De Grécia e Portugal a 10 de Maio de 2012 às 13:51
(-J.Costa),
As próximas semanas na Grécia vão ser duras para a oposição anti-troika. O medo vai dominar todo o discurso político (medo da bancarrota, medo de sair do euro) através da ameaça, da chantagem e da arrogância sem limites de quem manda (é só ver as várias declarações feitas pela Alemanha, BCE, etc.).

E esta sobranceria baseia-se na suposta inevitabilidade de todas as medidas duras que estão a ser impostas, sem olhar aos seus efeitos. É uma política cega, insensível e burra. Toda esta ideia do inevitável e da austeridade baseia-se na demagogia e no preconceito em relação aos povos do Sul, como se fossem eles os únicos culpados da crise. Eles viveram acima das possibilidades, agora têm de sofrer. Mas o problema sempre foi Europeu. E nessa área, quando se tocou, foi para pior: défices na Constituição, emprestar aos bancos a 1% para emprestarem a 6%, enfim...

Onde está a política para o crescimento, que devia ter vindo ainda antes das "reformas estruturais", para as poder suportar? Andaram entretidos a salvar a merda dos bancos especuladores por essa Europa fora, quando deviam era alavancar a economia, através de investimento directo nos Estados.

Ainda hoje na Cimeira Ibérica, mais defesa da austeridade:
1. "Reformas para a competitividade" (anos e anos das mesmas reformas não deram em nada. Pior, só deram mais desemprego)
2. "Não há crescimento económico sem estabilidade orçamental" E a falta de crescimento económico não dá estabilidade orçamental. Agrava o défice, agrava a dívida. O dinheiro, em vez de ser para safar os bancos alemães e franceses, devia ter ido para investimento público que criasse emprego e pagasse a dívida. Dívida aliás que devia ser renegociada.
3. "Um país com dívida não pode crescer" Acho que foi mais ou menos esta pérola que o Passos Coelho disse. Ao extremo absurdo a que isto chegou...
4. "Não podemos gastar mais do que produzimos" Esta lengalenga moralista das contas de mercearia já chateia. Epá, muitas vezes é necessário por uns tempos (como agora) gastar mais para crescer. Ainda para mais se se cortar na despesa, desde que isso não conduza à recessão .

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Pôr a culpa do endividamento em Sócrates é um dos mais importantes pilares de sustentação da legitimidade deste Governo. Para tudo o Governo justifica-se com "a culpa foi dos anos e anos de irresponsabilidade dos anos de Sócrates etc."

Antes de mais, o PSD devia era olhar para a sua própria casinha e ver que tem o maior sorvedouro de dinheiros públicos deste país entre as suas fileiras: Alberto João Jardim. Não há como fugir: milhares de milhões de euros foram gastos pelo Sr. João em obras sem utilidade nenhuma e em financiamentos de empresas dos amigos, em claro desrespeito pelo Estado de direito. A Madeira, para a sua população, é responsável por uma % de dívida Portuguesa abissal.
Além disso, Cavaco Silva também têm um lugarzinho reservado na galeria de maus gestores do PSD, no início dos anos 90. Podia ter transformado a economia portuguesa com o dinheiro que chegou, só endividou (mais do que Sócrates e muito mais do que Guterres, que veio a seguir).

Mas, a dívida pública portuguesa começou a derrapar no final de 2008 quando a crise financeira chegou à Europa. Mas não estou a desculpá-lo totalmente: nos anos em que esteve no Governo, foi fartar de PPPs e outras engenharias financeiras duvidosas que nos vão sepultar nos próximos anos.

O importante é fazer invests que dêem retorno imediato, e se possível com repercussões futuras. Os invests de Sócrates nas escolas e nas energias renováveis foram bons exemplos desse tipo de investimento. E é desse investimento que precisamos. Que faça mexer a economia agora. Reabilitação urbana por exemplo, que o BE defende há anos, e de que este país tanto precisa. São esses investimentos de que eu estou a falar. O dinheiro para isso pode vir do próprio país: 8 mil milhões do BPN, guito da Madeira, rendas da EDP, juros para a troika. Tanto dinheiro que foi ou está a ser canalizado para o lado errado. Se pouparmos no desperdício, mantendo o PIB, mais dinheiro sobra para investir. Mas o dinheiro para estes invests deviam vir era da Europa, porque o problema não é só português, é sistémico, é europeu. Está a vir, mas a fazer o oposto: recessão, + dívida, - invests.


De Contra o centrão de interesses troikos. a 11 de Maio de 2012 às 14:25
Não foi um engano
(-por Daniel Oliveira, Arrastão)

Se as eleições se repetissem na Grécia (e bastou esta sondagem para que a vontade do centrão de as repetir mudasse) seriam, segundo a última sondagem, estes os resultados:

Syriza: 27.7% (16.78% nas últimas eleições)
Nova Democracia: 20.3% (18.8%)
PASOK: 12.6% (13.1%)
Gregos Independentes: 10.2% (10.6%)
KKE: 7% (8.48%)
Aurora Dourada: 5.7% (6.97%)
Esquerda Democrática: 4.9% (6.1%)


Ou seja: o voto no Syriza não foi um desabafo irresponsável. Perante a possibilidade de governarem passou a concentrar o voto útil à esquerda.


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