A declaração de Cristiano Ronaldo de que é pai e as reacções em redor desta notícia revelam que continuamos a considerar as crianças, antes de mais, como bebés-objecto. Bens que pertencem a quem detiver o registo de propriedade e que podem ser trocadas e alienadas a gosto dos adultos.
Não é uma coisa nova, sobretudo nas classes mais altas em que os pais dispunham da vida dos filhos para com elas fazer ou consolidar alianças, mas é uma coisa triste, incompatível com os direitos das crianças que hoje queremos ver postos em prática. Quer os pais tenham ou não fama e dinheiro.
Num primeiro momento, a notícia deixa qualquer um feliz. Ao assumir o filho recém-nascido, presume-se que de uma relação ocasional, Ronaldo porta-se bem. Não faltam exemplos de homens que recusam a prestar-se ao teste de ADN, quanto mais a acolher a criança. Mas onde começamos a tropeçar é nos “direitos exclusivos” que o pai anuncia, ufano, como se o filho fosse só seu.
Como se fosse bom para alguma criança ser rejeitada ou eventualmente vendida pela mãe, como se fosse um jogador de futebol a quem se comprasse o “passe”. O furor feito à volta desta notícia deixa claro que, para muita gente, ser filho do CR já é mais do que bastante (“E o puto só se for um ingrato é que não agradece!”). Mas ser filho só de um pai, ou só de uma mãe, não chega, e ser capaz de exercer em conjunto os direitos parentais, mesmo quando separados, é o que os bons pais devem aos filhos.
Finalmente, a hipótese da barriga de aluguer. Embora inverosímil, foi propagada com entusiasmo pelos média, como se fosse ético e normal alguém pagar a uma mulher para gerar, dar à luz e ceder uma criança. Como se tivéssemos todos passado a achar que os ricos têm direito a reger-se por leis morais feitas em Hollywood.
- Por Isabel Stilwell, Destak
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