Aqueles evangelistas do lucro que, à boleia do ideário de Passos Coelho, regressam agora a pregar contra o que de mais decente José Sócrates fez por Portugal (a aposta nas energias renováveis) dizendo que a energia nuclear é "limpa", demonstram ter conceitos de higiene que não merecem qualquer credibilidade. Alguém acredita que esta gente queira agir em prol do bem comum? Será assim tão difícil adivinhar que interesses se movem por trás da insanidade e da ganância destes irresponsáveis? Não falemos de Three Miles Island ou de Chernobyl mas vejamos, num exemplo muito recente, de que "limpeza" e "segurança" estamos a falar:
No Expresso de 12 de Julho de 2008 , lia-se na pág 41 que «360 quilos de urânio provenientes das instalações nucleares francesas de Tricastin (Avinhão) contaminaram terça-feira dois afluentes do Ródano, devido a uma fuga de água. Entetanto, no norte da Alemanha, em Asse (Baixa Saxónia), foi detectada outra fuga radioactiva, esta numa antiga mina de sal onde eram guardados resíduos nucleares.»
Reportou depois Daniel Ribeiro, o enviado do Expresso (25 de Julho 2008, 1º caderno, pág. 31) ao local, que a contaminação produzida na sequência das fugas radioactivas na central nuclear de Tricastin não só contaminou 100 funcionários como provocou ainda, nas vilas e aldeias em redor, um desastre social, pois este acidente, envolvendo a perda de 360 quilos de urânio - ou "apenas" 74, segundo outros cálculos - aconteceu no momento em que se veio a saber que os lençois freáticos que abastecem de água toda a região, estão contaminados desde há vinte anos, devido aos detritos de uma base militar de enriquecimento de urânio existente também em Tricastin. Por toda a região, os produtores de vinho, frutas e legumes, assim como o comércio, os restaurantes e os hotéis estão em desespero de causa, pelas consequências que isto trouxe para a região.
Energia limpa e segura? Quem quererá acreditar nestes porcalhões?
Apenas os cosmocratas, os demagogos e os iluminados do empreendedorismo, que em tudo vêem "oportunidades" de negócio. A esta nova burguesia planetária, se lhes envenenarem a mãe, os filhos e os netos, esfregarão as mãos de contentes, pela oportunidade de crescimento que isso representará para os seus negócios.
Os porcalhões domésticos - que, ao que parece, estão à direita, ao centro e à esquerda e tanto devem usar o cilício como o avental - esperam, certamente, assegurar o retorno dos seus investimentos. E, como sempre, cá estarão depois os contribuintes para pagar as derrapagens orçamentais e os roubos dos barões, dos duques e dos condes; o titubeante sistema de justiça (?) para alimentar a sempiterna novela da corrupção servida nos telejornais à hora do jantar logo a seguir aos resultados do futebol, esse grande desígnio nacional; os oceanos para depositar os resíduos perigosos (servirá para isso o alargamento da plataforma continental?...), como quem varre o lixo para debaixo do tapete; e as gerações vindouras para lutar contra o cancro, as leucemias, o desastre ambiental, o holocausto higiénico que nos propõem...
Na foto acima, da autoria de Matthew Schneider, vê-se a torre de arrefecimento de uma central nuclear americana - Trojan, no Oregon - cujo processo de desmantelamento se iniciou em 1993 e ainda não terminou (há vários clips no You Tube que mostram a implosão desta torre). Ao longo da sua existência teve várias fugas de água contaminada, a quantidade de energia que produziu foi diminuta face às necessidades de abastecimento no estado do Oregon e, ainda por cima, revelou-se um verdadeiro desastre financeiro.
Para termos uma ideia do que é trabalhar numa central nuclear, recomendo vivamente o filme Silkwood, de 1983, com a grande Meryl Streep. Trata-se de uma história verídica que retrata a luta de uma sindicalista e trabalhadora de uma central nuclear do estado de Oklahoma - Karen Silkwood (1946-1974), de seu nome, morta em circunstâncias pouco claras.
- por Francisco Oneto em 1.4.10 Ladrões de Bicicletas
http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2010/04/nuclear-nao-obrigado.html
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