Segunda-feira, 14 de Maio de 2012

As  escolhas  da  Grécia

    Os gregos votaram contra a austeridade que lhes foi imposta. Mas, ao que tudo indica, não votaram pela saída da zona euro. Será possível satisfazer a vontade dos gregos? É, se admitirmos que há uma alternativa à saída e à submissão, a desobediência. Albert Hirschman pode ser uma inspiração. Mas não me parece que, após novas eleições, as esquerdas da Grécia tenham inteligência e maturidade política para, com base nesta alternativa, constituir um governo de coligação.
    No entanto, é esse o caminho defendido pelo economista Jacques Généreux, do Parti de Gauche, nesta entrevista de que traduzo um excerto:
Regards.fr : É preciso sair agora do euro?
    Jacques Généreux : Tudo o que digo não parece possível no quadro europeu e um número importante de pessoas sérias defende a saída do euro. Há outras vias para além do nacionalismo, frequentemente neo-fascista, ou da abdicação frente ao neoliberalismo. Nós desejamos manter-nos no quadro europeu a partir do qual vieram contributos importantes em termos de ambiente, de segurança, de desenvolvimento económico, de progresso social, de bens públicos. Somos internacionalistas e portanto pelo reforço da cooperação entre os povos. Há uma via para fazer mudar as coisas na União Europeia: a subversão a partir de dentro. Permanecemos dentro e desobedecemos de maneira muito educada e diplomática: prevenimos os outros governos que, em conformidade com o mandato do povo francês, nós não vamos respeitar um certo número de tratados e de directivas europeias. Arriscamo-nos a medidas de retaliação? Não, existem muitas condições para entrar na União Europeia mas nenhuma para dela ser excluído. Se um único país decide retomar em parte o controlo do seu banco central, se proíbe alguns produtos financeiros, e se retoma o controlo parcial dos movimentos de capitais, em síntese, se decide proteger-se da especulação, isso muda tudo para a França e para a Europa. Os países vizinhos verão que, sem sair do euro, sem drama, podemos proceder de outra forma para resolver a crise. Os gregos, os portugueses, os irlandeses deixarão de aceitar a austeridade e despedirão os actuais governos. A partir desse momento teremos uma revolução através do voto que desembocará numa verdadeira renegociação dos tratados europeus e das directivas. (e das dívidas)     (-


Publicado por Xa2 às 07:56 | link do post | comentar

3 comentários:
De Viver num sistema imoral ! - q. fazer ?. a 14 de Maio de 2012 às 10:46
Um sistema imoral
(-por Sérgio Lavos, Arrastão)

Foram precisos dois referendos na Irlanda até esta ratificar o Tratado de Lisboa.
Nos outros países da UE onde foi feito o referendo, as pressões dos organismos centrais europeus sobre os Governos soberanos foram extraordinárias. "A Europa não pode avançar a duas velocidades", diziam.
A Grécia, para entrar no pelotão, contratou a Goldman Sachs para disfarçar as contas públicas através do investimento em produtos tóxicos; os mesmos que acabariam por levar à crise financeira de 2008.
Portugal aprovou a moeda única e o Tratado sem consulta referendária -
o centrão gosta de trabalhar nas costas de quem o elege e sobretudo rege-se por uma política de subserviência, pusilânime e anti-patriota, na relação com os países mais fortes.

A crise de 2008 pôs à vista as fragilidades da construção europeia.
De um projecto europeu solidário e mais ou menos democrático passámos a viver sob uma oligarquia dos poderosos.
Com a Alemanha à cabeça.
Os países periféricos, mais expostos à crise financeira, viram a sua dívida pública e o défice crescerem de forma brutal.
Por razões de fundo na Grécia - a engenharia financeira promovida pelos sucessivos Governos com o apoio da Goldman Sachs;
para salvar os bancos na Irlanda e em Portugal;
pelo rebentar da bolha imobiliária em Espanha.
Em comum, estes países tinham uma dependência excessiva do sistema financeiro.
A economia especulativa dominava, sobrepondo-se à economia real e política.
Por todo o lado? Nem por isso. A Alemanha continua a planar sobre a crise muito por causa das suas exportações, cada vez menos dependentes dos outros países europeus.

Mas a crise da dívida trouxe um problema à Alemanha: a exposição dos seus bancos à crise grega.
A Grécia não poderia ir ao fundo rapidamente, era necessário salvar as instituições financeiras.
Nos últimos três anos, mais de metade dos fundos europeus para a recapitalização bancária foram absorvidos por bancos alemães.
Para além disso, o pornográfico funcionamento do BCE - empréstimos a 1% aos bancos nacionais para estes reemprestarem aos Estados com juros à taxa variável que os "mercados" impõem - beneficiou sobretudo os bancos alemães.

Passados três anos, a Grécia pode finalmente cair.
O resultado das últimas eleições - a rejeição das medidas de austeridade - é a janela de oportunidade para a Alemanha se "livrar" da indesejada Grécia.
Mesmo que o Syriza queira continuar no Euro e tivesse vontade de liderar um Governo europeísta. Isso agora não interessa.
Não poderiam ser mais claras, as declarações do ministro das Finanças alemão:
"Zona Euro está em condições de suportar saída da Grécia".
De uma maneira ou outra, a Alemanha sairá sempre a ganhar. Continuará a crescer à custa dos países periféricos.
Acabe ou não o Euro, destrua-se ou não o projecto europeu, a Alemanha ganha sempre.

Resta saber se, neste momento, não será melhor para a Grécia e Portugal sairem também do Euro,
e deste modo poderem encetar políticas de recuperação económica independentes dos ditames do directório europeu e das vicissitudes da moeda única.
Para a Alemanha, pelos vistos, é igual ao litro.
E para nós?


De Eleições na Alemanha... Merkel vai perde a 14 de Maio de 2012 às 10:59
SPD (partido social-democrata alemão) ganha eleições no estado da Renânia N-V e fará governo com os Verdes.
CDU (união democrata-cristâ, de Merkel) tem derrota estrondosa.
O partido Piratas (pela liberdade na internet, ...)também ganhou lugares no parlamento estadual.
Há algumas semanas atrás o SPD também tinha ganho as eleições no estado de Schleswig-H., ...

----- Um a um
(- por Daniel Oliveira)
Tudo bem encaminhado para Merkel ir fazer companhia a Sarkozy. Os amigos querem-se juntos. Esta gente vai ser vencida pela democracia. Na Grécia, em França, na Alemanha e, espero, em Portugal.


------ Não há bem que sempre dure...
(-por Sérgio Lavos)
... nem mal que nunca acabe. A metade que falta da hidra bicéfala Merkozy a caminho do seu destino. Degolada pelo Hércules democrático.


De .. a 15 de Maio de 2012 às 14:07
Que tal trocarmos a Srª Merkel pela Srª Kraft

Segundo as primeiras projeções oficiais:
SPD - 38,3% (34,5)
CDU - 25,8% (34,6)
Verdes - 12,2% (12,1)
Piratas - 7,7% (1,6)
Liberais - 8,4% (6,7)
Entre parêntesis os resultados de 2010

O SPD (Partido Social-Democrata Alemão) ganhou neste domingo (2012-05-13) as eleições legislativas no Estado federado da Renânia do Norte-Vestfália, o mais populoso, com 18 milhões de habitantes,
superando amplamente a CDU (União Democrata-Cristã) da chanceler Angela Merkel que teve o pior resultado de sua história nesse território,

Com estes resultados, Hannelore Kraft, presidente regional do SPD e primeira-ministra da Renânia do Norte-Vestfália poderá governar confortavelmente em coligação com Os Verdes e a sua líder Sylvia Löhrmann, já que os dois partidos somaram uma confortável maioria absoluta.

Para a derrota contribuiu muito o ministro federal do Meio Ambiente, Norbert Röttgen que até chegou a explicar - para gáudio da adversária do SPD Hannelore Kraft - que estas eleições seriam um barómetro das eleições gerais de 2013.

Se se vier a provar que este Röttgen tem razão é mais uma prova da existência de Deus.

Etiquetas: eleições Renânia do Norte-Vestfália, Hannelore Kraft, Vitória do SPD

# posted by Raimundo Narciso


Comentar post

MARCADORES

administração pública

alternativas

ambiente

análise

austeridade

autarquias

banca

bancocracia

bancos

bangsters

capitalismo

cavaco silva

cidadania

classe média

comunicação social

corrupção

crime

crise

crise?

cultura

democracia

desemprego

desgoverno

desigualdade

direita

direitos

direitos humanos

ditadura

dívida

economia

educação

eleições

empresas

esquerda

estado

estado social

estado-capturado

euro

europa

exploração

fascismo

finança

fisco

globalização

governo

grécia

humor

impostos

interesses obscuros

internacional

jornalismo

justiça

legislação

legislativas

liberdade

lisboa

lobbies

manifestação

manipulação

medo

mercados

mfl

mídia

multinacionais

neoliberal

offshores

oligarquia

orçamento

parlamento

partido socialista

partidos

pobreza

poder

política

politica

políticos

portugal

precariedade

presidente da república

privados

privatização

privatizações

propaganda

ps

psd

público

saúde

segurança

sindicalismo

soberania

sociedade

sócrates

solidariedade

trabalhadores

trabalho

transnacionais

transparência

troika

união europeia

valores

todas as tags

ARQUIVO

Janeiro 2022

Novembro 2019

Junho 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

RSS