País de pobreza, famílias oligárquicas, segregação económico-social, exploração, medo, subserviência, emigração/ostracismo, caridadezinha, prisão e ditadura
(-Isabel do Carmo, Público, 28.11.2011, via
PuxaPalavra)
De Quem vos autorizou? Não quero pagar. a 29 de Novembro de 2011 às 11:00
Srs. Governantes de Portugal,
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.Esclareçam-me quanto aos seguintes pontos e quanto tudo isto me custa (a mim e a todos os contribuintes portugueses):
- Se me desloco em viatura própria para o meu trabalho e a maioria das pessoas usam o transporte público, digam-me porque é que tenho de comprar carros topo de gama para toda esta gente que ganha no mínimo o dobro que eu e que ainda tem viatura própria superior à minha?
Porque tenho de lhes comprar os BMW?s e os Audis, pagar-lhes a gasolina, as portagens, as inspecções, as revisões, os seguros, os motoristas e quanto isso me custa?
Acham que o povo português pode e quer continuar a pagar isto?
- Se tenho um cartão de crédito que não utilizo porque tenho de vos pagar os cartões de crédito com 'plafond' mensal para despesas diversas?
Quem vos disse que queríamos que gastassem assim o nosso dinheiro?
Quem vos autorizou?
- Se almoço no refeitório da Empresa e suporto, com o meu vencimento, todas as minhas refeições, por que tenho de pagar as vossas em restaurantes de luxo?
Acham que temos possibilidade de continuar a viver assim?
Como têm o descaramento de nos continuar a pedir sacrifícios?
- Se não saio do país porque não tenho hipótese (como adorava poder efectuar uma viagem por ano!) porque tenho de vos pagar as viagens, as despesas de alojamento e as ajudas de custo?
Porque viajam em classe executiva, porque ficam alojados em hotéis de 5 estrelas se estamos a viver num país falido e endividado?
- Porque tenho de pagar os vossos telemóveis e as vossas contas?
- Porque tenho de vos pagar computadores portáteis se para pagar o meu tive de fazer sacrifícios e ainda o utilizo ao serviço da empresa quando necessário?
- Porque tenho de pagar 1.700€ de subsídio de alojamento aos membros do Governo que não residem em Lisboa?
Se só posso pagar de renda um máximo de 500€, isto enquanto não ficar desempregada porque nessa altura terei provavelmente de vender a casa ou entregá-la ao banco e procurar emprego noutro sítio qualquer e quero ver quem me vai pagar o subsídio de alojamento ou de arrendamento.
Aliás onde estão esses subsídios para os milhares de desempregados deste país?
- Não quero pagar pensões vitalícias a ex-membros do Governo que continuam no activo e a acumular cargos e pensões.
- Não quero pagar ajudas de custo, ninguém me paga ajudas de custo para coisa nenhuma, não tenho de o fazer a quem aufere o triplo e o quádruplo do meu vencimento.
- Não quero pagar estudos nem pareceres, nem quero que estejam contemplados no Orçamento de Estado.
Se não têm capacidade para governar, não se candidatem aos cargos (um governo ao ser constituído escolhe as pessoas de acordo com a sua experiência e competência nas diversas áreas) ou assim deveria ser.
- Não quero pagar mais BPNs nem recapitalizações da banca, nem TGVs, nem PPPs que penalizam sempre o Estado e beneficiam o privado.
- Não quero mais privatizações em áreas essenciais como a dos transportes, dos Correios, das Águas de Portugal, etc.
Se são necessárias reformas façam-nas sentando-se à mesa com os trabalhadores e negociando, não aniquilando as Empresas.
- Quero uma verdadeira política de regulação e supervisão do direito à concorrência, coisa que não existe neste país.
- Quero ver nas barras dos tribunais e a indemnizarem o Estado e o Povo Português todos os que efectuaram crimes de colarinho branco, de corrupção, de má gestão que defraudaram o estado em milhões de euros.
Se eu cometer um crime sou responsabilizada por ele.
Eles também têm de ser.
Estes são apenas alguns exemplos das despesas que nem eu nem a maioria dos trabalhadores portugueses querem pagar.
Por isso meus senhores façam as contas, digam-nos quanto poupam com todas estas coisas e depois sim, podem pedir sacrifícios aos portugueses mas a todos, não só a alguns, nem sempre aos mesmos.
Até lá restituam-me o que me estão a roubar no vencimento desde o inicio deste ano.
Peço que tirem de uma vez por todas essa ideia da cabeça de me tirarem os subsídios de Natal e de férias dos próximos anos, aliás, isso é inconstitucional e ilegal ("Os subsídios de Natal e de férias são inalienáveis e impenhoráveis". - F. Sá Carneiro, Decreto-Lei nº 496/80 de 20 de Outubro) -
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acho que ...
De .Áreas onde quero contribuir.. a 29 de Novembro de 2011 às 11:05
Srs. Governantes de Portugal,
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acho que estão a ter algum problema com os vossos responsáveis da área jurídica e não vos estão a prestar os devidos esclarecimentos, por isso deixo aqui o meu pequeno contributo.
E para não dizerem que nós não queremos fazer sacrifícios, deixo também uma pequena lista das áreas para onde quero contribuir com os meus impostos e onde quero ver o meu dinheiro aplicado:
Quero continuar a descontar para a Segurança Social e a mantê-la sustentável para pagamento de:
- Reformas daqueles que trabalharam e descontaram uma vida inteira, daqueles que lutaram pelo nosso país e foram obrigados a ir para uma guerra que não era deles e onde ainda hoje impera a vergonha nacional na forma como são tratados os ex-combatentes.
Não me importo e concordo que a reforma mínima seja aumentada para um valor que garanta dignidade aos nossos idosos, o que está longe de acontecer nos dias de hoje;
- Abono de Família com aumento para as famílias mais desfavorecidas ou com rendimentos inferiores a 1.000? (aumentando de acordo com o número de filhos).
- Pagamento de subsídio de Apoio Social desde que verificada a real necessidade da família ou indivíduo bem como de todos os subsídios (de doença, desemprego, assistência à família, maternidade, etc.) desde que verificadas as situações, o que me parece já ser uma prática comum.
- Aumento do ordenado mínimo nacional para 500€ (o que continua a ser uma vergonha).
- Continuo a pagar impostos para garantir uma boa Educação, Saúde, Justiça (neste caso para todos e não só para alguns), Segurança, Cultura, ou seja, para todas as áreas onde o Governo tem reduzido e quer reduzir ainda mais ao abrigo da austeridade.
Agora peço-vos que não insultem mais a inteligência dos portugueses, a única coisa estúpida que fazem é continuar a dar poder a pessoas pequeninas como os senhores que pouco ou nada contribuem para lhes melhorar a vida.
Não nos voltem a dizer que estas medidas são necessárias e suficientes porque sabemos que é mentira e,
enquanto não apostarem no crescimento real da economia, na produção de recursos e na criação de emprego, todas as medidas que tomarem terão um efeito nulo e só agravarão a situação do país e das famílias.
Não é necessário ser um grande génio financeiro pois até o Sr. Zé da mercearia (com todo o respeito que tenho pelo senhor e que apenas estudou até à 4ª classe) percebe isto.
Não nos comparem nunca mais com outros países mais desenvolvidos ou quando o fizerem esclareçam também quais os benefícios sociais que eles têm e os ordenados que eles recebem,
digam também quanto pagam de impostos e por serviços e quanto pagamos nós.
Somos dos mais pobres e dos que mais pagam por tudo.
Por isso meus senhores não nos peçam mais nada porque já passaram todos os limites.
Fico a aguardar uma resposta a todas estas minhas questões.
Não me despeço com consideração porque infelizmente ainda não a conseguiram ganhar.
Manuela Cortes
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