Terça-feira, 8 de Fevereiro de 2011

Os medos existem e estão instalados, ao colocar estas questões, não estou à procura de respostas, mas apenas quero contribuir para a sua reflexão, outras questões podiam-se levantar, mas já temos matéria suficiente para analisar.

Parto do princípio que os problemas de segurança, são transversais a qualquer cidadão, existe também esta ideia generalizada de uma crescente desmotivação, de um crescente desacreditar, de um crescente deixa andar, de um crescente não vale a pena.

Muito se fala dos Bairros Sociais, como sendo um foco que provoca nos grandes centros urbanos sentimentos de insegurança.

Bairros Sociais, quem tem medo de que e de quem?

Porque que se tenta rotular com a categoria de criminosos, todos os moradores de um determinado bairro social?

Será que a comunicação social tem responsabilidade sobre esta rotulação, Na perspectiva de limitar e definir uma visão desajustada da realidade, criando um universo de ideias, criando uma distância entre o real e o imaginário?

Porque que existe desvalorização da venda dos imóveis, quando este se encontram próximos dos Bairros Sociais?

Será pelo facto dos Bairros Sociais constituírem territórios populacionais mais “temidos” pelas outras classes sociais?

Será que este quadro agudo de pobreza e miséria, de desigualdades, de individualismo, de desumanização, de desprezo pela vida ou sobrevivência dos excluídos crescente em Portugal, vai contribuir para este aumento destes receios?

O estado Português terá condições para criar formas de protecção que possam auxiliar a segurança individual e colectivo dos nossos bairros e das nossas cidades?

Será que os profissionais de segurança estão motivados, imunes e impermeáveis à corrupção?

Será que a maioria da população sofrerá a repressão e somente alguns poderão comprar segurança?

Que estratégias de sobrevivência devem ser adoptadas nesta arquitectura de violência?

Quem são os detentores de duas nádegas, que nada temem? Será que são aqueles que têm um cadastro impecável?

Quem são aqueles que desafiam as autoridades, rompendo com os códigos e normas estabelecidas pela sociedade, movendo-se e regendo-se pelas suas causas?

Será que são apenas os moradores de bairros sociais?

Aquilo que o cidadão comum sabe para estar seguro é preciso, não ser cúmplice, estar livre de perigos, de incertezas, de riscos eventuais, sem ter o que temer e poder gozar de efectiva tranquilidade.

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Publicado por Gonçalo às 00:03 | link do post | comentar

4 comentários:
De O goodwill do Zé P a 8 de Fevereiro de 2011 às 12:16
Em termos de gestão e valoração de património existe um termo a que se dá muita importância, o goodwill
O goodwill é o conjunto de elementos não materiais ligados ao desenvolvimento de um negócio, pontos que valorizam a reputação de uma empresa. Embora o termo venha sendo utilizado desde o século XVI, é ainda controverso. O termo foi utilizado pela primeira vez na corte da Inglaterra, em decisões de disputa por terras, onde foi considerado na valorização do terreno um valor adicional pela sua localização. No entanto, o primeiro trabalho sistematizado relacionado foi produzido por Francis More, publicado em 1891 pela revista The accountant na Escócia, onde foi abordada a questão da mensuração do goodwill. (MARTINS, 1973).
O goodwill é, pois o que, resumidamente, se pode considerar como uma imagem, como a opinião que os “de fora” têm em torno de uma pessoa, de um bem, de um património. Vale o que vale e, normalmente vale muito, com justiça ou sem ela.
Os, muito erradamente chamados (como se todos não devessem ser, com a própria sociedade, sociais) bairros sociais são, ao fim e ao cabo e no contexto em que têm sido criados, uma aberração da própria sociedade.
Pobre sociedade que não consegue integrar, normalmente, pessoas e famílias e dá alento a segregações e marginalidades. É uma questão económica, sem dúvida, mas sobretudo sociocultural.


De A revolta do medo a 8 de Fevereiro de 2011 às 12:44
Se um dia as pessoas boas (que são a sua esmagadora maioria) que vivem nesses bairros conseguirem fazer "a revolta do medo" e da rua fazer a "casa dos vizinhos" conseguirão que "os de fora " vos invejem e se passem a aproximar em vez de se afastarem.

Nos bairro há valores que urge faze-los emergir...


De DD a 8 de Fevereiro de 2011 às 23:25
Vivo perto de dos bairros PER e passa por lá com frequência além de contactar com muita gente desses bairros nas campanhas eleitorais. O que vejo são pessoas pacíficas, pobres, educadas e cheias de boa vontade, tanto de raça branca como de outras raças, todos iguais, todos bons portugueses com exceção de uns poucos que se desviam da normalidade como é habitual em qualquer população.


De Nas eleições... a 9 de Fevereiro de 2011 às 12:19
A "DD" por vezes escorrega-lhe a língua para a verdade "contactar com muita gente desses bairros nas campanhas eleitorais" fora disso passa ao lago já se vê.

Os políticos da nossa praça Despejam gente nos bairros e julgam resolvidos todos os problemas dessa gente, mais tarde regressam só e quando na caça ao voto.

Como outro comentário já afirmou façam a "revolta do medo" e "tomem conta das ruas".


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