Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2011

Por

O que disse o vice-presidente da bancada do PS e tanta celeuma levantou é o óbvio: um Governo que se preocupasse exclusivamente com os interesses dos portugueses e não fosse um mero núncio local dos interesses dos "mercados" deveria ter como absoluta prioridade a renegociação da dívida.

É hoje claro para quem observa, sem palas ideológicas, a situação portuguesa que nunca conseguiremos pagar a dívida nas condições usurárias que nos foram impostas, as quais, gerando recessão e bloqueando o crescimento da economia, constituem o principal obstáculo a esse pagamento, forçando sempre a novas e sucessivas "ajudas", numa espiral de endividamento cujos resultados estão à vista na Grécia.

Assim, a reestruturação da dívida será, mais tarde ou mais cedo, uma inevitabilidade. Aos credores interessa que seja o mais tarde possível, quando o país estiver já completamente exaurido e sem património que vender ao desbarato. Nessa altura, tudo o que puderem ainda sacar será bem vindo. Aos portugueses interessa que seja já, enquanto ainda dispomos de uns restos de soberania.

A desassombrada afirmação de Pedro Nuno Santos, de que devemos "marimbar-nos para os credores" e usar todas as armas para obter condições que nos permitam pagar o que devemos e sobreviver como país independente, seria o desiderato patriótico de qualquer Governo que não agisse apenas como submissa correia de transmissão dos interesses da Sra. Merkel.

In [JN]



Publicado por [FV] às 14:17 | link do post | comentar

4 comentários:
De pedir a quem pediu dá mau resultado a 19 de Dezembro de 2011 às 15:34
Alias a srª Merkel , se já não era nascida ( ela nasceu e foi educada, não esqueçamos, naquela parte do, chamado, socialismo real, pelos vistos ensinaram-lhe maus princípios ) andava a baloiçar entre um e o outro testículo do pai quando a Alemanha em 1953 renegociou a sua divida e a Grécia então sua credora foi uma das que lhe perdoou metade.

Bem diz o provérbio " nunca peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu"


De Zé das Esquinas, o Lisboeta a 19 de Dezembro de 2011 às 15:57
Tem o amigo muita razão.
É que muitas vezes, a quem se empresta, em vez de nos ficarem gratos, ficam-nos com ódio... porque se sentem inferiorizados..
Basta pensar no que dizem, quando recebem o empréstimo: "Se alguma vez precisares, estarei cá..."
Duas questões estão subliminarmente, nesta resposta:
1) Se alguma vez precisares - Pressupõe que estão à espera que venhamos a precisar... o que é mau;
2) estarei cá - Estarei cá para quê? Para te humilhar. Para me vingar? Para quê?
Bastava como resposta, pagar e esperar que nunca viéssemos a precisar do mesmo...


De .Intervenção Auditoria Cidadá à Dívida. a 19 de Dezembro de 2011 às 16:24
Grupo de cidadãos lança movimento para auditar dívida pública portuguesa
Por Margarida Bon de Sousa , publicado em 19 Dez 2011 -ionline

As cerca de 600 pessoas reunidas no sábado pretendem saber quem são os principais responsáveis da dívina nacional

Um grupo de cidadãos independentes e de pessoas ligadas ao Partido Socialista, Partido Comunista Português e Bloco de Esquerda querem promover uma auditoria à dívida pública portuguesa.
Os princípios orientadores desta acção foram definidos no sábado, num encontro inédito que reuniu mais de 600 pessoas em Lisboa.
Entre os elementos eleitos para a direcção desta iniciativa estão nomes como Octávio Teixeira, Manuel Carvalho da Silva, José Castro Caldas, José Paupério Fernandes, Boaventura Sousa Santos, Nuno Teotónio Pereira, Ana Benavente e Adelino Gomes, numa lista de 44 pessoas.

Na base deste movimento cívico estão as várias questões sobre as razões que levaram ao endividamento de Portugal e que acabaram por originar um pedido de auxílio ao Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia.
Pretendem os seus promotores determinar a origem e os valores da dívida.
Saber se existe parte da dívida que é ilegítima e não deve ser paga por todos os contribuintes.

“A propaganda de matriz neoliberal promove a ideia de que a dívida pública portuguesa se ficou a dever sobretudo aos gastos com as funções sociais do Estado”, lê-se no documento saído do encontro.
“No entanto, há contratos públicos pouco escrutinados, de que resulta, a prazo, maior endividamento público.
É o caso de diversas Parcerias Público-Privadas (PPP), que, como indiciam relatórios do próprio Tribunal de Contas, se têm vindo a revelar gravosas para o Estado.”

O movimento descreve a auditoria que pretende fazer como externa, porque a comissão não é estatal, e independente, porque garante um muito maior grau de transparência e de prestação de contas aos cidadãos.
“No entanto, não significa que ela prescinda da colaboração com instituições públicas específicas, como o Tribunal de Contas, o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público ou o Banco de Portugal”, acrescenta.
“Pelo contrário:
essa colaboração deve existir e deve ser estreita, já que estas instituições possuem dados e competências essenciais para levar a cabo o trabalho de auditoria. É preciso obtê-los e exigi-los.”

O movimento acusa também as autoridades nacionais de não estarem a encarar o problema da dívida na óptica dos interesses da população portuguesa.
E que esse foi o motivo principal de se unirem, para promoverem um processo de auditoria cidadã à dívida pública nacional.

“A auditoria deve avaliar a complexidade do problema da dívida, calcular a sua dimensão, determinar as partes da dívida que são ilegais, ilegítimas, ou insustentáveis,
e exigir a sua reestruturação e redução para níveis social e economicamente sustentáveis”, exigiram os participantes no encontro de sábado.
“Este trabalho pode levar à conclusão de que há parcelas da dívida que devem ser repudiadas.”

Austeridade
Para o movimento, esta palavra, ou a estratégia de “desvalorização interna”, com que o governo promete resolver de um só golpe os problemas do défice das contas públicas e das transacções com o exterior, é uma falácia.

O aumento do desemprego, induzido pela recessão, combinado com a retracção da protecção social aos desempregados,
são os mecanismos que acabam por forçar a redução dos salários e retrair ainda mais a economia, pela diminuição da procura agregada.
Ao contrário de recuperar as contas, a economia tenderá, segundo os subscritores, a entrar numa espécie de armadilha, quanto mais se paga a dívida, mais se deve.

Mais.
No encontro foi salientado que esta estratégia ignora o risco de uma permanente derrapagem das contas públicas resultante da retracção da receita fiscal criada pela recessão.
Sendo que também é “socialmente brutal e economicamente fútil”.
E que no final da intervenção da troika, Portugal terá uma dívida pública maior e estará mais pobre.


De .. a 19 de Dezembro de 2011 às 16:31
Anónimo (não verificado) | 19 Dezembro, 2011 - 09:54

Esta auditoria já deveria ter sido começada há muito, nomeadamente antes de se pedir a intervenção do FMI.
Como aconteceu no Equador, é provável concluir-se que a maioria da dívida portuguesa é ilegítima, ODIOSA, e não se deva pagar e portanto os governos (PS e PSD/CDS) que sem acautelarem estas situações se comprometem com mais dívidas a coberto de ajudas do FMI, BCE e UE só estão a dar uma fuga para a frente e a fugirem às suas responsabilidades.
Nunca aceitarão a auditoria.

Terá de ser a população, na rua, nos empregos, nos blogs e redes sociais, na comunicação social se lá conseguir chegar, e por todos os meios ao dispor, a exigir essa auditoria.
Temos o direito de saber a verdade.
Até haver conclusões, o pagamento deveria ser suspenso.
------
Por JSMarques (não verificado) | 19 Dezembro, 2011 - 07:24

Fazer isso equivale a fazer o Processo de Sócrates, e esse deve ser FEITO PELOS TRIBUNAIS !!!
O QUE É ÚTIL é reflectir sobre o modo de sair da crise:
e para isso é preciso começar por tomar consciência de DUAS coisas:

a) 25 anos de "integração europeia" produziram o pior dos resultados.
Portugal não se integra, definha com a concorrência e não consegue conter as importações.
Utiliza uma moeda que não controla e que dificulta as suas exportações.
E acumula dívidas para responder a padrões de desenvolvimento que não são sustentáveis sem financiamento externo.

b) A CEE a que aderimos em 12 de Junho de 1985 NÃO TEM NADA A VER com a actual União Europeia.
PORTUGAL é VIÁVEL !!! MAS FORA DA UE !!!
A Irlanda, quis ser o "paraíso fiscal" legal da UE, com IRC de 12,5% e muito poucos impostos.
Isso poderia funcionar SEM O EURO e seria uma saída para Portugal, FORA DO EURO.
O mesmo para as contas bancárias SE FOSSEM À MANEIRA SUÍÇA !!!
A Espanha, investiu imenso na Agricultura e nas Pescas, e quase tudo o que se come em Portugal vem de lá:
NÃO HÁ RAZÃO para Portugal não ser capaz de produzir o que come.

Na condição de HAVER FRONTEIRAS e de os camiões não irem buscar a Espanha produtos mais baratos para os comerciantes, mas que SAEM MAIS CARO AO PAÍS !!!
Além disso, Agricultura e Pescas criam TRABALHO. Portugal importa muitos bens de que não necessita.

No ano passado foram 6,9 mil milhões em BEBIDAS ALCOÓLICAS E REFRIGERANTES !!!
Igual à despesa da CAIXA GERAL DE APOSENTAÇÕES !!!
Estamos em 11º lugar no ranking mundial de carros por habitante, à frente da França da Espanha e da Inglaterra !!!
E há quase 3 telemóveis por pessoa !!!
NADA DISTO É NECESSÁRIO
- É PRECISO CONTROLAR AS IMPORTAÇÕES !!!

FINALMENTE, tirando os bens de alta tecnologia DE QUE ESTAMOS CHEIOS, Portugal tem a possibilidade de PRODUZIR QUASE TUDO O QUE NECESSITAMOS se reconvertermos e criarmos NOVAS INDÚSTRIAS.
Ainda temos belíssimos têxteis, cutelarias, móveis, vidros, porcelanas e louças, sanitários, produtos alimentares de qualidade, vinhos, azeites, materiais de construção,
e com pouco esforço poderemos ter computadores telemóveis e carros, se fizermos parcerias com EMPRESAS NÃO-EUROPEIAS !!!
SEM ESQUECER O TURISMO!!!

Com a vantagem de que a "primavera àrabe" nos deu uma VANTAGEM COMPETITIVA MUITO IMPORTANTE !!!
Com uma moeda desvalorizada, fronteiras, e sem estarmos sujeitos ás regras europeias da "concorrência, que foram feitas para defender os interesses DOS OUTROS, MAS NÃO OS NOSSOS, podemos SAIR DESTA CRISE EM TRÊS ANOS !!!!!!


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