Terça-feira, 11 de Janeiro de 2011

  A Europa do Futuro com a Merkel

Segundo o jornal “Financial Times” de hoje,  a Grécia declarou ontem aos seus credores que não pode pagar as dívidas a vencer este ano e pediu uma reestruturação das mesmas que já tinha sido parcialmente iniciada no fim do ano passado.

O Governo grego está a trocar títulos a cinco e dez anos que venciam juros de 1,5 a 2,2% por novas obrigações do tesouro que a dez anos pagam 10% de juros, apesar da intervenção do Fundo de Estabilização Europeu e do FMI. Estes juros astronómicos incorporam cerca de 2,9% de seguro de crédito.

Na Irlanda, a intervenção dos referidos apoios não impediu a subida dos juros, apesar de se tratar de uma economia muito mais pequena com 4 milhões de habitantes.

Muita gente pede a intervenção do FMI, sabendo já que aos mercados não interessa que o FMI esteja ou não esteja. Os mercados não estão a atacar um ou outro país ou a zona euro como é costume dizer. Os mercados procuram o juro máximo e as seguradoras de crédito querem também maximizar o seu spread. Para os mercados não há política, há simplesmente aquilo que é característico do capitalismo em que a ocasião tem de ser aproveitada para obter o lucro máximo.

Sendo os mercados constituídos por grandes bancos, seguradoras e fundos de investimento, principalmente alemães, franceses, ingleses, italianos e suíços, além de americanos, chineses, árabes é óbvio que todos os gestores procuram maximizar os seus lucros, aproveitando-se do facto aberrante de o Banco Central Europeu não emitir mais moeda para comprar dívida soberana e privada a juros razoáveis como está a fazer o Fed nos EUA. Curiosamente, o comportamento do BCE liderado pela França e Alemanha está a provocar o afundamento do Euro relativamente ao Dólar quando o objectivo de não emitir moeda era precisamente o contrário, ou seja, manter o Euro forte.

Os economistas estão a errar em toda a Europa. Aprenderam nos manuais de macroeconomia que a emissão de moeda corresponde à sua desvalorização, mas sucede o contrário. O Euro desceu para 1,28 dólares e continua a descer diariamente com a agravante que quase todas as matérias primas, incluindo o tão precioso petróleo, estão cotados em dólares. A Zona Euro está a pagar um preço extremamente elevado pela teimosia da bruxa Merkel que nada percebe de economia e não acata os conselhos de alguns dos principais institutos de investigação macroeconómica alemães.

No Financial Times vem num mapa as dívidas soberanas das principais nações da zona euro e as projeções para 2013, sendo que muitas são bem superiores à portuguesa e as que estão abaixo são de poucos porcentos.

Os mercados querem juros máximos e a única maneira de lhe fazer frente seria o Governo ter a coragem de colocar no mercado nacional obrigações a cinco anos com juro de 2,5 a 2,7% e a dez anos com juro de 3,2 a 3,5%, isentando os juros do Imposto de Capitais e IRS, pois nos títulos colocados no estrangeiro, o Estado português não vai buscar quaisquer impostos.

Claro, o senhor Salgado Espírito Santo ficaria furioso e todos os senhores da banca, pois o dinheiro sairia dos bancos e do próprio mercado, já que um aumento do aforro nacional levaria as pessoas a comprarem menos, logo a importar-se menos. Se o aforro nacional tivesse sido mais compensado no ano passado, tenho a certeza que não teria sido vendidos mais de 200 mil viaturas ligeiras de passageiros.

A banca quer continuar a pagar a prazo juros de 1,2 a 1,5% e cobrar por pequenos empréstimos de 18 a 23%. Fugindo as poupanças para as obrigações do Estado, a banca teria de aumentar muito os juros que paga pelas contas a prazo.

A Merkel está apoiada por uma opinião pública que diz que os países periféricos não têm a reforma aos 67 anos como os alemães e só há dois países na Europa a pagarem 14 mensalidades de reforma e de salários, Portugal e o Luxemburgo, como já escrevi, o mais rico e o mais pobre da Zona Euro. 



Publicado por DD às 22:28 | link do post | comentar

2 comentários:
De DD a 12 de Janeiro de 2011 às 12:27
A colocação de dívida soberana esta manhã foi um certo êxito , as taxas a 10 e a 5 anos foram inferiores ao esperado e a procura foi muito grande. Isto, apesar da atitude miserável do Governador do Banco de Portugal que poucas horas depois de umas declarações otimistas do ministro das Finasnças veio com previsões negativas sobre 2011, provavelmente com o intuito de prejudicar o primeiro leilão de dívida feito por Portugal este ano.
O dito isento e independente Governador do BP portou-se como traidor a todos os portugueses com a sua previsão feita a menos de 24 horas de o País ir colocar obrigações no mercado.
O Governador se fosse inteligente e patriota esperava 24 horas para dar as suas previsões sombrias.
Por isso é que os partidos no Governo necessitam de colocar em lugares de grande responsabilidade pessoas capazes de trabalharem em consonância com a política governamental e não utilizarem os seus postos para PREJUDICAR TODOS OS PORTUGUESES. Aquele homem deve demitir-se prontamente e a Senhora Teodora está bem na idade da reforma, pois tem feito afirmações extemporâneas pouco adequadas à ida de Portugal aos mercados quando disse que o FMI deveria entrar no País.
Quem està à frente do Banco de Portugal não pode dizer asneiras e, menos ainda, emitir opiniões pessoais. Um profissional deve servir os interesses da instituição que dirige e a instituição Banco de Portugal é Portugal no seu todo sob o ponto de vista financeiro e económico.
Não podemos ter anti-portugueses à frente do BP.


De Mas continua-mos com cabeça a premio a 12 de Janeiro de 2011 às 12:35
Portugal passou no texte de hoje, mas...

O Instituto de Gestão do Crédito Público colocou hoje 1249 milhões de euros em Obrigações do Tesouro - 599 milhões a 10 anos e 650 milhões a 4 anos - às taxas de, respetivamente, 6,716% e 5,396%.

O Estado conseguiu assim colocar praticamente o máximo pretendido, que era de 1250 milhões de euros, e teve uma procura que foi de 2,8 vezes a oferta no prazo mais curto e de 2,1 vezes no mais longo.

Na emissão a 10 anos, a taxa conseguida foi até mais baixa que a do anterior leilão realizado em novembro e que foi de 6,806%. Pelo contrário, nos títulos a quatro anos houve um agravamento da taxa exigida pelos investidores já que no final de outubro o Estado tinha conseguido 4,041%.

O Estado português conseguiu assim passar um teste decisivo num dia em que o Financial Times alemão noticiou que estava já a ser preparado um plano a nível europeu de 100 mil milhões para resgatar Portugal. No último fim-de-semana, a imprensa internacional dava conta da existência de pressões, nomeadamente por parte de Berlim e Paris, no sentido do Governo português avançar para um pedido de resgate com o objetivo de tentar travar o contágio a outros países.



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