Noticiou-se que o Estado acaba de adquirir 922 automóveis novos. Não conheço a verdade da afirmação nem a natureza dos contratos subjacentes. Admito até que se trata de substituições decorrentes de leasings ou que haja motivos atendíveis para comportamento tão insólito.
O que me inquieta é perceber que a Administração, designadamente o Governo, não respeita a profunda angústia e sofrimento dos cidadãos, assolados como estão por uma carga fiscal inaudita e confrontados com um futuro sombrio.
À classe média o Estado recomenda poupança e contenção. E esmifra-a com impostos sobre o tudo e sobre o nada. Mas o próprio Estado e os seus dignitários não abdicam de nenhuma mordomia.
Desafio a que alguém me explique o que justifica um membro do Governo dispor de dois – dois – automóveis, sendo um para o serviço oficial e outro para uso particular. Ambos do Estado, pagos pelo Estado, abastecidos pelo Estado. Pois é.
Ministro ou secretário de Estado tem dois carros pagos por nós para se locomoverem. Um durante a semana; outro ao fim de semana. Em Inglaterra, o primeiro-ministro, David Cameron, impôs que os membros do gabinete se deslocassem em transportes públicos. Mas isso é na Velha Albion e com um governo conservador.
Em Portugal, a esquerda de Sócrates gosta da comodidade e acha que dar o exemplo é uma manobra demagógica e eleitoralista. E este tipo de atitudes, todas elas – e muitas são – somadas fazem crescer a dívida corrente primária do Estado que o contribuinte vai sustentando…!
- Por José Luís Seixas, Destak