UE: tragédia grega (-por AG )
O Financial Times revelou que a Alemanha quer fazer a Grécia abdicar da soberania orçamental, transferindo-a para um comissário europeu, em contrapartida de novo pacote de resgate.
A Grécia rejeitou liminarmente a humilhação (embora, realmente, já pouco consiga controlar).
A Comissão Europeia veio tibiamente pôr água na fervura.
Mas o governo alemão não desmentiu: à punição quer mesmo agora acrescentar a humilhação.
Sem que isso sirva para nada: sobretudo não resolve, antes agrava, a crise do euro, que as tacanhas receitas e declarações alemãs de facto têm feito arrastar e aprofundar.
Não haverá homenzinhos na Cimeira Europeia de amanhã que tenham a coragem e a capacidade de o fazer ver à Senhora Merkel?
Pode o PM Passos Coelho continuar a assobiar para o ar sobre a Grécia e sobre o que a UE tem de fazer para ajudar a Grécia e para salvar o euro? Pode internamente continuar a refugiar-se no mantra esburacado de que não somos a Grécia, quando a tragédia que se desenrola na Grécia é tragédia de toda a Europa? Quando, como avisam agora até o Wall Street Journal e os idolatrados mercados, depois de morta a Grécia, será Portugal a próxima vítima.
Cimeira Europeia: o problema alemão (-por AG )
Pela primeira vez desde há dois anos, que não se anuncia uma Cimeira Europeia, a de amanhã, como crucial, decisiva, definitiva, final.
E, no entanto, deveria ser. Poderá ainda ser?
Porque o Euro, a UE e a economia mundial estão à beira do precipício, avisam todos, até o FMI.
A tragédia que tem paralisado a Europa não é, de facto, grega. A economia grega pesa apenas 2% do PIB europeu, o problema já há muito podia estar resolvido e impedido de gangrenar.
A Alemanha impõe à Grécia que negoceie uma impossível "restruturação voluntária" com os seus credores privados, os mesmos que, voluntária ou involuntariamente, ganharão muito dinheiro com a bancarrota grega, compensados pelos cds que detêm.
A Alemanha continua a impôr à Grécia uma solução que entretanto deixou cair para o resto da zona Euro, na última Cimeira de Dezembro, por finalmente ter compreendido que é completamente contraproducente.
Como se não bastassem as responsabilidades da Alemanha no arrastar e agravar da crise da Grécia e do Euro, o FT expôs a ofensiva germânica de humilhar a Grécia, forçando-a a abdicar formalmente da soberania orçamental.
O potencial de ressentimento anti-germânico, na Grécia e por toda a Europa, é colossal.
Muito perturbante é a evidência de que a Europa voltou a ter um problema alemão.
A reestruturação grega 
Como o tempo passa e a crise só se aprofunda 
Attacar a crise 
De TRAGÉDIA p. Madeira,Portugal,Grécia,U.E. a 30 de Janeiro de 2012 às 11:29
Um "holocausto" para a população madeirense
Como cidadão português de origem madeirense lamento o plano de resgate muito dramático para a população da Madeira que Alberto João Jardim acaba de anunciar que acordou e assinou na quarta feira em Lisboa com o governo de Passos Coelho/Paulo Portas..
O termo holocausto que uso no título aplica-se de forma simbólica a esta situação como é evidente, mas a população madeirense vai ser mesmo muito sacrificada. Velhos tempos de fome no então arquipélago da Madeira aparecem no horizonte próximo.
Para quem andou a dizer que não assinaria planos não exequíveis, acaba por ceder a tudo. Apenas não "cedeu" no prazo que a carta de intenções continha (redução da dívida a 4 anos para 40% do PIBR) porque o Ministro das Finanças deve ter corrigido erro tão crasso
Tenho dificuldades em perceber vários aspectos agora já como economista. Como pode uma região estruturalmente deficitária cumprir este plano acabado de anunciar pelo Dr. Alberto João Jardim, sem profundas mudanças de estratégia que nem tocadas foram?
Como é possível cortar na despesa pública mais de 500 milhões de euros, num orçamento anual da ordem dos 1200 milhões? Onde serão os cortes: saúde, educação, assistência social, Onde?
Como está a ser equacionada receita de privatizações se quase tudo o que foi anunciado para privatizar está em insolvência?
Estou com José Gomes Ferreira. Como pode ser o mesmo homem que geriu a região sem limitações financeiras durante 30 anos fazer agora uma inversão de 360 graus? Vai levar a cabo com sucesso este plano? Estou incrédulo.
Mais um passo errado para a Madeira.
A dignidade de Jardim era admitir a sua incapacidade e deixar a gestão da região.
Não deixava nenhum bife do lombo a quem o sucedesse. Até admito que muito poucos o quisessem provar.
Etiquetas: Madeira. Resgate
(# posted by Joao Abel de Freitas, PuxaPalavra, 27.01.2012~)
De .Imperialistas e Agiotas. a 30 de Janeiro de 2012 às 12:08
História(s) do imperialismo
Entre 1862 e 1873, o Egipto recorreu a oito empréstimos estrangeiros, totalizando 68,5 milhões de libras. No entanto, com amortizações e juros, o país ficou só com 11 milhões de libras para investir na economia.
Perante as dificuldades de financiamento, Khedive Ismail (Vice-rei) começou a vender activos do Estado egípcio (como o Canal do Suez, vendido por um quarto do que tinha custado).
Entre 1876 e 1880, as finanças do Egipto foram dirigidas por técnicos britânicos, franceses, italianos, austríacos e russos, cujo interesse principal era a protecção dos CREDORES.
Cada plano apresentado era mais irrealista do que o anterior, com aumentos drásticos dos impostos.
Em 1878, dois comissários europeus foram “convidados” a entrar no governo do vice-rei.
Quando, em 1879, o vice-rei Khedive Ismail tentou livrar-se dos dois comissionários, França e o Reino Unido pressionaram o Sultão Otomano a demitir o vice-rei. Khedive foi prontamente substituído pelo seu filho.
Retirado deste muito recomendável livro.
«The Arabs: A History», by Eugene Rogan
Robert Irwin on an eloquent history of Arab hopes and disappointments
( http://www.guardian.co.uk/books/2009/oct/31/arabs-eugene-rogan-robert-irwin )
(-por Nuno Teles , Ladrões de B., 28.01.2012)
De ultraLiberalismo e neoImperialismo Finan a 30 de Janeiro de 2012 às 12:34
------ Digam-me que não é verdade por favor
O Financial Times de hoje diz ter tido acesso a um documento do governo alemão distribuído a ministros das finanças da eurozona em que se
propõe, ou exige, que a Grécia ceda a soberania sobre questões orçamentais a um “comissário orçamental” nomeado pelos ministros das finanças da UE.
Sem isto não haveria novo empréstimo da troica nem renegociação da dívida.
Pior ainda:
Atenas seria forçada a adoptar uma lei obrigando o estado Grego, para todo o sempre, a dar prioridade ao serviço da dívida relativamente a todas as outras obrigações e necessidades.
Citação literal do dito documento:
“Dado o cumprimento decepcionante até agora, a Grécia tem de aceitar deslocar a soberania orçamental para o nível europeu durante algum tempo”.
Digam-me que não é verdade. Que a Europa ainda não chegou a este ponto. Porque se chegou, é o fim da linha.
(-por José M. Castro Caldas , Ladrões, 27.1.2012)
-----O Faroleiro disse...
É triste se assim for.
A escalada do descontrolo das dívidas soberanas atingiu um ponto inimaginável.
Ou a UE e o BCE iniciam muito rapidamente um plano de resgate em massa com as Eurobons por exemplo, ou iremos avançar para um federalismo forçado !
Chegamos a um ponto onde os idealismos começam a ficar na gaveta e vale tudo !
----- Rogério Pereira disse...
"A história repete-se. Primeiro como tragédia, depois como farsa"
------ Eduardo F. disse...
Não, não é o fim da linha. É o início, de peito aberto, do Império.
------Cláudio Teixeira disse...
É mesmo, como diz Eduardo F.,
o princípio do império, ou seja, da "ocupação alemã" economico-financeira.
É degradante e insultuosa para a Grécia (e para todos os outros que não rejeitem a apresentação de tal proposta!).
No seu célebre discurso (do passado 4/12/2011) ao SPD, Helmut Schmidt cita, concordando, Habermas:
"...na realidade assistimos pela primeira vez na história da UE a uma desmontagem da Democracia!!"
e depois continua H. Schmidt:
"...não só o Conselho Europeu, incluindo o seu Presidente, também a Comissão Europeia, incluindo o seu Presidente e os diversos Conselhos de Ministros e toda a burocracia de Bruxelas marginalizaram em conjunto o princípio democrático!".
Tal proposta alemã sobre a Grécia decorre da sua "mania" de tratamento punitivo da dívida, da sua "mania" do "absoluto equilíbrio orçamental" e da tal "regra de ouro" que remete a democracia das decisões e processos para o nível de "latão".
Enfim, mais uma peça na "desmontagem da Democracia".
De .Caos dos políticos alemães e da UE. a 31 de Janeiro de 2012 às 11:22
Da assustadora ousadia alemã a uma mão cheia de nada
(-por Daniel Oliveira, Arrastão, 31.01.2012)
...
E não, não me venham de novo com a falta de paciência dos alemães para o mau comportamento do Sul.
Socorro-me das palavras de Anatole Kaletsky no "The Times":
"A verdadeira causa do desastre do euro não é a França, a Itália ou a Grécia. É a Alemanha.
O problema fundamental não reside na eficiência da economia alemã, embora tenha contribuído para a divergência dos resultados económicos,
mas no comportamento dos políticos e banqueiros centrais alemães.
O Governo alemão não se limitou a vetar permanentemente as únicas políticas que podiam ter colocado a crise do euro sob controlo - garantias coletivas europeias para dívidas nacionais e intervenção em grande escala do Banco Central Europeu.
Para piorar a situação, a Alemanha tem sido responsável por quase todas as políticas erradas postas em prática pela Zona Euro,
que vão desde subidas loucas da taxa de juros no ano passado pelo BCE
até exigências excessivas de austeridade e perdas bancárias que agora ameaçam a Grécia com uma bancarrota caótica."
O melhor retrato da cimeira de ontem é este:
enquanto, nos salões, os governantes continuam cegos ao que se passa na Europa, Bruxelas estava paralisada por uma greve geral, o que obrigou os chefes de Estado a deslocarem-se para a cimeira de helicóptero e a usarem bases militares.
O caos que a medíocre classe política europeia está a criar na Europa poderá vir a ter um preço bem mais alto do que se imagina.
...
De Petição por todos Nós (a seguir...) a 1 de Fevereiro de 2012 às 15:00
Merkel quer um gauleiter em Atenas
O Governo alemão defendeu que a Grécia passasse a ter um ''gauleiter'' (governador militar do 'Reich') qualquer da UE,
indicado pelo ministro das finanças alemão, naturalmente, o qual, do alto do Parténon, daria ao governo grego as ordens adequadas sobre as receitas e as despesas, onde gastar ou não gastar o dinheiro,
até que a Grécia pague tudo o que deve aos bancos da Germânia.
O repúdio alastrou rápido na UE mas não chegou aqui aos confins da jangada de pedra. O nosso 1º, é claro, sempre simpático esboçou apenas um sorriso amarelo mas venerador.
Os gregos não apreciaram e daí uma petição a exigirem que a Alemanha pague as indemnizações devidas à Grécia pela ocupação nazi, pelas centenas de milhar de mortos, pelas atrocidades cometidas, pelo saque e devastação do país durante a acupação nazi na 2ª Guerra Mundial.
Quando Hitler invadiu e ocupou a Grécia devastou o país, roubou e enviou para a Alemanha tudo a que as tropas deitavam a mão.
Fábricas, equipamentos, produtos agrícolas, alimentos, dinheiro.
Os nazis arrasaram e mataram como não fizeram em nenhum outro país ocidental. Procederam como na União Soviética.
De 1941 a 1943 pelo menos 300 000 gregos morreram à fome.
Só entre a população civil a Grécia teve mais de 500 mil mortos à fome, por doença ou a tiro.
Ordens de Hitler:
por cada ocupante alemão morto na Grécia pela resistência grega (guerrilheiros) seriam mortos 100 civis gregos, por cada alemão ferido, 50 gregos pagariam com a vida.
Ver aqui. ( http://www.greece.org/blogs/wwii/ )
Eis a petição que agora começou e já leva mais de 115.000 assinaturas como se pode ver aqui:
«We petition the German government to honor its long-overdue obligations to Greece by repaying the forcibly obtained occupation loan (κατοχικό δάνειο), and by paying war reparations proportional to the material damages, atrocities and plundering committed by the Germans during World War II».
(# Raimundo Narciso , PuxaPalavra 1.2.2012)
De .e a Dívida alemã à Grécia.?! a 1 de Fevereiro de 2012 às 15:10
A dívida alemã,
por Manuel António Pina
"Gostaria de ver os arautos dos "mercados" que moralizam que "as dívidas são para pagar" (no caso da Grécia, com a perda da própria soberania) moralizarem igualmente acerca do pagamento da dívida de 7,1 mil milhões de dólares que, a título de reparações de guerra, a Alemanha foi condenada a pagar à Grécia na Conferência de Paris de 1946.
Segundo cálculos divulgados pelo jornal económico francês "Les Echos", a Alemanha deverá à Grécia em resultado de obrigações decorrentes da brutal ocupação do país na II Guerra Mundial 575 mil milhões de euros a valores actuais (a dívida grega aos "mercados", entre os quais avultam gestoras de activos, fundos soberanos, banco central e bancos comerciais alemães, é de 350 mil milhões).
A Grécia tem inutilmente tentado cobrar essa dívida desde o fim da II Guerra. Fê-lo em 1945, 1946, 1947, 1964, 1965, 1966, 1974, 1987 e, após a reunificação, em 1995. Ao contrário de outros países do Eixo, a Alemanha nunca pagou. Estes dados e outros, amplamente documentados, constam de uma petição em curso na Net reclamando o pagamento da dívida alemã à Grécia.
Talvez seja a altura de a Grécia exigir que um comissário grego assuma a soberania orçamental alemã de modo a que a Alemanha dê, como a sra. Merkel exige à Grécia, "prioridade absoluta ao pagamento da dívida."
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