O Relatório da Auditoria do Tribunal de Contas ao Metropolitano de Lisboa
Durante alguns dias da passada semana verificou-se um certo alerido nos órgãos de comunicação social, de resto recorrente nesta altura do ano que, muito certamente por mera coincidência, é quando estão para ser aprovadas e publicadas as peças contabilísticas inerentes ao relatório e contas de cada ano, divulgou o Tribunal de Contas a auditoria que fez no Metropolitano de Lisboa, aos exercícios de 2003 a 2007, ou seja de há três anos.
Em tal alarido o que saiu a público foi uma completa deturpação do trabalho realizado pelos auditores, uma vergonhosa desinformação que em nada abona o jornalismo, os jornalistas nem o país.
Já seria tempo de serem banidos os maus jornalistas, o mau jornalismo, o jornalismo de “faca e alguidar” mas depois o que nos restaria? Pouco mais que nada, certamente.
Desse relatório (que pode ser consultado na net em (“actos do Tribunal - relatórios de auditoria – ano 2010 – 2ª Secção)” bastará ler algumas passagens dos pontos 1 e 2 do “Cenário Geral do Serviço de Transportes Públicos Colectivos na Cidade de Lisboa” que passo a enunciar e que os demagogos dos jornalistas da nossa praça não leram e muito menos quiseram explicar ou sequer referir:
“... Concretamente, na cidade de Lisboa, no quinquénio 2003-2007, os investimentos efectuados pelos operadores públicos daquela cidade, carris e Metropolitano, totalizaram 597,5 milhões de euros. No entanto, no mesmo período, conjuntamente perderam 36,8 milhões de passageiros.”
Ora, a estarem correctos estes valores, o poder politico que é quem determina as orientações estratégicas para as empresas deveria equacionar medidas em ordem a obter melhores eficiências dos investimentos aplicados e/ou tomar medidas complementares visando aumentar o número de utilizadores nos Transportes Públicos (TP) ou diminuindo os investimentos, caso estes não sejam tão necessários.
“Em particular, o Metropolitano de Lisboa, naquele quinquénio realizou investimentos, no montante de 507,9 milhões de euros, recebeu 207,5 milhões de euros, por conta de subsídios ao investimento, o seu passivo remunerado cresceu 765,6 milhões de euros (+32%) e pagou 435,6 milhões de euros em juros (montantes quase equiparado aos investimentos realizados). Aqueles investimentos, nomeadamente o prolongamento dos troços até Odivelas e Amadora, concretizaram-se no aumento de 3,6 milhões de passageiros transportados, entre 2003 e 2007, contribuindo assim para atenuar a diminuição do número total de passageiros transportados pelas duas empresas públicas.”
Duas conclusões simples e imediatas se podem elidir a primeira é que os investimentos nos transportes, especialmente Metropolitano, são muito elevados e acarretam um esforço, uma honorabilidade financeira muito grande. A segunda é a de que com aquele acréscimo de passageiros são necessários muitos anos para obter o retorno dos investimentos efectuados, se é que tal alguma vez será conseguido. Por isso é pertinente o referido a seguir pelos auditores, a questão é saber se os governantes e as oposições lêem, com olhos de ver, este relatório ou se continuam a fazer o mesmo que fazem a muitos outros que têm recebido.
Logo a seguir aquele relatório refere que “com efeito, nem sempre as melhorias implementadas, isoladas, se mostram suficientes para a solução dos problemas da mobilidade. Esta passa, inevitavelmente, por uma acção integrada e envolvente das várias componentes -politica das cidades, administração interna, energia, ambiente, obras públicas, transportes, e o que é facto é que os interesses de cada uma não são muitas vezes compagináveis com os das restantes,...”
A titulo de exemplo do que os auditores aqui abordam é oportuno perguntar se alguém se deu conta da actividade que as, entretanto criadas, Autoridades Metropolitanas de Transportes já desenvolveram no sentido de colmatar tais ineficiências?
Por outro lado e, certamente, competiria a esses entidades criar condições para que as politicas de capelinhas existentes, quer entre os diversos operadores de transportes e mais grave ainda entre estes e as diversas autarquias fosse, pelo menos, grandemente atenuada, se não terminasse de todo o que é bem mais desejável.
Outro exemplo se traz à colação a este propósito. Com a extensão do Metropolitano a Odivelas e à Amadora esperava-se viesse a verificar-se uma mais drástica redução na entrada de viaturas rodoviárias na cidade, oferecendo-se adequados parques de estacionamento junto das novas estações. O que efectivamente acontece é que no caso do Senhor Roubado (Odivelas) nos terrenos que a autarquia teima em não rentabilizar nem ceder ao Metropolitano para que este os rentabilize onde poderiam existir alguns milhares de lugares não chegam a duas centenas.
A estes pertinentes e fundamentais factos os jornalistas não dedicaram uma vírgula, ficaram-se, só e apenas, por um jornalismo do “bota abaixo” como já se tornou corriqueiro e quanto ao aprofundar, sério, das questões nada. Será assim que se liberta o país da crise em que mergulhou? É de crer que não.
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