37 anos depois do 25 de Abril vivemos um dos piores momentos da nossa democracia. Anos de alheamento da realidade e de incompetência pura e simples conduziram-nos a um ponto de endividamento, público e privado, terrível. Passámos décadas a fazer construções, com betão, cimento e asfalto, como se fossemos todos meninos a construir Legos sem querer saber do dia de amanhã. Demos todos os direitos por adquiridos, mas fugimos quando ao longe ouvimos dizer que também há deveres. A pesadíssima factura está aí e vai ser dura de pagar.
Os políticos cá da terra seguiram exactamente o mesmo rumo que os demais: irresponsabilidade regada com um despudorado apego ao poder. Com os aparelhos partidários e as campanhas eleitorais sustentados durante anos pelas grandes construtoras (no pais) e até pelas médias e pequenas (nas autarquias), os políticos da praça comprometeram o futuro em troca de licenças e adjudicações de obras.
Fizeram-se auto-estradas paralelas umas às outras, imaginaram-se projectos gigantescos mas não se cuidou de mais nada. Pelo contrário, aceitaram-se, em troca dos dinheiros comunitários para as auto-estradas, imposições que liquidaram a nossa agricultura e a nossa pesca. Como sempre os empregos criados nas grandes obras foram voláteis e desapareceram. A indústria portuguesa tornou-se menos competitiva e centenas de fábricas fecharam. Hoje em dia produzimos muito menos e estamos muito mais dependentes do exterior. Portugal tornou-se um país de serviços subalternos e não tratou de cuidar do futuro – este é o legado da classe política ao fim de quase quatro décadas.
Talvez fosse altura de olharmos bem para os candidatos e ver o que fizeram. Talvez fosse bom olhar para estes seis anos de Sócrates e ver como era o país antes, e como é agora. Talvez fosse bom recordar todas as promessas que Sócrates fez e que negou logo a seguir às eleições. E talvez fosse bom dar-lhe uma pesada derrota eleitoral. É a única paga possível para o que ele nos fez. A democracia serve para usar o voto para pôr na rua quem governou mal.
Manuel Falcão [Jornal Metro]
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