Domingo, 15 de Novembro de 2009

O alerta é periódico e - perante a manutenção da tendência - suscita, naturalmente, crescente preocupação: Portugal, com uma fraquíssima taxa de natalidade e um aumento da esperança média de vida, é um país extremamente envelhecido. Segundo dados divulgados esta semana pelo Report on the Evolution of the Family in Europe 2009, do Instituto da Política da Família, apresentado em Bruxelas, Portugal, logo seguido de Espanha, é o país que envelhece mais rapidamente na União Europeia a 27: nos últimos vinte e oito anos, a percentagem de população portuguesa com mais de 65 anos de idade passou de 11,2% para 17,8%.

De facto - e a par da Itália, Alemanha, Grécia e Suécia - Portugal é, já hoje, um dos países da União Europeia com mais população idosa, sendo que um em cada cinco habitantes têm mais de 65 anos de idade. Acresce que, mesmo considerando os fluxos migratórios, é expectável uma progressiva (e inédita) diminuição da população portuguesa até 2050.

E, não sendo um problema exclusivamente português - pois, também segundo este relatório, a população europeia tende a envelhecer até 2050 - o acentuado envelhecimento da sociedade portuguesa compromete seriamente o desenvolvimento sustentável do nosso país.

Desde logo, pelo desequilíbrio demográfico.

Portugal enfrenta um grande desafio demográfico devido quer à diminuição da taxa de natalidade quer ao aumento da esperança média de vida.

Na realidade, os valores da taxa de natalidade em Portugal estão muito aquém do valor mínimo considerado para a renovação da população (cerca de 2.1 filhos por casal), o que além de não permitir a substituição da população faz, consequentemente, diminuir a população activa: estima-se que, em 2050 Portugal, registe uma das percentagens mais elevadas de pessoas idade superior a 65 anos e uma das percentagens mais baixas de trabalhadores com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos.

Ora esta tendência demográfica recessiva repercutir-se-á, a prazo, negativamente no equilíbrio das contas públicas, no crescimento económico, na competitividade do país e, ainda, na sustentabilidade do sistema Público de Segurança Social.

Assim, impedir o acentuado envelhecimento da sociedade portuguesa e encorajar políticas de família promotoras da natalidade será decisivo para o futuro social e económico do nosso país.

Além do mais, porque um outro dado avançado por este relatório evidencia a necessidade de reforço na assistência às famílias - com Portugal a surgir entre os piores com 1,2% do PIB - e dado que a maioria dos portugueses, confrontados com exigências cada vez maiores ao nível da sua vida profissional (tardio acesso ao mercado de trabalho, instabilidade laboral e tendencial aumento da duração do período normal de trabalho semanal), e auferindo parcos salários, tende a adiar ou mesmo a arredar a hipótese de constituir ou alargar a família, importa que se fortaleçam as políticas de apoio ao bem-estar das famílias, designadamente no plano fiscal, protegendo as mais numerosas.

[Jornal de Notícias, Glória Rebelo]



Publicado por JL às 00:02 | link do post | comentar

3 comentários:
De Izanagi a 15 de Novembro de 2009 às 00:25
“Ora esta tendência demográfica recessiva repercutir-se-á, a prazo, negativamente no equilíbrio das contas públicas, no crescimento económico, na competitividade do país e, ainda, na sustentabilidade do sistema Público de Segurança Social.”
E que população seria necessária para manter a sustentabilidade da segurança social? E como se mantinha a sustentabilidade daqueles que seriam necessários para manter a sustentabilidade para os actuais?
Onde parava este processo tipo “D. Branca”?
Ficamos á espera que estes defensores do aumento da demografia nos elucidem
Nesta óptica, nos países fortemente populosos, a sustentabilidade está assegurada. Será? È isso, que acontece na China, India, Bangladesh, Brasil, Indonésia, México e por aí fora e muito periclitantes está a segurança social na Finlândia, Suécia, Noruega, Luxemburgo e por ai fora também.
E nem vou dar grande relevância ao desemprego e ao custo que isso representa no orçamento da segurança social.

Haja pachorra para tanto cinismo



De Zé T. a 17 de Novembro de 2009 às 14:32
Não há dúvida que é necessário pensar no que se pretende que seja o futuro (e o presente) desta comunidade ''portuguesa'' no território de Portugal.
Sem sabermos para onde queremos ir, não interessa andar a escolher caminhos ou a gastar recursos públicos ...

As populações têm dinâmicas condicionadas tanto por fortes restrições como por fortes incentivos, sejam eles internos/'nacionais'/Estatais, individuais/psico-socio-económicos, ou externos/estrangeiros .... que podem alterar significativamente uma sociedade-país ...

Para além das imigrações, emigrações, migrações internas, migrações sócio-económicas, ... existem ainda as as epidemias, guerras, catástrofes naturais, ...

Se querem tomar medidas a sério, se querem fazer Política de alta qualidade ... pensem na panóplia de factores, características e possíveis consequências ...antes de quererem 'manipular' apenas uma ou duas variáveis ''demográficas'' para satisfazer alguns e enganar muitos...


De Reduzir População Mundial a 18 de Novembro de 2009 às 16:10
ONU diz que conter a população ajudaria no combate às alterações climáticas
- Ricardo Garcia, com Agências/ Público, 18.11.2009

Conter a população mundial pode ser tão eficaz no combate às alterações climáticas como construir milhões de aerogeradores para a produção de electricidade a partir do vento, defende o Fundo das Nações Unidas para a População.

“Reduzir o aumento da população ajudaria a aumentar a resiliência da sociedade às alterações climáticas e a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa no futuro”, diz a organização, num comunicado sobre o relatório Estado da População Mundial 2009, hoje divulgado.

O relatório aborda especificamente as relações entre a população e as alterações climáticas, com ênfase particular sobre as mulheres.
“É verdadeiramente a primeira vez que uma agência das Nações Unidas debruça-se sobre os laços entre população e mudança climática”, disse à agência France Presse Bob Engelman, um dos autores do estudo e vice-presidente do Worldwatch Institute, organização não-governamental com sede em Washington.

O documento sustenta que se a população crescer até oito mil milhões de pessoas até 2050 – e não nove mil milhões, que é a projecção média das Nações Unidas – seriam evitadas emissões de gases com efeito de esfufa equivalentes a um a dois mil milhões de toneladas de dióxido de carbono.
O mesmo efeito poderia ser conseguido, por exemplo, se fossem instalados dois milhões de aerogeradores com um megawatt de potência – o que equivale a multiplicar por 17 a capacidade mundial actualmente instalada em energia eólica.

O relatório chama a atenção para os movimentos migratórios que as alterações climáticas podem provocar, à medida que populações vulneráveis deixem zonas inundáveis, áridas ou inóspitas. Cerca de 200 milhões de pessoas poderão 2050 passar à condição de refugiados climáticos até 2050.

As mulheres estão também no centro da análise do Fundo das Nações Unidas para a População. “As mulheres, em particular nos países mais pobres, serão afectadas de forma diferente do que os homens”, diz a organização.
O relatório considera que as mulheres asseguram 60 a 80 por cento da produção de alimentos nos países em desenvolvimento.
Ao mesmo tempo, tendem a ter a família e a habitação ao seu cargo, o que limita a sua mobilidade, tornando-as mais vulneráveis a extremos climáticos.

“A conexão próxima entre género, produção alimentar e alterações climáticas merece muito mais atenção do que a que actualmente recebe”, diz o fundo da ONU.

Os acordos internacionais sobre o clima teriam melhor hipótese de resultar se tivessem em conta “a dinâmica da população, as relações entre os sexos e o bem-estar das mulheres", diz o trabalho, publicado 20 dias antes da cimeira sobre o clima que as Nações Unidas realizam em Copenhaga.
O relatório recorda que a transição para um curva demográfica mais branda depende da promoção da igualdade de géneros e de maior acesso das mulheres à educação e saúde reprodutiva.


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