Quinta-feira, 25 de Agosto de 2011

Mais impostos sobre quem foge aos impostos 

Mais impostos sobre os mais ricos

 

      Warren Buffett, um dos mais ricos do mundo, foi um dos que começou a defendê-los, compreendendo como a crise evoluiria, da economia para a política. Uns mais ricos franceses, historicamente escaldados desde 1789 (Revolução Francesa), ouviram-no, perceberam logo e alinharam. Espanhois e outros preparam-se para ir atrás. E os governos respectivos "obligent", atentos, veneradores e obrigados...
      Mas por cá os mais ricos - que o ano passado aumentaram em média os ganhos em 20%, apesar da crise - estarão "indisponíveis ou relutantes", dizem os media, recorrendo a eufemismos para disfarçar a oposição, a resistência.
      Não é por súbito acesso de generosidade ou de loucura que Buffett e milionários franceses se aprestam a pagar mais impostos:

é por elementar bom senso, de quem percebe que é preferível redistribuir um bocadinho para que o sistema em que ganha faraonicamente possa continuar; de quem percebe que se não partilhar um pouquinho se arrisca a vir a ser alvo de fúria popular - o seu negócio ou mesmo a sua cabeça poderão rolar.
     Buffett e os outros já perceberam e admoestam os políticos que pagam a não arrastar mais os pés, pondo-lhes o fisco à porta, a cobrar mais e ruidosamente.
     Os nossos, novos-ricos, gananciosos e toscos, não. É, em última análise, como tudo o que explica atrasos de Portugal, uma questão de educação. De nível de educação.


Publicado por Xa2 às 13:08 | link do post | comentar

6 comentários:
De Exemplos: Roosewelt, Eisenhower, Krugman a 25 de Agosto de 2011 às 14:28
Multimilionários exigem mais impostos... aos ricos!

«É o terceiro homem mais rico do mundo (segundo a lista da Forbes tem uma fortuna avaliada em 50 mil milhões de dólares, ultrapassada apenas pelas fortunas de Carlos Slim e Bill Gates) e mesmo assim acha que está na hora de os governantes [dos EUA]pararem de mimar os milionários.

Dirigindo-se ao Congresso dos EUA, Warren Buffett diz que está na hora de aumentar os impostos sobre os mais ricos para ajudar a baixar o défice, uma medida que, garante, não vai prejudicar os investimentos.

«Eu e os meus amigos temos sido mimados tempo suficiente por um Congresso amigo dos milionários. É tempo de o nosso Governo começar a levar o sacrifício partilhado a sério», afirmou o milionário de 80 anos num artigo de opinião publicado no «The New York Times».

O empresário, que lidera o conglomerado Berkshire Hathaway, disse que no ano passado, os impostos que pagou ao Governo Federal não chegou aos 6,94 milhões de dólares.
«Parece muito dinheiro. Mas o que eu paguei foi apenas 17,4% do meu rendimento colectável e na verdade,
essa taxa é inferior àquela que pagaram as outras 20 pessoas que trabalham no nosso escritório. A carga fiscal dessas pessoas oscilou entre os 33 e os 41%, ficando em média nos 36%», afirmou.

... «Trabalho com investidores há 60 anos e ainda não vi ninguém (nem mesmo quando as taxas de ganhos de capital eram de 39,9% em 1976-77) afastar-se de um bom investimento por causa da taxa de imposto sobre os potenciais lucros. As pessoas investem para fazer dinheiro e os impostos nunca as afugentaram». [Link]

A exceção confirma a regra. Este e mais um grupo de ultramilionários, entre eles Bill Gates, escandaliza-se e mobilizam-se para que o governo dos EUA aumente os impostos às grandes fortunas e deixe de castigar quem menos pode.
Na liderança da política de ajudar os multimilionários está, desde o presidente Reagan nos anos 80, o Partido Republicano e agora, na época Obama, a sua ala de extrema direita, liderada pelo Tea Party que mobiliza as camadas mais obscurantistas, mais reaccionárias e racistas da sociedade americana, a gentinha da small town America.

Roosevelt - como informa o execrado (por essa nobreza da hiper-exploração) Paul Krugman, em A Consciência de um Liberal,
nos anos que se seguiram à grande depressão de 1929, Roosewelt - dizia - foi a essa América escandalosamente rica e atirou impostos, novos e maiores impostos, para cima dos super-lucros das grandes empresas e às fortunas dos bilionários.
As taxas de IRS subiram para 70 e 80%. Chegaram mesmo a 90% na presidência de Eisenhower, um republicano que denunciou o domínio dos EUA pelo complexo industrial/militar. Foi assim que foi criada a classe média americana.

A partir de Reagan a onda vira-se e os ricos passaram a ser taxados como se fossem pobres. W.Bush levou a ajuda aos ricos a extremos baixando-lhes os impostos. Para não chocar em demasia a classe média tais ajudas terminariam a seguir ao seu último mandato.
Mas o pregador Obama, quiz por-lhes fim, como prometera, mas quando pôde, quando tinha votos suficientes no Congresso, conciliou, como de costume. Como os milionários e o Tea Party esperneavam o pregador Obama, sempre
convencido de que fazendo festas no lombo das hienas estas viram dóceis cães domésticos, adiou por dois anos o cancelamento daqueles injustíssimos privilégios.
O tempo suficiente para perder a maioria no Congresso e levar dentadas, talvez mortais, das "hienas".
___________
Etiquetas: Dívida soberana dos EUA, mais impostos, Multimilionários, Warren Buffett
# posted by Raimundo Narciso, PuxaPalavra


De Zé T. a 25 de Agosto de 2011 às 16:56
Parece que os Ricos (e esclarecidos) estão com MEDO da fúria popular :
mais vale ceder umas migalhas da sua fortuna
(via impostos e menos lucros, ... por estas bandas os ricos ainda só conhecem palavras como 'esmolas', 'caridadezinha', e 'voluntariado' ... o que é bem diferente !! ),
do que vê-la a arder ou, mesmo, perder a vida...

Parece que o que aconteceu em Londres e outras cidades ingleses (e chegou tb a uma cidade dos EUA) e foi precedido pelas manifestações dos Gregos (e tb de espanhóis, italianos, ...) e dos Tunisinos, ... lhes fez lembrar o ''terror'' da Revolução Francesa...


De Motins e desigualdades a 25 de Agosto de 2011 às 17:27
Ainda acerca dos motins no Reino Unido

Ainda em relação aos motins no Reino Unido - e na sequência das patéticas tentativas de argumentar que o que se passou não teve causas estruturais -, o The Guardian tem vindo a publicar e analisar os dados de mais de mil processos, já julgados em tribunal, de indivíduos acusados por roubo e conduta desordeira neste contexto.
Conclusão:
jovens, na sua vasta maioria do sexo masculino, desempregados e residentes em bairros pobres.

É, aliás, muito revelador que o texto para que remete a postagem minimalista no Insurgente argumente que os motins não podem ter sido causados pela pobreza uma vez que, em termos absolutos, os apoios sociais e a situação dos mais pobres em Inglaterra podem ser considerados relativamente favoráveis face a muitos outros contextos.
Como refere alguém nos comentários, “se assim fosse, o Bangladesh e o Lesoto teriam motins dia sim, dia não”.
Acontece que a realidade é mais complicada do que estas análises estreitas conseguem conceber:
o nexo condições estruturais - reacções violentas não funciona através do desencadear destas últimas quando se ultrapassa, no sentido descendente, um qualquer limiar arbitrário de rendimento, mas sim

através das condições de socialização, da desigualdade, da alienação e da destruição do sentido de que ‘estamos todos no mesmo barco’.
Mas claro que isso é impossível de perceber para quem está formatado numa ideologia que, entre outras coisas, produziu uma teoria económica em que a ‘utilidade’ individual é independente da distribuição e da posição relativa nessa distribuição.

Os motins no Reino Unido mais não foram do que o reflexo no espelho de uma sociedade em que os
banqueiros socializam (fazem o Estado/contribuintes pagar) centenas de milhares de milhões de libras em perdas para depois continuarem a actuar como dantes
e em que a máquina de produção ideológica às ordens do ignóbil Murdoch comete crimes e os principais responsáveis escapam impunes.
Quando a lógica estrutural da sociedade consiste em passar por cima de tudo e todos, como podemos surpreender-nos com estes resultados?

Postado por Alexandre Abreu, Ladrões de bicicletas


De Vandalos/ladrões ou Revolta socio-económ a 25 de Agosto de 2011 às 18:11
Compreender Londres e Manchester... além do medo, da boçalidade e da ignorância!

É difícil falar sobre a pobreza quando ela grassa entre nós e ameaça explodir, de revolta!, no mundo à nossa volta, destruindo o que faz os lugares comuns da vida urbana que nos habituámos a ver como sinais de civilização... é provavelmente por isso e pelo grande medo que isso provoca, que todos correm às televisões, aos jornais, à conversa de café para condenar, sem reservas nem compaixão, os filhos dos nossos concidadãos que, votados à exclusão social, vivem em bairros degradados, sem emprego, sem expectativas de mudança e, consequentemente, sem esperança.
É difícil aceitar que a sociedade em que vivemos, a sociedade europeia, guarda no seu seio, dissimuladas mas latentes e prontas para se revelarem, as sementes do racismo e do ódio.
É difícil pensar que podem ser colegas de escola dos nossos adolescentes e dos nossos desempregados, aqueles que agora sairam à rua, na velha Inglaterra de "bom-tom", para reagir, sem ideologia organizada partidariamente, ao fosso entre ricos e pobres que se agrava progressiva e paralelamente à medida que até o simbolismo da igualdade de oportunidades é defraudado e regride, terminando com os chamados "direitos adquiridos"
- que as gerações anteriores pensaram conquistas definitivas de uma democracia em que acreditaram e que, além de justificar consumismos de todas as cores, incentivou mais ou menos conscientemente as migrações, em nome de uma prosperidade com "pés de barro", insustentável porque assente na exploração dos mais pobres em nome do fascínio de um mercado ganancioso que se queria sempre maior....

porém, é disso que se trata quando pensamos a violência urbana nas economias industrializadas que temos:
de pobreza, de desemprego, de racismo, de deficiente escolarização e de uma estrutural falta de expectativas que atravessou já 2 ou 3 gerações e se encontra agora num ponto de "não-retorno"...
de "não-retorno" sim, porque, independentemente da acção policial ditada pelos governos em momentos de grande tensão social, a violência continua dentro das casas, das personalidades, dos comportamentos e dos modos de pensar...
reguardada é certo, porque ninguém corre para ser magoado, ferido ou morto mas, viva e pronta a revelar-se ao menor pretexto...
pronta a revelar-se até no médio ou no longo prazo sob a forma de ideologias consistentes de reacção à gestão política e económica dos nossos dias!

A História escreve-se nas ruas e não se apaga!... os cidadãos emitem os sinais da mudança que é preciso empreender com coragem, já!, independentemente das bolsas e do mundo da alta finança onde se decidem as economias e as dívidas soberanas e onde, em última análise, se joga o futuro de guerra e paz da Humanidade.
Só não vê quem não quer ver, cobardemente escudado no medo e na convicção fácil de que a força policial resolverá os problemas de milhares e milhões de pessoas condenadas à exclusão ... como se "uma mentira contada muitas vezes se tornasse verdade" só porque a contamos uns aos outros, em voz alta, na televisão e na rua, como se nos tentassemos convencer do conteúdo que propagamos.

A verdade sobre a violência nas ruas de Londres e de Manchester é que os europeus precisam urgentemente de se confrontar consigo próprios e reconhecer as suas próprias limitações!...
só depois estarão em condições de começar a pensar sobre os "outros", estes que agora nos querem fazer parecer o "inimigo" e que mais não são do que a sua própria imagem no espelho da sociedade europeia que somos.
(-por Ana Paula Fitas, 10.8.2011, A nossa candeia)


De Indignados uni-vos e lutai. a 25 de Agosto de 2011 às 18:16
A Razão dos Indignados e
os Exemplos de Cavaco Silva e Vitor Milícias face à Inexistência do PS


Enquanto o Presidente da República expressa a sua discordância com a intenção franco-alemã de vincular a UE à obrigatoriedade de introduzir nas Constituições nacionais, definições relativas ao que, correcta e adequadamente!, Cavaco Silva caracterizou como:
"uma variável endógena" referente à orçamentação (vale a pena ler o comentário de João Rodrigues sobre esta matéria!),
depois de Londres, é em Madrid que se assume o rosto do descontentamento e da consciência crítica espanhola que,
por cá, à falta de uma oposição séria, responsável e consistente (leia-se aqui o comentário de Raimundo Narciso), encontra nas palavras do franciscamo Vitor Milícias a apreciação mais justa e desassombrada que ouvi nos últimos dias, evidente quando afirma,
criticando a aparente atenção social do poder que acusa de "assistencialista" para com os mais desprotegidos:
"os pobres têm os mesmos direitos -ou mais, porque têm mais necessidades!- que os outros."

(-por Ana Paula Fitas, 20.8.2011)


De Políticas neo-liberais e Reacções a 25 de Agosto de 2011 às 18:26
Os custos devastadores da recusa de mudar de rumo

Se a erupção desta semana é uma expressão de criminalidade pura e não tem nada a ver com o assédio policial ou o desemprego dos jovens ou a desigualdade desenfreada ou aprofundamento da crise económica, por que razão isto está a acontecer agora e não há uma década?

(…) Os distúrbios surgiram no que é hoje, de acordo com alguns indicadores, a cidade mais desigual do mundo desenvolvido, onde a riqueza dos 10% mais ricos é 273 vezes maior do que dos 10% mais pobres, atraindo jovens que viram as suas bolsas de estudo talhadas, ao mesmo tempo que o desemprego dos jovens atingiu um nível recorde e as vagas universitárias estão a ser cerceadas sob o peso de uma triplicação das propinas.

Os políticos e os media dizem que nada disso tem a ver com os adolescentes sociopatas que partem vitrinas de lojas para roubar plasmas e ténis. Mas onde exactamente é que os manifestantes foram buscar a ideia de que não há valor maior do que adquirir riqueza individual, ou que produtos de marca são o caminho para a identidade e o auto-respeito?

(…) Já se tornou claro que a Grã-Bretanha não está em condições de absorver a austeridade que está a ser imposta, depois de três décadas de capitalismo neoliberal que quebrou tantos laços sociais do trabalho e da comunidade.

(…) O que estamos a assistir agora em várias cidades da Inglaterra é o reflexo de uma sociedade assente na ganância - e a derrota da política e da solidariedade social. (…) Estamos a começar a ver os custos devastadores da recusa de mudar de rumo.


Seumas Milne, The Guardian
Postado por Ricardo Paes Mamede, Ladrões B., 11.8.2011


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