Sexta-feira, 8 de Janeiro de 2010
 
 
Fenprof  diz que acordo fica aquém em alguns aspectos

A Fenprof  (e a FNE ...) reconheceu hoje que o acordo assinado com o Governo é «bom» para os professores, mas fica aquém daquilo que tem defendido, pelo que vai continuar a lutar para alterar alguns aspectos da carreira docente.

 

«É um acordo importante para os professores. Contudo, em alguns aspectos, é um acordo que fica aquém do que a Fenprof defende, pelo que continuaremos a agir e a lutar no sentido de alterar», afirmou o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores, Mário Nogueira, após o acordo assinado com o Governo sobre a carreira e avaliação docente.

Segundo o sindicalista, a Fenprof considera que o modelo de avaliação vai continuar muito próximo do 'simplex' aplicado no último ano lectivo, continuando a discordar da realização da avaliação de dois em dois anos, bem como da existência de quotas na atribuição das classificações mais elevadas, apesar dos docentes com as notas de 'Muito Bom' e 'Excelente' não necessitarem de vagas para progredir na carreira.

 

«Sendo um mecanismo que advém do regime geral da administração pública, a Fenprof manterá uma luta forte e activa no âmbito da frente comum dos sindicatos da administração pública no sentido de combater as quotas e tudo aquilo que condiciona a avaliação dos professores e de todos os funcionários públicos», garantiu.

 

No entanto, o sindicalista congratulou-se pelo facto de Governo e professores terem acordado a revisão de outros aspectos do Estatuto da Carreira Docente, como os horários dos professores, funções da componente não lectiva, formação, faltas, dispensas, licenças e aposentações, já a partir de 20 de Janeiro.

Mário Nogueira manifestou-se ainda satisfeito pela antecipação em dois anos do próximo concurso de colocação de professores, previsto apenas para 2013, o que considerou também importante, tendo em conta que «30 mil professores» foram impedidos de concorrer no último por serem titulares e que 23 mil contratados já deviam estar integrados nos quadros.

 

«Este acordo assegura que os professores classificados com Bom chegarão ao topo da carreira e que, finalmente, acabou a divisão da carreira em duas categorias hierarquizadas», sublinhou.

Outro dos aspectos positivos apontados por Mário Nogueira prende-se com o facto do modelo de avaliação hoje acordado ser revisto no final do primeiro ciclo de avaliação e não apenas no final do segundo, «como pretendia o Ministério da Educação».

«Infelizmente achamos que serão poucos os aspectos que funcionarão bem», afirmou.

 

O secretário-geral da Fenprof sublinhou que a luta dos professores tem valido a pena e que vai continuar, tendo em conta a «urgência» em rever outras matérias do quotidiano dos professores, como as condições de trabalho nas escolas, a autoridade dos professores, o regime de vinculação dos contratados, o estatuto do aluno, a educação especial ou o alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos.

 

Questionado sobre a diferença entre negociar com a equipa de Isabel Alçada e com a da anterior ministra, Maria de Lurdes Rodrigues, Mário Nogueira disse que «desta vez aconteceu negociação».

«Há quatro anos e meio que não sabíamos o que era isso. Houve negociação, vamos ver se continua a haver. Já tínhamos saudades de uma boa negociação. Nunca deixámos que nos vergassem a coluna, nem nos tempos mais difíceis de Maria de Lurdes Rodrigues», assinalou.

Lusa / SOL, 8.1.2010



Publicado por Xa2 às 08:02 | link do post | comentar

2 comentários:
De ex-sindicalista UGT a 12 de Janeiro de 2010 às 11:38
E porque é que os trabalhadores e sindicalistas da Administração Pública em geral (com honrosas excepções) não lutaram/ não lutam pelos seus direitos, pelo seu Vínculo, Carreira, Avaliação justa, reforma ... ?

E porque é que a UGT foi a correr fazer um acordo derrotista com o Governo PS/Sócrates I que 'virou de pantanas' a Adm. Pública e desmotivou completamente os trabalhadores ?!

Porque é que os trabalhadores e sindicatos da AP não se unem e coordenam esforços para melhor defenderem os trabalhadores ?!


De Maria Rosário Gama a 13 de Janeiro de 2010 às 16:16
Negociações com o Ministério da Educação:
Consenso ou Bom-Senso?

Terminou em 2009 um “ciclo avaliativo de Professores”, período de grandes atropelos, injustiças, oportunismos e conflitos insanáveis. A renovação da equipa ministerial e a “abertura” demonstrada no início das negociações fizeram alimentar expectativas que, verifico agora se transformaram em frustrações.

O Acordo de Princípios agora assinado, só relativamente ao Estatuto da Carreira Docente, teve o mérito de responder à luta dos Professores ao terminar com a perversa divisão da carreira entre Titulares e Professores.

É de lamentar, contudo, que de acordo com o constante do ponto 42 do Acordo de Princípios, seja contabilizada a avaliação de Muito Bom dada no ciclo avaliativo de 2007/2009 como condição de transição ao índice 370, contrariamente às restantes condições de transição entre índices. Sabendo que a avaliação correspondente a este período foi realizada debaixo de uma confusão geral que teve origem nas próprias orientações do Ministério da Educação, que incidiu apenas sobre ¼ do ciclo avaliativo anterior e que teve interpretações e desenvolvimentos diferentes nas várias Escolas, criando injustiças neste processo, seja agora condição para a transição em 2012 para professores que cumpriram mais de 6 anos no escalão 340.

No tocante à avaliação mantém-se basicamente o mesmo modelo, substituindo Professores Titulares por Relatores e mantendo um ciclo avaliativo de dois anos.

A avaliação feita pelos pares vai seguramente criar os mesmos constrangimentos e perturbação na relação entre colegas. Um professor Relator passará a ser “odiado” por todos os colegas do seu grupo de recrutamento, com quem coordena, partilha e convive, se atribuir Bom aos que se candidatem à classificação de mérito por se autoavaliarem em Muito Bom ou Excelente.

Nem sempre nos grupos de recrutamento os professores melhor posicionados e por isso em condições de avaliar os restantes, são pessoas com perfil adequado a esta tarefa, ou por serem menos competentes, ou por serem pessoas de má relação e conflituosas.

Há ainda que ter conta a subjectividade resultante de relações privilegiadas ou conflituosas entre docentes do mesmo grupo e nesse caso, o amigo que tenha Muito Bom será visto como privilegiado e o colega, de relacionamento distante, se tiver Bom ou Regular acusará sempre o Relator de não ser imparcial.

Solução para este problema: deveria haver uma componente externa na avaliação dos professores.

O ciclo avaliativo de dois anos gera, do mesmo modo, grandes perturbações na Escola por anualmente ser necessário um somatório de aulas assistidas que impedem o funcionamento normal das actividades escolares. Sendo necessária a classificação de mérito para progredir na carreira, a maioria dos professores vai candidatar-se a ter aulas assistidas. Numa escola de média dimensão, se houver 100 professores a candidatar-se a aulas assistidas, haverá 200 aulas assistidas por cada ano e essa situação passará a fazer parte do quotidiano das escolas com todas as implicações que daí advém para a eficácia do trabalho e relação com os alunos.

Solução para este problema: o ciclo avaliativo deveria ser coincidente com o tempo necessário à permanência no escalão.

Os vectores fundamentais pelos quais lutei nos anos transactos, não se alteraram, o que me leva a pensar que nem sempre o consenso traduz bom-senso!

Maria do Rosário Gama
Directora da Escola Secundária Infanta D. Maria - Coimbra
(via MIC )


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