nebulosa. É tudo demasiado escabroso e reles para parecer verdade. Mas isto não é mais um escândalo. Que se cuidem os que, tendo um envolvimento direto ou indireto nisto, estão só à espera que a coisa passe. Se ainda nos consideramos um Estado de Direito, não pode passar.
Confirmando tudo o que se tem escrito, estamos perante gangsters. E a lei tem de saber como lidar com gangsters e com os seus cúmplices.» (Daniel Oliveira)
Os olhos dos camponeses... e Contra muros ...
... cantava Adriano... e porque há vozes que ultrapassam o tempo... partilho...
Num dos seus últimos artigos, Vicenç Navarro chama a atenção para a “corrupção do processo democrático europeu” nas instituições que comandam a nossa economia política, cujas actividades e prioridades são essencialmente determinadas pelas fracções do capital, em especial do financeiro, cujo horizonte de operação, independentemente das raízes nacionais que ainda contam, é europeu ou está mesmo para lá do continente. Alguns números: 15.000 a 20.000 lobistas em Bruxelas gastam cerca de 3000 milhões nas suas actividades de compra de influência para definir as inevitáveis regras do jogo que estruturam a construção de mercados, a principal especialidade europeia. O défice democrático em Bruxelas facilita imenso este processo. É por estas e por outras que a propaganda europeia, a que faz equivaler egoísmo a nacional, é enviesada: o míope egoísmo organizado do capital opera em múltiplas escalas e tende a ser mais forte ali onde a democracia e as luzes do debate e escrutínio públicos são mais fracas. O drama é que estes poderes europeus estão a minar as democracias na escala onde estas são mais fortes.
O$ negócio$ de Bruxela$ : quem gere a União Europeia ?
[«os especuladores deixam-nos em trajes menores», «...»]
O Estado espanhol prepara-se para entrar com o equivalente a 2% do PIB num Bankia que já foi abandonado pelo Rato. Os novos dirigentes fazem questão de dizer que não querem apurar responsabilidades. A bancarrotocracia está bem e recomenda-se em Espanha: basta lembrar que o ex-presidente do falecido Lehman Brothers de Espanha é agora o ministro da economia.
Este regime monetário e financeiro favorece o seguinte padrão nas periferias consideradas bem sucedidas até há pouco:
É uma ÓTARICE deixar actividades estratégicas para a soberania/comunidade à mercê dos privados! Exemplos:
- roubalheira a 'torto e a direito': Portugal tem a terceira gasolina mais cara da Europa antes de impostos;
- chantagens: a espanhola 'Endesa' decidiu chantagear o Estado português;
- e mais chantagens: para que a Europa não caísse num caos económico, a dívida da Grécia a privados foi transferida para os contribuintes (instituições públicas);
- e... mais chantagens: economistas que aconselhavam a privatização da Caixa Geral de Depósitos... depois, para que a economia do país não caísse num caos... passaram a aconselhar... (nota: e depois de terem sido desviados milhões e milhões!!!) a entrada do Estado em negócios "madoffianos": nacionalização do BPN, Estado vai controlar posição accionista de 20% no BCP, etc.
MFonseca disse ...
...enquanto não existir massa crítica não conseguiremos mudar esta situação. Muito pouca gente em Portugal tem "tomates" para chamar as coisas pelos nomes e muitas menos teriam coragem de se revoltar. As sociedades "modernas" são uma amálgama de zombies e ovelhas que usam qualquer desculpa para ficarem quietos, deixando para a hora do café as suas lamúrias inconsequentes. Qualquer pessoa com 1 dedo de testa e acesso à internet consegue perceber o jogo que a Goldman Sachs, UBS, Deustche Bank, JP Morgan e outros estão a fazer...
A pouco e pouco não restam quaisquer bens (assets) públicos e depois ??
... O que faz não chegar para todos é que uma mão cheia (de super-ricos, bancos e multinacionais) possui 90% dos recursos naturais e financeiros.
... enquanto não "matarmos" este paradigma vicioso e viciado nada mudará. ... Basta olharmos para a história conhecida da "civilização" humana e compreendemos que a "elite 1%" procura manter e alargar o seu poder, dominando e pisando os "99%" povo (trabalhadores)...
"Corrupção" na Assembleia da República ?
Eu quero la saber
Da roubalheira e da alta corrupção
Que o Djaló esteja no Benfica ou no Casaquistão
Que não se consiga controlar a inflação
Eu quero la saber
Que haja cada vez mais desempregados
Que dêem diplomas e haja cursos aldrabados
Que me considerem reformado ou um excedentário?
Que se financie cada vez mais a fundação do Mário
Que se ilibe o Sócrates do processo
Que não haja na democracia um só sucesso
Eu quero la saber
Que o Sócrates já não finja que namora a Câncio
Que o BCE se livre do pavão armado do Constâncio
Que roubem multibancos com retroescavadora
Que o Nascimento esburaque os processos à tesoura
Que deixe até de haver o feriado do 1º de Maio
Que a tuberculose seja mesmo um tacho pró Sampaio
Que em Bruxelas mamem muitos deputados
Que o Guterres trate apenas dos refugiados
Que a nós nos deixou bem entalados
Eu quero lá saber
Que ele vá a cento e sessenta e não preguem uma multa
Que amanhã ilibem os aldrabões da face oculta
Que o Godinho pese a sucata e abata a tara
Que pra compensar mande uns robalos ao Vara
Que o buraco da Madeira sobre também para mim
Que a Merkl se esteja borrifando pró Jardim
Eu quero lá saber
Que a corja dos deputados só se levante ao meio-dia
Que a "justiça" indemenize os pedófilos da Casa Pia
Que não haja aumentos de salários nem digna concertação social
Que os ministros e gestores ganhem muito e façam mal
Que Guimarães este ano se mantenha a capital
Que alguem compre gasolineira na cidade de Elvas
Que só abasteça o condutor do Dr. Relvas
Que na Assembleia continuem 230 cretinos
Que nas autarquias haja muitos Isaltinos
Que o Álvaro por tu ai esse sim hei-de eu vir a tratar
Que se lixe o falar doce do grande actor Gaspar
Que morram os pobres e os velhos portugueses
Que eles querem é que fiquem só os alemães e os franceses
Eu quero lá saber
Que o Zé seja montado quer por baixo quer por cima
Que a justiça safe bem depressa o influente Duarte Lima
Que o bancário Costa não volte a dormir na prisão
Que o Cavaco chegue ao fim do mês sem um tostão
Que na Procuradoria continue o Pinto Monteiro
Que prós aldrabões tem sido um gajo porreiro
Que os offsores andem a lavar dinheiro
Que o BPN tenha sido gamado pelo Loureiro
Que no BPP prescrevam os processos do Rendeiro
Que à CEE presida um ex-maoista sacana e manhoso
Que agora é o snob democrata Zé Manel Barroso
Tudo isto já nada pra mim tem de anormal
Mas o que eu quero mesmo saber
é onde está o meu país chamado PORTUGAL
que isto aqui é vilanagem pura roubalheira corrupção
Meu Deus manda de novo o Marquês de Pombal
antes que este povo inerte permita a destruição !!!
Maria (pseudonimo, claro!)
Funcionária Pública
Para acabar de vez com a cultura (-por Daniel Oliveira)
Os subsídios à cultura têm três funções: desenvolvimento económico, defesa da liberdade de escolha e promoção da soberania cultural.
Comecemos pelo desenvolvimento económico.
Quando andei pela Islândia a preparar a reportagem que a revista do "Expresso" publicou há 15 dias visitei uma empresa que se tem saído muito bem nesta crise. A CCP, criada em 1997 por três jovens, é responsável por um jogo online com tanta gente registada como toda a população da Islândia. Como as suas receitas são em moeda estrangeira, não foi afectada pela desvalorização da coroa islandesa. Como tudo o que faz é exportar um serviço, não foi afectada pela crise no mercado interno. Como exporta um bem imaterial, o isolamento do país não a afecta. Como tudo o que precisa é de uma mão de obra altamente especializada, tem na Islândia o excelente lugar para trabalhar.
A CCP é hoje a maior empresa instalada no porto de Reiquiavique e tem escritórios em Atalanta, Xangai e Newcastle. É maior do que as maiores empresas de pescas do País, o ganha pão mais seguro dos islandeses. Compreensivelmente, o Presidente da Islândia, Ólafur Grímsson, deposita muitas esperanças neste sector. Disse-me, na entrevista que então lhe fiz:
"Vemos jovens a abrir empresas, a fazer investigação, a trabalhar nas artes, na música, no design, no cinema, na literatura, na tecnologias de informação, e percebemos que temos uma vida mais vibrante nos últimos três anos do que nos anteriores. O sucesso das economias no século XXI não dependerá do sector financeiro, mas dos sectores criativos."
Também por cá, o sector da tecnologias de informação e do entretenimento é tratado, em discursos de circunstância de muitos políticos, como fundamental para termos algum futuro económico que não dependa de salários baixos. Regresso então à sede da CCP, onde tive uma interessante conversa com um dos responsáveis pelas relações públicas da empresa. Dizia-me Eldor Astthorsson:
"A indústria IT não cresce num país onde não haja muita atividade cultural tradicional. É a ela que vamos buscar os músicos, os guionistas, os estilistas, os desenhadores e os realizadores que fazem os nossos jogos. Os computadores não chegam para garantir a indústria de entretenimento".
E isto não se aplica apenas à indústria dos jogos de computador. Não há indústria do calçado, do têxtil ou do mobiliário que sobreviva sem bons designers. E não há bons designers sem bons artistas plásticos. Não há desenvolvimento das telecomunicações, dos novos media e do entretenimento sem conteúdos. E não há conteúdos sem desenvolvimento das artes. Não há turismo competitivo sem atividades culturais. E não há atividades culturais, incluindo as do puro entretenimento, sem cinema, teatro, literatura. Não há cinema comercial sem o experimentalismo do cinema de autor. Não há marketing sem publicidade, não há publicidade sem realizadores e guionistas.
O sector cultural e criativo representava, em 2010, 3,4% do comércio mundial. Em Portugal gerava 2,8% da riqueza e dava emprego a 126 mil pessoas. Neste sector estão incluídas muitas atividades, que vão do património à publicidade. Mas o combustível desta gigantesca indústria em crescimento são as atividades culturais nucleares: o cinema, a literatura, o teatro, a dança. Sem elas, o motor para. E a criatividade que pode alimentar a economia também.
Se os sucedâneos comerciais das atividades criativas têm retorno quase imediato, o mesmo não acontece com as atividades culturais de que se alimentam. Todos os países desenvolvidos do mundo, EUA incluídos, têm financiamento público à criação artística. E se isto é verdade em países com mercados de alguma dimensão, em países do tamanho de Portugal deveria ser indiscutível. Assim como o apoio público à Investigação e Desenvolvimento não tem retorno imediato mas é central para o desenvolvimento económico e social de qualquer país, o apoio à cultura é prioritário para quem não queira condenar uma sociedade ao subdesenvolvimento económico, social e cultural. Os subsídios à cultura não são uma esmola. São um investimento. Um pequeníssimo investimento, para dizer a verdade. Talvez dos investimentos públicos onde a relação entre o que é gasto e o retorno final é mais favorável.
Quanto à defesa da liberdade de escolha, a coisa é ainda mais simples de perceber.
O Estado não tem gosto. Não escolhe o que é bom e o que é mau. Sabe apenas uma coisa: se deixarmos a cultura apenas ao mercado só teremos acesso ao que tenha retorno financeiro imediato. E o que tem retorno imediato é o que agrada ao máximo de pessoas pelo mínimo investimento possível. E, acima de tudo, o que represente menor risco. A produção com intuitos meramente comerciais é, por natureza, conservadora e avessa ao risco. Inova pouco porque se dirige ao gosto mainstream. Isso não tem mal nenhum. Eu gosto de filmes comerciais. Mas se ficarmos por aí nem os filmes comerciais sobrevivem.
É comum dizer-se que devem ser as pessoas a escolher o que querem ler, ouvir e ver. Assino por baixo. Não tenho a arrogância de pensar que o que eu gosto é melhor do que o gosto dos outros. Apenas sei que se não houver uma política pública para garantir a diversidade ela morre. E eu, como todos os outros, deixo de ter a possibilidade de escolher. Apenas posso ler, ouvir e ler o que a maioria quer ler, ouvir e ver.
Ponho a coisa assim: sem investimento público (seja de Estados, seja de monarcas ou instituições mais ou menos públicas), não teríamos podido ouvir Bach ou contemplar grande parte do nosso património arquitectónico. E sem isso, até a nossa música comercial e arquitetura mais acessível seriam hoje muito mais pobres. Resumindo: o investimento público na cultura é a única forma, sobretudo num país da dimensão de Portugal, de garantir a liberdade de escolha que os absolutistas do mercado dizem defender.
Por fim, a soberania cultural.
Talvez não se saiba, mas, depois do futebol e das praias, a literatura e o cinema portugueses são, de longe, os melhores embaixadores do País. Fica bem desprezar Manoel de Oliveira e João César Monteiro. Mas vão por essa Europa fora e ficarão a saber que são bem mais conhecidos do que a esmagadora maioria das nossos banqueiros ou estadistas. Claro que saem mais caros que um Saramago ou um Lobo Antunes. Apenas porque o cinema exige um investimento dispensável na escrita. Mas um país sem criadores é um país que não existe. Porque nada tem a acrescentar a um mundo globalizado. Não existe na economia, não existe na política, não existe na diplomacia.
O cinema português assistiu a um corte de 100% de investimento público. Nenhum outro sector vive tal sangria. Neste momento, nenhum dinheiro público (que resulta de taxas sobre a publicidade e não, como muitos julgam, do Orçamento do Estado) está a ser canalizado para a produção cinematográfica. Assistimos, na música (os membros da Orquestra Metropolitana de Lisboa estão hoje em greve, garantindo eventos culturais à população de borla), noteatro e na dança ao mesmo tipo de desinvestimento público que está a levar a criação cultural à penúria absoluta. O estado de falência é generalizado. Dirão: no meio desta crise económica, o que interessa? Interessa tudo. Isto, claro, se alguma vez quisermos sair do subdesenvolvimento político, económico e social que nos atrasou e nos deixou tão vulneráveis a esta crise.
Tenho lido, pacientemente, muitos disparates sobre os subsídios ao cinema e à cultura. Muito resulta de pura ignorância.
Noutros casos, trata-se de ressentimento social e cultural. Noutros ainda, de populismo barato, num país onde a palavra "intelectual" é usada como insulto. Sobre os prémios internacionais recebidos pelos realizadores João Salaviza e Miguel Gomes, houve mesmo quem tivesse escrito que se tratavam de subsidiodependentes de "chapéu na mão" incapazes de captar investidores internacionais para o seu trabalho. Dá-se o caso de "Rafa" e "Tabu" terem conseguido, antes dos prémios que receberam, financiamento francês, alemão e brasileiro. Porquê?
Porque há países que sabem o que andam a fazer. Passaram, por assim dizer, à fase da maioridade. Investir na cultura (incluindo na produzida por estrangeiros) é visto como uma indiscutível prioridade política. Aqui, pelo contrário, desprezar os artistas e tratá-los como pedintes mimados rende muito aplauso fácil.
Pagaremos cara tanta ignorância atrevida.
(idem para o (des)investimento na Educação, Ciência, Saúde, ... e nos bens públicos.)
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