Quarta-feira, 2 de Fevereiro de 2011

No "site" da Agência Ecclesia, Jorge Cotovio, secretário-geral da Associação Portuguesa de Escolas Católicas, apela à "luta" e à "acção" contra a decisão do Governo de atribuir às escolas privadas com contrato de associação, designadamente às da Igreja, financiamento por turma igual ao que recebem as escolas públicas. Porque, "se achamos que as escolas católicas são um meio privilegiado de evangelização junto da juventude e das suas famílias, não podemos atirar a toalha ao chão".

Reivindicam-se as escolas católicas como "escolas públicas não estatais" que prestam "serviço público" de ensino e que devem, por isso, ser financiadas pelo Estado (e até, pelos vistos, com financiamentos superiores àqueles com que o Estado financia as suas próprias escolas). Afinal, o "serviço público" que tais escolas têm em vista é a "evangelização junto da juventude e das suas famílias".

Temos assim os contribuintes a financiar a evangelização de uma confissão religiosa sob a capa do "ensino público", e apesar de a Constituição determinar que "o ensino público não será confessional" (artº 43º, nº 3).

A financiar, por exemplo, um colégio de Coimbra onde os alunos são, contra a lei, seleccionados conforme o seu, e dos pais, "ideário" e onde é seu dever "desenvolver uma devoção especial a Nossa Senhora" e dever dos professores "participar na oração comunitária da manhã na Capela". Isto numa "escola pública".

Manuel António Pina [Jornal de Notícias]


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Publicado por JL às 00:01 | link do post | comentar

3 comentários:
De . Igreja Católica em Portugal em nºs... a 3 de Outubro de 2011 às 18:20
Portugal: A Igreja católica em números

A Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) é proprietária, em Portugal, de enorme património imobiliário, todo ele isento de IMI,
sem contar com os imóveis usados para fins religiosos classificados como monumentos nacionais ou de interesse público, cabendo à ICAR regular todo o uso dos imóveis e ao Estado a sua manutenção.

Estes privilégios resultam da Concordata assinada pela Santa Sé e pela República Portuguesa em 18 de Maio de 2004, concordata que substituiu a de 1940 porque a perda das colónias e a proibição do divórcio, entre outras tolices, a tornaram obsoleta.

A enorme fortuna da Igreja num país cada vez mais pobre é administrada por 55 bispos, 3355 padres, 246 diáconos e numerosos leigos que por interesses vários ou vassalagem assumida se ajoelham perante o poder eclesiástico.

Para publicidade esta multinacional da fé dispõe de 4368 paróquias, 364 centros religiosos (casas de retiro, santuários e reitorias), 539 órgãos da comunicação social, 59 seminários e 165 escolas católicas, além de tempo de antena na televisão pública e de horas de propaganda nas escolas oficiais.

O Vaticano, cuja confiança nas informações bancárias do IOR (Inst.Obras Religiosas~) e nos crimes praticados pelo clero, anda muito abalada, afirma que Portugal tem 9,36 milhões de católicos, uma taxa de 88,3% da população, quando se queixa da diminuição acentuada de baptizados, de casamentos católicos e da baixa frequência do culto por parte da população.

A percentagem deve ser tão verídica como a influência de D. Nuno a curar queimaduras de olhos com óleo de fritar peixe milagre rubricado pelo Papa para o canonizar.

A frieza com que B16 foi recebido na Alemanha natal não deve ser alheia à conduta dos padres em matéria sexual e ao embuste dos milagres, o que exasperou Lutero.

Já dizia o Eça que «quando um povo duvida da virtude dos padres deixa de acreditar no martírio do seu Deus».

Nota: Os números referidos foram retirados do DN de ontem.
(-por Carlos Esperança, PonteEuropa, http://www.blogger.com/comment.g?blogID=11054299&postID=6340845315755102021 )


De .Fortuna da Igreja Grega tb é tabu ... a 4 de Outubro de 2011 às 09:09

A intocável fortuna da Igreja (Ortodoxa Grega)

26 setembro 2011Le MondeParis
Atenas, 2 de abril.

Enquanto o país se defronta com a crise e as suas consequências, o património da Igreja Ortodoxa continua a escapar às severas medidas de austeridade do Governo. Um tabu que é protegido pelas suas estreitas ligações com o Estado e pela sua influência no domínio da política.

Alain Salles
A Igreja e os mosteiros gregos não vão pagar o muito impopular novo imposto sobre o imobiliário, aprovado com caráter de urgência no domingo, 11 de setembro, pelo Governo grego, para cumprir os objetivos orçamentais impostos pelas entidades financiadoras. "A Igreja pagará impostos sobre os bens que explora comercialmente", precisa contudo um porta-voz do Ministério das Finanças, perante o tumulto causado por este anúncio. Ficarão isentos os locais de culto e as organizações de caridade. Mas, em alguns casos, as fronteiras são difusas e as contas da Igreja ortodoxa não são muito transparentes.

O dinheiro da Igreja continua a ser um tabu na Grécia. "Os seus rendimentos são tributáveis mas há dois grandes problemas", adverte o professor de sociologia da religião da Universidade do Egeu de Rodes, Polikarpos Karamouzis. "Não há um sistema económico que permita fazer o levantamento dos seus verdadeiros rendimentos e ninguém sabe quantas propriedades tem, porque não há cadastro."

Esta situação convém tanto à Igreja como ao Estado, "porque os políticos não querem ficar de mal com as autoridades ortodoxas", explica o deputado independente Stefanos Manos, que é um dos raros políticos a pedir a separação entre a Igreja e o Estado. "A Igreja da Grécia é uma igreja nacional, o que significa que há uma ligação política entre a Igreja e o Estado, que lhe confere os seus privilégios", explica Polikarpos Karamouzis. "O seu papel espiritual está estreitamente associado ao seu papel político, o que alimenta a confusão entre fiéis e cidadãos, que é explorada pelos políticos em busca de votos."

Papas e bispos são pagos pelo Estado
Os sacerdotes são líderes de opinião que os políticos preferem não ofender. Em dezembro de 2010, num texto distribuído em todas as paróquias, o Sínodo Sagrado, que reúne 13 bispos, classificava a "troika" – os representantes do Fundo Monetário Internacional, da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu – como uma força de "ocupação estrangeira".

A Igreja Ortodoxa é um dos elementos constitutivos da nação grega. A Constituição foi escrita "em nome da Santa Trindade indissociável e indivisível". Os sacerdotes abençoam a reabertura das aulas e os novos governos; o catecismo é ensinado nas escolas públicas; pessoas de todas as idades benzem-se quando passam por uma igreja.

Foi em março de 2010 que o Governo socialista de Georges Papandreou decidiu tributar as igrejas em 20% dos rendimentos comerciais e em entre 5% e 10% dos donativos declarados. Os 10 000 sacerdotes e os seus bispos são pagos pelo Estado, o que representa um montante de 220 milhões de euros anuais.

O antigo ministro das Finanças, Georges Papaconstantinou, tentou reduzir a contribuição do Estado mas, quando este tipo de informações transpirava, a vontade do Governo desaparecia. O atual ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, muito próximo dos meios ortodoxos, não tem esse género de veleidades.

A riqueza da Igreja, "um mito"?
...


De 'intocáveis: igrejas, IPSS, fundações e a 4 de Outubro de 2011 às 09:11

De www.presseurop.eu/ a 26 de Setembro de 2011 às 17:28
A intocável fortuna da Igreja
...
A riqueza da Igreja, "um mito"?

As polémicas suscitadas pela isenção deste novo imposto sobre o imobiliário levaram a Igreja a abandonar a sua reserva e a divulgar, na sexta-feira, 16 de setembro, o montante dos seus impostos. A sua direção dos serviços económicos afirma ter pago 2,5 milhões de euros de imposto predial e imposto sobre o rendimento, em 2010. Refere de passagem que possui 30 propriedades em Atenas (seis das quais desocupadas) e 14 em Salónica.

Quando a Igreja é atacada por causa dos seus bens, o que é cada vez mais frequente, o arcebispo de Atenas, Hieronymos, que é a mais alta autoridade ortodoxa na Grécia, reage e explica que a riqueza da Igreja é "um mito": restarão apenas 4% dos bens que a Igreja detinha antes da revolução grega de 1821, sendo de destacar as numerosas confiscações de propriedades pelo Estado.

Os jornais publicaram documentos sobre a fortuna da Igreja Ortodoxa. Segundo o Kathimerini (de centro-direita), em 2008, os seus bens ascenderiam a 700 milhões de euros. O antigo ministro da Economia, Stefanos Manos, avalia-a em mais de mil milhões de euros. Os 2,5 milhões de euros pagos pela Igreja parecem bem pouco, em função destes montantes não confirmados oficialmente. Mas trata-se apenas de uma parte dos bens eclesiásticos, geridos pelos serviços centrais da Igreja. Não abrange as paróquias, algumas das quais são muito ricas. Nem as propriedades diretas dos 80 bispos gregos, que beneficiam de uma grande autonomia. Isto sem contar com os bens dos 450 mosteiros, dependentes ou não da Igreja da Grécia (como os do Monte Athos, que têm um estatuto especial). Para a lista ser completa, seria preciso acrescentar os bens detidos na Grécia pelos patriarcas ortodoxos de Constantinopla, Jerusalém e Alexandria.

Segundo proprietário do país
A Igreja é o segundo proprietário fundiário (depois do Estado grego), detendo 130 000 hectares de terrenos. "Trata-se de florestas e de terrenos não urbanizáveis", explica Vassilis Meichanetsidis, do serviço de comunicação do arcebispo de Atenas. Trata-se também de imóveis nos bairros chiques de Atenas e nas ricas estâncias balneares a sul da capital.

A Igreja detém 1,5% das ações do Banco Nacional da Grécia e conta com um representante no Conselho de Administração, o bispo de Ioannina, Theoklitos, que, segundo a revista financeira Forbes, terá recebido 24 000 euros em senhas de presença, em 2008.

Até os terrenos incultos permitem fazer negócios. Os monges do rico mosteiro de Penteli, a norte de Atenas, procuram investidores, para um montante de mil milhões de euros, para explorar uma parte da sua montanha, a fim de a transformar num parque fotovoltaico e captar a energia solar. É a nova estratégia oficial da Igreja: rentabilizar os seus bens em benefício das suas organizações filantrópicas. Em 2010, a Igreja gastou mais de 100 milhões de euros em atividades caritativas, que aumentaram com a crise. "Em Atenas, fornecemos entre 10 000 e 12 000 refeições por dia", explica Vassilis Meichanetsidis.

Contudo, a vocação filantrópica da Igreja Ortodoxa é relativamente recente e registou altos e baixos. Em 2010, foi obrigada a encerrar e depois a mudar o nome da sua associação Solidariedade, por motivos de péssima gestão.

(- http://www.presseurop.eu/pt/content/article/992021-intocavel-fortuna-da-igreja )


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