Poder económico, rendimentos, bónus e desigualdades
Escândalo dos salários e bónus dos gestores, ou o predomínio do poder económico sobre o poder político democrático?
Parece que as Assembleias de Accionistas da EDP e do PT votaram maioritariamente a favor de que não se mexa um milímetro que seja nos chorudos e escandalosos salários e bónus dos seus gestores, os Mexias, os Bavas, os Granadeiros, etc., etc.
Os salários e bónus destes senhores são escandalosos porque:
Primeiro, contrastam com a generalidade dos salários dos trabalhadores, os quais, além do mais, estarão congelados por vários anos (lembram-se do PEC?);
Segundo, porque numa altura em que numerosos trabalhadores perdem o emprego, estes senhores só pensam em remunerar a sua excepcional competência (gerar lucros em áreas protegidas da concorrência internacional e que são monopólios naturais: grande excelência, sem dúvida…);
[e não venham com essa de que ''cumpriram os objectivos, merecem os prémios contratuais'', ...porque foram eles próprios que os definiram, em conluio com os grandes accionistas - os bancos, que passam a ganhar por dois lados: pela distribuição de lucros/dividendos (em vez de investir mais na empresa e amortizar empréstimos); e pelos sucessivos empréstimos feitos pelos seus bancos, - para 'expansão no exterior' e fora do ''core business'' e, claro, para pagar altíssimos bónus e rendimentos aos seus excelentíssimos 'boys'...].
Terceiro, porque muitos trabalhadores ganham tão mal, tão mal, tão mal que têm que receber ajuda da Rendimento Social de Inserção (RSI): cerca de 1/3 destes beneficiários (do RSI) trabalham;
Quarto, porque estes gestores ganham num mês mais, muito mais, do que o Presidente da República ganha por ano; imaginam a distância face aos salários médio e mínimo dos portugueses?
Quinto, porque este país pobre e muito desigual (entre os 3 campeões da desigualdade na Europa) é dos que paga salários e bónus mais altos aos seus gestores (das empresas públicas e privadas).
Há por aí alguns que, porém, louvam estas coisas como um exemplo da separação do mundo da economia face ao mundo dos negócios – vide o editorial do Público de hoje… ou as declarações de António Lobo Xavier, Pacheco Pereira e António Costa num dos útimos programas da SICN “Quadratura do Círculo”... Etc., Etc.
Pelo contrário, eu creio que isto evidencia um forte sintoma de que algo vai mal, muito mal mesmo, nas nossas democracias, sobretudo na portuguesa (a propósito, e na mesma linha, veja-se "Ill Fares the Land", de Tony Judt, em The New York Review of Books).
Porquê? Não só porque isto ultrapassa os limites da decência numa sociedade democrática (vide as cinco razões apontadas atrás) mas também porque isto evidencia uma lamentável subjugação do poder político democrático ao poder económico. Porquê?
Primeiro, porque o governo parece que queria opor-se a isto através dos representantes do Estado nas Assembleias de Accionistas supra-citadas, mas não conseguiu!?!?
Não se percebe é porque é que não usou a sua ‘golden share’ nessas empresas…
Se não o podia fazer, e devia poder, na minha perspectiva, então porque é que não legisla para taxar esses bónus astronómicos em cerca de 70% ou 80%?
E porque não faz algo semelhante para os salários da super-elite económica portuguesa (não é a classe média, de todo!) que, num dos mais pobres e desiguais países da Europa, ganha mais do que grande parte da elite correspondente na Europa e no EUA? Segundo, porque nestas condições, muitos (no jornalismo, na política, etc.) acham isto aceitável em nome da sacrossanta liberdade económica...
Da esquerda à direita, dos empresários aos jornalistas, passando pela Igreja, todos se escandalizam muito quando há notícias sobre o nível desigualdades em Portugal (somos um dos países mais pobres da UE 27 e estamos entre o top 3 das desigualdades sociais), mas quanto se trata de aprovar medidas para corrigir esse problema, aí vem logo a sacrossanta separação da esfera económica face à esfera política…
Na verdade, o que tudo isto representa é uma clara subordinação do poder político democrático ao poder económico (não eleito, não representativo) que está corroer a nossa democracia, bem como as democracias do Ocidente.
Precisam-se medidas para restaurar a decência e o predomínio da democracia sobre a economia!
- por André Freire, em 17.4.10 Ladrões de Bicicletas
De ... a 21 de Abril de 2010 às 11:16
---De anónimo a 30 de Abril de 2009 às 12:33
PARA QUE A PLEBE SAIBA:
(ex-governantes, mas há muitos outros …)
Fernando Nogueira:
Antes -Ministro da Presidência, Justiça e Defesa
Agora - Presidente do BCP Angola
José de Oliveira e Costa:
Antes -Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
Agora -Presidente do Banco Português de Negócios (BPN)
Dias Loureiro:
Antes – advogado
Durante – Secretário de Estado, Ministro …
Depois – Administrador do BPN
Rui Machete:
Antes - Ministro dos Assuntos Sociais
Agora - Presidente do Conselho Superior do BPN; Presidente do Conselho Executivo da FLAD
Armando Vara:
Antes - Ministro adjunto do Primeiro Ministro ;
Agora - Vice-Presidente do BPN (ex- Administrador da CGD)
Carlos Coelho:
Antes – sec. Governo de Macau
Durante – Ministro PS …
Depois – Administrador da Mota-Engil (contrutora, Liscont, …)
Paulo Teixeira Pinto:
Antes - Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros
Agora - Presidente do BCP (Ex. - Depois de 3 anos de 'trabalho',
Saiu com 10 milhões de indemnização!!! e mais 35.000€ x 15 meses por ano até morrer...)
António Vitorino:
Antes -Ministro da Presidência e da Defesa
Agora -Vice-Presidente da PT Internacional; Presidente da Assembleia Geral do Santander Totta - (e ainda umas 'patacas' como comentador RTP)
Celeste Cardona:
Antes - Ministra da Justiça
Agora - Vogal do CA da CGD
José Silveira Godinho:
Antes - Secretário de Estado das Finanças
Agora - Administrador do BES
João de Deus Pinheiro:
Antes - Ministro da Educação e Negócios Estrangeiros
Agora - Vogal do CA do Banco Privado Português.
Elias da Costa:
Antes - Secretário de Estado da Construção e Habitação
Agora - Vogal do CA do BES
Ferreira do Amaral:
Antes - Ministro das Obras Públicas (que entregou todas as pontes a jusante de Vila F.de Xira à Lusoponte)
Agora - Presidente da Lusoponte, com quem se tem de renegociar o contrato.
Etc...etc...etc...
O que é isto? Não, não é a América Latina, nem Angola.
É Portugal no seu esplendor .
Corrupção ! Cunhas ! Gamanço ! Tráfico de influências ! Nepotismo !
...e depois este ESTADO até quer que se declarem as prendas de casamento e o seu valor.
Já é tempo de parar! Não te cales, DENUNCIA!
Passa este e-mail, fá-lo circular.
J. L.. , via e-mail nov.2008
---De Dêem exemplo a partir de cima a 30 de Abril de 2009 às 15:59
Frente-a-frente: Salários devem ou não baixar?
Para Portugal ganhar competitividade é preciso reduzir as remunerações?
José Silva Lopes acha que sim, para combater o desemprego.
Jorge Santos diz que não, sob pena de não haver estímulos para ganhar produtividade.
Sónia M. Lourenço
11:15 Terça-feira, 28 de Abr de 2009 , clix expresso.pt
comentários:
Não entendo
--PANTE44, 3 pontos (Interessante), 13:13 | Terça-feira, 28
Como se consegue equilibrar a economia baixando salários?
Como fica a produtividade?
Como fica o mercado?
Com baixos salários o poder de compra também não baixa?
Baixando os salários, não baixam também os impostos e por consequência as receitas do estado?
Como pode alguém, que ganha 450€, paga de renda 300€, ver o seu salário mutilado?
Ou a proposta passa por baixar o preço de tudo ou pelo menos dos bens essenciais, leite, pão, renda da casa, dividas aos bancos, etc?
A proposta devia de passar pela recuperação de capitais públicos, que foram utilizados de forma inapropriada por privados!
Por recuperação de bens que são devidos ao estado (impostos, caso furacão, dividas que prescrevem, etc)!
Pela criação de um tecto salarial, com a criação de um salário máximo admissivel!
Pela atenção do estado a gestões danosas!
Pelo apoio do estado a empresas em dificuldades, que demonstrem capacidade de reabilitação, ficando salvaguardado no futuro esse apoio com a responsabilização de administração e empresários!
Porque será que em tempo de crise, os iluminados acham sempre que podem e devem tirar a quem já pouco tem?
Á muita gente que acredita que existe o reino dos céu, o que não acredita é que só lá pode ser feliz.
A época do pobre mas honrado, ...
De ... a 21 de Abril de 2010 às 11:19
...
A época do pobre mas honrado, já teve o seu tempo, querer voltar a ela, é fazer acreditar que se gastou dinheiro a formar um quadro técnicamente e se esqueceram de o formar moralmente!
A idade da reforma também devia de chegar para alguns analistas!
Re: O mal está feito... Ver comentário
---Ivens, 1 ponto , 19:41 | Terça-feira, 28
Um lamina de dois gumes...
Para um bom e puro economista como o Prof. Silva Lopes a ideia poderá ser recomendável e até necessária. Mas nem só de boas ideias sobre economia se faz boa política...
Parece-me que é uma ideia que deverá ser tratada com ponderação e alguma inteligência. Por exemplo, com reduções graduais e progressivas a partir de um teto mínimo de, digamos, 2.000 Euros, sobre a totalidade do remanescente. Por exemplo, numa percentagem de 2% por cada 1000 Euros. Quer dizer, para um honorário líquido de 5.000 Euros, a redução seria de 3x2 %, isto é de 6%. Para 8.000 Euros, de 6x2 % (12%). Estas percentagens são a título de exemplo e seriam devidamente estudadas e alteradas para mais ou para menos. O que saliento é a "filosofia" do processo, isto é, reduções a partir de um patamar mínimo não inferior a 2.000 Euros aplicadas com progressividade.
Será contabilisticamente difícil? Com ajuda de meios informáticos nem por isso. Mas creio que seria muito mais justo e politicamente aceitável.E certamente um bom contributo para a recuperação da competitividade das nossas nossas exportações.
Nuno Costa
Exacto. Baixar os ordenados? Sim, os deles.
---De Corja de vendidos a 30 de Abril de 2009 às 16:01
Faz como eu Digo não faças como eu faço...!
---ratajana, 2 pontos (Interessante), 13:17 | Terça-feira, 28
Este Silva Lopes ou está senil ou está de má-fé!
É que este sr. recebeu o ano passado 400.000€ de salários por 4 meses de trabalho no Montepio Geral de onde saiu por "motivos de idade" para passado um mês tomar posse na administração da EDP renováveis...
Está tudo dito!
Então querem congelar salários de 500€ e continuar a mamar milhares...
É vergonhoso.
Corja de hipócritas ...
Comentar post