O responsável por um dissimulado programa de propaganda semanal do PSD na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa, procurou imputar a Sócrates as culpas por uma crise que vaticinou como bastante provável. Normal, na função que ali desempenha de propagandista subtil do PSD, consistindo aqui a subtileza o modo como ostenta uma imaginária qualidade de comentador independente.
Mas o que eu achei curioso é que, zurzindo no PS, dando notícia da grande convergência nacional que, para ele, existe quanto a essa hostilidade, o arguto propagandista apenas achou, como solução possível da crise atravessada, uma coligação de toda a direita, ou pelo menos do PSD, com o PS.
Estranha incompetência a desse partido, que ao mesmo tempo que é agredido de todos os lados pelo que faz o seu governo, é considerado uma parcela indispensável do governo que viria substituí-lo se conseguissem derrubá-lo.
Talvez, por isso fosse bom que o PS tornasse claro que se outros o derrubarem, menosprezando a estabilidade política mesmo nesta conjuntura, devem estar avisados que, perante qualquer outro governo saído de um derrube do actual, o PS será oposição contra ele, desde o princípio.
De facto, se o governo do PS for derrubado pela recusa do PSD em lhe dar qualquer suporte sequer indirecto, não teria sentido que quem recusou abrir a porta da governabilidade a um adversário, mesmo numa situação limite, lhe vá pedir logo de seguida aquilo que acabou de lhe recusar.
De Do mal o menos... a 15 de Março de 2011 às 14:07
Do mal o menos...
das medidas deste Governo estamos fartos e maltratados mas ...
não tenhamos ilusões:
o líder do PSD, com a sua matilha esfaimada e o ''manual de 300 medidas'' dos empresários mamões da vaca-Estado, mais os economistase banqueiros da selvajaria neoliberal... ficaríamos bem pior. !
De Diferentes Politicas a 15 de Março de 2011 às 14:14
Interesses (... também é preciso mudar o enquadramento)
Diz-se que a história das crises financeiras é escrita pelos credores. Contra todas as aparências, o economista Patrick Artus argumenta que, na realidade,
o poder negocial do governo alemão é reduzido porque quem comanda a economia alemã seria o principal perdedor em todos os cenários na periferia que não passem por instituir mecanismos genuinamente solidários na zona euro:
a reestruturação da dívida atingiria os bancos alemães, a intensificação da austeridade ameaçaria as exportações alemãs, o esfarelamento do euro e as subsequentes desvalorizações cambiais minariam o projecto industrial exportador alemão.
É claro que Artus parece assumir que os governos das periferias têm alguma estratégia negocial concertada para colocar o governo alemão perante as suas responsabilidades.
Hipótese heróica quando ouvimos, por exemplo, José Sócrates declarar hoje todo ufano que as instituições europeias aprovaram e saudaram a decisão do governo em promover mais uma ronda de austeridade.
E, no entanto, como muito bem afirma João Galamba,
“esta política de austeridade que a Europa escolheu é economicamente errada e socialmente injusta”.
Galamba acrescenta:
“mas o governo português tem de definir as suas políticas partindo desse enquadramento (…) O governo tem feito o que pode para defender o interesse nacional.”
O problema, como a intervenção de Sócrates ilustra, é que o governo parte e acaba no mesmo enquadramento desastroso e dentro deste é duvidoso que haja qualquer “interesse nacional” para defender.
Postado por João Rodrigues, Ladrões de bicicletas
De .É preciso Reformar os Partidos. a 15 de Março de 2011 às 16:08
Jorge Miranda diz que discurso de Cavaco foi um factor de instabilidade
O constitucionalista Jorge Miranda afirma que o discurso de tomada de posse do Presidente da República foi “extremamente duro” e um factor de instabilidade. - [Público.pt, 13-03-2011]
O catedrático, considerado um dos pais da Constituição portuguesa, disse numa entrevista do Gente que Conta, publicada hoje no Diário de Notícias e transmitida pela rádio TSF, que Cavaco Silva deveria tirar consequências do discurso que fez na quarta-feira, durante a tomada de posse.
“Achei que foi um discurso duro, talvez excessivamente duro, e que tive dificuldade em o situar no contexto da posse como PR”, explicou Miranda, que concorda com todos os factores, críticas e queixas que o Presidente fez relativamente à situação.
No discurso de quarta-feira Cavaco Silva disse que “Portugal está hoje submetido a uma tenaz orçamental e financeira” e pediu aos portugueses para “despertarem da letargia”. O discurso foi uma dura critica ao Governo de José Sócrates.
“Mas a verdade é que se este Governo existe, foi porque o PR permitiu que se formasse”, contrapôs o constitucionalista, defendendo que Cavaco não deveria ter permitido a formação desse Governo. “O PR deveria ter exigido ao Parlamento e aos partidos a formação de um Governo maioritário.”
Por isso, Miranda defende que “tendo feito o discurso, o PR tem de tirar as consequências. Não pode falar outra vez em estabilidade quando o próprio discurso é um factor de instabilidade.”
Na entrevista, o constitucionalista critica ainda o estado actual do Parlamento. “São os directórios [dos partidos] que determinam o sentido do voto dos deputados à Assembleia da República”, disse, explicando que no passado “as pessoas iam para lá defender posições próprias dentro de um contexto partidário.”
Segundo o constitucionalista esta mudança é extremamente negativa porque os cidadãos que votaram nos deputados não são representados, o “que diminui muito o papel e o poder dos parlamentos”. Para que isto mude, seria necessária uma reforma nos partidos, adianta Jorge Miranda. Mas, “infelizmente”, o constitucionalista tem “as maiores dúvidas que os partidos tenham essa capacidade”.
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