Quarta-feira, 4 de Maio de 2011

Uma troika em seis mitos

 por Daniel Oliveira

 

 

    Antes de conhecermos, pela voz dos senhores da troika, a parte má do acordo assinado pelo governo (deixo a análise das medidas para quando as conhecermos em pormenor - há coisas que exigem tempo e ponderação), vale a pena desmistificar seis mitos sobre a intervenção externa: que ela só acontece porque o governo nos trouxe até aqui; que a troika está cá para nos ajudar; que, tendo governantes incompetentes, devemos aceitar que seja ela a governar-nos; que todos temos de nos sacrificar; que temos a obrigação de evitar a instabilidade social; e que o nosso grande problema é ter Estado a mais.  (ver aqui o desenvolvimento).

    Acordar com o acordo

                    [por Ana Gomes]

     O PM veio dizer o que não terá o acordo, em troca dos necessários 78 mil milhões. Sugeriu um PEC IV não excessivamente agravado, que o Governo negociou como pode, entre a metralhagem do PSD sobre os números a partir dos quais se negociava. 
    O que vai implicar o acordo - se vier a ser acordado a nível europeu - a ver vamos, talvez já amanha.
    Importa saber se a corda que nos estendem com este acordo será  só para nos prolongar a austeridade/agonia, pagando aos credores.  
    Ou se vai servir para nos içarmos do fundo do poço, facultando-nos condições para voltarmos a crescer.
    Ou seja, se nos abre algum caminho para, transformarmos a crise em oportunidade, fazendo as reformas estruturais precisas.
    E isso, em última análise, ninguém nos dá ou impõe: só dependerá de nós.
Trata-se de acordarmos com o acordo.

Catroga dixit, voto PSD fugit...



Publicado por Xa2 às 13:11 | link do post | comentar

25 comentários:
De . Alternativas ... 4.5.2011, L.Bicicleta a 5 de Maio de 2011 às 10:50
---- João Carlos Graça disse...
Caro Jorge
- Deixo aqui de lado os aspectos mais directamente políticos do documento, com o qual estou aliás claramente de acordo na generalidade.
- Deixo também de lado a questão das urgências de financiamento.
- Concordo a cem por cento com a promoção do pleno emprego a objectivo nº 1 da política económica.
- Subscrevo também a tese da "memória curta" dos mercados em casos de default.

Todavia, a ser assim, voltamos ao ponto de partida. A origem da nossa dívida externa é défice externo acumulado; e a deste é uma óbvia, indesmentível sobrevalorização da moeda.
Assim:
podemos "ir lá" sem abandonar o euro e desvalorizar?

Sinceramente, a prazo não.
As alternativas (redução dos salários nominais e das pensões) são piores ainda.
A desvalorização não chega, pode ter efeitos perversos, etc.? Sim, claro que não chega e claro que tem.
Mas uma qualquer cirurgia também tem todos esses inconvenientes, e nem por isso deixa de se recorrer a cirurgias.
Evitarmos isto equivale, creio, a continuamos a iludir-nos...

----- Jorge Bateira disse...
Caro João

De um ponto de vista político, a formulação que o manifesto apresenta é o mais longe que se pode ir neste momento.
Dito de outro modo, não podemos ter toda a razão antes do tempo.

Ainda assim, há que reconhecer que as derrogações ao Tratado no que toca às regras da concorrência, a discriminação positiva do sector exportador (defendida por João Ferreira do Amaral), e quaisquer outras, são um sucedâneo da desvalorização cambial.

Como deves imaginar, eu não acredito que pudessemos ficar muito tempo dentro da eurozona nessas condições de ruptura com o PEC, Semestre europeu, etc.
Fica em aberto o passo seguinte que (em meu entender) ainda é inaceitável para a maioria dos portugueses.

Talvez a Grécia nos abra o caminho.
E como irão reagir os finlandeses e os alemães quando a Espanha também vier pedir "ajuda"?


De ... a 5 de Maio de 2011 às 11:02
------- roskoff disse...
...
logo quando Portugal deve propor à Espanha (que se quer desligar do problema português), Grécia e Irlanda (cujo Anglo Irish suportou este ano passado 17 mil milhões de perdas que os Britânicos lá deixaram)
a criação de uma FRENTE DIPLOMÁTICA COMUM tendo em vista renegociar ....o quê numa europa cada vez mais dividida?

com destaque para uma forte política industrial, desmantelar empresas demora alguns meses ou anos
reconstruir e/ou renovar um parque INDUSTRIAL que foi canibalizado e uma indústria química que políticas ambientais estrangularam,
uma siderurgia praticamente inexistente, uma indústria mineira que se afogou devido às questões laborais e a falta de investimento

e medidas de discriminação positiva para o sector EXPORTADOR. certo....mas quais?
é um pouco vago

o mesmo para a AGRICULTURA apesar de termos dezenas de milhares de engenheiros agrícolas Zootécnicos hortofrutícolas e florestais

o sector agro-industrial que transformou a espanha num gigante económico é em Portugal um couto de ladrões e de SUBSÍDIO-DEPENDENTES e de organismos do Ministério da agricultura que além de serem bons lugares para a venda de profiláticos contra o hemorroidal

C o País teria de:
a) procurar apoios financeiros fora da UE;
na união soviética não dá e o paquistão ou a índia acho que não vão nisso

b) lançar uma política económica integrada tendo como objectivo alcançar o pleno emprego;
......pleno emprego?
só se metermos o pessoal todo em Kolkhozes

c) suspender o pagamento da dívida pública e realizar uma auditoria no sentido de preparar decisões sobre a sua reestruturação.
isto era o ideal 500 mil funcionários deixavam de receber

o exército profissional pago faria um golpe de estado para ''salvar a nação'' e atribuiria senhas de gasolina :
120 litros por sargento
250 por capitão
500 litros major a coronel ;
os brigadeiros tinham carro à disposição, não recebiam senhas - isto foi de 1975 a 76 ou 77 ?
ou foi de 2015 a 2017?

e isso de pressupor a pré-falência espanhola também é mauzote
...
convenhamos de um ponto de vista político o PREC já passou e o franquismo ainda não voltou

A mobilidade laboral neste país, excepto entre os professores, é quase nula
mesmo os empregadores questionam mora aonde se se mora a 50 km prefere-se logo outro tipo

resumindo somos uma cultura que faz castelos económicos no ar

deixar de consumir em excesso
promover o consumo nacional

se conseguimos alterar mentalidades de portugas na estranja, porqué que não conseguimos fazê-lo aqui


------- Zuruspa disse...

A mentalidade dos portugas na estranja näo muda, esses portugas é que, de täo fartos da típica mentalidade tuga, emigram para onde as pessoas sejam civilizadas.
Os que mantém a mentalidade tuga voltam para casa com o rabinho entre as pernas, a queixarem-se de que "os estranjas säo muito exigentes".

Consumo nacional? De quê?
Se a maioria da comida que existem em Portugal vem de fora?

Os teus argumentos säo mesmo roskoffs...


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