Sexta-feira, 13 de Agosto de 2010

Fogos no Mundo

 

 

Todos os anos - diz a revista Science et Vie de Julho - 350 milhões de hectares de vegetação são atingidos por incêndios, sendo que 150 a 250 milhões de hectares referem-se a florestas tropicais.

 

Os espaços queimados permitem a rápida ocupação do terreno por espécies vegetais ou animais sobreviventes e a floresta retoma o seu ciclo de crescimento algumas semanas depois, dado que nuns casos a raízes não foram afectadas e rapidamente da parte mais baixa dos troncos começam a emergir ramos novos. Um incêndio produz a esterilidade do solo até uns 5 a 10 cm de profundidade e o vento veicula sempre um vasto conjunto de insectos, cuja matéria orgânica fertiliza num instante os solos. A chamada chuva de insectos do fim do verão e outono pode atingir os 90 kg por hectare.

 

A camada cortical externa dós troncos de árvores oferecem um isolamento térmico suficiente para evitar a morte da espécie em causa.

 

A biodiversidade nunca foi posta em causa pelos incêndios, pois a natureza é capaz de ocupar com novas espécies os espaços deixados livres por outras. A natureza não conhece o equilíbrio; há sedmpre espécies dominantes que impedem a vida de outras. Acontece com as árvores de grande porte que dominam um dado solo, evitando que aí outras espécies possam sobreviver.

 

De qualquer modo e apesar da mundialização dos incêndios, estes não deveriam ter lugar em tal magnitude. Em muitos países sabe-se que os incendiários querem pôr a sua terra no mapa, ou antes, na televisão e noutros casos tratam-se de pastores para quem a floresta impede a formação de prados naturais para alimentar os seus animais.

 

Em Portugal verificámos dois acidentes pirotécnicos a demonsytrar que as fábricas estão a trabalhar em força na produção de foguetes para as típicas festas organizadas nas aldeias pelos emigrantes de retorno estival. Com o tempo seco e quente, nada melhor para atear fogos que os foguetes e bombas pirotécnicas. A própria comercialização do material pirotécnico deverá ser proibida no verão.

 

O mapa mostra que não há um problema português de fogos florestais, mas mundial e que nem tem muito a ver com as mudanças climáticas.

 

Estive recentemente em Hamburgo e na costa báltica alemã com um calor tremendo. As águas do Báltico estavam tão quentes como as do Algarve, mas recordo também que entre o 28 de Julho e o 3 de Agosto de 1943 a temperatura em Hamburgo foi igualmente da ordem dos 34 a 36ºC, pelo que os ingleses aproveitaram o calor e a seca para bombardear a cidade com bombas incendiárias de gasolina gelificada e fósforo, provocando um tal incêndio que destruiu mais de 80% da cidade e matou para cima de 250 mil civis sem atingir os grandes bunkers de cimento armado onde eram construídos os submarinos e onde se refugiaram os engenheiros e operários..

 

 



Publicado por DD às 22:57 | link do post | comentar

11 comentários:
De Somos todos culpados a 15 de Agosto de 2010 às 10:19
Não venho aqui escrever sobre o protocolo assinado há uns meses pelos ministros da Administração Interna, do Trabalho e da Agricultura para que mil desempregados pudessem trabalhar juntamente com autarquias e outros organismos na limpeza da floresta e que não foi cumprido. Não venho aqui escrever sobre aquilo que o Governo pode ou não fazer mais para evitar que os incêndios destruam o melhor que temos no nosso país, que é a floresta. Não venho aqui escrever sobre as memórias que guardo dos passeios por Vilarinho das Furnas, dos banhos tomados nas cascatas do rio Homem, dos garranos que correm pela serra do Gerês, dos bois que por ali pastam, dos lobos que se ouvem ao longe e dos marcos miliários que sinalizam a estrada romana que outrora ligava estas pequenas povoações à Galiza. Não venho aqui escrever sobre a paz que a natureza nos transmite quando a procuramos para nos encontrarmos a nós próprios. Não venho aqui escrever sobre a importância de educarmos os nossos filhos a respeitar o meio ambiente e a olharem para as árvores e para os rios como se fossem o pilar das suas próprias vidas. Não venho aqui escrever sobre a necessidade de haver mais educação para a cidadania nas escolas. Não venho aqui escrever sobre as campanhas de alerta para a protecção da natureza que deviam ocupar mais espaço nas televisões, nos jornais, nas rádios e em cada um de nós. Não venho aqui escrever sobre os anónimos, voluntários e tantos cidadãos invisíveis que se preocupam com o que os outros massacram. Não venho aqui escrever sobre a revolta que devia provocar em todos nós o facto de a prevenção ser a única arma que pode evitar a destruição da fauna e da flora e de vermos que ninguém faz nada e que muito poucos se indignam. Não venho aqui escrever sobre um movimento que nasceu em defesa da Arrábida e das praias em seu redor por ver que o lixo e a desertificação ameaçam uma das mais fantásticas reservas de vegetação mediterrânica da Europa. Não venho aqui escrever sobre os plásticos, os restos de entulho, as latas, as garrafas, sofás velhos, pneus, colchões, fraldas descartáveis e tudo o mais inimaginável que encontramos todos os dias num qualquer pinhal deste país. Não venho aqui escrever sobre a utilização da floresta para o turismo ecológico que está tão de moda no mundo inteiro. Não venho aqui escrever sobre o nemátodo do pinheiro, uma doença que faz com que Portugal esteja de quarentena na exportação de madeira (olhem para os pinheiros, vejam como secam e conservam essa grande dignidade de morrer de pé!). Não venho aqui escrever sobre nada que todos não saibamos, mas esta é uma das armas que tenho para tentar defender o que é de todos.
Por MARIA DE LURDES VALE, no DN de hoje


De DD a 15 de Agosto de 2010 às 20:23
A limpeza das matas e campos é de todo impossível na realidade prática. Claro, na teoria dos textos tudo é possível. Mesmo com mil desempregados ou mais.

A mundialização do fogo significa que não há neste aspecto um problema português, uma negligência portuguesa, uma malvadez portuguesa ou seja o que for. Há sim um fenómeno repetido suscessivamente em todas as latitudes, quadrantes e hemisférios do Mundo.

Quaisquer que sejam as causas, o Estado é chamado a intervir com mais pessoal, mais viaturas, helicópteros, aviões, etc. Não há aqui espaço para redução de despesas como não há noutros sectores.




Comentar post

MARCADORES

administração pública

alternativas

ambiente

análise

austeridade

autarquias

banca

bancocracia

bancos

bangsters

capitalismo

cavaco silva

cidadania

classe média

comunicação social

corrupção

crime

crise

crise?

cultura

democracia

desemprego

desgoverno

desigualdade

direita

direitos

direitos humanos

ditadura

dívida

economia

educação

eleições

empresas

esquerda

estado

estado social

estado-capturado

euro

europa

exploração

fascismo

finança

fisco

globalização

governo

grécia

humor

impostos

interesses obscuros

internacional

jornalismo

justiça

legislação

legislativas

liberdade

lisboa

lobbies

manifestação

manipulação

medo

mercados

mfl

mídia

multinacionais

neoliberal

offshores

oligarquia

orçamento

parlamento

partido socialista

partidos

pobreza

poder

política

politica

políticos

portugal

precariedade

presidente da república

privados

privatização

privatizações

propaganda

ps

psd

público

saúde

segurança

sindicalismo

soberania

sociedade

sócrates

solidariedade

trabalhadores

trabalho

transnacionais

transparência

troika

união europeia

valores

todas as tags

ARQUIVO

Janeiro 2022

Novembro 2019

Junho 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

RSS