Hoje não é dia do colaborador... (-por João Rodrigues )
Todos nós, quando nos levantamos da cama, de segunda a sexta, não o fazemos para ir colaborar. Não chegamos ao fim do dia cansados por termos estado a colaborar. Não é a nossa colaboração que enche de orgulho – ou de frustração. Grande parte do que somos, fazemos e representamos está no nosso trabalho. Por isso, somos trabalhadores. No fundo, é isso que se celebra no 1.º de Maio. E para que possa ser festejado é feriado. Um feriado que homenageia o trabalho no seu sentido mais nobre, o trabalho que não é apenas fonte de rendimento, mas também de realização e de prazer. E de respeito. A isso chama-se trabalho. Nunca colaboração.
Manuel Esteves no Negócios. As palavras são importantes e as lutas dos trabalhadores pelo trabalho com direitos, pelo respeito, fazem-se com elas. Tal como acontece por toda a imprensa, também neste jornal a palavra colaborador enxameia as notícias sobre o mundo do trabalho. Hoje, pode ler-se no sítio, por exemplo, que um jornal espanhol vai despedir um terço dos 600 colaboradores...

Mais uma do merceeiro holandês
«Fonte oficial da retalhista não quis "confirmar ou desmentir esta informação". A mesma fonte adiantou apenas que, "quem for às lojas, vai encontrar uma proposta diferente". E, acrescentou, "o 1 de Maio vai ser um dia especial nas lojas Pingo Doce".
Sobre os pormenores da campanha, a mesma responsável afirmou que, por razões de estratégia comercial e concorrência, "não vamos detalhar o que será essa proposta".
A campanha surge um dia depois de a marca ter colocado durante o fim-de-semana outro panfleto promocional, com oferta de "preços imbatíveis" para algumas categorias de produtos - alimentares, higiene, entre outros -, permitindo assim uma poupança imediata entre 16% e 50%.» [DE]
Parecer do Jumento: Boicote-se o Pingo Doce
Este rapaz força a abertura das mercearias no 1.º de Maio e agora faz concorrência ao 'Continente' com uma campanha de descontos de 50% para compras superiores a cem euros. Grande canalhice.»
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1- Abrir a 'grande superfície' no 1ºMaio, e todo o dia, é OFENSIVO para os Trabalhadores e Cidadãos conscientes ...
2- multiplicar a carga de esforço dos trabalhadores com multidões de clientes 'loucos' (a lutar por um produto, um carrinho vazio, ...) é pior ainda ...
3- praticar preços a 50% (fora do período de saldos) é CRIME de 'dumping' económico ...
é prejudicial para os Consumidores (durante o resto do ano porque é que não baixa mais os preços?!)
e Produtores ('esmagando-os' com imposições de preços que os arruinam !! abusando do seu poder de mercado quase monopolista!) ...
e é também Concorrência Desleal para com os restantes comerciantes (levando-os à falência... para depois dominar o mercado e impor os preços que lhe apetecer...
4- Lembrem-se: esta agressiva campanha comercial e publicitária não é inocente e "não há almoços grátis" !! ...
Esta actuação deveria receber FORTE REPÚDIO de Consumidores, Produtores, outros Comerciantesm e Cidadãos conscientes ... e aprofundada averiguação/aplicação de ''MÃO PESADA'' por parte das Autoridades (ASAE, A.Concorrência, Tribunais,...).
Porque ontem foi dia do trabalhador... (-por João Rodrigues )
De . Insulto à dignidade... a 2 de Maio de 2012 às 14:42
Pessoal
(-por Daniel Oliveira)
Não faço apelos.
E aceito que as outras cadeias de supermercados podem ser iguais.
Mas há uma fronteira entre a falta de sensibilidade social e o mais puro dos insultos à dignidade.
Como o Sérgio e tantos outros, nunca mais ponho os pés no Pingo Doce.
Esta gente terá de compreender um dia que há mesmo má publicidade.
De .ATOMIZADOS, desunidos, FRACOS Cidadãos a 3 de Maio de 2012 às 17:52
Mais 5 pingos agridoces
[ Operadores de loja PD : Sabe bem pagar tão pouco ]
1. Independentemente de eventuais efeitos perversos na sua imagem, localizados em particular entre elites sempre horrorizadas com a “turba”,
a política de preços do Pingo Doce, friso a palavra POLÍTICA, para além da mensagem ideológica óbvia no 1º de Maio, coerente com outros investimentos ideológicos fundacionais de Alexandre Soares dos Santos,
sinaliza uma estratégia comercial que me parece destinada a ter sucesso dadas as circunstâncias cada vez mais difíceis de tantos trabalhadores, reformados ou desempregados com cada vez menos possibilidades.
Eles sabem o país que estão a criar e o seu conhecimento deve ser levado a sério. A grande empresa é aliás um repositório de conhecimento.
2. Estamos perante a resposta comercial, que não é para quem quer, mas sim para quem pode empresarialmente, a uma economia sem pressão salarial para a qual esta política de COMPRESSÃO de preços por sua vez contribui à sua escala.
É claro que os trabalhadores nunca recuperam pelo lado do preço aquilo que perdem pelo lado do salário directo e indirecto, mas
cada um, isoladamente, não tem capacidade para fazer essa conta colectiva.
Para isso precisamos de mecanismos de coordenação – de um Estado capaz, entre outras coisas, de resistir à chantagem fiscal do capital a sindicatos fortes,
outras tantas formas de combater uma economia que erode a identidade do cidadão mobilizado, do trabalhador organizado, para cultivar a do CONSUMIDOR ATOMIZADO .
Este é sempre mais VULNERÁVEL às estratégias dessa concentração de poder que é a grande empresa, que tudo procura saber sobre os naturais “enviesamentos cognitivos” das pessoas, de que aliás se aproveita e que procura cultivar.
3. De qualquer forma, as pessoas fazem o melhor de que são capazes nas circunstâncias que são as suas.
Esta hipótese não é trivial porque coloca o enfoque nas duas dimensões centrais da actividade política:
o que as pessoas podem ser e fazer nas suas vidas, as tais capacidades, e as circunstâncias, já que as pessoas são, em parte, seu produto.
Trabalhar em ambas as dimensões, desenvolver e humanizar, exige conhecimento e simpatia prévios, capacidade de se colocar no lugar do outro.
Também assim se pode evitar o espectáculo, política e intelectualmente lamentável, dos que apoucaram quem foi ao Pingo Doce no 1º de Maio.
4. Se é verdade que a maioria dos trabalhadores consome tudo o que ganha, isto não significa que o consumo seja a única motivação para trabalhar,
ao contrário do que afirmou um antigo historiador do movimento operário chamado Manuel Villaverde Cabral, um dos que deve ter esquecido o muito que leu e escreveu para ser capaz de estar com quem tem poder.
5. A referência às “leis da concorrência” como principio regulador é risível perante a realidade da grande empresa e do seu poder, inclusive na fixação de preços.
O controlo não se faz pela ficção do mercado e das suas regras, mas sim pela realidade do controlo político democrático das actividades autoritárias e dos custos sociais da grande empresa capitalista.
(-por João Rodrigues )
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LC:
A minha revolta não foi pela promoção pois eles até podem dar tudo o que têm lá.
Estou revoltado foi pela escolha do dia.
Uma afronta a quem trabalha a baixo preço.
Podiam ter escolhido o primeiro sábado do mês.
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