Domingo, 6 de Março de 2011

Os 90 anos do PCP e a bílis do(a) editorialista do Público

   O Publico é o jornal impresso que leio todos os dias. Hoje (6.3.2011) na 1ª página, de forma pouco destacada, remetia-se o leitor para 2 páginas interiores onde um conjunto de jovens foi perguntado pela jornalista sobre as causas da sua atracção pelo PCP, no momento em que este partido completa 90 anos da sua existência.

   A peça era oportuna pelo aniversário mas também pela indesmentível constatação que qualquer pessoa mìnimamente atenta fará sobre a grande componente juvenil, aguerrida e portadora de uma grande simpatia, que existe na vida do PCP.
   Fiquei, naturalmente satisfeito.
   Não é todos os dias que falar de forma objectiva sobre o PCP se pode encontrar na generalidade dos media. E é consabido que, de entre os partidos com assento parlamentar, o PCP é aquele que mais maltratado é pelo evitar dos factos e o optar por clichés rançosos.

   Estava eu ainda nesta reflexão quando tropecei no editorial aparachik.
   Retenho as seguintes expressões sobre o PCP: "Militar no PCP é uma questão de crença", " o PCP que Alvaro Cunhal preservou em embaciadas "paredes de vidro", "Jerónimo de Sousa mantém o (PCP) no rumo antigo sem o mínimo desvio, que lhe seria fatal", "O PCP chega aos 90 anos sem que seja possível atribuir-lhe uma idade real", "pertence a uma época que já quase desapareceu, "Milhares vão-no mantendo vivo contra todas asv evidências da história", "o comunismo que deu nome ao PCP no mundo real só produziu inomináveis tragédias" e "isso só ajuda a acentuar o seu anacronismo". Em matéria de citações por aqui me fico porque o textinho praticamente se esgota nisto.
    Alguma pessoa escreve isto sem estar a fazer o frete a alguém? Que compensação espera o(a) autor(a) desta prosa por tanta bilis derramada?
   Seria bem mais interessante tentar compreender o que são as convicções e porque as têm aqueles que militam no PCP, arriscando emprego, carreiras, rejeitando mordomias e corrupção intelectual e económica. É desta massa que o país precisa para sair do buraco para o qual os "democratas" o mandaram. E não só no PCP - entendamo-nos - existem tais pessoas.
   Seria interessante ler "O Partido com paredes de vidro" para discernir sobre onde andam os "embaciamentos".
   Seria interessante reflectir sobre o destino que tiveram, ao longo destes quase quarenta anos, todas as invocadas fatalidades, anacronismos e mortes anunciadas do PCP. E porque é que isso decorreu de aqui estarem comunistas, com pés bem assentes nesta terra, a ombrear e a dar força aos que mais explorados são e potencialmente mais importantes serão na "ruptura" necessária com um estado de coisas que nos asfixia, nos subalterniza, nos faz a vida num inferno e o nos quer tirar o futuro.
   Seria interessante reflectir sobre a leitura que o PCP (e não só) fez sobre a derrota de muitas experiências socialistas, como isso é coerente com a linha política e programática do PCP ao longo dos anos, como o PCP defende as liberdades e a democracia, aponta propostas não só ousadas como realistas e susceptíveis de serem aceites por muitos outros, incluindo filiados noutros partidos.
   Seria interessante não esquecer que as tragédias em Portugal envolvendo comunistas são as que eles (e outros) sofreram nas prisões, no ceifar de vidas, nas perseguições e torturas.
   A quem escreveu esta prosa, recomendo a utilização da bílis naquilo para que ela existe.
   Sob o anonimato escapou à crítica directa mas francamente não sei se vale a pena falar mais de si, múmia borolenta que ainda faz ressoar palavras ininteligíveis neste tempo a que você deixou de pertencer.


Publicado por Xa2 às 20:07 | link do post | comentar

4 comentários:
De Melhorem-se que muito precisam... a 7 de Março de 2011 às 16:57
Parabéns e longa vida, ao PCP e a todos os outros partidos e agremiações partidárias mas, uns e outros, bastante necessitados andam de rever seus métodos de trabalho , suas coerências ideológicas e princípios de rigor, honestidade e de transparência.

A esmagadora maioria do comum dos cidadãos/cidadãs já pouco acreditamos em tais agremiações o que nada abona para o regime, dito, democrático .


De . a 10 de Março de 2011 às 11:25
NOVENTA ANOS DO PCP !

A origem e o nascimento do Partido Comunista Português (PCP) assumem um carácter quase original no processo de formação dos partidos comunistas europeus.

De facto,enquanto na maior parte dos países o surgir dos partidos comunistas se operou por cisões nos partidos socialistas filiados na II Internacional, em Portugal a criação do PCP deve-se ao esforço de alguns sindicalistas revolucionários, anarquistas e anarco-sindicalistas.

Importa em primeiro lugar reter o facto de se não ter produzido no interior do Partido Socialista uma crise face à questão da I Guerra Mundial e face à revolução que, por irresolúvel no PS conduzisse a uma cisão significativa em ordem à fundação de um novo partido político.
O Partido Socialista não tinha de facto nem implantação social significativa nem uma dinâmica interna própria e criadora, nem sequer se apresentava perante o movimento operário real com «força» suficiente e capaz de gerar uma alternativa desde o seu interior...»

Historiador César Oliveira in «O primeiro congresso do Partido Comunista Português» Seara Nova,1975.

Ler a origem do PCP (em : http://abril-de-novo.blogspot.com/2009/03/genese-e-fundacao-do-pcp-o-primeiro-ano.html )
- por A.B.Guedes, Bestrabalho.blogspot.com


De DD a 7 de Março de 2011 às 18:42
Com tantos anos de vida, o PCP não consegue convencer mais do que uns 8% do eleitorado.
A razão é simples. Nunca um partido comunista governou sozinho em democracia; todos o fizeram em ditadura e isto diz tudo. Não há eleitorado para votar numa ditadura.
O PC da URSS chegou a ordenar a invasão da Hungria e da Checoslováquia para deitar abaixo dois líderes dos respetivos Partidos Comunistas que pretendiam seguir uma via mais democratizante.
PCP esteve sempre com a ditadura da família Castro e com a ditadura hereditária da Coreia do Norte e com a ditadura capitalista da China.


De ''Democratas estrábicos'' a 10 de Março de 2011 às 10:41
Oh DD esses ''argumentos'' é que não convencem... se não, vejamos o reverso de cada uma das suas afirmações:

1- Com tantos anos de poder (35), o centrão português não consegue convencer metade da população portuguesa (abstenção sempre a crescer)...

2- infelizmente houve eleitorado para votar em ditaduras: na Alemanha (república de Weimar passa a ditadura de Hitler), em Itália, em Portugal, em Espanha, ... - espero que não voltemos a isso.

3- O ocidente (com os EUA à frente...) várias vezes ordenaram e invadiram países para deitar abaixo os líderes respectivos (que tiveram a veleidade de se lhes opor ou terem optado por regimes diferentes da subordinação ao imperialismo capitalista das multinacionais...), desde a pequenina Granada, ao Vietnam, a Cuba, Nicarágua, Angola, Iraque, ...
4- e o PS (e PSD, CDS e outros) estiveram sempre com as ditaduras ''amigas'' : Tunísia, Egipto, Líbia, Arábia, Venezuela, Angola, etc etc...


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