A oposição prepara-se para oferecer um excelente negócio à Mota-Engil. Ao chumbar a obra de alargamento do cais de contentores de Alcântara, a oposição vai permitir à empresa Mota-Engil a obtenção de uma choruda indemnização sem despesas em obras.
Quem consultar a imprensa marítima internacional e as muitas “newsletters” do ramo sabe que o tráfego de contentores sofreu uma redução mundial da ordem dos 30%. Há, neste momento, centenas de navios porta-contentores parados.
A maior parte dos contentores vinham da Ásia, nomeadamente da China, e as exportações deste país sofreram uma quebra superior a 25% e tudo indica que a queda continua.
A crise actual na Europa e EUA é muito mais de saturação dos mercados do que políticas destes ou daqueles governos, grupos empresariais, etc. Há um excesso de produtos na posse dos consumidores e um desejo de consumirem menos por razões económicas, ambientais e até de saúde.
O cidadão médio sabia que andava demasiado de carro, comia em excesso e gastava muita coisa de que não necessitava. Até tem muita roupa que não usa e, afinal, ainda está bastante boa, etc.
De Dieter Dellinger - redactor e membro do conselho redactorial da Revista de Marinha.
De
Izanagi a 24 de Novembro de 2009 às 01:05
O que DD desconhece é que os negócios "leoninos" (aqueles em que uma das partes - Mota-Engil - abocanha TUDO) são juridicamente anuláveis e logo insusceptíveis de receberem qualquer indemnização. Assim o Governo o queira...
De isolda a 24 de Novembro de 2009 às 15:55
"O que DD desconhece é que os negócios "leoninos" (aqueles em que uma das partes - Mota-Engil - abocanha TUDO) são juridicamente anuláveis e logo insusceptíveis de receberem qualquer indemnização. " - eu não sabia e fico muito contente por ser assim. E direi então o mesmo: assim o Governo o queira... O povo está saturado de corrupção. E mais difícil é saber que uma pessoa que não é corrupta, como o DD, aceitou sempre passiva e alegremente a corrupção no PS. É demais!!!
De E a boa/má fé entre as partes? a 24 de Novembro de 2009 às 09:54
É preciso demonstrar que o negocio não foi feito de boa fé, com a conivência ou não da outra parte (e isso bastará, se for demonstrável e segundo algumas opiniões terá havido em prejuízo do Estado) é perfeitamente possível declara-lo nulo e de nenhum efeito.
É claro que podem existir ou não questões colaterais ao negocio declarado nulo que seja necessário acautelar.
Segundo o principio "jus imperii " os interesses do Estado sobrepõem-se, em certas circunstancias, ao dos privados e se tiver havido má fé ...
De
DD a 24 de Novembro de 2009 às 18:56
O negócio foi feito como muitos outros, nomeadamente auto-estradas, barragens, eólicas, etc., isto é, com o objectivo de evitar custos imediatos para o Estado, logo para o contribuinte, sem que haja uma paragem ainda maior da economia.
Que o Estado ganharia mais se fizesse directamente o negócio dos contentores e outros é verdade. Mas, tal como uma pessoa que compra uma casa a 30 anos paga mais, também o Estado com concessões a longo prazo fica algo a perder. A alternativa para já era não fazer nada ou fazer em parcerias público-privadas em que, naturalmente, o privado ganha algo, enquanto o objectivo do Estado não é ganhar dinheiro, mas que a economia no seu todo ganhe. Que se aproveite o cais de águas mais profundas do país para os gigantescos porta-contentores que poderão não vir a acostar nos próximos tempos, mas provavelmente só daqui a uns anos quando as economias europeias e mundiais voltarem a funcionar.
A China comunista entregou-se toda ao capitalismo e assim o seu PIB per capita aumentou em 25 anos de 200 dólares para os actuais 3.250.
O que interessa é que se façam coisas, obras, que haja trabalho para os trabalhadores que pagam impostos em vez de receberem subsídios de desemprego e miséria.
Os trabalhadores desempregados durante muito tempo vão receber pensões de grande miséria na idade da reforma.
É isso o negócio para o Estado?
Toda a gente diz mal da Mota-Engil, empresa com a qual nada tenho a ver e não conheço lá ninguém, nem sequer o Coelho, mas, como acontece com outras empresas, se fechasse e despedisse umas centenas de trabalhadores seria mais miséria para todos nós.
O Estado perde dinheiro em muitos negócios. Por exemplo, o Estado perde com o Metro que chegou ao Lumiar. Desde que chegou deixei de ir de carro para o meu trabalho e poupo uma data de dinheiro em gasolina, parqueamentos, etc., além de emitir menos 1,5 toneladas anuais de CO2 para a atmosfera ou pulmões dos lisboetas.
O Estado também perde com a CP, mas conheço muita gente que vem a Lisboa diariamente de comboio da outra margem e da linha de Sintra para trabalhar em Lisboa.
Negócio ruinoso é o dos submarinos e conheço oficiais de alta patente da marinha de guerra que criticam o negócio e dizem que o país não precisa de submarinos. Apenas necessita das actuais cinco fragatas com helicópteros e um certo números de navios de patrulhamento da costa e das ilhas.
Só os 24 torpedos custaram 20 milhões de euros que ainda não foram pagos por não haver verba.
De
Izanagi a 25 de Novembro de 2009 às 02:08
Quanto aos submarinos também há muitos oficiais que defendem a sua aquisição. O problema não está na aquisição mas sim no incumprimento das contrapartidas que os governos, sobretudo o de Sócrates, porque o de Durão Barroso esteve muito pouco tempo e Santana nem aqueceu a cadeira, não se esforçaram minimamente para alterar esse incumprimento. Porque ? talvez algum dia venhamos a saber.
Quanto ao encerramento de empresas, a realidade mostra que se uma empresa fecha por qualquer motivo mas é rentável ( vg Mota_Engil) logo surgem no mercado investidores que irão tomar o seu lugar.
Se não surgirem é porque a empresa não é rentável e por isso o seu encerramento é saudável.
Não há pois qualquer razão para o governo fazer com o meu dinheiro e de muitos outros portugueses, negócios ruinosos para o Estado e obscenamente lucrativos para algumas empresas.
De Fulano a 26 de Abril de 2010 às 19:48
«A crise actual na Europa e EUA é muito mais de saturação dos mercados do que políticas destes ou daqueles governos, grupos empresariais, etc. Há um excesso de produtos na posse dos consumidores e um desejo de consumirem menos por razões económicas, ambientais e até de saúde.
O cidadão médio sabia que andava demasiado de carro, comia em excesso e gastava muita coisa de que não necessitava. Até tem muita roupa que não usa e, afinal, ainda está bastante boa, etc.», pois, e mil milhões de subalimentados. Alguém se lembra da não muito antiga notícia em que se discriminavam as muitas toneladas de alimentos que vão diariamente para o lixo numa cidade como Londres?
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