Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2011

Nada nesta terra se faz bem

 De facto, Portugal é um País onde campeia a irresponsabilidade em grande.
Isto vem a propósito das anomalias surgidas nas escolas acabadas de requalificar da responsabilidade da Parque Escolar. Sete escolas em vinte têm problemas. Segundo a comunicação social de hoje ou é a ventilação ou o parqueamento ou os tectos que caem ou os estores colocados por fora ou o excesso de consumo de energia ou as canalizações, algo acusa anomalias.

O sector da construção é conhecido pela pouca qualidade. Mas parece ser grave a situação.
E isto aconteceria com este ou outro governo. Não é pois um problema de governo, mas societário.
É um problema da nossa sociedade que é grave, mas toda esta santa gente, ou seja, os construtores sabem que nada lhes acontecerá.
Há de certeza um artigozinho no código por onde eles se safam e há sempre um advogado de renome para os defender.

Assim é este país.
Comments:
Caro J.A.F.
A grande questão é a forma como são adjudicadas certas empreitadas.
Conhecem-se situações em que se criam empresas só para concorrer a certo tipo de empreitadas. Depois recorre-se à sub-empreitada sem qualidade para concluir as obras. Isto dava pano para mangas.
Claro que não é um problema do governo.
É mais a incapacidade de se tomarem medidas para acabar com as adjudicações para os amigalhaços que aparecem sempre.
   - por   folha seca
 
Obras, adjudicações e Adm. Púb.

Para além do amiguismo, nepotismo, compadrio, corrupção, cartelismo, tráfico de influências e de informação privilegiada ... e da muita incompetência (e falhas graves e dolosas na defesa do interesse público) de políticos, mandantes, intermediários e executantes, há outros aspectos que se devem referir.

Os serviços públicos foram esvaziados de competências:
- pela 'moda' (de teóricos da treta ao serviço...) dos 'outsourcings' (dando tudo a fazer/pagar ao exterior ...);
- pela redução de funções e serviços (multiplicando os custos globais para o Estado mas desorçamentados ou escondidos em obras bens e serviços adjudicados ao exterior, em consultorias, pareceres, estudos, fiscalizações ... realizadas por 'parcerias', institutos, empresas públicas e privadas de ...);
- pelo 'empurrar' de técnicos capazes/experientes para a privada (muitos em acumulação legal e ilegal) ou para a reforma antecipada;
- e por não se fazer a passagem de 'know how' para uma nova geração de técnicos que os deviam substituir gradualmente, mas que tal não aconteceu porque se congelaram promoções e aumentos decentes (para além do execrável e autocrático sistema de avaliação SIADAP) e se fecharam as entradas na Adm.Pública (com excepção para os muitos 'paraquedistas' que - por nepotismo e 'boyismo' - vieram ocupar cargos/tachos 'concursados'/criados 'à medida' e que ou não são verdadeiramente necessários ou para os quais eles não têm competência técnica).

Assim, estão criadas as condições para os desmedidos aumentos de custos das obras públicas ou das parcerias público-privadas, e das sucessivas ''derrapagens'' de orçamentos e custo final das obras ... e a sua má qualidade ou menor interesse público, seja isto devido a:
- más opções técnico-políticas nas obras e projectos;
- mau financiamento (com garantias e cláusulas 'leoninas' e empréstimos usurários);
- má elaboração de contratos e de cadernos de encargos (para além da incompetência deve juntar-se articulado desresponsabilizante e doloso para o Estado);
- má fiscalização e acompanhamento (muitas vezes 'feito' por empresas/fiscais pagos pelo consórcio executante !);
- má execução (com desresponsabilização em cadeia de empreitadas e subempreitadas, com trabalhadores não-especializados e mal pagos, e com elevado nº de acidentes de trabalho);
- má justiça (devido à má legislação e por ser lenta, ineficiente, sem meios adequados, e permeável a muitos interesses de 'poderosos' ou 'intocáveis').

Ou seja: o património e o orçamento do Estado tem servido para engordar bancos, grandes empresas e tubarões da política, da advocacia, dos gabinetes ... e outros 'mamões' em cadeia (e que, ainda por cima, se juntam em coro para bater na 'vaca' dizendo que o Estado tem de 'emagrecer'/'cortar na gordura'... mas o que verdadeiramente querem é que se 'corte' nos trabalhadores para  eles poderem continuar a sugar o O.E.).
 - por  Zé T.


Publicado por Xa2 às 07:07 | link do post | comentar

1 comentário:
De Zé das Esquinas, o Lisboeta a 22 de Fevereiro de 2011 às 12:28
Fazer bem "os trabalhinhos", não é negócio.
«então não querem lá ver... então agora fazia tudo bem feitinho e durante uma data d' nos nunca mais "ganhava mais nada...»
É muito do espírito subjacente a muitos dos "pequenos grandes" negócios... São pequenos negócios que pela sua continuidade se transformam numa "renda" para os intervenientes. E mais, se não há facturas não há "comissão". E muita gentinha precisa, como todos nós, de comer todos os dias...
Se quando exercem mal fossem accionadas responsabilidades/garantias e não "orçamentos rectificativos" se calhar saía tudo melhor e mais barato. Mais barato para quem? Para todos os contribuintes. Só que é muito fácil esquecer "o todos nós quando se está no "eu é que mando" aqui e agora.
E quem vier atrás que fache a porta. Qual porta?


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