Há coisas que, como vulgarmente se diz, custam a engolir e que, houvesse memória e uma pitada de vergonha, teriam um efeito devastador, não só na imagem dos próprios mas, acima de tudo, na credibilidade dos agentes políticos em geral.
Dois desses fenómenos angustiantes e infelizmente cada vez mais comuns ocorreram na elaboração das listas de deputados.
Em posição destacada, temos Basílio Horta, actual presidente da AICEP - cargo de nomeação política -, fundador do CDS, ministro e, entre outras funções de relevo, candidato presidencial deste partido, nas eleições de 1991, contra o Dr. Mário Soares, fundador do PS e da democracia portuguesa.
Se bem me lembro, ambos protagonizaram aquele que foi, por responsabilidade exclusiva do primeiro, um dos mais lamentáveis episódios do combate político democrático em Portugal, num debate televisivo tristemente célebre em que Basílio, em desespero de causa e à falta de melhores argumentos e atributos, atacou o seu opositor de forma rude e pouco elevada. Resultado: humilhou-se e foi humilhado nas urnas.
Ora, não fosse alguém pensar que só os burros não mudam, Basilio, fundador da democracia-cristã, integra, como cabeça-de-lista, naturalmente pela quota do secretário-geral - no pressuposto de que não terá sido indicado por qualquer estrutura - as listas do Partido Socialista, laico e republicano. Enfim... mais palavras para quê...
O segundo destes fenómenos é Fernando Nobre. Salientar, antes de mais, que estou convicto de que este candidato a candidato à segunda figura (regimental) do Estado, é um cidadão comprometido e bem intencionado, vítima, não só de uma gestão política desastrosa mas, acima de tudo, de si próprio.
Depois de décadas de meritório e reconhecido trabalho humanitário em prol dos que menos podem e dos que menos têm, Nobre decidiu, legitimamente, prodigalizar
uma reputação sólida e candidatar-se à Presidência da República. Realizou uma campanha populista, demagógica e infantilmente errática, em que as ideias e as propostas fluíram com a lógica duma batata. Mais, cavalgando com afinco a sempre perigosa onda da independência partidária e da alegada superioridade daí resultante, fez juras públicas de não alinhar nas suas tenebrosas máquinas, quaisquer que fossem as circunstâncias, qualquer que fosse o momento. Uma conjugação cósmica de factores deu-lhe uma votação expressiva.
Escassos dois meses após tais juras, emolduradas de nunca e jamais, Nobre encabeça as fileiras do PSD que, com oportunismo, dirão uns, ou alguma ingenuidade, penso eu, o decidiu arregimentar. Que dizer...?
José Gil, em recente entrevista, perguntava onde estão os políticos que pensam menos nas suas carreiras e na sua agenda pessoal e social e mais nos interesses do país e dos seus concidadãos. Ao que se vê, esta é uma pergunta muito pertinente.
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