De .. a 15 de Junho de 2011 às 09:51
De - e AGORA ?!!?... a 14 de Junho de 2011 às 10:47

----- e Agora ?!!?...
R:
1-- Avaliação e Renegociação da Dívida,
2-- nova UE (federal, c. orçamento e fiscalidade comum e + solidária, e BCE ao serviço dos Estados e não dos agiotas/bancos privados!!)
3-- nova política internacional/global para o Comércio (e restrições às importações de países com ''dumping'') e Moedas
4-- nova política para a Finança-Ag.Rating e Offshores (mais regulamentados e responsabilizados)... .
...
Zé T.
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«
Risco de bancarrota portuguesa acima de 45%

[Jorge Nascimento Rodrigues, Expresso.pt, 09-06-2011, via MIC ]

A probabilidade de defaults em Portugal, Grécia e Irlanda está, de novo, a disparar. Os juros dos títulos de Tesouro estão em alta e Espanha regressa ao "clube" da bancarrota

A situação está hoje ao rubro nos mercados da dívida. A probabilidade de um default no caso português num horizonte de cinco anos subiu para 45,43%, um valor recorde, e Portugal consolida a sua 3ª posição no TOP 10 dos países com maior risco de incumprimento na dívida soberana, segundo o monitor da CMA DataVision.

Os juros da dívida portuguesa no mercado secundário que já ontem à tarde haviam regressado a uma tendência de alta continuam hoje com subidas em todas as maturidades, com destaque para a maturidade a 3 anos cujos juros se aproximam dos 12%, segundo dados da Bloomberg.

Esta situação de agravamento das condições de crédito abrange também a Grécia, Irlanda e Espanha no seio da zona euro.

A Grécia está com uma probabilidade de default de 71,6%, liderando o clube dos 10 de maior risco, e os juros dos títulos a 2 e 3 anos dispararam. Os juros dos títulos a 2 anos já estão acima de 25% e os dos títulos a 3 anos aproximam-se desse nível.

Quanto à Irlanda o risco subiu para 43,97% e os juros dos títulos a 2 e 10 anos continuam a subir.

Espanha regressou ao clube

Espanha regressou ao "clube" da bancarrota em 10º lugar com um risco superior a 20% e os juros das obrigações espanholas em todas as maturidades estão em alta.

Como pano de fundo deste nervosismo nos mercados da dívida está a crise de insolvência grega com o risco de um fracasso rotundo da estratégia inicial da troika, o impasse no seio da zona euro para a resolução de um segundo plano de resgate com um adicional de €90 mil milhões e a própria evolução da crise política em Atenas.

A Islândia, também, ingressou, desde ontem, no "clube" dos 10, estando em 8º lugar com um risco de 21,7%.

Metade do TOP 10 do risco de default é, agora, ocupado por cinco países europeus, quatro da zona euro e um fora da União Europeia.


Comentários:
[1] "Desunião Europeia"
João H. A. Lima, 2011-06-12 23:50:40

Mas afinal não será já tempo, de todos os partidos políticos em Portugal, porem os "pés à parede"
e todos em unidade no Parlamento Europeu, (juntamente com a Grécia. Irlanda e agora também a Espanha)
pedirem políticas alternativas com estratégias solidárias para uma verdadeira Federação Europeia?...

Como podemos nós progredir neste "atoleiro" actual em que estamos metidos, a pagar juros altíssimos, sem agricultura, sem pescas, sem trabalho

e tudo isto provocado não só por culpa dos nossos governos, mas também e principalmente, por culpa da própria União Europeia, que nos "entonteceu" com suas políticas monetárias e com promessas de progresso, que nos levaram a destruir a nossa agricultura e as nossas pescas?...

Como podemos pagar agora as nossas dívidas, se não produzimos nada, nem temos o suficiente para comer?...
Mas a culpa tem que ser só nossa senhores?...
Não será também deles próprios, de Bruxelas?...


De ...e Reestruturar a Dívida .!.-diz Duque a 15 de Junho de 2011 às 13:28
João Duque já fala em reestruturar a dívida

«João Duque, Presidente do ISEG, e um dos nomes mais falados para a pasta das Finanças no Governo PSD/CDS, não tem dúvidas de que Portugal terá de reestruturar a sua dívida, como começa agora a acontecer na Grécia.

Em entrevista ao «Correio da Manhã», o economista diz que «Portugal vai ter de reestruturar a dívida. E temos de mudar o paradigma produtivo.
Basta olhar para o discurso do senhor Presidente da República sobre a agricultura.
Nós hoje temos défice na balança comercial de bens alimentares.
E, como as coisas estão, se ficarmos sem dinheiro, temos pelo menos de ter comida». » [Portugal Diário]

Parecer do Jumento:
Não confia no governo do PSD?
Não era o PSD que ia resolver o problema?
Parece que já está a preparar a argumentação para o falhanço.


De .. Convergência e Alternativa .. a 15 de Junho de 2011 às 18:05
de: subscritores@convergenciaealternativa.com
para: Cidadão,

Nota à comunicação Social.

As eleições de 5 de Junho deram a vitória aos partidos da direita num contexto de grave crise económico-financeira e social. Os partidos que subscreveram as condições do empréstimo da UE/FMI obtiveram 78,4% dos votos úteis, o que representa uma pesada derrota para os partidos que se opõem às pol ticas neoliberais que o empréstimo exige.

Para este resultado contribuíram a consciência de que o País se encontra numa situação financeira muito grave, a convicção generalizada de que não existe alternativa credível para a austeridade imposta pela UE/FMI, a que se juntou uma forte vontade de mudar de Primeiro-ministro. Em poucos meses criaram-se as condições perfeitas para que a direita pudesse alcançar o seu ideal de governação: «uma maioria absoluta, um governo e um presidente» para aplicar as políticas com que a direita mais radical sempre sonhou.

No entanto, a «Convergência e Alternativa» recorda que o governo que vai tomar posse tem uma legitimidade frágil. Uma abstenção superior a 40%, a mais elevada de sempre em eleições legislativas, acompanhada de cerca de 220 mil votos brancos e nulos, mostram que um número expressivo de eleitores não se reconhece em nenhuma das propostas políticas que concorreram às eleições.

Acresce que o PS e os partidos da direita nunca explicaram ao País como é que as políticas de austeridade, e as chamadas “reformas estruturais”, vão colocar a nossa economia a crescer quando é já evidente o seu fracasso na Grécia e na Irlanda. Durante a campanha eleitoral, a fuga ao contraditório sobre a eficácia das políticas neoliberais, aliás com a conivência activa da comunicação social, contribuiu para fragilizar a legitimidade democrática das políticas que o próximo governo pretende executar.

Aliás, o ilustre constitucionalista Prof. Gomes Canotilho já chamou a atenção para a natureza inconstitucional de algumas das medidas inscritas no memorando de entendimento com a UE/FMI. Chegou a hora de o PS honrar a sua história como partido que se identifica com os princípios da Constituição da República Portuguesa. Apesar dos apelos da direita, queremos acreditar que os socialistas recusarão as propostas de revisão constitucional que visam inscrever na nossa lei fundamental alguns princípios típicos de uma sociedade neoliberal.

Os resultados destas eleições confirmam o crescente distanciamento entre uma grande parte do eleitorado e o actual quadro partidário. Para responder a esta crise da democracia portuguesa não basta lamentar o nível elevado da abstenção, ou reclamar a actualização dos cadernos eleitorais. É preciso ir muito mais longe e dar início a um processo de reforma do sistema político que dê resposta aos anseios latentes no eleitorado que não vota, que vota em branco, ou simplesmente vota “útil”. Consciente do cepticismo que atravessa a sociedade portuguesa no que toca à actividade político-partidária, a «Convergência e Alternativa» procurará dar um contributo útil para a revitalização da democracia representativa e da democracia participativa.

Assim, lembrando que a democracia não se esgota no dia das eleições, a «Convergência e Alternativa» convoca todos os portugueses dispostos a lutar para que o País não caia numa situação de extremo descalabro económico, financeiro e social. Através do diálogo, do debate, e da participação em iniciativas conjuntas, queremos catalisar a convergência de pessoas, movimentos sociais e partidos tendo como meta a apresentação de uma proposta política alternativa capaz de salvar o País do desastre e de devolver aos Portugueses a esperança de viver numa sociedade mais digna e mais justa.

Porto, 10 Junho 2011

A Comissão Coordenadora Provisória
do movimento Convergência e Alternativa


De Miguel Portas, o BE, a POLÍTICA, ... a 24 de Junho de 2011 às 12:24
Miguel Portas "A renovação do Bloco tem de passar pela saída dos quatro fundadores"
por Nuno Ramos de Almeida, 22 de Junho de 2011.

Miguel Portas é político há muito tempo. Defende que tudo tem a sua época e o Bloco de Esquerda precisa de lideranças novas. Fala das declarações de Ana Gomes sobre o irmão Paulo. Não esconde que o cancro lhe mudou a vida e garante que é preciso uma renovação da esquerda.

Como comenta a saída do Rui Tavares do grupo do Parlamento Europeu onde está o Bloco na sequência de uma polémica com Francisco Louçã?

Registo com tristeza a saída dele da delegação e do grupo onde sempre votou livremente na condição de independente. De qualquer modo, na minha opinião, existe uma clara desproporção entre o motivo invocado e a consequência da decisão. A decisão dele não vai facilitar a discussão no interior do Bloco. Mas da nossa parte há vontade de manter uma relação de trabalho com ele no parlamento.

Estás arrependido de o ter convidado?

Boa pergunta [silêncio]. A história não se faz com "ses". Não esperava a decisão e é com tristeza que a vejo.

Não acha que para uma derrota em que o Bloco perdeu metade dos votos e deputados, é pouco aquilo que a Mesa Nacional propõe como discussão?

Acho que não é curto, porque não é uma solução que encerra o debate. Tem a característica de ser uma discussão que é interna, mas também pública. Nesta fase, antes de férias, realizar-se-ão assembleias de aderentes por todo o país. São encontros para ouvir, não para se dizer o que devem pensar. Depois o espaço de debate vai abrir na internet para toda a gente. Vai-se realizar um debate com convidados que não são do BE sobre os caminhos de convergência e recomposição da esquerda portuguesa. Acho que nos permitirá uma recolha de opiniões muito vasta e é em função disso que a Mesa Nacional de Setembro decidirá se se avança ou não para uma convenção ordinária antecipada.

Não está excluída à partida a realização de uma convenção?

É uma consequência possível do debate, defendida por muita gente, que não decorre exclusivamente dos resultados eleitorais. Deve responder à questão de qual deve ser a táctica e a estratégia do Bloco neste novo quadro político.

Ao não marcar já uma convenção, a direcção do BE não está a desresponsabilizar-se dos resultados eleitorais? Não seria necessário, como defende o Daniel Oliveira, a direcção ser confrontada com uma convenção?

O Daniel levantou duas questões fundamentais partilhadas também pela tendência mais à esquerda do BE (a Ruptura): a ideia que um mau resultado equivale a uma convenção extraordinária que deve conduzir à demissão da direcção. O Daniel apresenta uma proposta já com resultado consumado. Não me parece curial convocar uma convenção que antes de reunir já tem um resultado anunciado. Dito isso, o problema político existe: não há uma questão de legitimidade da actual direcção, ela foi eleita três semanas antes das eleições, mas há um problema de credibilidade política do núcleo dos fundadores do Bloco. Sobre isso não tenho dúvida nenhuma. Este núcleo fundador sempre foi o centro das decisões do BE.

Está a falar dos quatro (Louçã, Fazenda, Rosas e Portas)?

Destes e de mais um círculo de dirigentes muito próximos. Este núcleo, da mesma maneira que tem o mérito de ter levado o Bloco a 10% e 11 % no espaço de uma década, também tem uma pesada responsabilidade de o ter trazido para 5%, isso é iniludível, e desse ponto de vista é muito positivo que o BE tenha feito imediatamente três coisas. Reconheceu a derrota e atribuiu a mesma não só a factores externos mas também a factores internos: a erros ao longo dos últimos dois anos. E finalmente marcou um debate público e aberto que não se restringe aos militantes.

Foi por causa dessa derrota que decidiu sair da comissão política?

Não estritamente, mas também pesou. Independentemente do resultado, estou convencido de que o ciclo político dos chamados fundadores do Bloco chegou ao fim no dia 5 de Junho. É evidente que a renovação de uma equipa dirigente se faz melhor com bons resultados que com maus resultados. Paradoxalmente, os maus resultados acentuam essa necessidade. Foi exactamente porque os resultados são maus que achei muito bem que o Francisco Louçã não se tivesse demitido...


De - Entrevista a Miguel Portas - a 24 de Junho de 2011 às 12:27
Miguel Portas:
...
Foi exactamente porque os resultados são maus que achei muito bem que o Francisco Louçã não se tivesse demitido na noite da derrota. Mas penso que a renovação não só não deve ser tutelada pelos fundadores, como precisa de ter tempo para ser sólida.

Admite que a renovação passe pela saída do Louçã?

Defendo que a renovação tem de passar pela saída dos quatro fundadores. Dois deles, de alguma forma, já o fizeram: Fernando Rosas saiu de deputado, eu saí da comissão política, fico só na Mesa Nacional. Penso que inevitavelmente, com o tempo, chegará aos outros dois. Dito isto, isso não significa que o Bloco fique órfão. Pelo contrário, a única maneira de o BE evitar isso é ter a inteligência de fazer essa renovação no tempo certo. Mas também por isso o problema não se punha como o Daniel o pôs: derrota, mau resultado, demito-me e abre as primárias para saber quem ganha. Pensar assim é não conhecer as características do partido.

Mas como é que o Daniel não conhece se está desde o início do BE?

Eu pensava que ele conhecia melhor. Uma opinião destas era mais previsível numa pessoa com menor história no BE, como a Joana Amaral Dias, que também teve o mesmo tipo de posição. Concordo com muitas coisas que o Daniel diz ou escreve, mas não concordo com esta posição.

Francisco Louçã partilha consigo a necessidade de uma renovação tão ampla que o inclua?

Não posso falar pelo Francisco Louçã. O que posso dizer é que não creio que o Francisco Louçã seja uma pessoa agarrada ao lugar. Tem uma boa parte do peso da responsabilidade de ajudar o Bloco a ultrapassar a situação em que se encontra.

De certa forma a demissão do Miguel Portas pretendia abrir a possibilidade de outros fundadores saírem. Isso não se verifica com Luís Fazenda, que sobe à liderança da bancada do BE.

É evidente que com a minha indisponibilidade de continuar nos organismos executivos eu quis dar um sinal aos eleitores e ao Bloco de que não há ninguém insubstituível. A minha opinião é que nos oito deputados há seguramente mais de uma pessoa com qualidades para assumir uma liderança parlamentar. O tempo dos fundadores enquanto dirigentes de primeira linha está esgotado. Toda a questão é como se faz a transição para uma nova liderança. Se isso passa pelo regresso do Fazenda à liderança parlamentar e se foi esse entendimento da comissão política, foi esse o entendimento da comissão política.

Mas há alguém para substituir Louçã?

Como o Louçã não há ninguém, mas o Bloco podia ser dirigido de outra forma, criativa e adaptada aos tempos novos, com uma série de quadros, com menos 30 anos, beneficiando da experiência dos mais velhos. É preciso ver que nem sempre o Bloco teve a figura do coordenador nacional.

No Bloco deixou de haver uma direcção intocável. Tem os méritos dos acertos e também a dos desacertos. Vejo isso com bons olhos. O BE, devido aos acertos, foi tendo uma espécie de democracia iluminada, e deste ponto de vista são sempre melhores as democracias que as ditas cujas iluminadas. O BE está confrontado com a absoluta necessidade de discutir. Não é possível aguentar a lógica de divisão e confronto da pluralidade que compõe o Bloco. Aconselharia um enorme bom senso dos dirigentes e dos militantes. As forças políticas são instrumentais, mas custa muito fazer forças políticas e não tentar superar os problemas de 13 anos de desgaste.

Qual a razão que faz com que o PCP e o Bloco não se reforcem eleitoralmente com a sua oposição às políticas da troika?

Esta pergunta levanta questões de ordem estratégica. Os dois partidos que foram contra o resgate, o PCP e o BE, um estagna e o outro desce para metade. O campo da luta contra a troika. Mas os dois partidos deste campo com a mesma proposta política têm comportamentos eleitorais muito distintos. O aparecimento de uma imposição externa, a três semanas do voto, entendida como uma fatalidade, prejudicou os partidos à esquerda do PS. A diferença de resultados deve--se ao facto de os dois partidos serem muito diferentes. Há histórias políticas muito diversas. Um dos partidos tem 90 anos e o outro 13. Diferenças de enraizamento no movimento associativo e no poder local. E existe uma outra coisa: ...


De - Excelente análise Política - a 24 de Junho de 2011 às 12:32
Miguel Portas .
...
E existe uma outra coisa: é que o PCP ao longo dos últimos 25 anos perdeu muito, e como perdeu muito já tem muito pouco para perder. A questão do PCP é saber como ganhar e não como não perder. Da parte do BE, o Bloco nasce depois da crise da forma partido. Não é um partido de massas e é muito mais sensível à opinião pública e ao debate na sociedade e permeável a novas formas de determinação das opiniões nas redes sociais em vez dos sindicatos, para dar um exemplo. Ora isto não é defeito, é feitio.

Mas há certamente um problema de erros políticos. As sondagens diziam que mais de 30% dos eleitores não concordavam com o memorando da troika, mas, no entanto, o PCP e o BE tiveram menos de 13%.

Existem dois problemas. Existia uma proposta de alternativa à troika, essa proposta era que a renegociação da dívida fosse feita em versão europeia ou nacional, mas não existia uma alternativa política. Uma alternativa económica sem alternativa política é coxa para uma situação em que grande parte da população se vê confrontada com a ideia de bancarrota ou a possibilidade de não haver salários em Junho. O problema não esteve na proposta, nem na campanha, mas no facto de nem o Bloco nem o PC estarem em condições de responder à pergunta que verdadeiramente as pessoas faziam: para que servem os votos em vocês se vocês não vão para o governo? A necessidade de um processo mobilizador política e socialmente que se pode consubstanciar na ideia de governar à esquerda é algo bastante mais do que Bloco e PCP. Exige um terceiro pilar de socialistas, de independentes de movimentos sociais e académicos e estamos ainda longe disso. Paradoxalmente, esta era de credores em que estamos cria condições para um caminho deste tipo.

Pode dizer-se que, paradoxalmente, a acção do Bloco, com os seus ziguezagues entre Alegre e não receber a troika, afastou estes sectores?

Há zigues e há zagues. Nós cometemos erros tácticos que acontecem numa direcção política. O problema não está nos ajustamentos tácticos, o problema é que alguma credibilidade da direcção do partido se foi perdendo ao longo dos ziguezagues.

Há eleitores do BE que afirmam que ter apoiado Manuel Alegre numa candidatura com o partido do governo foi errado, há eleitores que afirmam que ter copiado o PCP na moção de censura foi errado. O que acha?

O BE sempre considerou que a recomposição de uma esquerda política que tivesse a ambição de ser maioritária só se podia fazer com uma componente socialista. A aproximação com Manuel Alegre é feita no parlamento, sobre políticas concretas, tendo-se depois concretizado numa convergência que podia ter vários desenvolvimentos. Não se compreendem os 11% que o BE tem nas europeias e os 10% nas legislativas de 2009 sem essa convergência. Há um problema político quando o Manuel Alegre decide que vai ser candidato à presidência da República. O BE discutiu com ele vários caminhos, mas a decisão foi dele. Nós darmos apoio a esse caminho tinha a ver com uma questão de credibilidade. Não se faz um processo de aproximação a um parceiro para depois fazer marcha atrás. Repare-se que não se tratava de apoiar o PS, mas uma candidatura unipessoal que suscita variados apoios. Eu não fiquei mais incomodado que o Francisco Assis pelo facto de PS e BE terem apoiado o mesmo candidato.

E em relação às críticas que têm a ver com um certo mimetismo e competição com o PCP no seu terreno?

Eu creio que houve na decisão do BE uma tentativa de compensar o apoio ao Alegre com uma posição muito clara contra o governo. Nós nunca calámos as críticas ao governo durante a campanha presidencial, mas acho que uma das coisas que pesaram na decisão da moção de censura foi tentar reequilibrar as coisas. O risco dos reequilíbrios é que raramente correm bem. Havia razões para uma moção de censura, mas podia não ser o timing exacto. Onde eu creio que houve um erro claro foi na decisão de não reunir com a troika. Estou à vontade, até porque participei nessa decisão. Os argumentos para não ir à reunião eram argumentos racionais indiscutíveis. Não há negociações paralelas. Aceitar discutir uma imposição externa a três semanas da eleições é aceitar o protectorado da troika.
...


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