Para quem tinha como um dado adquirido, que o homem era um mentiroso compulsivo, ficou com a criança nos braços.
Sócrates, é certo, nem sempre falou a verdade (como todo e qualquer cidadão que se preze) e muitas vezes se enganou (ao contrário de certa pessoa que um dia afirmou que “eu nunca me engano e raramente tenho duvidas”) enganando, também com isso, o povo, em nome de quem governava. Por isso, quase, ninguém o levou a sério quando afirmou que o chumbo do PEC IV, (o apresentado ou outro qualquer, como afirmou estar disposto a negociar) significaria a sua demissão de 1º Ministro.
O PS poderá sofrer com ele e muito, mas o país sofre com todos inclusive com a incoerência (atentas as suas próprias palavras) da posição de Aníbal Cavaco Silva que não conseguiu colocar acima de todas as quezílias e querelas partidárias e pessoais os “soberanos interesses de Portugal”. Damos uma imagem interna e internacionalmente que o país não necessitava nem merecia.
Agora aí está o resultado, tanto mais que o Presidente da Republica, também, não esteve à altura de ter sido capaz de ultrapassar as suas próprias “comezinhas” questiúnculas pessoais e ter exigido que, no âmbito da Assembleia da Republica, se tivesse encontrado uma saída para a crise, sabendo-se que tal inépcia nos atiraria para o lixo do mercado financeiro internacional e, até como sociedade.
O Presidente deveria ter sido capaz (não fora ter tido uma atitude em causa própria, pelo menos da fama, disso, não se livra por mais justificações que venha a argumentar) de, no próprio dia em que viu recusada a proposta do, famigerado, PEC IV, declarado publicamente que a sua exigência e que o país teria acolhido de bom grado era a de que os partidos no âmbito da Assembleia se entendessem na constituição de um governo alagado e capaz de responder aos desafios do momento.
P.S. (1)
A Islândia, que depois da crise da banca rota a que teve de fazer face (que tal como por cá teve contornos criminosos), levou o respectivo governo local a anunciar aumentos de impostos, cortes sociais, cortes salariais, forte agravamento da inflação, enfim a receita do costume imposta pelo FMI.
Só que o povo não gostou e não se limitou a lamuriar mas concentrou-se, ininterruptamente, em frente ao seu parlamento até obrigarem à queda de um governo conservador e foram às urnas votar, chumbando estrondosamente a política que era a de salvar bancos falidos e corruptos à custa de quem trabalha.
Das respectivas eleições saio uma coligação entre a Aliança Social-Democrata e o Movimento Esquerda Verde, chefiada por uma mulher, Johanna Sigurdardottir, a actual chefe do governo, foi equilibrando as finanças do país e saiu da recessão.
O povo, pela pressão e exercício de cidadania, impôs um estilo de governança diferente e os responsáveis internos pelas dívidas foram responsabilizados, abriu-se “caça” aos suspeitos de fraude e falsificação de documentos, que sacrificaram a Islândia e o próprio procurador-geral, fugitivo, já foi convencido a regressar ao país, a população sente que está a fazer-se justiça e a falar-se verdade.
A actual coligação islandesa criou uma assembleia de 25 cidadãos sem filiação partidária que foram eleitos entre 500 advogados, estudantes, jornalistas, agricultores, representantes sindicais, entre outros.
As contas de toda a estrutura dos Estado, seja local ou central, são tornadas públicas, bem como toda a area de negocios e contratos.
Esta genuína revolução pacífica está sendo omitida, quase completamente desaparecida dos órgãos de comunicação social e, os habituais comentadores de serviço, não lhe têm dado o merecido relevo. Ironias e estranhas coincidências a contrastarem com o atribuído às agências de rating e ao FMI.
P.S. (2)
O jornal “Público” noticiou, no dia 3 do corrente, que o líder do PCP disse esperar que as eleições legislativas permitam um governo patriótico de esquerda, e que o partido está disponível para fazer alianças com o BE, depois das eleições, desde que este clarifique os seus objectivos.
Uma verdadeira coligação à islandesa, só falta saber qual é o programa e se o PS (de Sócrates) também estará disponível para tal desafio.
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