Quinta-feira, 12 de Agosto de 2010

 

Mais uma vez veio à tona da vida partidária que uns rapazes, dentro do Partido Socialista, pretendem expulsar camaradas seus da respectiva agremiação.

Estes episódios, novelescos, são recorrentes e quem não tenha a memoria, demasiadamente, curta se lembrará que com alguma frequência (demasiada na opinião daqueles que defendem a democracia interna enquanto exemplo democratico a dar à sociedade), sucedem quase sempre próximo a actos eleitorais internos.

Alguns cristãos-novos, pequenos ditadorezinhos, que controlem certos níveis dos aparelhos partidários (infelizmente nenhum dos partidos escapa a essa praga) seja em secções, nas concelhias, distritais/federações ou inclusivamente a nivel nacional, só respeitam os estatutos dos seus partidos (muitos nem os conhecem) quando e nas circunstancias que lhes convenha. Normalmente não respeitam e pronto.

Há pouco debate interno e raramente mais que uma lista a concorrer aos mais variados lugares de representação democrática. Os militantes são pura e simplesmente desmotivados/afastados a participar com iniciativas próprias.

No caso do PS vai haver eleições em Outubro para as Federações. Será coincidência ou purga inquisitória para afastar eventuais, indesejáveis, opositores?



Publicado por Zé Pessoa às 09:19 | link do post | comentar

11 comentários:
De Cláudio Carvalho a 12 de Agosto de 2010 às 09:33
Artigo bastante lúcido da realidade. Muito bem!


De Matosinhos e não só, é geral! a 12 de Agosto de 2010 às 09:56
Referindo-se às expulsões em concreto, Narciso explica o que aconteceu: «Em Matosinhos, o PS não abriu candidatura para que os seus militantes que assim o desejassem pudessem apresentar a sua candidatura interna, dentro do Partido Socialista, para se depois ganhassem na votação e no debate, poderem ser candidatos pelo PS. Em Matosinhos não houve este debate e muito menos houve votação».

É assim a democracia interna partidária, para mal da democracia...


De Zé das Esquinas, o Lisboeta a 12 de Agosto de 2010 às 09:58
Faz-me lembrar, aqui à uns anos, quando trabalhava numa agência de Publicidade, uma campanha que se fez para uma lista opositora a um presidente carismático de um grande clube de futebol do norte do país... Quem pagou essa campanha? O carismático presidente!
Como nos partidos políticos se imita tudo o que de mal se passa no fubetol... lá chegaremos.
Um dia teremos, nas secções ou noutros órgãos do aparelho partidário, listas de opositores inventados e pagos pelos caciques habituais, só para mostrar que somos democráticos e permitimos oposição interna. Lá chegaremos!


De O que terão a dizer? a 12 de Agosto de 2010 às 16:50
O que terão Mário Soares, Manuel Alegre, Ana Gomes, João Cravinho, Edmundo Pedro e outros destacados e históricos militantes a dizer de tais acontecimentos?

Será que não se pronunciam?

Os socialistas, em particular e a sociedade em geral , muito naturalmente, esperam , ansiosamente, ouvir tais pontos de vista.


De Zé das Esquinas, o Lisboeta a 12 de Agosto de 2010 às 17:48
Infelizmente não concordo consigo. Gostava de concordar, mas já não acredito que se possa continuar à espera que sejam os habituais, mesmo esses que nomeou, que venham trazer algo de novo ou mesmo pronunciar-se pela clareza e pela legitimidade do que quer que seja. Estão todos conspurcados aqui e ali pelo percurso feito. Têm telhados de vidro. Uns com mais telhas outros com menos telhas de vidro...
A excepção só virá se lhes convier pessoalmente por qualquer interesse momentâneo. Aí aparecerão armados em paladinos da transparência e dos valores democráticos.
Hoje já não vivemos em democracia . Vivemos numa ditadura democrática Temos 'ditadores' democraticamente eleitos - quem nos governa acha que tem o direito de fazer o que lhe apetece porque foram legitimados pelo voto. E só são penalizados e responsabilizados pelo voto. E as oposições garantem-lhes por conivência a possibilidade da alternância. Para mim considero que são as novas formas de ditadura. As ocidentais ainda disfarçam, mas pensem bem na democracia de Angola ou da Venezuela , que são mais naifes ... Ou a da Itália com o Berlusconi ...
Estas novas ditaduras são apenas mais macias, estão travestidas de democracias. São como aquelas gajas lindas e bem vestidas que na noite lisboeta se vêm ali, por exemplo, para os lados do Conde Redondo... São visualmente do melhor do sexo feminino que já se viu, só que, na verdade, são homens.
Na política estamos na mesma. Modernices...
Tempos difíceis, estes que atravessamos!


De DD a 12 de Agosto de 2010 às 18:18
Ser militante é incompatível com a candidatura contra o partidos em que se está. Vem nos estatutos de todos os partidos portugueses e, provavelmente, de quase todo o Mundo.
Ninguém é obrigado a ser do PS e acho que ninguém deve utilizar o partido para se candidatar e ganhar eleições sem o acordo global do próprio partido e, mesmo, contra um candidato do partido.


De Zé das Esquinas, o Lisboeta a 13 de Agosto de 2010 às 08:06
Então e nas últimas presidenciais?
Mário Soares x Manuel Alegre?
Quem é que foi contra os estatutos do PS e dos partidos de 'todo o mundo'?
Quem foi expulso do PS?
Como foi que se posicionou o camarada?


De DD a 13 de Agosto de 2010 às 21:59
A candidatura à Presidência da República é pessoal e pode ou não ter o apoio de um ou mais partidos, mas nenhum dos candidatos limita a sua prepositura ao seu partido de origem. Todos querem os votos de mais de 50% dos portugueses.


De Zé das Esquinas, o Lisboeta a 14 de Agosto de 2010 às 09:57
Tem razão.


De O velho e o novo PS a 17 de Agosto de 2010 às 11:50
As eleições federativas do PS estão ao rubro. No Porto, Coimbra, Guarda, não se poupam palavras nem estratégias para fazer vingar as soluções preferidas pelo líder.
Os novos e velhos turcos que pululam à volta de Sócrates mostram-se implacáveis na forma como impõem a união à volta do chefe. O Porto é um exemplo sintomático onde a anunciada expulsão de Narciso Miranda tem monopolizado as atenções. Ironia das ironias, Narciso é um velho rosto do antigo aparelho afastado pelo actual aparelho. A guerra do Porto, onde Sócrates vai dar uma ajuda ao seu velho amigo e aliado Renato Sampaio, porém, não é por Narciso que se mostra importante.

Uma militante socialista qualquer que circunstancialmente ocupa o cargo de governadora civil metia-se há dias na guerra entre Sampaio e o seu adversário, José Luís Carneiro, arrasando os apoios recebidos por este. Vera Jardim, um militante histórico e um dos melhores ministros da Justiça que o País teve, passa por ter uma "provecta idade" e, por isso, fazer opções "estranhas". Este novo PS, que tem no inenarrável André Figueiredo uma espécie de governanta do Largo do Rato, prepara-se para aniquilar qualquer réstia de oposição interna. Antigamente dizia-se que "quem se mete com o PS leva". Hoje, quem se mete com Sócrates leva!


De Zé T. a 18 de Agosto de 2010 às 11:41
E continuo alguns a pagar quotas para ver esta degradação da democracia interna ! (neste caso do PS)

Como já foi dito, há muitos telhados de vidro, muitos interesses económico-sociais (e familiares e tachismos) envolvidos, pelo que estes partidários não deixam nada para a livre e democrática militância, e recorrem a todos os meios para afastar concorrentes...

Esta política interna ainda é mais maquiavélica que a inter-partidária... ou , como dizia W.Churchill, « enquanto os meus adversários estão naquela outra bancada, os meus inimigos estão ao meu lado» !


Comentar post

MARCADORES

administração pública

alternativas

ambiente

análise

austeridade

autarquias

banca

bancocracia

bancos

bangsters

capitalismo

cavaco silva

cidadania

classe média

comunicação social

corrupção

crime

crise

crise?

cultura

democracia

desemprego

desgoverno

desigualdade

direita

direitos

direitos humanos

ditadura

dívida

economia

educação

eleições

empresas

esquerda

estado

estado social

estado-capturado

euro

europa

exploração

fascismo

finança

fisco

globalização

governo

grécia

humor

impostos

interesses obscuros

internacional

jornalismo

justiça

legislação

legislativas

liberdade

lisboa

lobbies

manifestação

manipulação

medo

mercados

mfl

mídia

multinacionais

neoliberal

offshores

oligarquia

orçamento

parlamento

partido socialista

partidos

pobreza

poder

política

politica

políticos

portugal

precariedade

presidente da república

privados

privatização

privatizações

propaganda

ps

psd

público

saúde

segurança

sindicalismo

soberania

sociedade

sócrates

solidariedade

trabalhadores

trabalho

transnacionais

transparência

troika

união europeia

valores

todas as tags

ARQUIVO

Janeiro 2022

Novembro 2019

Junho 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

RSS