A lógica da batata aplicada ao trabalho...
É sabido que a investigação económica do Banco Portugal é influente no contexto político nacional, o consenso da Almirante Reis. Já muito se tem escrito neste blogue sobre os enviesamentos do trabalho aí conduzido, mas vale a pena olhar para o mais recente trabalho publicado sobre mercado de trabalho português para se perceber os preconceitos ideológicos que se escondem sob o manto da produção “positiva”.
Num documento de trabalho publicado em anexo no boletim de inverno do BP, três autores fazem a análise da sensibilidade dos salários ao ciclo económico português (taxa de desemprego). Concluem que a sensibilidade dos salários ao desemprego diminuiu na última década graças à moeda única: num contexto de baixa inflação é mais difícil reduzir salários reais. Até aqui tudo bem.
No entanto, é interessante ler como se considera o mercado de trabalho português “esclerosado”, na medida em que as dinâmicas de criação e destruição de postos de trabalho são mais lentas do que no mercado norte-americano (comparações europeias não existem aqui).
Ou seja, para os autores a brutalidade de se perder e conseguir emprego várias vezes na vida é desejável face à modorra da segurança no trabalho (e na vida, digo eu). Deve ser díficil ter (um belíssimo) emprego para a vida, como no Banco de Portugal.
Mas, ainda mais desgraçado, é o lamento que percorre o trabalho sobre a redução da sensibilidade dos salários ao desemprego. Os salários não caíram o suficiente face ao aumento do desemprego, segundo os autores. Duas premissas (e já nem entro no que considero ser um imenso autismo social) comandam este lamento:
1) uma visão estreita da competitividade da economia: esta depende estritamente dos custos salariais absolutos; nada interessam as comparações com os nossos competidores ou a análise da estrutura da economia portuguesa face ao exterior (mão-de-obra intensiva, pouco qualificada, etc.);
2) a total negligência dos efeitos agregados que uma queda de salários provoca na economia (menos procura, mais desemprego).
Esta última merece maior atenção. Segundo os autores, é essencialmente o custo salarial (a sua “rigidez”) que causa o desemprego. Face a choques externos (sei lá, como uma crise internacional), os salários deviam ter sido reduzidos o suficiente para impedir a falência ou o despedimento.
Não interessa saber se as empresas têm encomendas, ou se afinal, o mercado de trabalho não é “esclerosado” e é fácil despedir. O que interessa é o preço de equilíbrio.
E aqui os autores apontam (especulam?) três grandes causas para este mítico preço não ser atingido:
1) a existência de um
salário mínimo (ignorando assim a
evidência empírica);
2) “a crescente generosidade do subsídio de desemprego”;
3) a existência de acordos colectivos de trabalho, onde são acordados aumentos salariais por sector (novamente não é apresentada qualquer evidência empírica para o facto dos patrões acordarem salários que os conduzem à falência...).
Mas nada disto é ideológico. Pois.
De . UNIÃO contra RAPINA e USURA . a 19 de Janeiro de 2011 às 10:39
Merkel manda calar Durão Barroso.
Cavaco manda que nos conformemos com os predadores da agiotagem"
Há dias Durão Barroso, disse que “a capacidade de financiamento do Fundo de estabilidade financeira do euro deve ser reforçada e o âmbito das suas atividades alargado.” E que o assunto deveria ser decidido na reunião dos ministros das finanças do eurogrupo que hoje decorre em Bruxelas.
Merkel “irritou-se” e mandou de imediato o seu gabinete rejeitar a proposta.
Da reunião, hoje, em Bruxelas, já chegaram notícias de que, por pressão da Alemanha, a voz do presidente da Comissão Europeia ficou à porta e o assunto não será tratado.
O caminho da resolução da DÍVIDA de países, como Portugal, onde ela é muito grande terá de passar pelo crescimento da economia, pelo aumento da produção, pelo aumento das exportações e estas, pelo aumento da produtividade.
Além de rigoroso controlo do DESPERDÍCIO público. O aumento da produtividade é um fenómeno lento e o crescimento da economia é dificultado pela diminuição do poder de compra interno.
Diminuindo o crescimento da economia diminuem as receitas fiscais e a capacidade de pagar a dívida.
Como ajudar a resolver o problema?
Podia ser com a diminuição dos juros da dívida. Mas os juros, de acordo com a sacrossanta (nova) lei do mercado – LUCRO MÁXIMO e RISCO MÍNIMO - aumentam precisamente e para valores letais para quem, no momento, menos os pode suportar.
Por isso ou as regras na UE mudam para neutralizar os excessos da RAPINA dos PREDADORES FINANCEIROS, ou Portugal, provavelmente a Espanha, e talvez outros países a seguir e por fim a própria UE terão um destino incerto.
A solução é conhecida, mais coesão política, para maior coesão económica e financeira.
-- Mas então o que impede que se caminha para tais soluções?
De uma forma muito esquemática, mas indo ao cerne da questão:
para além de algum NACIONALISMO, no essencial a recusa de maior coesão social.
-- Por quem?
Ora por aqueles nossos CONCIDADÂOS (de Portugal, da UE, e do mundo global) que ENRIQUECEM com os JUROS ALTOS, com a ESPECULAÇÂO, com a rapina financeira, por aqueles nossos concidadãos que amealham grandes FORTUNAS e usufruem de PRINCIPESCOS privilégios, nos negócios e nas grandes empresas que funcionam em rede com a especulação financeira.
Como o dinheiro, a riqueza, não nasce do nada, para se poder acumular muito nalguns tem que se diminuir muito nos outros.
Em suma
é necessário COMBATER firmemente o CAPITALISMO SELVAGEM em vez de nos conformarmos com ele, como recomenda Cavaco Silva.
(-por Raimundo Narciso, PuxaPalavra, 17.1.2011)
De
DD a 19 de Janeiro de 2011 às 12:16
O problema fundamental, já o tenho escrito, é não termos um verdadeiro Banco Central. Curiiosamente, no início do euro, um economista canadiano previu que com este BCE o euro iria falhar.
BCE só pode emitir 1% do PIB da Zona Euro e daí não haver moeda, pelo que o plano de fazer o BCE comprar os títulos de dívida dos países europeus passa pela transferência de fundos de países como a Alemanha para o BCE, o que iria provocar uma recessão na Alemanha.
Enfim, a Alemanha da Merkel está apostada em destruir mais uma vez a Europa, mas desta vez não é com canhões, mas sim com meios financeiros..
Os outros países do Euro só podem sair do Euro, dado que só por consensop de todos é que se podem tomar decisões.
Sócrates viu bem as coisas e não espera nada da Alemanha nem da UE, ele voltou-se para o resto do Mundo, tanto nas exportações como na venda de títulos de divida.
Já que não é possível, por causa da Alemanha, proteger as indústrias menos desenvolvidas da Europa, Sócrates quer então aliar-se à China e ser aqui um porta aberta e um local de montagens de produtos chineses como automóveis que ainda pagam direitos.
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