Segunda-feira, 9 de Janeiro de 2012

Os casos da semana: Pingo Doce e Serviços de Informação e Segurança

Afinal, não é a legislação laboral que impede os grandes grupos económicos de investir e criar empregos em Portugal, como certos políticos e comentadores da nossa praça andam, há anos a fio, a fazer crer e a tentar fazer doutrina moldando pensamentos e as cabeças mais distraídas.

Se dúvidas existissem quem ouviu, outra vez, na recente entrevista, o homem forte do grupo Pingo Doce a propósito da recente polémica que fez correr tinta, discursos e outras alegorias ao longo da última semana, pelo facto da família Soares dos Santos, ou seja, o grupo Jerónimo Martins ter, formal e juridicamente, transferido a sua residência fiscal para a Holanda através da venda da respectiva quota a si mesmo, teria ficado esclarecido.

O homem afirmou que, a razão de o ter feito, foi devido aos elevados índices de corrupção, à instabilidade legislativa, dificuldades de captação de créditos ao financiamento, e à má qualidade dos políticos.

Alexandre Soares dos Santos, decano do grupo, nunca fez qualquer referencia no seu argumentário a razões de natureza laboral e, embora tenha assumido um quase odio ao sindicalismo afirmou que tal se devia ao facto de este, na sua opinião, estar demasiadamente dependente de certas forças político-partidárias e não por razões intrínsecas de organização de defesa dos interesses dos trabalhadores que diz reconhecer como legítimos.

Como prova do que afirmou e de que não pretende retirar as actividades do grupo nem deixar de pagar os impostos a que legalmente esteja obrigado, afirmou ter criado, só em 2011, mais de mil empregos neste país.

Haja quem investigue em abono do rigor, da verdade (tão apregoada por quem tantas vezes mente) e da transparência, porque a ser verdade o que o homem afirma bastariam duas ou três centenas de empresários como este para que a taxa de desemprego baixa-se a níveis económica e socialmente quase admissíveis.

Sem busca do rigor e da verdade mínimas temos de concluir que o que existe em Portugal, em vez de políticos e jornalistas sérios, são voyeuristas corruptos.

Àh e o povo, esse eterno hipócrita, que não sabe por onde seguir nem para onde cair é tal qual o preguiçoso agricultor, a pedir ao mesmo tempo sol na eira e chuva no nabal, vivendo de subsidiodependência, condena o exagerado aumento de impostos e foge de os pagar, como dizem que o diabo foge da cruz, criticando sempre que alguém faz o que cada um faria em idêntica situação.

Já dizia o antigo pretor romano, nas breves que enviava ao seu imperador, “que estranho povo este aqui do sul da Ibéria que ... “

Durante toda a semana passada, o debate dos políticos e dos jornalistas portugueses circulou em torno de dois assuntos e nenhum foi tratado com o mínimo de dignidade nem no essencial das suas circunstâncias muito menos em ordem ao aprofundamento das reais razões merecedoras de correção.

Tais matérias acabam por se misturar uma com outra visto que a forma como foram abordadas foram iguais na sua (in)substancia.  Alem da já aqui abordada o pais distraiu-se a debater quem pertence ou deixou de pertencer a lojas maçónicas distraindo-se do fundamental que seria saber como, quem, que meios foram usados, quem beneficiou e que foi prejudicado pelo uso indevido dos meios que os portugueses custeio com os seus impostos par que o Estado disponha de adequados Serviços de Investigação e Defesa.

Os deputados revelaram-se, mais uma vez, de incapazes e de incompetentes para defender o país e dignificar o Estado muito menos capazes ainda para defender os interesses do povo.  



Publicado por DC às 10:04 | link do post | comentar

2 comentários:
De Zé das Esquinas, o Lisboeta a 9 de Janeiro de 2012 às 16:47
Nunca gostei do «Pingo Doce».
Às vezes nem sei bem porquê...
Lembro-me que uma vez um encarregado de uma das lojas me explicou que havia lojas de 1ª, de 2ª e de 3ª... e que os produtos que por exemplo não se vendiam no Lumiar ou em Linda-a-Velha eram deslocalizados quando os prazos ae encurtavam... para outras lojas da periferia, brandoa, amadora, buraca...
-Não sei se isto é verdade.
Sei é que quando procurava oa dúzia de ovos a 99 centimos nunca havia e as que haviam eram sempre mais caras...
Ou que quando diziam que tinham preocupação com o produto nacional, eu que leio as etiquetas, só via produto importado.
E deois vei aquela campanha cantada, popularucha, feita de certezinha absoluta, por brasileiros... que me irritou definitivamente contra a marca »Pingo Doce».
Tenho um grande amigo de infância que trabalha na companhia e só me diz maravilhas da empresa e nomeadamnete do setor dos Recursos Humanos...e até fica triste comigo quando me houve dizer que evito comprar no «Pingo Doce».
Mas agora comecei a mudar a minha opinião.
O que os media estão orquestadamente a fazer ao grupo Jerónimo Martins, cheira-me mal. O porquê também não sei bem explicar. Mas sei que me cheira a esturro... Será que o homem não «untou as mãos» a quem «devia»?
Vou passar a fazer mais compras na cadeia Jerónimo Martins... Vejam lá seu eu não sou mesmo do «contra»?


De Somos dois.... a 9 de Janeiro de 2012 às 17:27
Caro Zé das esquinas veja que não está sozinho , olhe que não. diria que já somos dois mas digo-lhe que somos mais muitos mais a pensar como o amigo, permita-me a ousadia de assim o tratar. Na verdade fui na passada Sexta feira ao dito Pingo Doce de Telheiras e creia que vi lá mais clientes que em outras idas anteriores.


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