Nas últimas eleições legislativas, os eleitores votaram em função da sua avaliação sobre a acção do Governo, do PS e dos partidos da oposição durante a última legislatura, e sobre as propostas dos vários partidos para governar o País durante a legislatura que agora se inicia. Os resultados, como se sabe, conduziram à seguinte distribuição de deputados na AR: PS-97, PSD-81, CDS/PP-21, BE-16 e PCP/PEV-15.
Como resulta destes números, o partido que teve a avaliação mais positiva foi o PS, competindo-lhe, portanto, formar o Governo e governar. É esse o sentido do voto dos eleitores.
O PS, não tendo obtido uma maioria absoluta de deputados na AR, mas procurando assegurar as melhores condições possíveis de estabilidade governativa de que o País tanto carece face aos problemas que tem pela frente, fez o que devia: reuniu separadamente com cada um dos partidos da oposição, propondo-lhes, sem condições prévias, uma discussão conjunta com vista ao estabelecimento de um compromisso para a estabilidade governativa com reflexos no Programa de Governo a apresentar na AR. Como se sabe, esta proposta foi rejeitada por todos os partidos da oposição que optaram por se conduzir, na sua acção política futura, pela defesa dos seus próprios programas eleitorais. Assim, o Programa de Governo apresentado na AR corresponde, na íntegra, ao programa eleitoral do PS, maioritariamente aprovado pelos eleitores.
Não deixa, por isso, de ser paradoxal que os partidos da oposição venham dizer agora que, ao apresentar tal Programa de Governo, o PS deu provas de que não soube entender os resultados eleitorais.
A verdade, no entanto, é que são os partidos da oposição que se recusam a compreender os resultados eleitorais.
Por exemplo, o PCP continua sem compreender porque é que, desde as eleições legislativas de 1979, em que teve 18,8% dos votos, tem vindo a perder influência junto dos eleitores, passando para valores entre 8% e 10% a partir das eleições legislativas de 1991, e para valores abaixo de 8% a partir das eleições legislativas de 2002, tendo mesmo, nas últimas eleições, ficado abaixo do CDS/PP e do BE. Aliás, idêntica perda de influência tem vindo a ser registada nas eleições autárquicas.
O PSD também continua sem compreender porque é que, apesar da crise económica, financeira e social que tem assolado a Europa e o Mundo, em geral, e tanto tem afectado Portugal, penalizando, naturalmente, o Governo, e apesar das “campanhas negras” que têm procurado visar o PM, teve um resultado abaixo dos 30%, o que constitui o quarto pior resultado nas 12 eleições legislativas realizadas desde 1976. Isto sem falar da crise interna permanente em que tem estado envolvido nos últimos anos e que se traduz, entre muitas outras manifestações, pelo facto de, desde 2005, já ter tido 4 líderes, correndo mesmo, de forma acelerada, para o quinto.
Não ficaria mal, portanto, a estes partidos, um pouco mais de humildade e contenção e menos arrogância na sua postura.
O comportamento da Direcção do PCP ao longo dos últimos 35 anos de democracia é absolutamente confrangedor pela forma como tem ingloriamente delapidado e desperdiçado o valioso património histórico e revolucionário desse partido.
Um dos sinais inequívocos desta evolução é o enormíssimo número de quadros e militantes, muitos deles com largos anos de clandestinidade, que se afastaram do partido, invocando quase sempre razões de falta de democracia interna, de dogmatismo e de sectarismo. Outro sinal inequívoco é a contínua perda de influência na sociedade traduzida, por exemplo, pela continuada redução dos seus resultados eleitorais, tanto em eleições legislativas como autárquicas. Outro sinal ainda é a indisponibilidade que o PCP sempre tem manifestado para fazer qualquer coligação, aliança, acordo pré ou pós eleitoral com o PS, a nível nacional ou municipal, para derrotar a direita, com excepção do município de Lisboa, no período 1989-2001, com resultados muito positivos.
Para o PCP, o PS é o "inimigo" principal!
Nas últimas eleições legislativas e autárquicas, esta situação manteve-se, com grande vantagem para a direita, mas também com grande prejuízo para o PCP. Basta ver o que se passou com os resultados eleitorais para a Câmara Municipal de Lisboa em que o PCP, contrariamente ao que se verificou no passado, deixou de ser necessário para a esquerda derrotar a direita com maioria absoluta.
No âmbito do debate sobre o Programa do Governo, foi curiosa a argumentação dos partidos da oposição a propósito daquilo que chamam a “chantagem” do PS, face à hipótese de se ter de recorrer a novas eleições legislativas, para se ultrapassar uma eventual situação de ingovernabilidade do País.
Não compreendo.
Para os partidos da oposição, o Governo PS e as suas políticas são muito negativas para o País. Seria natural, por isso, que estivessem desejosos de novas eleições legislativas para substituir o PS no Governo e poderem desenvolver as suas políticas, essas sim , na sua opinião, muito positivas.
Afinal, parece que não se querem chegar à frente, governar, tomar decisões, assumir responsabilidades. Querem ficar-se pela reduzida ambição de ter o PS sem maioria absoluta e, através de acordos entre si, pautados mais pelo não deixar o Governo fazer do que pela construção de políticas alternativas, porem “pauzinhos na engrenagem” e promoverem o desgaste do Governo.
A Bem da Nação, evidentemente!
[Puxa Palavra, Mário Lino]
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