Com o Eurostat a indicar uma taxa de desemprego de 10,2% para Portugal - desemprego que fustiga também a União Europeia (UE) e, em especial, a Zona Euro, com 9,8% em Setembro e Outubro, o seu nível mais alto desde 1999 - torna-se evidente que o emprego é, na actualidade, "o desafio" quer do nosso país quer da UE.
Recorde-se que não há uma década - de 1999 a 2001 - Portugal registava taxas de desemprego próximas dos 4%, taxa que, à altura, representava metade da taxa de desemprego média verificada no conjunto dos países da então UE (de aproximadamente 8,5%). De referir ainda que, nalguns grupos etários, como por exemplo nas pessoas entre os 45 e os 54 anos, a taxa de desemprego era mesmo inferior aos 3%, próxima do pleno emprego.
E se, de 2003 a 2005, sem factores internacionais que o justificassem, deu-se um inesperado e rápido aumento do desemprego em Portugal, a nossa economia sofre hoje a sequela de dois importantes acontecimentos: por um lado, o alargamento da UE a Leste (ocorrido em 2005) que desencadeou nalguns países europeus - entre os quais se inclui Portugal, país periférico e com uma indústria muito apoiada nos sectores têxtil, calçado e automóvel - um forte dumping social e, por outro lado, a recente crise financeira internacional. Como consequência, o encerramento, por inviabilidade económica, ou a deslocalização de muitas destas empresas para outros destinos mais atractivos têm atirado para o desemprego milhares e milhares de trabalhadores.
De facto, a criação de emprego depende da evolução de certos sectores económicos. E, como é sabido, sujeitos a forte concorrência internacional, verifica-se hoje em muitos sectores mais destruição do que criação de emprego. Veja-se os casos dos sectores têxtil ou automóvel na UE. Neste segundo caso - e excepcionando a produção de automóveis eléctricos -, desde o início deste século que o sector automóvel europeu tem sofrido a forte concorrência de marcas oriundas, por exemplo, da China (país que regista aumentos das exportações neste sector na ordem dos 20% ao ano) ou da Índia. Ora, num momento em que a economia portuguesa está já a crescer, importa que esse crescimento se repercuta nos cidadãos. Por exemplo, como venho defendendo, Portugal apresenta um potencial de criação de emprego excepcional nos sectores agro-alimentar, da energia (mormente as renováveis), da saúde e dos serviços, sobretudo de proximidade. E, antes que o desemprego em Portugal se torne estrutural, é preciso - em imprescindível ambiente de estabilidade política - planear um crescimento económico sustentável que passe pela consolidação destes sectores económicos.
[Jornal de Notícias, Glória Rebelo]
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